Recomendações de Atividade Física para crianças e adolescentes

Documentos relacionados
Prova de Esforço. Ana Mota

AULA 3 Anamnese e Perfil de Risco para Crianças e Adolescentes. Prof.ª Ma. ANA BEATRIZ M DE C MONTEIRO CREF /G 1

O estudo está sendo lançado nesta quinta-feira (14/12) durante o Seminário de Enfrentamento da Obesidade e Excesso de Peso na Saúde Suplementar

Podemos dizer que a Pediatria se preocupa com a prevenção, já na infância, de doenças do adulto.

da obesidade e excesso de

Aproximadamente metade das crianças com dislipidemia carregará essa. Quando Devemos Pesquisar Dislipidemia em Crianças?

OBESIDADE E ATIVIDADE FÍSICA

AULA 2 Fatores de Risco para Crianças e Adolescentes

QUINTA FEIRA MANHÃ 23º CONGRESSO NACIONAL DO DERC RIO DE JANEIRO, 1 A 3 DE DEZEMBRO DE 2016 PROGRAMAÇÃO CIENTÍFICA

PROGRAMAÇÃO DE ESTÁGIO CARDIOLOGIA

Benefícios Fisiológicos

OBESIDADE NA INFÂNCIA. Dra M aria Fernanda Bádue Pereira

PEDIDO DE CREDENCIAMENTO DO SEGUNDO ANO NA ÁREA DE ATUAÇÃO DE CARDIOLOGIA PEDIÁTRICA

Os Benefícios da Atividade Física no Tratamento da Dependência Química. Benefícios Fisiológicos

Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial

PUERICULTURA E PEDIATRIA. FAMED 2011 Dra. Denise Marques Mota

PREVALENCIA DO SEDENTARISMO COMO FATOR DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM PROFESSORES DE UM CENTRO UNIVERSITÁRIO DE UBERLANDIA/MG.

PROGRAMAÇÃO CIENTÍFICA QUINTA FEIRA 01/12/2016

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Doença Cardiovascular Parte 1. Profª. Tatiane da Silva Campos

Resumo revisado pelo Coordenador da Ação de Extensão e Cultura Liga Acadêmica de Pediatria código FM-158: Professor Mestre Antônio Rubens Alvarenga.

HIPERTENSÃO DIABETES ESTEATOSE HEPÁTICA

CLIMATÉRIO E AUMENTO DE PESO

Avaliação Pré Teste. Anamnese Estratificação de Risco Cardíaco Questionário PAR-Q e Triagem autoorientada. Medidas de repouso: FC e PA

ESCOLA MUNICIPAL LEITÃO DA CUNHA PROJETO BOM DE PESO

PROCESSO SELETIVO PÚBLICO PARA RESIDENTES EDITAL Nº 04/2018 RETIFICAÇÃO

Guias sobre tratamento da obesidade infantil

Os Benefícios da Atividade Física no Tratamento do Transtorno no Uso de Drogas

Dia Mundial do Rim 2019

OBESIDADE E A INFLUÊNCIA DO ESTILO DE VIDA

Fonte: V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2006.

PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL E A RELAÇÃO CINTURA/QUADRIL (RCQ ) E ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC) EM ESTUDANTES

ATIVIDADE FÍSICA AMIGA DO PEITO

PERFIL NUTRICIONAL E PREVALÊNCIA DE DOENÇAS EM PACIENTES ATENDIDOS NO LABORATÓRIO DE NUTRIÇÃO CLÍNICA DA UNIFRA 1

APRESENTAÇÃO E-PÔSTER DATA: 19/10/16 LOCAL: SALAS PRÉDIO IV

05/04/2017. Avaliação inicial (screening do estado de saúde) EFB Medidas e Avaliação da Atividade Motora. Objetivos da aula: Por onde começar?

Guia de Serviços Atualizado em 30/04/2019

XIV Encontro Nacional de Rede de Alimentação e Nutrição do SUS. Janaína V. dos S. Motta

Qualidade de Vida 02/03/2012

DIABETES MELLITUS E HIPERTENSÃO ARTERIAL EM POPULAÇÃO ATENDIDA DURANTE ESTÁGIO EM NUTRIÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA DA UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO

Aula 2 : Avaliação pré participação em exercícios

VIGITEL BRASIL Hábitos dos brasileiros impactam no crescimento da obesidade e aumenta prevalência de diabetes e hipertensão

SOBREPESO E OBESIDADE

O MELHOR JEITO DE ESTUDAR É O SEU. Pediatria 2018

PERFIL CLÍNICO E NUTRICIONAL DOS INDIVÍDUOS ATENDIDOS EM UM AMBULATÓRIO DE NUTRIÇÃO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO (HUPAA/UFAL)

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA

De acordo com um novo estudo, publicado nesta terça-feira no prestigiado

Direcção-Geral da Saúde Circular Informativa

CRONOGRAMA CARDIOAULA TEC 2018 SUPER INTENSIVO JUNHO A SETEMBRO PROVA: SETEMBRO 257 AULAS E PROVAS

PEDIDO DE CREDENCIAMENTO DO SEGUNDO ANO NA ÁREA DE ATUAÇÃO NUTROLOGIA PEDIÁTRICA

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: RELAÇÃO ENTRE INATIVIDADE FÍSICA E ÍNDICE DE MASSA CORPORAL EM CRIANÇAS DA REDE MUNICIPAL DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO PE.

ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE

Metodologia Científica. Justificativa

Monitorização Eletrocardiográfica Ambulatorial. Helcio Garcia Nascimento

Auditório das Piscinas do Jamor 20 e 21 de Outubro Corrida e Saúde

AULA: 5 - Assíncrona TEMA: Cultura- A pluralidade na expressão humana.

CADERNO DE EXERCÍCIOS

Ano V Nov./2018. Prof. Dr. André Lucirton Costa, Prof. Dr. Amaury L. Dal Fabbro, Adrieli L. Dias dos Santos e Paulo Henrique dos S.

Avaliação e Interpretação da Pressão Arterial na Infância

IPATIMUP. Private non-profit Institution of Public Utility Associated Laboratory of the Ministry of Science and Technology since 2000

Sistema muculoesquelético. Prof. Dra. Bruna Oneda

O QUE VOCÊ DEVE SABER SOBRE ATIVIDADE FÍSICA

Beatriz de Oliveira Matos1 Lais Miranda de Melo2 Maria Grossi Machado3 Milene Peron Rodrigues Losilla4

Manejo do Diabetes Mellitus na Atenção Básica

CRONOGRAMA CARDIOAULA TEC 2018 INTENSIVO ABRIL A SETEMBRO PROVA: SETEMBRO 257 AULAS E PROVAS

Na ESGB, os testes utilizados para avaliar a força são: força abdominal; flexões/extensões de braços.

26/10/2013 PROGRAMA DE EXERCÍCIOS: POR ONDE COMEÇAR? ANALISAR AS CARACTERÍSITCAS INDIVIDUAIS DO IDOSO AVALIAÇÃO FÍSICA/FUNCIONAL

TRATAMENTO CLÍNICO AMBULATORIAL EM PEDIATRIA - TCAP

Ficha Informativa da Área dos Conhecimentos

FATORES DE RISCO PARA O DIAGNÓSTICO DA SÍNDROME METABÓLICA EM ADOLESCENTES SOBREPESOS, OBESOS E SUPEROBESOS

PROGRAMA DE ATIVIDADES MOTORAS AQUÁTICAS

JANEIRO A SETEMBRO PROVA: SETEMBRO 257 AULAS E PROVAS EM 34 SEMANAS CRONOGRAMA CARDIOAULA TEC 2018 EXTENSIVO

ORIENTAÇÕES QUANTO À PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA

DIMINUA O RISCO DE ATAQUE CARDÍACO E ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL CONTROLE A SUA TENSÃO ARTERIAL D I A M U N D I A L DA S AÚ D E 2013

Atividade Física e Cardiopatia

Distúrbios da Nutrição Subnutrição e Obesidade

PREVALÊNCIA DE PRESSÃO ARTERIAL ELEVADA EM ADOLESCENTES DE ACORDO COM ÍNDICE DE MASSA CORPORAL E NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA

Doenças Cardiovasculares

APRESENTAÇÃO DE POSTERS DIA 16/10/2015 (10:15-10:30h)

COLÉGIO PREVEST. Atividade Física x Sedentarismo

PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 1098/XIII/3.ª RECOMENDA AO GOVERNO A INCLUSÃO DO SEMÁFORO NUTRICIONAL NOS ALIMENTOS EMBALADOS

Recursos TEP RESULTADO DO RECURSO QUESTÕES COMENTÁRIO

NAE Campus São Paulo

SISTEMA CARDIOVASCULAR

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DOS FATORES DE RISCO PARA DOENÇA CORONARIANA DOS SERVIDORES DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

Avaliação pré participação em exercícios. Prof. Dra. Bruna Oneda

PROMOÇÃO DA SAÚDE FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CARDIOVASCULARES EM FATIMA DO PIAUÍ.

DOENÇAS CRÔNICAS: Câncer de Mama e Colo do Útero, Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus.

INVESTIGAÇÃO DE FATORES DE RISCO PARA SÍNDROME METABÓLICA EM UNIVERSITÁRIOS

CREF13/BA MANUAL DE PROCEDIMENTOS PARA AVALIAÇÃO PRÉ-PARTICIPAÇÃO EM PROGRAMAS DE ATIVIDADES FÍSICAS

SAÚDE E MOVIMENTO: Análise do Comportamento alimentar e físico em adolescentes RESUMO

IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DA OBESIDADE INFANTIL

Diagnóstico e tratamento das arritmias em crianças e pacientes e com Cardiopatia Congênita. Dr. Bráulio Pinna

ENFERMAGEM DOENÇAS CRONICAS NÃO TRANMISSIVEIS. Doença Cardiovascular Parte 4. Profª. Tatiane da Silva Campos

ENFERMAGEM ATENÇÃO BÁSICA E SAÚDE DA FAMÍLIA. Parte 27. Profª. Lívia Bahia

PREVALÊNCIA DE SOBREPESO E OBESIDADE EM ADOLESCENTES CADASTRADOS NO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA DE UM MUNICÍPIO DA REGIÃO NORDESTE

E APÓS UM INFARTO DO CORAÇÃO, O QUE FAZER? Reabilitação Cardiovascular

Núcleos Clínico-Cirúrgicos InCor

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE ALUNOS PARTICIPANTES DAS OFICINAS DE EDUCAÇÃO PSICOMOTORA DO PIBID/EDUCAÇÃO FÍSICA/UNICRUZ 1

PROGRAMA DE BOLSA ACADÊMICA DE EXTENSÃO PBAEX / EDIÇÃO 2016 ANEXO III FORMULÁRIO DA VERSÃO ELETRÔNICA DO PROJETO / DA ATIVIDADE DE EXTENSÃO PBAEX 2016

PROGRAMA MULTIPROFISSIONAL DE CUIDADO NA OBESIDADE INFANTO JUVENIL CENTRO MÉDICO SEN. JOSÉ ERMÍRIO DE MORAES (SMS/PCR)

Transcrição:

Compartilhe conhecimento: Para combater os problemas relacionados ao sedentarismo e ao excesso de peso, quanto tempo de atividade física é recomendado? E quando é necessária a avaliação cardiológica? A obesidade infantil vem aumentando em frequência e severidade no mundo todo. Nas crianças brasileiras, há também uma tendência de aumento nas taxas de sobrepeso e de obesidade. Dados do Sistema de Vigilância Nutricional (SISVAN) do ano de 2016 apontaram que 17,53% dos adolescentes brasileiros estavam com sobrepeso, 6,85% com obesidade e 1,48% com obesidade grave. O aumento da prevalência de obesidade infantil resulta em uma maior ocorrência de comorbidades não somente na vida adulta, mas já presentes também na infância, incluindo: hipertensão arterial sistêmica, aterosclerose precoce, diabetes mellitus tipo 2, distúrbios do sono e problemas hormonais. Tal condição coloca essas crianças em alto risco para desenvolvimento de doenças crônicas precoces, o que aumenta as taxas de complicações a médio e longo prazo. A obesidade, sabidamente, é uma doença multifatorial, representando uma interação entre características genéticas, metabólicas, hábitos de vida e fatores ambientais. Nesse sentido, a atividade física desempenha um papel fundamental na prevenção e como parte do tratamento da obesidade infantil. O incentivo à sua prática, bem como a orientação dos pais e crianças a seu respeito, devem fazer parte da rotina da consulta pediátrica ambulatorial.

METAS DE ATIVIDADES FÍSICAS PARA CRIANÇAS E JOVENS A Organização Mundial da Saúde estabeleceu em 2011 o nível de atividade física ideal por faixas etárias. O cumprimento desta meta, para crianças de 5 a 17 anos, está associado a melhora do desempenho cardiorrespiratório e muscular, à saúde óssea e dos marcadores cardiovasculares e metabólicos. Acompanhe algumas recomendações a seguir: Crianças e jovens devem acumular ao menos 60 minutos diários de atividade física moderada a intensa; Tempo superior a este pode trazer mais benefícios; O tempo deve ser em sua maioria de atividades aeróbicas; no entanto, durante 3 vezes na semana, exercícios de força podem ser incorporados.

DEVO REALIZAR AVALIAÇÃO CARDIOLÓGICA? A prática de atividade física em crianças deve ser estimulada, porém existe sempre a dúvida de quando é necessária uma avaliação cardiológica. Recente documento publicado pela Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda o seguinte com relação à avaliação: O liberação para atividades físicas recreativas deve ser atestada pelo pediatra assistente, já que a anamnese é o padrão ouro para atestar aptidão para realização de atividades físicas estruturadas. Crianças saudáveis a princípio não necessitam de avaliação com cardiologista pediátrico antes de iniciarem a prática de atividades físicas estruturadas. O encaminhamento ao cardiologista pediátrico deverá ser realizado

na presença de sintomas cardiovasculares, histórico familiar positivo para morte súbita e doenças cardíacas hereditárias ou alteração no exame físico cardiovascular. Este mesmo documento sugere a utilização das diretrizes da American Heart Association sobre quando encaminhar para avaliação com cardiologista pediátrico; transcrevemo-nas a seguir. Tal recomendação se aplica às atividades convencionais. Atletas de alto desempenho necessitam de avaliação e acompanhamento diferenciado. HISTÓRIA PESSOAL HISTÓRIA FAMILIAR 1) Dor torácica ao esforço físico; 2) Síncope sem causa conhecida; 3) Dispneia ou fadiga excessiva ao esforço físico; 4) Achado pregresso de sopro cardíaco; 5) Elevação da pressão arterial; 6) Cardiopatia congênita prévia; 7) Distúrbios do ritmo cardíaco. 1) Morte prematura (súbita ou inexplicada) antes dos 50 anos de idade devido a doença cardíaca em parentes de primeiro grau; 2) Incapacidade por doença cardíaca em parente de primeiro grau com menos de 50 anos de idade. CONHECIMENTO DAS SEGUINTES CONDIÇÕES EM MEMBROS DA FAMÍLIA Cardiomiopatia hipertrófica ou dilatada, Síndrome do QT longo ou outra canalopatia, Síndrome de Marfan ou arritmia cardíaca grave. EXAME FÍSICO 1) Presença de sopro cardíaco; 2) Alteração na amplitude dos pulsos femurais (afastar coarctação da aorta); 3) Características fenotípicas de síndrome de Marfan PEDIATRAS NA DIANTEIRA DO COMBATE AO SEDENTARISMO É papel do pediatra estimular a atividade física em crianças e, mais ainda, orientar quanto ao uso de equipamentos eletrônicos nesta faixa etária, o que denomina-se tempo de tela. O ideal para menores de 2 anos é nenhum período de tela e dos 2 anos aos 17 anos um máximo de 2 horas por dia. Todas estas recomendações podem ser resumidas na Pirâmide de Atividade Física, que mostra de forma lúdica à criança

como deve ser sua semana, estimulando que ela se movimente a maior parte do tempo. Veja também: Doutor, Quanto Tempo Posso Deixar meu Filho Jogar no Tablet e Assistir TV? Outro fato que deve ser lembrado é que hábitos adquiridos na infância podem se manter até a vida adulta. Estimular uma criança a praticar atividade física pode mudar seus hábitos por toda uma vida. Referências Sociedade Brasileira de Pediatria. Grupo de Trabalho em Atividade Física. Promoção de atividade física na infância e na adolescência. SBP; 2017. Disponível em http://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/19890e-mo-promo_ativfisica_na_inf_e_adoles-2.pdf/ Acesso em 10 de dezembro de 2017. WHO Global recommendations on physical activity for health. Disponível em www.who.int/dietphysicalactivity/factsheet_recommendations/enhttp://www.who.int/dietphysicalactivity/factsh eet_young_people/en/ Acesso em 10 de dezembro de 2017. Centers for Disease Control and Prevention. 2008 Physical Activity Guidelines for Americans. Disponível em https://health.gov/ paguidelines/pdf/paguide.pdf Acesso em 08 de dezembro de 2017.