Registro: 2016.0000233213 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 1011877-33.2014.8.26.0032, da Comarca de Araçatuba, em que é apelante UNIMED DO ESTADO DE SÃO PAULO FEDERAÇÃO ESTADUAL DAS COOPERATIVAS MÉDICAS, são apelados GERALDA RODRIGUES DE MIRANDA (INCAPAZ) e CARLOS OTONI DE MIRANDA (CURADOR(A)). ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 6ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão:deram provimento ao recurso. Por maioria de votos, declarará voto o revisor Des. Eduardo Sá Pinto Sandeville, de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores PAULO ALCIDES (Presidente), EDUARDO SÁ PINTO SANDEVILLE E JOSÉ ROBERTO FURQUIM CABELLA. São Paulo, 8 de abril de 2016. Paulo Alcides Relator Assinatura Eletrônica
VOTO N 28003 APELAÇÃO CÍVEL N 1011877-33.2014.8.26.0032 COMARCA DE ARAÇATUBA APELANTE(S): UNIMED DO ESTADO DE SÃO PAULO - FEDERAÇÃO ESTADUAL DAS COOPERATIVAS MÉDICAS APELADO(S): GERALDA RODRIGUES DE MIRANDA MM. JUIZ (A): SONIA CAVALCANTE PESSOA AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. PLANO DE SAÚDE. HOME CARE. Ampliação do serviço. Interpretação extensiva da Súmula n 90 desta Corte que pode fomentar a industrialização do home care. Abrangência do serviço que não pode ser ilimitada, pena de inviabilizar tal modalidade de prestação médica. Sentença reformada. RECURSO PROVIDO. Trata-se de recurso de apelação interposto por UNIMED DO ESTADO DE SÃO PAULO - FEDERAÇÃO ESTADUAL DAS COOPERATIVAS MÉDICAS contra a r. sentença (fls. 208/212), que julgou procedente em parte a ação de obrigação de fazer proposta por GERALDA RODRIGUES DE MIRANDA para condenar a requerida ao custeio da alimentação, medicamentos e produtos de higiene pessoal necessários à internação domiciliar e constante de regular indicação médica. Preliminarmente, alega nulidade da r. sentença, por cerceamento de defesa, bem como ilegitimidade passiva. Aduz que o contrato firmado entre as partes expressamente exclui a cobertura de internação domiciliar, o fornecimento de medicamentos e de serviços de enfermagem. Por fim, considera que, uma vez não abrangidos no contrato, o tratamento pleiteado é de responsabilidade do SUS. Recurso processado em seus regulares efeitos
(fls. 247). Contrarrazões (fls. 249/258). É o relatório. Preliminarmente, cabe esclarecer que o julgamento antecipado da lide está previsto no ordenamento jurídico (Art. 330, I, do CPC) como medida de celeridade processual para casos em que não há necessidade de dilação probatória. Introduzido pela Constituição Federal como dever da jurisdição, objetiva apresentar, em tempo razoável, resposta aos conflitos, com efetividade (art. 5º, LXXVIII, da CF, conforme Emenda Constitucional 45/2004). Afora isso, o d. Magistrado a quo não está obrigado a determinar a produção das provas requeridas pelas partes (art. 130, do CPC), pois vigora no processo civil o princípio do livre convencimento (art. 131, do CPC). Assim, se o Magistrado já possui elementos suficientes, pode entender desnecessária a produção de outras provas. Melhor sorte não merece a ilegitimidade arguida, vez que a obrigação pleiteada se baseia em contrato de plano de saúde firmado entre as partes e consiste na ampliação do tratamento médico-domiciliar já fornecido pela operadora, ante decisão judicial proferida em processo anterior. Quanto ao mérito, como se sabe, o atendimento home care outra coisa não é senão o próprio tratamento dado ao paciente em caso de permanência no hospital, com vantagens tanto para o doente (menor risco de infecções) quanto para o plano de saúde (custo menor). Pesem os argumentos apresentados pela ré, conforme entendimento consolidado na Súmula 90 desta E. Corte, a
cláusula de exclusão é considerada abusiva e não pode prevalecer, ante a expressa indicação médica para a utilização dos serviços de home care. Contudo, no tocante a abrangência do mencionado serviço, considero que esta não pode irrestrita. A interpretação extensiva da Súmula supramencionada fomenta a industrialização dos home care, o que pode, em um futuro próximo, inviabilizar tal modalidade de prestação médica. Observam-se prescrições de produtos como fraldas geriátricas, luvas de procedimento, lenços umedecidos, protetor descartável de colchão e absorvente noturno, bem como de medicamentos orais e de uso tópico (tais como hipoglos e hitudoide ) que podem ser comprados em qualquer farmácia. Definitivamente, não se pode dar ordem ilimitada para custeio de todo e qualquer produto, pena de haver desvirtuamento do contrato e, aí sim, desequilíbrio contratual. Nesse sentido, precedente de minha relatoria: AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. PLANO DE SAÚDE. HOME CARE. Indicação médica. Recusa de cobertura. Abusividade. Postura contrária à finalidade do contrato. Súmula n 90 desta Corte. Abrangência do serviço de "home care" menor do que a pretendida pela autora. Dano moral não configurado. Adequação da distribuição da sucumbência. RECURSO DA AUTORA PARCIALMENTE PROVIDO, DESPROVIDO O
DA RÉ. (Apelação nº 1009210-57.2014.8.26.0361, 6ª Câmara de Direito Privado, j. 04/09/2015) Nessa esteira, dentro do home care não estão abrangidos produtos de higiene e medicamentos orais ou tópicos pleiteados, os quais são de incumbência dos familiares da paciente, razão pela qual o caso é de improcedência da demanda. Diante do exposto, dá-se provimento ao recurso. PAULO ALCIDES AMARAL SALLES Relator
Voto nº 21.467 Apelação nº 1011877-33.2014.8.26.0032 Comarca: Araçatuba Apelante: Unimed do Estado de São Paulo Federação Estadual das Cooperativas Médicas Apelados: GERALDA RODRIGUES DE MIRANDA e Carlos Otoni de Miranda DECLARAÇÃO DE VOTO Ação de obrigação de fazer julgada procedente pela r. sentença de fls. 208/212, de relatório adotado, que tornou definitiva a liminar concedida, declarou nula a cláusula contratual excludente do tratamento home care, determinando que a seguradora arque com todos os custos do tratamento domiciliar da autora, incluindo alimentação, medicamentos e produtos de higiene pessoal. Recorre a vencida sustentando, em preliminar, cerceamento de defesa, e ilegitimidade passiva. No mérito, é forte na alegação de que o tratamento home care, bem como o fornecimento de medicamentos, equipamentos e enfermagem domiciliar estão expressamente excluídos da cobertura contratada. A cláusula que exclui a cobertura está em acordo com a legislação acerca da matéria. Recurso preparado (fls. 245/246) e
respondido. É o relatório, em acréscimo ao da sentença. Narra a autora que, por força de decisão judicial, é beneficiária dos serviços de home care. Busca, por meio desta, seja compelida a requerida a custear integralmente o tratamento, fornecendo, inclusive, os medicamentos e utensílios de enfermagem de que necessita. O D. Relator deu provimento ao apelo, para excluir da cobertura o fornecimento de medicamentos orais e de uso tópico, fraldas geriátricas, luvas de procedimento, lenços umedecidos, protetor descartável de colchão e absorvente noturno. Ouso divergir desse entendimento. Incide na hipótese o disposto na Súmula n.º 90 deste E. Tribunal: Havendo expressa indicação médica para a utilização dos serviços de 'home care', revela-se abusiva a cláusula de exclusão inserida na avença, que não pode prevalecer. Dessa forma, reconhecido o dever da requerida de prestar os serviços de saúde na modalidade home care, de rigor sejam fornecidos os medicamentos, fraldas geriátricas e todos os prescritos pelo médico que acompanha a autora (fls. 12/13 e 79), sob pena de por em risco a própria eficácia do tratamento.
E estivesse internada a apelada, internação da qual o home care é substituto, seriam esses materiais fornecidos obrigatoriamente. ao recurso. Diante do exposto, meu voto negaria provimento EDUARDO SÁ PINTO SANDEVILLE REVISOR
assinaturas digitais: Este documento é cópia do original que recebeu as seguintes Pg. inicial Pg. final Categoria Nome do assinante Confirmação 1 5 Acórdãos PAULO ALCIDES AMARAL SALLES 279B183 Eletrônicos 6 8 Declarações de Votos EDUARDO SA PINTO SANDEVILLE 27D1921 Para conferir o original acesse o site: https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirconferenciadocumento.do, informando o processo 1011877-33.2014.8.26.0032 e o código de confirmação da tabela acima.