EMBALAGEM NA CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA DE AMORAS-PRETAS cv. XAVANTE

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Transcrição:

EMBALAGEM NA CONSERVAÇÃO PÓS-COLHEITA DE AMORAS-PRETAS cv. XAVANTE C.I.L.F. Rosa 1, K.S.Sapelli 2, L. Sviech 3, L.Y. Yamamoto 4, P.T.Matumoto-Pintro 5, R.V. Botelho 6 1 - Departamento de Agronomia Universidade Estadual de Maringá CEP: 87020-900 Maringá PR Brasil, Telefone: 55 (44) 3011-4040 Fax: 55 (44) 3011-4040 e-mail: (cilfrosa@uem.br) 2 -Departamento de Agronomia Universidade Estadual do Centro-Oeste CEP: 85040-080 Guarapuava PR Brasil, Telefone: 55 (42) 3629-8100 Fax: 55 (42) 3629-8100 e-mail: (karlasapellii@gmail.com). 3 - Departamento de Agronomia Universidade Estadual do Centro-Oeste CEP: 85040-080 Guarapuava PR Brasil, Telefone: 55 (42) 3629-8100 Fax: 55 (42) 3629-8100 e-mail: (leticiasviech@yahoo.com.br). 4 - Departamento de Agronomia Universidade Estadual do Centro-Oeste CEP: 85040-080 Guarapuava PR Brasil, Telefone: 55 (42) 3629-8100 Fax: 55 (42) 3629-8100 e-mail: (lilianyamamoto@yahoo.com.br). 4 - Departamento de Agronomia Universidade Estadual de Maringá CEP: 87020-900 Maringá PR Brasil, Telefone: 55 (44) 3011-4040 Fax: 55 (44) 3011-4040 - e-mail: (ptmpintro@uem.br). 6 - Departamento de Agronomia Universidade Estadual do Centro-Oeste CEP: 85040-080 Guarapuava PR Brasil, Telefone: 55 (42) 3629-8100 Fax: 55 (42) 3629-8100 e-mail: (rbotelho@unicentro.com). RESUMO O objetivo do presente trabalho foi avaliar a eficiência de embalagens cobertas com tampa plástica e com filme plástico para frutos de amoreira-preta cv. Xavante, armazenadas por um período de 9 dias à temperatura de 2 C. Para tanto, foram realizadas no início e no fim do período de armazenamento as análises físico-químicas de acidez titulável, sólidos solúveis totais, teor de antocianinas e compostos fenólicos totais, além de ser avaliada a incidência de fungos nos frutos. Por meio dos resultados obtidos foi possível concluir que as embalagens cobertas com filme foram as mais eficientes na manutenção da coloração dos frutos de amoreira-preta, visto que apresentaram teores mais elevados de antocianinas e ângulo Hue, quando comparados à embalagem coberta com tampa plástica. Além disso, também foram as que apresentaram menor quantidade de frutos com incidência de fungos, sendo considerada a mais adequada para a manutenção da vida útil pós-colheita das amoras-pretas. ABSTRACT The present study aimed to evaluate the efficiency of packaging covered with plastic cover and plastic film for fruit of blackberry cv. Xavante stored for a period of 9 days at 2 C. Therefore, it was performed at the beginning and end of the storage period the physicochemical analysis of titratable acidity, soluble solids, anthocyanins and phenolic compounds, and is evaluated the incidence of fungi in fruits. Through the results it was concluded that the plastic containers covered with film were the most effective in maintaining color of fruits of blackberry, since they showed higher levels of anthocyanins and Hue compared to the covered container with plastic cover. They also showed the least amount of fruits with incidence of fungi, and is considered the most appropriate for maintaining postharvest life of blackberries. PALAVRAS-CHAVE: Rubus spp.; packing; refrigeration.

1. INTRODUÇÃO A amoreira-preta (Rubus spp.) cv. Xavante é bastante produtiva e apresenta hastes vigorosas, eretas e sem espinhos, o que facilita seu processo de colheita. Apresenta maturação precoce, com frutos de formato alongado, firmeza média e com sabor predominantemente ácido, com início da colheita em novembro (RASEIRA et al., 2008). O fruto verdadeiro da amoreira é denominado de mini drupa, dentro do qual existe uma pequena semente, sendo que a sua junção forma o que é chamado de fruto agregado, que quando maduro é de coloração negra (ANTUNES, 2004). A amora-preta é classificada como um fruto não-climatérico, e que portanto, deve ser colhida no estádio ótimo de maturação, tal fato juntamente com sua textura macia e sua elevada perecibilidade, são responsáveis pelo elevado cuidado que deve-se ter no manuseio do fruto póscolheita, em especial os que são destinados para o consumo in natura. De acordo com CIA et al. (2007), a rápida perda de qualidade pós-colheita limita a comercialização da amora-preta no mercado de frutas frescas. Devido a sua fragilidade e alta taxa respiratória, a amora-preta apresenta vida pós-colheita curta, podendo ser facilmente ferida durante o manuseio, facilitando o processo de infecção por patógenos. Sendo assim, um dos procedimentos póscolheita que devem ser adotados é a refrigeração, que tem o objetivo de reduzir a taxa respiratória e a produção de etileno e de acordo com Kader (2002), recomendam-se temperaturas entre 0 C e 5 C, como as mais adequadas para estender a vida útil pós-colheita dos frutos e prolongar seu período de armazenamento. Além da refrigeração, atenção especial deve estar voltada à utilização de embalagens, que são essenciais para reduzir as perdas por danos mecânicos, extremamente elevadas nos frutos da amoreira-preta. Comercialmente são utilizadas embalagens semelhantes às do morango, de polietileno transparente, com capacidade para em torno de 120 gramas de frutos (ANTUNES, 2002). O objetivo do presente trabalho foi avaliar a eficiência de embalagens cobertas com tampa plástica e com filme plástico para frutos de amoreira-preta cv. Xavante, armazenadas por um período de nove dias à temperatura de 2 C. 2. MATERIAL E MÉTODOS Os frutos, cultivados sob sistema orgânico, foram colhidos no pomar experimental do campus da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), no município de Guarapuava, PR, no mês de novembro de 2015. Após a colheita, os frutos foram selecionados quanto ao grau de maturação, sendo padronizadas frutas 100% pretas. Em seguida os frutos foram pesados e embalados em tampa plástica e filme plástico e armazenadas em B.O.D à temperatura de 2 C, conforme pode ser observado na Figura 1. No dia da colheita e após 9 dias de armazenamento, foram realizadas análises dos parâmetros químicos referentes à antocianinas, compostos fenólicos, acidez titulável e sólidos solúveis no período inicial e após 7 dias de armazenamento e, ao final do estudo foi avaliada a incidência de fungos nos frutos. A concentração de antocianinas totais foi obtida pelo método de ph diferencial descrito por Giusti e Wrolstad (2001), que consiste na reação de transformação estrutural dos pigmentos em solução, essa alteração se manifesta por diferentes espectros de absorção das soluções em dois valores de ph conhecidos. Foram utilizadas soluções de ph 1,0 e 4,5 e as leituras foram realizadas no espectrofotômetro em dois comprimentos de onda (ƛ=510 nm e 700 nm).

Figura 1 - Figura 1 - Montagem de experimento com amoreira-preta colhida. A - Área experimental. B - Estádio de maturação dos frutos colhidos. C- Pesagem dos frutos. D - Frutos em embalagens com tampa. E - frutos em embalagem com filme plástico. F - Frutos embalados e armazenados em B.O.D. à temperatura de 2 C. A acidez titulável foi determinada por titulação potenciométrica da solução contendo 10 g de polpa de amora homogeneizada e diluída em 10 ml de água destilada com NaOH 0,1M até que fosse atingido um valor de ph 8,1. Os valores foram expressos em %. O teor de sólidos solúveis (SS) foi obtido por refratômetro digital, a partir do suco extraído das amostras dos frutos e os resultados foram expressos em ºBrix. A incidência de fungos foi determinada pela porcentagem de frutos com 20% da superfície externa com sinais de infecção do patógeno. Todas as análises foram realizas em triplicata, e os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e teste de Tukey (p<0,05) pelo programa SISVAR 5.0. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com a Tabela 1 é possível observar os resultados para os frutos de amoreira-preta embalados com filme plástico e com tampa plástica. Tabela 1 - Análises físico-químicas dos frutos de amoreira-preta cv. Xavante, embalados com filme e tampa e armazenadas à temperatura de 2ºC, Guarapuava, PR, 2015. Tratamentos Antocianina (mg 100g -1 ) Fenólicos Totais (mg 100g -1 ) Perda de massa (%) Acidez (mg 100g -1 ) Sólidos solúveis ( Brix) cor L cor C cor H Incidência de fungos (%) Filme 43,78 a 2538,46 a 4,01 a 0,61 a 9,10a 30,41 a 5,27 b 314,58a 18,00 b Tampa 33,44 b 1890,77 a 2,14 b 0,62 a 8,67 a 18,99 b 6,73 a 310,38b 34,40 a CV% 5,17 21,89 7,07 4,70 3,50 4,41 6,84 0,47 9,58 Médias seguidas das mesmas letras nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de significância. ns: não significativo. Para as variáveis fenólicos totais, acidez e sólidos solúveis totais não houve diferença estatística entre os frutos embalados com filme plástico e tampa plástica. De acordo com Chitarra e Chitarra (2005) os teores de acidez titulável e sólidos solúveis são responsáveis pelo sabor dos frutos,

sendo assim, no presente trabalho as embalagens utilizadas não causaram alteração nessa característica sensorial. Resultados semelhantes foram obtidos por Bischoff et al. (2013) para amora-preta em combinações de revestimento comestível e/ou embalagem plástica, no qual não observaram diferença nos teores de sólidos solúveis e acidez titulável, nos frutos armazenados durante 4 dias à 0 C, nos diferentes tipos de embalagem. Os frutos embalados com filme plástico apresentaram, em média, os mais altos teores de antocianinas e de coloração (L, H). Foi possível verificar, visualmente, uma ligeira descoloração nos frutos armazenados em embalagem com tampa plástica, o que pode ter influenciado nos resultados obtidos para a tonalidade da cor (H) e também para antocianinas. Dessa forma a embalagem com filme plástico proporcionou melhor manutenção da coloração dos frutos, atributo de qualidade muito avaliado no momento da compra. As embalagens cobertas com filme plástico também apresentaram vantagem em relação à incidência de microorganismos, pois apresentaram menor quantidade de frutos atacados por fungos do que as embalagens com tampa. Um fator que pode ter influenciado nos resultados é que as embalagens com tampa apresentaram maior umidade, o que foi observado pelo acúmulo de gotas d'água em seu interior, sendo uma condição muito propícia ao desenvolvimento de microorganismos. Oliveira et al. (2014), empregando diferentes revestimentos comestíveis relataram incidência fúngica média de 32% em frutos da cv. Tupy armazenados sob a temperatura de 10ºC após 3 dias de armazenamento. No presente trabalho, os frutos armazenados à 2ºC apresentaram em média, menor incidência de fungos, para as embalagens com filme plástico (18%), mostrando a eficiência na baixa temperatura na redução de microorganismos. Entretanto, perda de massa, foi menor nas embalagens com tampa plástica quando comparada à embalagem com filme plástico. Machado et al. (2007) observaram diferença relacionada à perda de massa comparando embalagens plásticas com filmes plásticos em jabuticabas armazenadas sob refrigeração. Os autores atribuíram os resultados às diferentes concentrações de gases no interior das embalagens, influenciadas pela respiração do produto e pela permeabilidade dos filmes plásticos, fato semelhante ao que pode ter ocorrido no presente trabalho com amoras-pretas. 4. CONCLUSÕES As embalagens plásticas cobertas com filme foram as mais eficientes na manutenção da coloração dos frutos de amoreira-preta, visto que apresentaram teores mais elevados de antocianinas e ângulo Hue, quando comparados à embalagem coberta com tampa plástica. Além disso, também foram as que apresentaram menor quantidade de frutos com incidência de fungos, sendo considerada a mais adequada para a manutenção da vida útil pós-colheita das amoras-pretas. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Antunes, L. E. C. (2004). Características da fruta da amoreira-preta. In.: Antunes, L. E. C, Raseira, M. C.B. Aspectos Técnicos da Cultura da Amora-preta. Pelotas, RS: Embrapa Clima Temperado, Documentos, 122. 54p. Bischoff, T.Z.; Pintro, T.C., Paloschi, C.L., Coelho, S.R.M; Grzegozewski, D.M. 2013. Conservação Pós-Colheita da Amora-Preta Refrigerada Utilizando Biofilme e Embalagem Plástica. Revista Energia na Agricultura, 28(2),109-114. Chitarra, M.I.F.; Chitarra, A.B (2005). Pós-colheita de frutas e hortaliças: fisiologia e manuseio (2 ed.). Lavras: UFLA.

Cia, P.; Bron, I.U.; Valentini, S.R.T.; Pio, R.; Chagas, E.A. (2007). Modified atmosphere and refrigeration for the postharvest conservation of blackberry. Bioscience Journal, 23 (3), 11-16. Giusti, M., Wrolstad, R.E. (2001). Characterization and Measurement of Anthocyanins by UV-Visible Spectroscopy. Current Protocols in Food Analytical Chemistry, F1.2.1-F1.2.13 Kader, A. A. (2002). Postharvest technology of horticultural crops (Vol. 3311). UCANR Publications. Machado, N.P.; Coutinho, E.F.; Caetano, E.R. (2007). Embalagens Plásticas e Refrigeração na Conservação Pós-Colheita de Jabuticabas. Revista Brasileira de Fruticultura, 29(1), 166-168. Oliveira, D.M. et al. (2014). Refrigeration and edible coatings in blackberry (Rubus spp.) conservation. J. Food Science and Technology, 51(9), 2120-2126. Raseira, M. C. B, Santos, A. M. dos, Barbieri, R. L (2008). Sistema de Produção de Amora-Preta: Classificação botânica, origem e cultivares. Embrapa Clima Temperado, sistema de produção, 12. Disponível em: https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/fonteshtml/amora/sistemaproducao AmoreiraPreta/botanica.htm. Vizotto, M. et al. (2012). Teor de compostos fenólicos e atividade antioxidante em diferentes genótipos de amoreira-preta (Rubus sp.). Revista Brasileira de Fruticultura, 34(3), 853-858.