ANÁLISE DO MONITORAMENTO DA GLICEMIA CAPILAR EM INSULINODEPENDENTES PARA PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES RELACIONADAS AO DIABETES MELLITUS

Documentos relacionados
A IMPORTÂNCIA DO MONITORAMENTO DA HEMOGLOBINA GLICADA NO CONTROLE DO DIABETES MELLITUS E NA AVALIAÇÃO DE RISCO DE COMPLICAÇÕES CRÔNICAS FUTURAS

16º CONEX - Encontro Conversando sobre Extensão na UEPG Resumo Expandido Modalidade B Apresentação de resultados de ações e/ou atividades

Autor(es) MILENE FRANCISCHINELLI. Orientador(es) FÁTIMA CRISTIANE LOPES GOULARTE FARHAT. Apoio Financeiro FAPIC/UNIMEP. 1.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso de suas atribuições legais, e

ASSISTÊNCIA MULTIDISCIPLINAR PARA O ATENDIMENTO AOS PACIENTES DIABÉTICOS INTERNADOS

ANÁLISE COMPARATIVA DOS VALORES DOS TESTES DE GLICEMIA EM JEJUM E HEMOGLOBINA GLICADA REALIZADOS EM UM LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLINICAS

TÍTULO: HIPERTRIGLICERIDEMIA PÓS-PRANDIAL EM PACIENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 E O RISCO CARDIOVASCULAR

Manejo do Diabetes Mellitus na Atenção Básica

ESTADO NUTRICIONAL E FREQUÊNCIA ALIMENTAR DE PACIENTES COM DIABETES MELLITUS

AVALIAÇÃO DA ADESÃO AO TRATAMENTO E CONTROLE DO DIABETES MELLITUS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE.

Variabilidade glicêmica no diabetes: a quais características o médico deve estar atento?

TÍTULO: EFEITO DA TERAPIA PERIODONTAL NÃO CIRÚRGICA SOBRE O CONTROLE GLICÊMICO EM INDIVÍDUOS COM DIABETES TIPO2 E PERIODONTITE CRÔNICA: ENSAIO CLÍNICO

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Diabetes Mellitus Parte 1. Profª. Tatiane da Silva Campos

GLICEMIA DE JEJUM NA AVALIAÇÃO DO METABOLISMO GLICÍDICO

Palavras-chave: diabetes tipo 2. enfermagem. educação em saúde. promoção da saúde.

DIABETES: IMPORTANTE FATOR DE RISCO CARDIOVASCULAR

Acompanhamento farmacoterapêutico do paciente portador de Diabetes mellitus tipo 2 em uso de insulina. Georgiane de Castro Oliveira

DIA MUNDIAL DA SAÚDE: DETERMINAÇÃO DA GLICEMIA CAPILAR EM SERVIDORES DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

EFEITO DA FARINHA DO ALBEDO DO MARACUJÁ AMARELO NO COTROLE GLICÊMICO DE PESSOAS COM DIABETES

ENFERMAGEM ATENÇÃO BÁSICA E SAÚDE DA FAMÍLIA. Parte 27. Profª. Lívia Bahia

PALAVRAS-CHAVE Escore de Framingham. Atenção Básica. Cuidado. PET- Saúde.

INSULINOTERAPIA NO TRATAMENTO DO DM TIPO 2

NOVAS ABORDAGENS INTENSIVAS PARA O CONTROLE DO DIABETES TIPO 2

MUTIRÃO DA SAÚDE. Doutora, Docente do Departamento de Biologia Estrutural, Molecular e Genética da UEPG, 4

Controvérsias e Avanços Tecnológicos sobre Hemoglobina Glicada (A1C)

Uso Correto da Medicação. Oral e Insulina Parte 4. Denise Reis Franco Médica. Alessandra Gonçalves de Souza Nutricionista

Protocolo para controle glicêmico de paciente não crítico com diagnóstico prévio ou não de diabetes mellitus

PALAVRAS-CHAVE Hipertensão arterial. Diabetes mellitus. Glicemia capilar. Medicamentos.

Controle Glicêmico Intra-Hospitalar. Introdução

SITUAÇÃO CADASTRAL DE IDOSOS DO RIO GRANDE DO NORTE NO SIS/HIPERDIA

DELIBERAÇÃO CIB-SUS/MG Nº 2.512, DE 19 DE JULHO DE 2017.

TRATAMENTO DIETÉTICO DO DIABETES MELLITUS. Profa. Dra. Maria Cristina Foss-Freitas

Avaliação da glicemia e pressão arterial dos idosos da UNATI da UEG-GO

Controle glicêmico no paciente hospitalizado. Profa. Dra. Juliana Nery de Souza- Talarico Depto. ENC Disciplina ENC 240

XXI Encontro de Iniciação à Pesquisa Universidade de Fortaleza 19 à 23 de Outubro de 2015

Contagem de Carboidratos

COMPORTAMENTO DA PRESSÃO ARTERIAL EM PACIENTES QUE ADERIRAM A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA PARA O CONTROLE DA HIPERTENSÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Recomendações do NUCDEM para diagnóstico e acompanhamento do diabetes mellitus

AVALIAÇÃO DO USO DE INSULINA GLARGINA EM ATENDIDOS PELA FARMÁCIA DE MEDICAMENTOS EXCEPCIONAIS DE VIÇOSA-MG¹

AUTOMONITORIZAÇÃO DA GLICEMIA CAPILAR NO DOMICÍLIO EM PESSOAS COM DIABETES MELLITUS: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA.

TALITA GANDOLFI PREVALÊNCIA DE DOENÇA RENAL CRÔNICA EM PACIENTES IDOSOS DIABÉTICOS EM UMA UNIDADE HOSPITALAR DE PORTO ALEGRE-RS

ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO CARDIOVASCULAR ENTRE HIPERTENSOS E DIABÉTICOS DE UMA UNIDADE DE SAÚDE NO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA.

DIABETES: ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR (NOV 2016) - PORTO

! "#!! " #! $! % &!!

RASTREAMENTO DE PRESSÃO ARTERIAL E GLICEMIA

DESCARTE DE MATERIAL PERFURO-CORTANTE POR PACIENTES INSULINO DEPENDENTES USUÁRIOS DE UMA FARMÁCIA PÚBLICA DE VIÇOSA, MG

ESTRATÉGIAS E BIOMARCADORES PARA O CONTROLE GLICÊMICO NO DIABETES TIPO II 1 STRATEGIES AND BIOMARKERS FOR GLYCEMIC CONTROL IN TYPE II DIABETES

INTERAÇÕES ENTRE HIPOGLICEMIANTES ORAIS E NUTRIENTES: UM ESTUDO COM IDOSOS PORTADORES DE DIABETES MELLITUS TIPO 2

ARTIGO ORIGINAL INTRODUÇÃO. O diabetes mellitus (DM) é um grupo de distúrbios metabólicos caracterizados por hiperglicemia, resultante de defeitos na

Diário de Glicemia. O diabetes sob controle

TÍTULO: AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS SÉRICOS DE GLICOSE EM INDIVÍDUOS COM DIABETES MELLITUS E CREATININA E UREIA EM INDIVÍDUOS NEFROPATAS.

RELATO DE CASO: O ACOMPANHAMENTO FARMACÊUTICO NA ADESÃO AO TRATAMENTO

Tratamento de hiperglicemia no paciente internado

Introdução Descrição da condição

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Diabetes Mellitus Parte 2. Profª. Tatiane da Silva Campos

16º CONEX - Encontro Conversando sobre Extensão na UEPG Resumo Expandido Modalidade C: Apresentação de pesquisas advindas da extensão universitária

PERFIL SOCIODEMOGRAFICO E CLÍNICO DE ADOLESCENTES COM DM1 EM UM SERVIÇO ESPECIALIZADO

Nota Técnica 129/2014. Selegilina, Levodopa+Benserazida, Novomix

Projeto Educando Educadores 2º CURSO de Imersão em DM1 Educação e manejo do DM1, da teoria à prática PROGRAMAÇÃO GERAL

O CONHECIMENTO DO PACIENTE DIABETICO SOBRE A SUA DOENÇA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMILIA DO BAIRRO CAZELLA DO MUNICIPIO DE GUARANIAÇU/PR.

LINHA DE CUIDADO GERAL EM DIABETE

Insulinoterapia no pré per e pós operatório. Profa. Fernanda Oliveira Magalhães

INITIAL INSULIN THERAPY MANAGEMENT FOR PATIENTS WITH TYPE 2 DIABETES MELLITUS

PREVALÊNCIA DE INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA EM PACIENTES DIABETICOS EM UM LABORATORIO CLÍNICO EM CAMPINA GRANDE

DIABETES MELLITUS: PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES EM IDOSOS ATENDIDOS EM UMA UNIDADE SAÚDE DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE ALAGOA GRANDE-PB

Abordagem de Prevenção ao Diabetes

Stefanie Louise Candioto Vivianne Reis de Castilho Stival Profº. Msc. Fulvio Clemo Santos Thomazelli, Orientador, FURB

PERCEPÇÃO DE PACIENTES DIABÉTICOS QUE FREQUENTAM UMA FAMÁCIA COMERCIAL EM FORTALEZA SOBRE DIABETES MELLITUS TIPO 2

TÍTULO: PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES CRÔNICAS NOS PACIENTES DIABÉTICOS ATENDIDOS NAS UBSFS DE CAMPO GRANDE - MS

ANÁLISE DO PERFIL DOS USUÁRIOS DE ANTIPSICÓTICOS EM UMA DROGARIA DO MUNICÍPIO DE VIÇOSA DO CEARÁ-CE

Avaliação da leucocitose como fator de risco para amputação menor e maior e na taxa de mortalidade dos pacientes com pé diabético

Miria de Souza Effting; Vanessa Golfetto Uliano; Juliana Bach; Guilherme Antonio Siementcoski; Karla Ferreira Rodrigues;

ESTUDO PARASITOLÓGICO DE FEZES EM PESSOAS COM DIABETES TIPO 2 E SUA INTERFACE COM INDICADORES METABÓLICOS

INVESTIGAÇÃO DO ESTADO GLICÊMICO EM FUNCIONÁRIOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO E ATIVIDADES PROFISSIONALIZANTES.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA LUCIANA MACEDO MEDEIROS CARTILHA DE AUTOCUIDADO PARA OS DIABÉTICOS DA UBS ASSIS BRASIL

XIII Curso de Capacitação em Diabetes

EDUCAÇÃO EM SAÚDE: REUNIÃO DE GRUPO DE PACIENTES DIABÉTICOS TIPO 2 INSULINIZADOS

AVALIAÇÃO DO PROGRAMA HIPERDIA EM HIPERTENSOS NO DISTRITO DE ITAIACOCA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM DIABETES MELLITUS ACOMPANHADAS PELA USF VILA BIANCHI EM BRAGANÇA PAULISTA

TÍTULO: CONSCIENTIZAÇÃO E EDUCAÇÃO SOBRE HIPERTENSÃO ARTERIAL À POPULAÇÃO FREQUENTADORA DA ASSOCIAÇÃO DA TERCEIRA IDADE DE AVANHANDAVA

FATORES DE ADESÃO MEDICAMENTOSA EM IDOSOS HIPERTENSOS. Nilda Maria de Medeiros Brito Farias. Contexto. População mundial envelhece

AÇÃO DE INTERVENÇÃO SOCIAL EM SAÚDE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NO MUNICÍPIO DE GRÃO MOGOL MINAS GERAIS

O Custo do Mau Controle do Diabetes para a Saúde Pública

Unidades de Saúde da Secretaria Municipal de Ponta Grossa.

ANÁLISE DA ADESÃO TERAPÊUTICA EM CLIENTES IDOSOS PORTADORES DO DIABETES MELLITUS TIPO 2

PARTICIPAÇÃO SOCIAL DE IDOSOS COM DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS

ACARBOSE. Hipoglicemiante

AÇÃO DE FORMAÇÃO ACTUALIZAÇÃO EM DIABETES

XXXV Congresso Português de Cardiologia Abril ú ç

DIABETES MELLITUS. Jejum mínimo. de 8h. Tolerância à glicose diminuída 100 a a 199 -

ATENÇÃO FARMACÊUTICA HUMANIZADA A PACIENTES HIPERTENSOS ATENDIDOS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LAURO WANDERLEY

Farmácia Clínica Farmácia Clínica

ÍNDICE. Introdução 4. O que é diabetes 5. Os diferentes tipos de diabetes 5. Fatores de risco do diabetes tipo 1 e tipo 2 6. Sintomas 7.

MAPAS DE CONVERSAÇÃO EM DIABETES COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Epidemiologia Analítica TESTES DIAGNÓSTICOS 2

Complicações agudas no Diabetes Mellitus e seu tratamento: hipo e hiperglicemia

ASSOCIAÇÃO DE PROJETOS EXTENSIONISTAS NA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO EM SAÚDE DO DIABETES MELLITUS

Sergio Luiz Alves de Queiroz. Laudo. Sangue

Transcrição:

ANÁLISE DO MONITORAMENTO DA GLICEMIA CAPILAR EM INSULINODEPENDENTES PARA PREVENÇÃO DE COMPLICAÇÕES RELACIONADAS AO DIABETES MELLITUS Marina Soares Monteiro Fontenele (1); Maria Amanda Correia Lima (1); Reângela Cíntia Rodrigues de Oliveira Lima (2); Gilmara Holanda da Cunha (4) Universidade Federal do Ceará, email: marinaafontenele@hotmail.com (1); Universidade Federal do Ceará, email: amandalima2013.1@hotmail.com (1); Universidade Federal do Ceará, email: reangelacintia@gmail.com (2); Universidade Federaldo Ceará, email: gilmaraholandaufc@yahoo.com.br (3) Resumo: O teste de glicemia capilar é uma forma de avaliação do nível glicêmico atual e instantâneo, o qual faz parte do monitoramento glicêmico, sendo essencial para o controle metabólico de pessoas com Diabetes Mellitus, prevenindo complicações. Assim, objetivou-se analisar o monitoramento da glicemia capilar em insulinodependentes. Trata-se de um estudo transversal, descritivo, quantitativo, realizado de janeiro a dezembro de 2015, com amostra de 80 pacientes insulinodependentes atendidos em uma Unidade de Atenção Primária em Saúde (UAPS) em Fortaleza, Ceará. Dados foram coletados através de formulário aplicado por meio de entrevista em ambiente privativo. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará. Após análise dos dados, a maioria dos participantes possuía idade igual ou superior a 50 anos, eram do sexo feminino, estavam aposentados e possuíam de 8 a 12 anos de estudo. A maior parte da amostra tinha Diabetes Mellitus tipo 2 e associavam hipoglicemiantes orais com a insulina. Sobre a realização do teste de glicemia: 70 pacientes afirmaram realizar o teste na residência, dois realizavam na UAPS, seis faziam o teste somente às vezes e dois relataram não realizar o monitoramento. Quanto a frequência que os participantes monitoravam a glicemia com o teste capilar, 14 afirmaram realizar uma vez ao dia, 13 faziam duas vezes ao dia, 14 realizavam três vezes ao dia, 10 relataram fazer mais que três vezes ao dia e 27 referiram realizar o teste algumas vezes na semana. Observou-se que a maioria dos participantes (69,2%) não fazia o monitoramento da glicemia capilar com a frequência recomendada pela Associação Americana de Diabetes para as pessoas com DM em uso de insulina. Portanto, é importante que haja educação em saúde direcionada a diabetes, para promover a autonomia dos pacientes, favorecer seu autocuidado para conseguir alcançar o controle metabólico, prevenindo complicações e, consequentemente, promovendo uma melhor qualidade de vida. Palavras-chave: Diabetes Mellitus; Glicemia; Prevenção de Doenças. Introdução O Diabetes Mellitus (DM) é um transtorno metabólico de etiologias heterogêneas, caracterizado por hiperglicemia e distúrbios no metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras, resultantes de defeitos da secreção e/ou da ação inadequada da insulina. O controle dos níveis glicêmicos é essencial para o tratamento do DM. Com a realização do controle metabólico o paciente mantém-se assintomático e previne-se das complicações agudas e crônicas, promovendo a qualidade de vida e reduzindo a mortalidade (BRASIL, 2013).

A avaliação do controle glicêmico é feita mediante a utilização de testes de glicemia em jejum, de glicemia capilar e de hemoglobina glicada (HbA1c). Os testes de glicemia em jejum e capilar refletem o nível glicêmico atual e instantâneo no momento exato em que foram realizados, enquanto os testes de HbA1c revelam a glicemia média pregressa dos últimos 3 a 4 meses (SBD, 2016). A glicemia desregulada traz várias complicações micro e macrovasculares ao diabético, atingindo órgãos vitais, desenvolvendo lesões orgânicas que afetam olhos, rins, nervos, vasos de grande e pequeno calibre, comprometendo a sua qualidade de vida (SANTO et al., 2012). A American Diabetes Association (ADA, 2015) considera o automonitoramento glicêmico (AMG) como parte integrante do conjunto de intervenções e componente essencial de uma efetiva estratégia terapêutica para o controle adequado do diabetes. A frequência de testes de glicemia deve ser ajustada de acordo com três critérios principais: tipo de diabetes, esquema terapêutico utilizado e grau de estabilidade ou instabilidade do controle glicêmico. Pacientes diabéticos com Tipo 1 e Tipo 2 insulinizados, mesmo com a condição clínica estável, é indicado uma frequência de pelo menos três testes por dia em diferentes horários (SBD, 2016). Diante disso, ressalta-se a importância de avaliar se os diabéticos, principalmente os insulinodependentes que possuem um maior risco de variabilidade glicêmica, estão realizando o monitoramento da glicemia capilar e com que frequência o faz, visto que este é de extrema relevância para avaliar a eficácia do tratamento e evitar complicações. Assim, o objetivo do estudo foi analisar o monitoramento da glicemia capilar em insulinodependentes para a prevenção de complicações relacionadas ao DM. Metodologia Trata-se de um estudo transversal, descritivo, com abordagem quantitativa. A amostra foi de 80 pacientes insulinodependentes atendidos em uma Unidade de Atenção Primária em Saúde (UAPS) localizada no município de Fortaleza, Ceará. A coleta foi realizada no período de janeiro de 2015 a dezembro de 2015. Os pacientes foram abordados aleatoriamente, de forma individual, de acordo com a ordem de chegada ao serviço de saúde para consulta médica. Os dados foram coletados em ambiente privativo, através de entrevista estruturada composta por um formulário que continha dados envolvendo condição socioeconômica, uso da terapia farmacológica e monitoramento da glicemia capilar. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE). O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará sob o protocolo N 34691814.5.0000.5054. Resultados e Discussão Após a análise dos dados coletados, a maioria dos participantes possuía idade igual ou superior a 50 anos (80,0%), eram do sexo feminino (63,7%), e estavam aposentados (50,0%). Quanto a escolaridade, 35% das pessoas tinham entre 8 a 12 anos de estudo e 33,7% possuíam menos que oito anos de estudo, mostrando que a maioria dos participantes eram alfabetizados e tinham conhecimentos básicos de educação. Dentre todos os entrevistados, 55 (68,7%) tinham Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) e todos usavam a insulina como tratamento farmacológico. Além da insulina, 62 (77,5%) pacientes associavam os hipoglicemiantes orais para o controle metabólico. Sobre a realização do teste de glicemia capilar obtiveram-se os seguintes resultados: 70 pacientes afirmaram fazer o teste na sua residência, dois relataram realizar somente quando vai a UAPS para alguma consulta, seis referiram fazer o teste às vezes em ocasiões que estiveram sentindo sintomas de hipoglicemia ou hiperglicemia, e apenas dois afirmaram não realizar o monitoramento de sua glicemia capilar. Com relação a frequência que os participantes monitoravam a glicemia com o teste capilar, 14 afirmaram realizar uma vez ao dia, 13 faziam duas vezes ao dia, 14 realizavam três vezes ao dia, 10 relataram fazer mais que três vezes ao dia e 27 referiram realizar o teste algumas vezes na semana, sem ser diário. Ver Figura 1. FIGURA 1 Frequência de realização do teste de glicemia dos pacientes atendidos na Unidade de Atenção Primária em Saúde. Fortaleza-CE, 2015.

Assim, observa-se que a maioria dos participantes (69,2%) não fazia o monitoramento da glicemia com a frequência estabelecida para um melhor controle e acompanhamento necessário para verificação da eficácia do tratamento. Apenas 30,8% dos participantes faziam o monitoramento da glicemia adequadamente, no qual é recomendado pela American Diabetes Association (ADA, 2015) a monitorização da glicemia capilar três ou mais vezes ao dia a todas as pessoas com DM tipo 1 ou tipo 2 em uso de insulina. Esse procedimento possibilita ao paciente avaliar a resposta individual à terapia e possibilita também verificar se as metas glicêmicas recomendadas estão sendo efetivamente obtidas. A utilização esporádica e não estruturada de testes de glicemia capilar não fornece os elementos necessários para a avaliação completa do estado glicêmico. Por outro lado, a realização de pelo menos três perfis glicêmicos diários por semana possibilita estimar a glicemia média semanal (GMS) e viabilizar a avaliação do nível de controle glicêmico e da adequação da conduta terapêutica em curto prazo (SBD, 2016). Portanto, os resultados do monitoramento da glicemia capilar podem ser úteis na prevenção da hipoglicemia e outras complicações em longo prazo, na detecção de hipoglicemias e hiperglicemias não sintomáticas e no ajuste da conduta no tratamento medicamentoso e não medicamentoso, tanto para portadores de DM1 quanto DM2. Conclusão Com base nos dados apresentados, concluiu-se que a maioria dos participantes realizava o teste de glicemia capilar no domicílio, porém, não o faziam com a frequência indicada para a condição clínica em que se encontravam. É preciso orientar esses pacientes quanto ao uso adequado, frequência e benefícios que a prática correta do automonitoramento glicêmico proporciona para o controle de sua doença e redução do risco de complicações relacionadas ao DM. Muitos diabéticos, por falta de informação, desconhecem as ações mais adequadas que deveriam tomar em resposta aos resultados obtidos pelo teste de glicemia capilar. Além disso, os resultados do automonitoramento devem ser acompanhados pelo médico e profissionais da saúde para promover ajustes necessários na terapia, e orientações complementares quanto a alimentação e prática de atividades físicas para um efetivo controle glicêmico.

Portanto, é importante que haja a educação em saúde para diabéticos, e esta deve ser uma prática contínua, não apenas realizada na fase inicial da descoberta da doença, mas de forma gradativa e adequada a cada situação, utilizando estratégias que facilitem a construção de conhecimentos sobre a patologia, seu tratamento, as complicações, a prevenção e o controle. Assim, promovendo a autonomia dos pacientes, favorecendo seu autocuidado para conseguir alcançar o controle metabólico, obtendo mais qualidade de vida. Referências 1. AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Standards of Medical Care in Diabetes. Diabetes Care, 2015. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: diabetes mellitus. Cadernos de Atenção Básica, n. 36. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 3. SANTO, M. B. E.; SOUZA, L. M. E.; SOUZA, A. C. G.; FERREIRA, F. M.; SILVA, C. N. M. R.; TAITSON, P. F. Adesão dos portadores de diabetes mellitus ao tratamento farmacológico e não farmacológico na atenção primária à saúde. Revista Enfermagem, v. 15, n. 1, p. 88-99, 2012. 4. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes: 2015-2016. Sociedade Brasileira de Diabetes São Paulo: AC Farmacêutica, 2016.