MATERIAIS DIDÁTICOS DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA PARA ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS

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Transcrição:

MATERIAIS DIDÁTICOS DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA PARA ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS Pedro Ryô de Landim y Goya (Instituto de Biociências, UNESP/Botucatu /(PPG em Educação para Ciência -, UNESP/Bauru) Natállia Carrion Teodoro Sabrina Pereira Soares Basso (PPG em Educação para Ciência -, UNESP/Bauru) Luciana Maria Lunardi Campos (Instituto de Biociências, UNESP/Botucatu/ PPG em Educação para Ciência -, UNESP/Bauru) Eixo: 5 - Ciências Biológicas RESUMO A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no ensino fundamental e médio traz a necessidade da utilização de estratégias e recursos que contribuam para a aprendizagem efetiva desses alunos. Este trabalho teve por objetivo a elaboração e a confecção de materiais didáticos para o ensino de Ciências e Biologia. Para a definição dos conteúdos, considerou-se outro estudo que identificou temas de Ciências e Biologia cujos alunos com necessidades educacionais especiais encontravam maiores dificuldades no processo de ensino-aprendizagem. Foram selecionados três temas (Cadeia Alimentar, Leis de Mendel e Astronomia) e materiais didáticos foram elaborados e confeccionados. INTRODUÇÃO A educação inclusiva é entendida como uma ação política, cultural, social e pedagógica, a qual visa garantir o direito de todos os alunos de estarem juntos, aprendendo e participando, sem nenhum tipo de discriminação (BRASIL, 2008, p.1). Ela busca a participação de todos os alunos ativamente nas atividades que a escola oferece, é de responsabilidade da coordenação da escola e do docente promovê-la e requer que a escola se adapte aos alunos e não que os alunos tenham que se adaptar à escola. O processo de inclusão de alunos com deficiência no ensino regular ainda têm muito a se desenvolver, superando dificuldades frequentemente relatadas na literatura, dentre elas : falta de preparo/formação do professor ; não formação de práticas educacionais essenciais à promoção da inclusão; ausência de auxílio técnico pedagógico especializado, de espaço físico não adaptado e material didático inadequado; dificuldade no acompanhamento de conteúdos ministrados; desconhecimento sobre a deficiência do aluno e a não adequação de currículos e estratégias de aula. ( DE VITTA et al.,2010, p.417)

Nesse sentido, novas práticas são necessárias, com a renovação de estratégias e recursos de ensino que favoreçam tal aprendizagem, sendo o material didático um importante componente nesse processo (ARAGÃO et al., 2008, p.1). Os materiais didáticos são entendidos como recursos necessários e facilitadores da aprendizagem (YOSHIKAWA, 2010, p. 47), devendo-se considerar as alternativas de ensino apropriadas a cada tipo de conteúdo, às necessidades específicas do contexto educativo e às necessidades individuais dos alunos. Eles precisam ser diversificados e permitir a cada professor elaborar seu projeto específico de intervenção adaptado às necessidades de sua realidade educacional e à sua personalidade (ZABALA, 1998 apud YOSHIKAWA, 2010, p. 47). A utilização desses materiais pode envolver a produção do material pelo professor e segundo Borges (2000, p. 87), ao confeccionar seu próprio material, o professor passa a planejar e decidir sobre sua própria prática e busca alternativas para uma aprendizagem mais significativa, permitindo uma reflexão crítica sobre vários aspectos do ensinoaprendizagem. Partindo dos pressupostos apresentados, este trabalho teve por objetivo a elaboração e a confecção de materiais didáticos para o ensino de Ciências e Biologia. MATERIAIS E MÉTODOS A definição dos conteúdos de Ciências e Biologia abordados nos materiais didáticos deu-se a partir dos dados do estudo realizado por Teodoro (2014) e da análise do material didático do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2009). O estudo de Teodoro (2014) identificou, por meio de entrevistas com 18 alunos do ensino fundamental e 08 alunos do ensino médio com necessidades especiais (deficiência intelectual, auditiva, visual e física) em Ciências foram: Ecologia, Astronomia e Fases da Lua e em Biologia: teia alimentar, DST e Leis de Mendel. Na análise do material didático do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2009) buscou-se identificar a existência de proposta/indicação de adaptação desses conteúdos ou de atividades, considerando-se a presença de alunos com necessidades especiais. Verificou-se a ausência de propostas de atividades que visem à inclusão de alunos com necessidades especiais. Em sua maioria, os conteúdos propostos no material do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2009) são abordados na forma de textos jornalísticos e didáticos, narrativas, discussões e exercícios, com poucas propostas de atividades de campo, visitas e experimentos.

A partir desta análise, foram selecionados como conteúdos objetos deste estudo: Ecologia, Astronomia e Fases da Lua para o ensino fundamental e Teia Alimentar, DSTs e Leis de Mendel (para o ensino médio). Os conteúdos de astronomia e fases da lua foram reunidos, pela proximidade, em um material único, assim como ecologia e teia alimentar. A elaboração dos materiais didáticos pautou-se em três principios básicos: a não exclusividade do material para alunos com necessidades educacionais especiais a utilização dos materiais deve favorecer a aprendizagem e a interação de todos os alunos; a estimulação de diferentes canais sensoriais com base na proposta de educação multisensorial (MARTI, 1999 apud FERREIRA et. al 2009) e o envolvimento do professor na produção do material e sua mediação na utlização do material pelos alunos. Os materiais utilizados na confecção são todos de fácil obtenção, baixo custo e simples manufatura. RESULTADOS E DISCUSSÕES Foram elaborados e confeccionados três materiais. Material 1: Ecologia e Teia Alimentar. Objetivo: auxiliar o aluno na compreensão de conceitos de Ecologia e Teia Alimentar (produtores, consumidores e decompositores e o papel deles no meio ambiente) e despertar seu interesse pela conservação do ambiente. Ele visa, principalmente, o ensino de alunos com baixa visão e é composto por 28 cartões de papel paraná, cortado em tamanho A6 (aproximadamente 16,0x10,5cm), com imagens impressas em papel sulfite de diferentes de produtores, consumidores e decompositores, com tinta plástica aplicada em seu contorno, o que pode tornar as figuras mais atrativas para os alunos videntes. Sugere-se que o material seja utilizado após exposição do conteúdo pelo professor. O material pode ser utilizado para a construção de uma teia alimentar com os alunos da sala. Para isto, os cartões devem ser distribuídos aleatoriamente entre os alunos e deve ser utilizado barbante para unir os componentes. Cabe ao professor, fazer questionamentos e organizar a construção da cadeia. Há varias possibilidades de uso do material, entre elas: a distribuição aleatória dos cartões para que os próprios alunos construam a Teia; com a Teia já interligada, com seus fios cruzando a sala aleatoriamente, os alunos seriam convidados a seguir cada componente da cadeia, promovendo uma interação espacial entre os videntes e não videntes. Com a formação da cadeia, os fios de barbante cruzarão a sala de aula e o aluno deficiente pode percorrer a espaço, percebendo aonde cada fio vai e como ele interage com os outros componentes da cadeia.

Material 2: Leis de Mendel - Objetivo : auxiliar na compreensão de como se dá os processos descritos por Mendel. Ele foi confeccionado, em peças de Biscuit, sendo 01 esfera verde e 01 esfera amarela, ambas com diâmetro de aproximadamente 3,5cm e mais 02 esferas verdes e 02 esferas amarelas com diâmetro de aproximadamente 2,5cm. As esferas foram divididas ao meio e na parte de trás foi colocado um imã, de modo que as metades das esferas pudessem se encaixar. Foram confeccionados seis pares de peças de cores diferentes representando os alelos dominantes e recessivos, por exemplo, VV ou vv. Utilizando o material, o professor pode explicar como ocorre o hibridismo e os conceitos de gene dominante e recessivo. Ao colocar as peças em um saco ou caixa de modo a simular um sorteio, o professor pode explicar como ocorre esse processo de hibridismo e que o cruzamento de alelos é algo aleatório. Para demonstrar a Segunda Lei de Mendel, foram confeccionados quatro pares de peças texturizadas, utilizando palitos de dente e tampas de caneta esferográfica, com as mesmas dimensões do material utilizado para explicar a Primeira Lei de Mendel, para representar as diferentes combinações. 3-) Astronomia e Fases da Lua Objetivo- oferecer um suporte visual à explicação da ordem dos planetas e a proporção de tamanho e distância de cada um. Para a confecção foram utilizadas esferas de isopor de diversos tamanhos, representando em uma escala aproximada os planetas e o Sol, do nosso Sistema Solar: 01 de 10mm representando Mercúrio, 01 de 10mm representando a Lua, 01 de 35mm representando Marte, 01 de 50mm representando Vênus, 01 de 50mm representando a Terra, 01 de 60mm representando Netuno, 01 de 60mm representando Urano, 01 de 175mm representando Saturno, 01 de 200mm representando Júpiter, 01 de 250 representando o Sol. Para pintar os componentes usou-se tinta própria para isopor e cartolina para representar os anéis do planeta Saturno. O professor pode trabalhar com a proporção de tamanho e distância entre os planetas, simulando em sala a distância dos planetas e do Sol e os movimentos que os planetas fazem ao redor do Sol. CONSIDERAÇÕES FINAIS A inclusão escolar bem sucedida implica na aprendizagem de todos os alunos e para atender às diferentes condições sensoriais, cognitivas ou físicas dos alunos são necessárias propostas educacionais que ofereçam situações mais adequadas às diversas características e necessidades dos alunos, envolvendo a utilização de recursos didáticos diferenciados.

Neste estudo, buscou-se elaborar materiais inclusivos que pudessem favorecer a aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais e o envolvimento de todo o grupo de alunos na atividade proposta. Os materiais confeccionados precisam ser avaliados junto aos alunos e aos professores e ressalta-se que estes não devem ser utilizados isoladamente e, sempre que possível, com o apoio de intérpretes e auxiliares de classe. O ensino inclusivo é uma realidade e o desafio de ensinar a todos está posto para professores e pesquisadores na área de Ciências. REFERÊNCIAS ARAGÃO, A. S; SILVA, V. C; SILVA G. M; Análise da produção em Educação Especial e Inclusiva nos Programas de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO DE QUÍMICA, 14., 2008, Curitiba. Anais... Curitiba: UFPR, 2008. BORGES, G. L. A. Formação de Professores de Biologia, Material Didático e Conhecimento Escolar. 2000. 436f. Tese (Doutorado) Universidade Estadual de Campinas, curso de Pósgraduação em Educação. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Inclusão: revista da educação especial, v. 4, n 1, janeiro/junho 2008. Brasília: MEC/SEESP, 2008. DE VITTA, F. C. F; DE VITTA, A; MONTEIRO A. S. R. Percepção de professores de educação infantil sobre a inclusão da criança com deficiência. In: REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, Marília, v.16, n.3, p. 415-428. Set./Dez. 2010. SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Material Didático do Estado de São Paulo / Coord. Maria Inês Fini. São Paulo: SEE, 2009. TEODORO, N. C. A Inclusão Escolar e o Ensino de Ciências e Biologia: A visão dos alunos. 2014. Relatório de conclusão de Iniciação Científica, Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Botucatu. YOSHIKAWA, R. C. S. Possibilidades de aprendizagem na elaboração de materiais didáticos de Biologia com educandos deficientes visuais. 2010. 149 f. Dissertação de Mestrado em Ensino de Ciências. Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2010.