DE PÉS RACHADOS A PÉS CALÇADOS: A MÚSICA COMO INSTRUMENTO DE MANIFESTAÇÃO A CONSCIENTIZAÇÃO DA CULTURA AFRO BRASILEIRA.



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Transcrição:

DE PÉS RACHADOS A PÉS CALÇADOS: A MÚSICA COMO INSTRUMENTO DE MANIFESTAÇÃO A CONSCIENTIZAÇÃO DA CULTURA AFRO BRASILEIRA. Josevaldo dos Santos Mendonça. Graduando da Universidade do Estado da Baha- UNEB EMAIL: jmstim23@hotmail.com Que noite mais funda calunga, no porão de um navio negreiro. Que viagem mais longa candonga ouvindo o batuque das ondas compasso de um coração de pássaro no fundo do cativeiro. É o semba do mundo calunga. Batendo samba em meu peito [...]. Quem me pariu foi o ventre de um navio. Quem me ouviu foi o vento no vazio [...]. Vou aprender a ler Pra ensinar os meus camaradas! 1 No âmbito de movimentos que perpassaram o século XX e perduram no século atual, muito ainda há o que se dialogar sobre a historiografia dos povos negros escravizados no Brasil. Conhecer a formação dos brasileiros em seu processo étnico e cultural é essencial para entender a origem de si e do outro; pois, sendo rica e aculturada a formação do cidadão do Brasil há os que desconhecem a história da escravidão que se firmou por séculos, mas que outorgou legados ricos em costumes que legitimam a nação de multicultural. 1 Composição de Roberto Mendes. Ya ya Massemba. DVD Brasileirinho ao vivo. Maria Bethânia. Selo quitanda. Gravadora: Biscoito Fino. Rio de Janeiro. 2008.

Contudo, mesmo obtendo este estereótipo de varias culturas, não se pode negar que ainda existe resistência aos hábitos africanos no Brasil; se percebe preconceitos por cor da pele, religião, pratos típicos e demais situações oriundas da escravidão do homem negro. Nessa percepção Claudete Alves (2008, p. 30) afirma que o processo de escravismo no Brasil extrapolou os limites do sistema econômico. Ele construiu e moldou condutas e valores, definiu desigualdades sociais e raciais, forjou padrões de imposição e submissão, e essa degradante história se encontra no dia a dia do século XXI. Porém, se analisa que a cultura afro brasileiro está ganhando espaço de respeito e valorização social e econômico, seja este por um reparo do Estado devido ao erro histórico que o mesmo cometeu a este povo, ou pela bravura dos defensores e militantes da resistência negra. Posto isto, o que se percebe que um dos instrumentos eficazes que tem alavancado a força histórica afro ao conhecimento e a conscientização da sociedade está na música. A música vem desempenhando, ao longo da história, um importante papel no desenvolvimento do ser humano, seja no aspecto religioso, moral e social, contribuindo para a aquisição de hábitos e valores indispensáveis ao exercício de cidadania (LOUREIRO, 2003. p. 33), ela é aliada de intelectuais a pregoar o não falecimento da história cultural dos brasileiros. Pode-se analisar que a música possui facilidade em entrar nos lares sem ao menos pedir licença e, sem perceber as pessoas aprendem e cantam; e nesta intromissão o sujeito acaba aprendendo momentos históricos, diversidades culturais, desejos de manifestações sem necessariamente conviver o período ou frequentar o espaço. É através deste ínterim que se reconhece o estilo musical de um estado, a visão de Homem que se tinha num determinado tempo etc. Diante disso, compreende-se que a música se tornou uma arma fundamental permitindo que o conhecimento histórico e antropológico de uma determinada sociedade seja estampado em seus estribilhos. O texto que abre esse artigo ressalta o entender histórico e antropológico de um povo oriundo de país africano, saudoso de sua pátria, intrigante pela situação qual foi arrancado dela e como está sendo conduzido ao espaço desconhecido. Além disso, o texto vislumbra o enraizamento da

cultura sendo transportada em que momentos futuros fariam parte da construção do Brasil. Concomitante ao exposto, entende-se que a música seria uma espécie de ferramenta que fomenta a sociedade conhecer a riqueza cultural implantada pela sociedade afro; se nota em grande composições e interpretes baianos a bravura em conduzir ao conhecimento social da história negra no Brasil, dialogando que espaço e tempo precisa ser conhecido, respeitado e valorizado; entre cantores e compositores na Bahia há uma forte apresentação sobre esse quesito. Em muitas canções a historiografia e o conceito antropológico do homem negro são bastante visíveis. Compositores como Carlinhos Brow, Gilberto Gil, Caetano Veloso e outros externam a população que os pés descalços lutaram muito para conquistar um espaço no meio social. Cantores como Margareth Menezes, Daniela Mercury, Banda Olodum, Gal Costa, Maria Bethânia e outros, transmitem através da voz à luta e a perpetuação as escritas de grandes amantes da cultura afro-brasileira. Portanto, o que se reflete, é a música sendo mola mestra de manifestação e conscientização do legado cultural que os povos negros escravizados privilegiaram a nação brasileira. A música oportuniza ao cidadão conhecimentos sobre vários momentos do processo histórico. Sua magia torna-se inefável no quotidiano do Homem, que todos, independente de classe e ritmo, obtêm sua identidade musical. Observa-se que não há uma datação concreta sobre o surgimento dos cantos e ritmos, ela estar impregnada no seio social há anos. Quando se analisa a visão do cristianismo entende-se que ela existe antes da fundação do mundo, ou seja, tendo o Lúcifer como maestro na cidade celestial; se atentar para a epistemologia da evolução, estudiosos investigam suas marcas a partir de pinturas rupestres da pré-história. É sobre essa concepção que Lindomar em seu artigo a InfoEscola relata que Acredita-se que a música tenha surgido há 50.000 anos, onde as primeiras manifestações tenham sido feitas no

continente africano, expandindo-se pelo mundo com o dispersar da raça humana pelo planeta 2. Concomitante sobre as reflexões expostas, se observa que a arte de cantar é um condutor cultural na história que ajuda a preservação e a perpetuação da biografia de uma determinada época e sociedade; isto é visto em grande períodos da história mundial, pois se tem a música clássica, barroca, renascentista etc. Pautada neste concepção, o Brasil também é palco dessa explicação cultural por intermédio musical, tanto é que o período militar foi marcado por grandes protestos através desse instrumento, e quando são tocadas pessoas que viveram ou que conhecem a época identificam do que está se tratando. No que tange essa analise, subtende-se que não existe equidistância de protesto e ensinamento dos povos negros sobre suas vidas através do canto. Loureiro (p.46) afirma que os negros escravos trouxeram de sua terra grande influencia cultural, ela revela que os mesmos sempre cantavam e dançavam em vários momentos, sendo que sua embriaguez rítmica pautava na saudosa lembrança de sua pátria. Posto esta análise, e sob a historiografia do humano negro escravizado no Brasil, o que dialoga neste desenrolar de artigo não tende questionar os estudos da música no seio social, nos tramites acadêmicos e tampouco onde e como a mesma é cantada; a preocupação deste instiga como ela é um instrumento de manifestação a conscientização da cultura afro brasileira, ou seja, qual a importância da música para que a cultura negra seja reconhecida, respeitada e valorizada pela sociedade. Visto que ela é um elo do conhecimento ao desenvolvimento intelectivo do sujeito, se percebe que a mesma é um grandioso instrumento no amadurecimento intelectivo do sujeito. Portanto, partindo da inquirição que norteia a escrita, incita algumas hipóteses qual o professor poderá analisar para obter como mecanismo a qualificar suas aulas; neste ínterim acredita-se que a música por possuir escrita poética facilita a mediação de esclarecimento sobre a formação afro brasileira; os movimentos sociais compreendem que a música é uma arma infalível para a circulação do conhecimento; sendo a música 2 Professor Lindomar. História da música. Disponível em http://www.infoescola.com/musica/historia-damusica- acessado em 29/12/2012 as 14:34h.

um manancial sem barreiras, ela é a porta crucial para extermínio da visão racista e, por ser um instrumento metodológico de grande valia, a música desenvolve um salto de aprendizagem quando a mesma é trabalhada de maneira critica e real ao quotidiano do aluno. Acreditando que a música tem sido uma arma que auxilia o processo educativo ao quebrantamento do apartheid camuflado na sociedade brasileira, concede-se entender que a mesma poderá ajudar a tornar o sujeito critico a interpretar as Políticas de Estado enquanto instrumento de (des)valorização a cultura negra. E neste percurso, o docente, juntamente com demais corpo escolar, possui um papel fundamental no amadurecimento cognitivo do discente. REFERENCIAS ALVES, Claudete. Negros: o Brasil nos deve milhões! 120 anos de uma abolição inacabada. 2 ed. São Paulo: Scortecci, 2008. LOUREIRO, Alícia Maria Almeida. O ensino de música na escola fundamental. Campinas. São Paulo: Papirus, 2003.