Palavras-chave: 1. Estabelecimento empresarial. 2. Trespasse. 3. Credores do alienante. 4. Proteção.



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A ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL E SEUS EFEITOS NOS DIREITOS DOS CREDORES DO ALIENANTE VICTOR BENEDITO OTAVIANO FERREIRA E mail victorbenedito@hotmail.com Prof orientadora Mércia Mendonça Lisita RESUMO O artigo em epígrafe objetiva analisar a alienação do estabelecimento empresarial e seus efeitos nos direitos dos credores do alienante, para tanto nos guiamos pela luz da legislação, jurisprudência e doutrina. Para cumprimento desta empreitada se fez necessário definir a natureza jurídica do estabelecimento empresarial se é uma universalidade de direito ou uma universalidade de fato, dirimindo as eventuais dúvidas. Também foi preciso estudar o contrato de trespasse com suas peculiaridades, no que concerne a sucessão do ativo e do passivo. E precisou-se ainda direcionar os estudos para desvendar quem são os credores do alienante do estabelecimento empresarial e como os seus direitos podem ou não vir a ser resguardados de acordo com a lei e o contrato, a fim de dar segurança aos atores que atuam neste cenário. Nesta senda utilizou-se do método dedutivo e bibliográfico, para verificar o conteúdo mediante pesquisa teórica, o que garantiu ampla abordagem do tema. Donde se extraiu que o estabelecimento empresarial é uma universalidade de fato. Que por força de lei o trespasse transfere ao adquirente o crédito do estabelecimento empresarial, mas não o débito. Entretanto o trespassatário pode em virtude do contrato passar a ser responsabilizado. Também poderá a responsabilidade do adquirente decorrer do não cumprimento das formalidades que antecedem a compra e venda do estabelecimento empresarial. Possuindo os credores do alienante meios eficazes de proteção dos seus direitos. Palavras-chave: 1. Estabelecimento empresarial. 2. Trespasse. 3. Credores do alienante. 4. Proteção. INTRODUÇÃO O estabelecimento empresarial físico é peça fundamental para a exploração da atividade empresarial da qual se ocupa o empresário ou sociedade empresaria. Habitualmente o estabelecimento constitui-se por vezes na única garantia de cumprimento das obrigações assumidas pelo seu titular para com terceiros entre outros: empregados, fornecedores, o poder público, etc. Porém, o estabelecimento empresarial não se confunde com a pessoa jurídica que o utiliza para exercer a atividade empresária, em se tratando da alienação do 1

mesmo. Trata-se de objetos distintos. Por isso a importância da análise da situação do credor em face da alienação do estabelecimento do devedor, de modo a identificar meios de proteção dos direitos do credor. Daí entendermos por bem abordar o tema a alienação do estabelecimento empresarial e os seus efeitos nos direitos dos credores. Ocorre que para demonstrar isso, fez-se necessário analisar, segundo a legislação, a jurisprudência e a doutrina, a alienação do estabelecimento empresarial e seus efeitos nos direitos dos credores do alienante. Definindo de fora geral natureza jurídica do estabelecimento empresarial, estudando o contrato de trespasse com suas peculiaridades, discorrendo sobre as diferentes espécies de credores do alienante, os efeitos da alienação do estabelecimento nos direitos destes e sempre direcionar os estudos em face dos efeitos da alienação do estabelecimento empresarial sobre os direitos dos credores do alienante. Buscando dessa forma, verificar se a alienação do estabelecimento empresarial interfere nos direitos dos credores do alienante? Quais os meios de proteção dos direitos dos credores? Para nós assim como na alienação do controle do capital social a alienação do estabelecimento empresarial não modificará os direitos dos credores que podem ser reclamados perante o novo titular. O credor poderá acionar o novo titular do estabelecimento para garantir o recebimento do seu crédito através do meio mais adequado segundo seu título. Por outro lado o contrato de trespasse passou a integrar o direito positivo brasileiro a partir do Código Civil de 2002, trazendo consigo a necessidade de interpretação dos dispositivos. Mas desde o início a inovação foi bem vista conforme registra BURARELLI (2000, p. 243): A instituição de um regime jurídico específico para o estabelecimento é uma inovação valiosa, permitindo que se liberte na prática principalmente no que toca aos negócios jurídicos de que é objeto das inseguranças e incertezas em que está envolto, pela ausência de normas expressas, obrigando a doutrina a exercícios de interpretação e qualificação nem sempre muito afinados. Neste contexto, o presente estudo pretendeu destacar os pontos controvertidos acerca do tema e quiçá contribuir diferenciando estabelecimento empresarial da pessoa física ou jurídica que o utiliza, verificar se a alienação do 2

primeiro interfere nos direitos dos credores do segundo e quais os meios de proteção destes credores. 1. O ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL 1.1 Breve histórico A história do estabelecimento empresarial se entrelaça com a história da humanidade, haja vista que a existência daquela é para servir as necessidades deste. Historicamente nenhum homem enquanto ser vivo foi, é ou será autossuficiente, posto não sermos um fim em nós mesmos. Sendo assim, para sobrevivermos sempre haverá necessidade de algum bem ou serviço, que será fornecido por outrem. Neste contexto, conforme os seres humanos foram se desenvolvendo a mercancia evoluiu e ao longo dos anos se tornou importantíssimo fixar-se em uma determinada base territorial para exercer o comércio. Coelho (2010, p. 98) diz: Não existe como dar início à exploração de qualquer atividade empresarial, sem a organização de um estabelecimento. Embora na atualidade o empresário possa estar estabelecido apenas no ambiente virtual, situação da qual não nós ocuparemos. O direito não poderia deixar este bem tão relevante sem proteção, por isso, o Estabelecimento empresarial, também conhecido como estabelecimento comercial ou para REQUIÃO (2007, p. 278) fundo de comércio surgiu como categoria jurídica moderna no século XIX, na França, através de dispositivo de lei fiscal. A primeira menção feita ao fonds de comerce em preceito legislativo ocorreu na lei francesa de 28 de fevereiro de 1872, cujo art. 7º submetia as transferências de propriedade a título oneroso do fundo de comércio ou de clientela a uma alíquota de 2%. No Brasil HENTZ (2003, p. 19) ensina que: A azienda (vocábulo de idêntica grafia nos idiomas italiano e português) equivale ao estabelecimento comercial, desde há muito reconhecido entre nós, embora não tenha merecido conceituação e tratamento legal pelo CCom. Porém, ainda que com lacuna legislativa, a relevância da matéria no cenário nacional nunca foi negada. 3

O lapso legislativo foi corrigido com o advento do novo Código Civil Brasileiro, no art. 1.142 define o estabelecimento empresarial nas seguintes palavras: Considera-se estabelecimento todo o complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. 1.2 Natureza jurídica Muito já se discutiu sobre a natureza jurídica do estabelecimento empresarial, chegando alguns autores a esmiuçar todas as nove teorias existentes, apesar de dizer que esta discussão é infértil, outros autores afirmam que a discussão é rica, mas é possível compreender totalmente o instituto jurídico por apenas, conforme COELHO (2010, p. 101) três pontos essenciais: 1º) o estabelecimento empresarial não é sujeito de direito; 2º) o estabelecimento empresarial é um bem; 3º) o estabelecimento empresarial integra o patrimônio da sociedade empresária. O estabelecimento empresarial pode ser conceituado como quer COELHO (2007, p. 56) o complexo de bens reunidos pelo empresário para o desenvolvimento de sua atividade econômica. Logo é o instrumento da atividade do empresário. Com ele o empresário aparelha-se para exercer sua atividade. Sendo pois ativo da empresa formado de bens móveis e imóveis, materiais e imateriais, porém, como bem adverte MAMEDE (2008, p. 250) não se confunde com o patrimônio do empresário ou sociedade empresária, já que nesses podem existir bem ou bens que não estão destinados ao exercício da empresa. Quando o empresário faz a organização racional do conjunto de bens que compõe o estabelecimento empresarial, dá ao estabelecimento um plus conhecido doutrinariamente por aviamento que na mais é no ensinamento de FAZZIO (2003, p. 109) que: a esperança de lucros, a potencialidade de resultados positivos, de otimização do faturamento. Em virtude disso o valor monetário do estabelecimento empresarial será bem superior à soma do valor unitário dos bens que o compõe. Sendo assim, é indispensável consignar a opinião de REQUIÃO (2007, p. 284) que leciona com muita propriedade: Somos de opinião que o estabelecimento comercial pertence à categoria dos bens móveis, transcendendo às unidades de coisas que o compõem e são mantidas unidas pela destinação que lhes dá o empresário, formando em decorrência dessa unidade um patrimônio comercial, que deve ser 4

classificado como incorpóreo formado por um complexo de bens que não se confundem, mas mantém unitariamente sua individualidade própria. Note que discorrendo sobre o mesmo ponto da matéria MAMEDE (2008, p. 251) registra precisamente que: O estabelecimento pode ser considerado como um objeto unitário de direitos, bem como de negócios jurídicos, sejam eles translativos (a exemplo da venda ou da doação) ou constitutivos (a exemplo da alienação fiduciária ou de garantia real), desde que compatíveis com sua natureza. Neste contexto, concluímos que a natureza jurídica do estabelecimento empresarial que veio estampada no Código Civil de 2002 não é outra senão a de universalidade de fato. De outra banda a unidade do estabelecimento empresarial não impede o empresário de comercializar os bens que pretende fornecer ao mercado consumidor ou até certo ponto se desfazer de mobiliário, veículos ou imóveis que fazem parte do estabelecimento, desde que não importem em desativação. Ademais registramos que o empresário ou sociedade empresária pode possuir vários estabelecimentos, não tendo qualquer relevância prática a nomenclatura que seja dada para diferenciar o estabelecimento matriz e os outros: agência, filial ou sucursal. 2. O CONTRATO DE TRESPASSE 2.1 Conceito O contrato de trespasse é o nome atribuído no meio empresarial para o contrato de compra e venda de estabelecimento empresarial, ou seja, é o contrato por meio do qual um empresário passa o ponto para outro, que só o adquire com vistas a se beneficiar da azienda e clientela formada pelo antigo proprietário. 2.2 Pressupostos de validade Como se sabe o estabelecimento empresarial, por possuir natureza jurídica de universalidade de fato, trata-se de um bem que esta a serviço do empresário e 5

pode ser alienado por este em tese a qualquer momento. No entanto para COELHO (2010, p. 118) o trespasse não se confunde com a cessão de quotas sociais de sociedade limitada ou a alienação de controle de sociedade anônima. Principalmente porque nestes institutos não há que se falar em sucessão empresarial, já na venda do estabelecimento empresarial pode ou não existir a figura da sucessão empresarial. A legislação pátria autoriza a alienação do estabelecimento a partir do momento em que consignou no art. 1.143 do CCivil de 2002: Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza. Calhando registra a posição de REQUIÃO (2007, p. 286) que: como coisa móvel e como universalidade de fato ou ainda como bem incorpóreo, o estabelecimento comercial pode ser cedido ou vendido, empenhado e desapropriado. Por outro lado o legislador não impôs instrumento solene para se formalizar a compra e venda em análise, logo correta a conclusão de REQUIÃO (2007, P. 286) transmite-se a propriedade do fundo de comércio, com todos os seus elementos, por simples instrumento particular ou público, e complementamos conforme se tenha ou não propriedade imóvel envolvida no negócio. Desta feita, o Código Civil de 2002 CCivil de 2002, por meio do artigo 1.144 prescreve o seguinte: Art. 1.144 - O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial. Donde extraímos que para o contrato de trespasse ter validade em relação a terceiros, deverá obrigatoriamente ser o referido contrato averbado à margem da inscrição do alienante, no Registro Público de Empresas Mercantis, seja ele empresário individual ou sociedade empresária, e ainda deverá o ato da venda ser publicado na imprensa oficial. Consta no art. 1.145 CCivil de 2002 que: Se ao alienante não restarem bens suficiente para solver seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos 6

os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação. Logo para que a alienação do estabelecimento empresarial seja valida há necessidade de que reste ao alienante bens suficientes para solver todo o passivo, realizado em prol do estabelecimento objeto da venda, ou uma vez notificados, judicialmente ou extrajudicialmente, os credores do alienante que tem como garantia implícita o bem que esta sendo vendido concordem expressamente com a formalização do negócio pretendido ou tacitamente hipótese que ocorrerá se acaso o notificado quede-se inerte por mais de 30 (trinta) dias após a notificação. Note que se tratar o alienante de empresário ou sociedade empresária que possui vários estabelecimentos empresariais, por certo que a venda de um ou alguns, em nada vai afetar a sua capacidade de solver o passivo, hipótese que estaria dispensado da formalidade exigida pelo art. 1.145 do CCivil de 2002. De mais a mais, em lado diametralmente oposto está o empresário ou sociedade empresaria que pretende alienar o seu único estabelecimento empresarial e segue as prescrições do art. 1.144 do CCivil de 2002, é o que se depreende da leitura do caput, inc. III e alínea c do art. 94 da Lei nº. 11.101/05, senão vejamos: Art. 94 - Será decretada a falência do devedor que: ( ) III praticar qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte do plano de recuperação judicial: ( ) c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não sem o consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo;. Sendo que o mesmo diploma legal consigna no caput e in. VI do art. 129: Art. 129 - São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores: ( ) VI a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento expresso ou pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor bens suficientes para solver o seu passivo, salvo se no prazo de 30 (trinta) dias, não houver oposição dos credores, após serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e documentos. 7

3. ESPÉCIES DE CREDORES DO ALIENANTE DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL 3.1 Conceito Antes de ousarmos oferecer um conceito jurídico para a palavra credor, especificamente dentro do contexto de credores do alienante do estabelecimento, entendemos pertinente esclarecer que tal palavra se trata de um substantivo, masculino e deriva do latim creditore, pelo que o dicionário escrito por FERNANDES (1993) traz como sendo seu significado primordial: Indivíduo ou pessoa jurídica a quem se deve. Feitas as considerações supra, pretendemos lançar o conceito de credores do alienante do estabelecimento empresarial como sendo: todas as pessoas naturais, pessoas jurídicas de direito privado (nacionais ou internacionais) e pessoas jurídicas de direito público (interno ou externo) para quem o trespassante deve alguma obrigação seja ela de dar, fazer ou não fazer, independentemente desta prestação ser vencida ou vincenda ao tempo da alienação do estabelecimento. 3.2 As várias espécies Como já dissemos é fato público e notório, que os seres humanos não são autossuficientes, por isso, desde logo se conclui que todo ser humano convive ora no polo ativo e outrora no polo passivo no que tange as obrigações. De outra banda a pessoa jurídica que em seu âmago foi criada para realizar feitos que uma vida natural, terrena, não nos permitiria realizar, padece do mesmo mal que o criador. Isto porque embora seja criada a partir do ativo de uma ou mais pessoas naturais ou jurídicas, nunca ocupará apenas o polo ativo em se tratando de obrigações. Neste contexto, no mundo globalizado em que vivemos todos somos clientes de alguém, da mesma forma que alguém certamente é, foi ou será nosso cliente. Tomando-se por parâmetro o conceito ofertado acima quanto à pessoa dos credores temos que as várias espécies de credores do alienante do estabelecimento empresarial são: 8

a) pessoas naturais englobando todos os seres humanos, capazes de adquirir direitos e deveres, para quem o alienante do estabelecimento deve alguma obrigação vencida ou vincenda, estas pessoas podem ser as mais variadas, tais como: sócios (em caso de sociedade empresária ou quiçá sociedade em conta de participação); colaboradores ou ex-colaboradores, prestadores de serviços, fornecedores de bens (entre outros produtores rurais), clientes, terceiros prejudicados pela conduta do empresário ou de pessoa sob sua responsabilidade, locador, beneficiária de alguma doação, etc.; b) pessoas jurídicas de direito privado nacionais são as constituídas sob a égide da lei brasileira, compreendendo: empresário individual de responsabilidade limitada, sociedade simples, as sociedades empresárias, as associações, fundações, organizações religiosas, partidos políticos. Sendo que estes podem ser prestadores de serviço, fornecedores de bens, clientes, terceiros prejudicados, locador; beneficiário de alguma doação; etc.; c) pessoas jurídicas de direito privado internacionais são as constituídas sob a égide da lei alienígena e que não possuem estabelecimento empresarial no nosso território nacional, hipótese em que estaria obrigada a se inscrever na junta comercial local e se tornaria pessoa jurídica nacional. Contudo, podem ser prestadores de serviço, fornecedores de bens, clientes, terceiros prejudicados, locador; beneficiário de alguma doação; etc.; d) pessoas jurídicas de direito público interno da leitura do caput e incisos do art. 41 do CCivil de 2002 conclui-se que são: a União, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios, os Municípios, as autarquias (federais, estaduais e municipais), as fundações públicas (federais, estaduais e municipais), as associações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista; e, e) pessoas jurídicas de direito público externo conforme consigna o art. 42 do CCivil de 2002: São pessoas jurídicas de direito externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas jurídicas que forem regidas pelo direito internacional público. Dentre outros: Argentina, Paraguai, Organização das Nações Unidas ONU, Organização Mundial do Comércio OMC, etc. Que por vezes também podem ser prestadores de serviço, fornecedores de bens, clientes, terceiros prejudicados, locador; beneficiário de alguma doação; etc. 9

Cada uma destas espécies de credores de alguma forma podem ou poderão exigir que o alienante do estabelecimento lhes: I) dê alguma coisa; II) faça algum serviço; ou, III) se abstenha de fazer. Por outro lado os credores podem ser alinhados somente segundo o título representativo da contraprestação que lhe é devida pelo alienante do estabelecimento e neste caso calha o rol de credores da lei falimentar no caput e incisos do art. 83, de cuja leitura destaca-se a seguinte classificação: 1) créditos derivados da legislação do trabalho (empregados ou ex-empregados); 2) créditos com garantia real (penhor, hipoteca, anticrese no mais das vezes devidas a instituições financeiras); 3) créditos tributários; 4) créditos com privilégio especial; 5) créditos com privilégio geral; e, 6) crédito quirografários (contratos sem garantia real, outros títulos executivos judiciais e extrajudiciais). 4. OS EFEITOS DA ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL 4.1 Em relação aos direitos dos credores do alienante Antes do advento do novo Código Civil ensina COELHO (2010, p. 120) os credores de um empresário não podiam, em princípio, pretenderem o recebimento de seus créditos de outro empresário só porque o último tinha adquirido o estabelecimento empresarial do primeiro. Havia, pois, apenas três exceções, a saber: a assunção de passivo expressa no contrato, as dívidas trabalhistas e fiscais. Na atualidade os credores do alienante do estabelecimento, conforme se extrai da leitura do art. 1.146 do Código Civil, encontram uma proteção bem maior desde que seus créditos anteriores à transferência do estabelecimento empresarial estejam regularmente contabilizados pelo trespassante. Contudo, esta contabilização não é rígida, de modo que se dispensa os balancetes e requintes da escrituração fiscal, bastando que o trepassatário tenha ciência inequívoca ao tempo da realização do trespasse que o trespassante possuir determinado débito, para que o credor do alienante possa se beneficiar do citado artigo e alcançar a responsabilização patrimonial do adquirente do estabelecimento. O mencionado dispositivo legal assegura aos credores do alienante do estabelecimento que preencham aqueles requisitos uma garantia dúplice podendo 10

exigir o cumprimento da obrigação de ambos (trespassante e trespassatário) ou de qualquer deles. Entretanto, esta responsabilidade solidaria como tudo que há no mundo não é eterna, logo perdurará pelo prazo de um ano, contando-se: a) da publicação do contrato de trespasse na imprensa, para as obrigações vencidas; e, b) a partir do vencimento, para as obrigações vincendas. Por outro lado as antigas hipóteses de responsabilização do adquirente do estabelecimento permanecem latentes em nosso ordenamento jurídico, vez que ao contrato de trespasse ainda é permitido aumentar a responsabilização do adquirente, de outra banda se reduzir as responsabilidades do trespassatário além da previsão legal, isto só terá validade em relação às partes contratuais, não sendo oponível aos credores do alienante do estabelecimento, a menos que expressamente aceitos por estes. Note também que o art. 448 da CLT continua dispondo: A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. Isto abre ao empregado a opção de demandar contra o antigo ou o atual empregador. Note ainda que o caput do art. 133 do CTN consigna: Art. 133 - A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até a data do ato:. Sendo que esta responsabilidade será integral se o alienante deixar de explorar a aquele ramo de negócio e subsitiaria se o trespassante continuar na exploração daquela atividade ou se dentro de 06 (seis) meses o alienante recomeçar a exploração no mesmo ramo de comércio ou em outro qualquer. Há hipótese prevista no citado artigo do CTN não se aplica as alienações de estabelecimento empresarial feitas em processo de falência ou recuperação judicial. 4.2 Formas de proteção dos direitos dos credores As formas de proteção dos direitos dos credores são as mais variadas possíveis, devendo o direito ser cuidado desde o início da relação que lhe permite 11

ou permitirá receber alguma contraprestação do alienante do estabelecimento empresarial, a fim de evitar que o título possua qualquer macula. Em seguida deve se atentar aos prazos de vencimento das obrigações tanto a seu cargo quanto a cargo do trespassante. Primordialmente sempre se manifestar expressamente positiva ou negativamente quando da notificação judicial ou extrajudicial, feita pelo alienante do estabelecimento comercial, se atentando para os termos da negociação se lhe permitirão exigir a obrigação tanto do trespassante quanto do trespassatário. Note que determinadas obrigações são garantidas por ônus reais, nestes casos o credor que dispõe desta garantia tem a sua disposição mecanismos para coibir a usurpação deste privilégio, haja vista que esse credores (hipotecário e pignoratício) podem excutir a coisa hipotecada ou emprenhada, preferindo outros credores ou reter em seu poder o bem enquanto a divida não for paga (credor anticrético). Salvo o direito do Estado em sua tríplice face na persecução judicial do crédito tributário que conforme o caput, parágrafo único e incisos do art. 187 do CTN não se submete a concursos de credores senão entre as próprias pessoas jurídicas de direito púbico. Quanto aos créditos com privilégio especial elencados nos incisos do caput do art. 964 do CCivil de 2002 garantem ao credor legitimado ser saciado pelo bem vinculado a ele antes dos demais credores, exceto os credores a que alude o parágrafo anterior, bem como os credores trabalhistas. Os demais credores do alienante do estabelecimento empresarial principalmente de obrigações vincendas devem notificar o devedor e solicitar-lhe garantia, tais como: aval, fiador, etc. Já quanto aos demais credores do trespassante que não disponham de garantia deveram propor a ação cambial, executiva, ou de conhecimento que visem à proteção do seu direito o mais rapidamente possível, tão logo tenham conhecimento da intenção de realização do trespasse. CONCLUSÃO Concluímos que a alienação do estabelecimento empresarial prima face não tem o condão de interferir no direito dos credores do alienante, haja vista que o 12

estabelecimento é apenas uma parcela, embora às vezes muito significativa, do patrimônio do devedor, empresário ou sociedade empresária. Ademais o arcabouço jurídico atual permite ao interessado ter ciência do trespasse e lhe assegura tempo hábil para tomar a medida adequada com vista a proteger seus interesses. No que tange aos meios de proteção dos direitos dos credores do alienante, temos que da forma que o instituto do trespasse encontrasse normatizado se acaso o trespassante não seguir suas prescrições a risca atrairá para o trepassatário responsabilidade patrimonial por obrigações dos credores do alienante. E ainda que se sigam estas recomendações legais os direitos reais e privilégios especiais que algum credor do alienante do estabelecimento possua serão oponíveis ao adquirente. Sem falar que as obrigações expressamente assumidas no cotrato de trepasse, os créditos trabalhistas e tributários, obrigam solidariamente o trespassante e o trepassatário, ou seja, tais obrigações podem e devem ser reclamados de qualquer deles. REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto-Lei 5.452, de 01 de maio de 1943. Consolidação das Leis do Trabalho. Brasília, DF: Presidência, 2012. BRASIL. Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966. Código Tributário Nacional. Brasília, DF: Senado, 2012. BRASIL. Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil brasileiro. Brasília, DF: Senado, 2012. BRASIL. Lei 11.101, de 09 de fevereiro de 2005. Lei de Recuperação Judicial, Extrajudicial e Falências brasileira. Brasília, DF: Senado, 2012. BULGARELLI, Waldirio. Tratado de direito empresarial 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2000. COLHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial, Volume 1 14. Ed. São Paulo: Saraiva, 2010. 13

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