Protocolo experimental

Documentos relacionados
Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental. Otólitos a caixa negra dos peixes! Viana do Castelo

DETERMINAÇÃO DA IDADE EM OTÓLITOS

Protocolo experimental

Observação de células eucarióticas ao microscópio óptico

Protocolo experimental

Protocolo experimental

Protocolo experimental

Protocolo experimental

IDADE E CRESCIMENTO. Introdução

Protocolo experimental

TÉCNICA SIMPLIFICADA DE COLHEITA DE MATERIAL EM ANIMAIS PARA O DIAGNÓSTICO DA RAIVA

DETERMINAÇÃO DA IDADE EM ESCAMAS

Atividades Presenciais caderno do aluno aula 1

Nome dos membros do grupo: Data de realização do trabalho:

AVISO BOLSA DE INVESTIGAÇÃO - MESTRE

Protocolo experimental

MT DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM

Osmose em Células Vegetais

As azinheiras a transplantar serão previamente identificadas e marcadas no terreno, com uma faixa amarela no tronco.

IDADE E CRESCIMENTO IDADE E CRESCIMENTO

FICHA 1 QUAL É A INFLUÊNCIA DO SOL? 50:00. Nível aconselhado. Resultados pretendidos de aprendizagem. Questão-Problema. Materiais. 4.

Química Geral Experimental - Aula 4

LUZ. A luz é uma forma de energia, que tem origem nos corpos luminosos e que se propaga em todas as direções.

LÍQUIDOS: DETERMINAÇÃO DA TENSÃO SUPERFICIAL. 1. Introdução

Estudo da Diversidade Vegetal na Escola

Materiais necessários

A acção da catalase como função da temperatura

AVISO BOLSA DE INVESTIGAÇÃO - MESTRE

O transporte nos animais

2º ANO DE ESCOLARIDADE

Estudo do Ecossistema Sublítico

Química Geral Experimental - Aula 4

DEPARTAMENTO DE 1º Ciclo - Grupo 110. Planificação Anual /Critérios de avaliação. Disciplina: Matemática 3.º ano 2014/2015

Ficha de trabalho. Microscópio

EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE LARANJA A PARTIR DAS CASCAS DE LARANJA DESTILAÇÃO POR ARRASTAMENTO DE VAPOR

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS UFG

DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA E CIÊNCIAS EXPERIMENTAIS - Grupo 500. Planificação Anual /Critérios de avaliação. Disciplina: MACS 11º ano 2014/2015

Como se consegue ampliar as imagens dos objetos? E por que razão necessitamos de ampliar as imagens dos objetos?

Sala de Estudos FÍSICA Evandro 1 trimestre Ensino Médio 3º ano classe: Prof.Evandro Nome: nº

Nome dos participantes: Beatriz Cordeiro, Francisca Magalhães, Isabel Portugal

Teóricas: Anfiteatro B (Complexo Pedagógico) 3ª feira (10:30-12:00h) e 5ª feira (10:30-12:00h), da 1ª à 5ª semana

Universidade do Algarve BIOLOGIA PESQUEIRA Nota prévia até às 17 horas do dia 10 de Fevereiro de 2008 Nº 20

Teste de Avaliação. Turma: Nº: Duração 50 minutos. 1. Observe os esquemas da figura 1 que representam tipos de actividade vulcânica.

Programa de ação de formação

Física Experimental III - Experiência E8

Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT Probabilidade e Estatística

Agrupamento de Escolas Anselmo de Andrade Planificação / Critérios de Avaliação 4º ano Matemática 1. PERÍODO

Metodologia para análise de regurgitações de Coruja-das-torres

Programa da ação de formação

Trabalho Prático nº 5

Agrupamento de Escolas Anselmo de Andrade Planificação/Critérios de Avaliação Matemática - 3º Ano Meta de aprendizagem geral

O QUE ESCONDE A NOSSA AREIA?

PRÁTICA Nº. 5.6 DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO EM MASSA EM SISTEMAS FÍSICO E BIOLÓGICO INTRODUÇÃO

ESCOLA BÁSICA E SECUNDÁRIA DA CALHETA Departamento de Ciências Naturais e Exatas Física e Química A 10.º ano de escolaridade

Workshop Final. Mogadouro, 18 de Dezembro PDF created with pdffactory Pro trial version

PLANO DE RECUPERAÇÃO 3º TRIMESTRE

FLEXICEL UF (UNDER FLOOR)

ˆ distinguir lentes convergentes de lentes divergentes; ˆ conhecer o comportamento da luz quando incide em lentes convergentes e divergentes;

IDENTIFICAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS E AVALIAÇÃO DA SUA PUREZA

Biologia do Crescimento da Cavala (Scomber colias) na Costa Portuguesa

OFICINA DE FORMAÇÃO. Utilização e Organização dos Laboratórios Escolares. Formador: Professor Vitor Duarte Teodoro

MARÉ NEGRA: DO DERRAME À LIMPEZA

AGRUPAMENTO de ESCOLAS Nº1 de SANTIAGO do CACÉM Ano Letivo 2013/2014 PLANIFICAÇÃO ANUAL

QUÍMICA 12.º ANO. AL Identificação de Plásticos através de Testes Físico Químicos UNIADADE 3 PLÁSTICOS VIDROS E NOVOS MATERIAIS

BOLSAS DE INTEGRAÇÃO NA INVESTIGAÇÃO (BII) REFª. CIIMAR/C2008/BII-2/2009

PLANO CURRICULAR DISCIPLINAR. MATEMÁTICA 4.º Ano. Números e Operações. Relações numéricas. Números Naturais. Numeração Romana.

MANUAL HARPA ELÉTRICA

ESTUDO DO MOVIMENTO UNIFORMEMENTE ACELERADO DETERMINAÇÃO DA ACELERAÇÃO DA GRAVIDADE

Instruções de montagem do Irrigador Solar. Washington Luiz de Barros Melo

4º ANO DE ESCOLARIDADE

Efeito da Concentração do Cloreto de Sódio na Eclosão de Dáfnias

OBSERVAÇÃO DE MITOSE EM RAIZ DE CEBOLA

ESPELHOS E LENTES 01/09/16

1 - IDENTIFICAÇÃO DOS PROPONENTES: INSTITUIÇÃO DE ENSINO: Agrupamento de Escolas de Santa Maria Maior. Nome dos docentes

32 Matemática. Programação anual de conteúdos

O ciclo de vida de um recurso explorado

Prof. Paulo Hercilio Viegas Rodrigues CEN-001

Assim, a fórmula de cálculo da avaliação sumativa a formalizar nos conselhos de turma em cada momento de avaliação é:

VERIFICAÇÃO E VALIDAÇÃO

Figura 2: Surgimento do menisco nos equipamentos volumétricos.

INFORMAÇÃO SOBRE A PROVA 12º ANO CÓDIGO

Projeto Ciência Viva INTRODUÇÃO À QUÍMICA VERDE, COMO SUPORTE DA SUSTENTABILIDADE, NO ENSINO SECUNDÁRIO

DOBRADURA, ENQUADRAMENTO E LEGENDA

Centro de Assistência Paroquial de Caria Jardim-de-Infância Girassol À Descoberta

MATEMÁTICA - 2 o ANO MÓDULO 08 SÓLIDOS SEMELHANTES E TRONCOS

AGRUPAMENTO VERTICAL DE ESCOLAS DE PEDROUÇOS

Construção e Análise de Gráficos. CF Laboratório de Física Básica 1

Estudo experimental da radiação térmica

Planificação Anual de Matemática 6º Ano. Tópicos Objetivos específicos Notas

- ROTEIRO DE LABORATÓRIO -

SUBSTÂNCIAS E MISTURAS

QUÍMICA INFORMAÇÃO PROVA DE EQUIVALÊNCIA À FREQUÊNCIA. Prova código 342

Instruções de Montagem do

TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO/ANÁLISE DE DADOS AULA 05. Universidade Federal Fluminense

Protocolo actividade laboratorial - OSMOSE EM CÉLULAS VEGETAIS

POQ 6 Determinação do teor de Lípidos

Fibonacci: A Ciência no Ensino Básico e Pré-escolar

Transcrição:

Protocolo experimental Otólitos: O Bilhete de Identidade dos peixes Enquadramento Teórico Os peixes têm no seu ouvido interno estruturas cristalinas formadas por carbonato de cálcio, sob a forma mineral de aragonite, que conjuntamente com o sistema de linha lateral são responsáveis pela orientação e equilíbrio destes na coluna de água. A forma e o tamanho dos otólitos variam muito, sendo característicos de cada espécie. Estas estruturas apresentam uma deposição regular de incrementos (ou anéis) que estão relacionadas com variações anuais, sazonais e diárias do crescimento do peixe. Os anéis de crescimento anuais (também designados anulli), apresentam uma alternância de bandas opacas e bandas translúcidas. As primeiras bandas coincidem com períodos de crescimento rápido dos peixes, normalmente relacionados com a primavera e verão. As segundas são devidas à menor taxa de deposição de aragonite durante os períodos de crescimento lento, usualmente outono e inverno. Os anulli são utilizados para estimar a idade dos peixes em biologia pesqueira. Este método é muito útil à gestão racional e sustentada dos stocks pesqueiros pois permite determinar curvas de crescimento, taxas de mortalidade e taxas de recrutamento. Objetivos Esta atividade tem como objetivo a aprendizagem de técnicas convencionais de extração, preparação e leitura de otólitos para estimativa da idade em peixes. Através da atividade experimental os alunos são sensibilizados para a importância da estimativa de idades dos stocks pesqueiros na gestão sustentada dos recursos haliêuticos, bem como para a influência do Homem no Oceano e a exploração das suas potencialidades. Este protocolo enquadra-se nas Áreas Curriculares de Ciências Naturais do 2º e 3º Ciclo do Ensino Básico e de Biologia (12º ano, Produção de alimento e sustentabilidade) do Ensino Secundário. Insere-se no Princípio Essencial 6 O Oceano e a 1/8

humanidade estão fortemente interligados sobre a cultura científica do Oceano fomentada pelo projeto Conhecer o Oceano 1. Material Exemplares de sardinha (nota: podem ser excedentes da pesca ou animais cuja qualidade organolética indica que estes já não são adequados para consumo) Régua Faca Pinça de pontas finas Luvas Água Destilada Caixa de Petri ou vidro de relógio Agulha de dissecação Recipiente de fundo negro (ex: tampa plástica preta) Solução clarificante (etanol e glicerol, 1:1) Lupa binocular Papel absorvente Procedimento A atividade baseia-se na utilização de uma espécie pelágica comum na costa portuguesa, Sardina pilchardus (nome comum: sardinha) para estimativa do grupo de idade (0 +, 1 +, 2 +, ) e construção de uma tabela de idade-comprimento. A atividade poderá ser desenvolvida em colaboração com professores de matemática para a aplicação de métodos para o agrupamento dos dados em classes de comprimento. A. Amostragem 1. Escolher aleatoriamente um exemplar de sardinha. 2. Atribuir ao exemplar selecionado um número de registo. Proceder ao registo do comprimento total do individuo selecionado na tabela de registos de observações. 3. Proceder à remoção do par de otólitos sagitais. Para realizar a extração dos otólitos cortar através da superfície dorsal da cabeça, na direção do local onde o opérculo se funde com a 1 http://www.cienciaviva.pt/oceano/home/ 2/8

cabeça, parando ligeiramente antes. (Figura 1, corte A). Seguidamente fazer um corte transverso a partir da parte dorsal da cabeça (Figura 1, corte B). Após a remoção do cérebro, retirar os otólitos com o auxílio de uma pinça de pontas finas. Figura 1: Planos de corte A e B, para excisão dos otólitos a partir do neurocranium superior. 4. Colocar os otólitos, inicialmente, nas costas da mão (os otólitos aderem facilmente à luva de latex). Após a extração do par de otólitos proceder à sua colocação num recipiente com água destilada. Remover quaisquer restos de tecidos com o auxílio de uma pinça e de uma agulha de dissecação. 5. Secar os otólitos em papel absorvente. B. Leitura da idade 1. Colocar o par de otólitos dentro de um recipiente de fundo preto. 2. Imergir os otólitos na solução clarificante, composta por etanol e glicerol na proporção de 1:1. 3. Colocar o recipiente à lupa e observar. Escolher uma ampliação que permita a visualização de toda a estrutura do otólito. As zonas opacas aparecem claras e as translúcidas escuras. 4. Desenhar as vistas externa e interna de um dos otólitos (a visualização do sulcus acusticus (fig.2) indica que se está a observar a face interna) na folha de registos de resultados. 5. Identificar as diferentes partes constituintes do otólito (anterior e posterior, dorsal e ventral, rostrum e anti-rostrum, excisura, núcleo, primordium, bordo e sulcus acusticus) conforme ilustrado na figura 2. 3/8

6. Proceder à interpretação e contagem dos anéis de crescimento anual (zona anual de crescimento = zona opaca + zona translúcida) e determinar o tipo de bordo (opaco ou translúcido). 7. Anotar o número de registo do exemplar, o número de zonas anuais de crescimento e o tipo de bordo na tabela de registos de observações. 8. A data de 1 de janeiro é convencionada como data de nascimento para os peixes do hemisfério norte. Considerando o padrão de deposição anual observado (zonas opacas + zonas translúcidas), atribuir a este exemplar de sardinha um grupo de idade com base no número de zonas de crescimento contadas, no tipo de bordo observado (por convenção lêse as bandas translúcidas, não se contando a última se esta estiver no bordo), na data de nascimento adotada e na data de captura. Figura 1: Faces interna e externa e as diferentes partes constituintes de um otólito 2. 2 Adaptado de Panfili, J.; Pontual, H. de; Troadec, H. & Wright, P. J. 2002. (eds.) Manual of fish sclerochronology. Brest, France. Ifremer-IRD coedition, 464p. 4/8

Otólito: O Bilhete de Identidade dos peixes Registo de Resultados 1. Indica quais os objetivos desta atividade experimental. 2. Representa esquematicamente as vistas externa e interna de um dos otólitos. Identifica as diferentes partes constituintes do otólito. 5/8

3. Regista na tabela o número do exemplar com o correspondente comprimento total, o número de anéis, o tipo de bordo e a idade, para os exemplares de sardinha observados por toda a turma. Elabora a legenda da tabela. Tabela 1: Nº do exemplar de sardinha Comprimento Total (cm) Nº de Anéis Tipo de Bordo Grupo de Idade 6/8

Tabela 2: 4. Preenche a seguinte tabela com as várias classes de comprimento (ex: 1/2 ou 1 cm, conforme a amplitude máxima de comprimentos na amostra tratada pela turma) dos exemplares de sardinha analisados por toda a turma e a respetiva frequência. Elabora a legenda da tabela. Classe de Comprimento (cm) Frequência 5. Representa através de um gráfico, no sistema de eixos apresentado, o número de exemplares de sardinha (frequência) por classe de comprimento. Legenda os eixos do X e do Y e a figura que elaboraste. 7/8

Figura 3. Tabela 3: 6. Constrói a chave idade-comprimento dos exemplares de sardinha utilizados nesta atividade. Para o efeito considera que os indivíduos pertencentes ao grupo de idade 0 + se enquadram na classe de idade I, os pertencentes ao grupo de idade 1 + se enquadram na classe II e assim sucessivamente. Elabora a legenda da tabela. Classes de Comprimento (cm) Número de Exemplares por Classes de Idades I II III IV V VI VII 8/8