11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 36



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Transcrição:

1

1. INTRODUÇÃO... 3 2. O QUE É TERCEIRO SETOR... 3 3. DEFINIÇÕES CONCEITUAIS... 4 3.1 OSCIP... 4 3.2 Associação... 5 3.3 Fundação... 5 3.4 ONG... 5 3.5 Instituto... 6 4. O QUE É LUCRO; FINALIDADE LUCRATIVA E REMUNERAÇÃO... 6 5. ESPECIFICIDADES DAS OSCIPs... 7 5.1. Constituição, estatuto e dirigentes de uma organização... 7 5.2. Regulamentação e procedimento específicos para OSCIPs... 7 5.2.1. Não ter fins lucrativos... 7 5.2.2. Não ter uma das formas de pessoas jurídicas listadas pela lei... 8 5.2.3. Ter objetivos sociais que atendam a pelo menos uma das finalidades dispostas na lei... 8 5.2.4. Expressar em seu estatuto todas as determinações legais... 9 5.2.5. Apresentar cópia autenticada dos documentos exigidos... 9 5.2.6. Quanto aos aspectos financeiros e resultados... 9 5.2.7. Como e a quem encaminhar... 9 5.3 Termo de Parceria... 9 5.4. Imunidade tributária, isenção de IR, remuneração de dirigentes e financiamento / oscips... 10 5.4.1 Imunidade e Isenção... 10 5.4.2 Remuneração de Dirigentes... 11 5.4.3 Financiamento... 11 6. DICAS E BREVE CONCLUSÃO... 12 7. NOTAS REFERENCIAIS... 13 8. A LEGISLAÇÃO DO IRPJ... 15 8.1 IMUNES E ISENTAS... 15 8.2 TEMPLOS DE QUALQUER CULTO... 16 8.3 ENTIDADES ISENTAS... 16 8.4 INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO... 18 8.5 INSTITUIÇÕES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL... 20 8.6 ENTIDADE FILANTRÓPICA OU DE UTILIDADE PÚBLICA... 20 8.7 RENDIMENTOS DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS... 21 8.8 RECEITAS DE ALUGUÉIS... 22 8.9 PIS/PASEP... 22 8.10 COFINS... 23 8.11 CSLL... 26 8.12 ENTIDADES DOMICILIADAS NO EXTERIOR... 27 8.13 SUSPENSÃO DE ISENÇÃO OU IMUNIDADE... 28 ATIVO CIRCULANTE... 29 PASSIVO CIRCULANTE... 29 Despesas antecipadas... 30 ativo realizável a longo prazo... 30 RESULTADO DE EXERCÍCIOS FUTUROS... 30 TOTAL... 30 TOTAL... 30 11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 36 2

1. INTRODUÇÃO Esse material sobre Terceiro Setor em especial, sobre OSCIPs e outras entidades traz, no início, uma conceituação básica sobre os temas focalizados e o contexto em que se apresentam. Em seguida, busca também explicar conceitos bastante presentes no universo do terceiro setor, como lucro, finalidade lucrativa, remuneração e outras particularidades. Com as explicações conceituais, parte-se para as informações práticas e funcionais sobre constituição de uma associação de tal natureza, elaboração do estatuto e formação do quadro de dirigentes, tratamento tributário, obrigações acessórias. A partir dessas noções, foram expostos os procedimentos específicos para a regularização de uma OSCIP. Ao se conhecer todas essas informações, é importante esclarecer e explicar mais detalhadamente o denominado Termo de Parceria criado pela lei regente das OSCIPs. Finalmente, mais alguns conceitos são explicados para que se entenda o funcionamento e possibilidades trazidas pela OSCIP, como imunidade tributária, isenção de imposto de renda, remuneração de dirigentes, financiamento e outros aspectos pertinentes. Por fim, menciona-se algumas referências sobre sites e possibilidades de atualização de conhecimento acerca do terceiro setor e uma breve conclusão sobre a possibilidade de criação de uma OSCIP. 2. O QUE É TERCEIRO SETOR Para entendermos o que é o Terceiro Setor devemos primeiro identificar quais são o Primeiro Setor e o Segundo Setor; senão vejamos: Na conceituação tradicional, o primeiro setor é o Estado, representado por entes políticos, como Prefeituras Municipais, Governos dos Estados e Presidência da República, além de entidades a estes entes ligados, destacando-se Ministérios, Secretarias, Autarquias, entre outras. Quer dizer, chamamos de primeiro setor o setor público, que obedece ao seu caráter público e exerce atividades públicas; ou que pelo menos deveria executar. O segundo setor é o Mercado, entendido, as Empresas, composto por entidades privadas que exercem atividades privadas, ou seja, atuam em benefício próprio e particular. Falando em termos financeiros, o Estado (primeiro setor) aplica o dinheiro público em ações para a sociedade. O Mercado (segundo setor) investe o dinheiro privado nas suas próprias atividades, direcionado segundo as conveniências particulares. O Terceiro Setor é composto por organizações privadas sem fins lucrativos, que atuam nas lacunas deixadas pelos setores públicos e privados, buscando a promoção do bem-estar social. Quer dizer, o terceiro setor não é nem público nem privado, é um espaço institucional que abriga entidades privadas com finalidade pública. Esta atuação é realizada por meio da produção de bens e prestação de serviços, com o investimento privado na área social, notadamente. 3

Isso não significa eximir o governo de suas responsabilidades, mas reconhecer que a parceria com a sociedade permite a formação de uma sociedade melhor. Portanto, o Terceiro Setor não é, e não pode ser, substituto da função do Estado. Comporta destacar que a idéia é de complementação e auxílio na resolução de problemas sociais. Para comparar com os termos financeiros anteriormente explicados, no caso do Terceiro Setor utiliza-se o dinheiro privado em atividades públicas. Essa tabela vai ajudar a compreender a divisão focalizada: DISTRIBUIÇÃO DAS ÁREAS SETOR FIM Primeiro setor o Estado Público Público Segundo setor o Mercado Privado Privado Terceiro setor a Sociedade Civil Público e Privado Público Como exemplos de organizações do Terceiro Setor podemos citar as organizações não governamentais (ONGs); as cooperativas; as associações; as fundações; os institutos; instituições filantrópicas; entidades de assistência social e, mais atualmente, também, as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs). Todas são entidades de interesse social, e apresentam, como característica em comum, a ausência de lucro e o atendimento de fins públicos e sociais. Ou seja, existem diversas formas de entidades do Terceiro Setor. No presente trabalho será apresentada e estudada uma opção: as OSCIPs, por ser mais adequada aos objetivos do presente evento, pelo menos mais abrangente. 3. DEFINIÇÕES CONCEITUAIS 3.1 OSCIP A legislação que regula as OSCIPs é a lei 9.790 de 23 março de 1999. Esta lei traz a possibilidade das pessoas jurídicas (grupos de pessoas ou profissionais) de direito privado sem fins lucrativos serem qualificadas, pelo Poder Público, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público - OSCIPs e poderem com ele relacionar-se por meio de parceria, desde que os objetivos sociais e as normas estatutárias atendam requisitos da lei. Um grupo recebe a qualificação de OSCIP depois que o estatuto da instituição que se pretende formar tenha sido redigido pelos membros deste grupo, conjuntamente com a assessoria jurídica, e seja analisado e aprovado pelo Ministério da Justiça. Para tanto é necessário que o estatuto atenda a certos pré-requisitos que estão descritos nos artigos 1, 2, 3 e 4 da lei 9.790/99, conforme será focalizado na seqüência. Pode-se dizer que as OSCIPs são o reconhecimento oficial e legal mais próximo do que modernamente se entende por ONG, especialmente porque são marcadas por uma extrema transparência administrativa. Contudo, como já falamos, ser uma OSCIP é uma opção institucional, não uma obrigação. Em geral, o poder público sente-se muito à vontade para se relacionar com esse tipo de instituição, porque divide com a sociedade civil o encargo de fiscalizar o fluxo de recursos públicos em parcerias. Quer dizer, a OSCIP é uma organização da sociedade civil que, no caso de parceria com o poder público, utilizará também recursos públicos para suas finalidades, dividindo dessa forma o encargo administrativo e de prestação de contas. 4

Assim, pode-se dizer que OSCIPs são ONGs, criadas por iniciativa privada, que obtêm um certificado emitido pelo poder público federal ao comprovar o cumprimento de certos requisitos, especialmente aqueles derivados de normas de transparência administrativas. Em contrapartida, podem celebrar com o poder público os chamados termos de parceria, que são uma alternativa interessante aos convênios para ter maior agilidade e razoabilidade em prestar contas. 3.2 Associação Como o próprio nome sugere é a união de um grupo de pessoas que, por possuírem objetivos comuns as suas vontades, se associam e dessa associação nasce uma entidade decorrente da vontade das pessoas, conhecida como Affectio Societatis em direito clássico. A associação é uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos e, por tratar-se de uma união de diversas pessoas em prol de um objetivo comum, deve ser regida por um conjunto de regras básicas, que norteiam a vida em comum, expressas em seu estatuto. As associações são pessoas jurídicas de direito privado voltadas à realização de finalidades culturais, sociais, religiosas, recreativas, etc., cuja existência legal surge com a inscrição do estatuto social, que as disciplina no registro competente. São exemplos de associações: Apae, União Nacional dos Estudantes, Associações de Pais e Mestres, Associação de Funcionários. 3.3 Fundação A fundação nasce de uma doação patrimonial; ato de um instituidor que reserva certo patrimônio e o grava para a consecução de certo objetivo. Uma vez constituída a fundação, é necessário que o instituidor lhe determine um estatuto, fixando suas regras de funcionamento e determinando um grupo que irá se responsabilizar em gerir esse patrimônio segundo aqueles mesmos objetivos. Desde o momento em que é instituída; o seu instituidor perde o controle daquele patrimônio, que passa a ser genericamente considerado como de toda a sociedade civil. As características próprias das fundações, aspectos, providências, atribuições e responsabilidades, podem ser encontradas no Código Civil, do artigo 24 em diante. A grande distinção prática no caso das fundações é a presença permanente do Ministério Público como fiscal da lei e cumprimento das disposições estatutárias. 3.4 ONG Não existem em nosso ordenamento jurídico, referências conceituais ou disposições sobre Organização não Governamental. As ONGs são um fenômeno mundial onde a sociedade civil espontaneamente se organiza para a execução de certos tipos de atividades; cujo cunho e caráter, é de interesse público. A forma societária mais utilizada é a da associação civil. São regidas por estatutos, têm finalidade não econômica e não lucrativa. Fundações também podem vir a ser genericamente reconhecidas como ONGs. 5

3.5 Instituto A exemplo das ONGs, também não existem em nosso ordenamento jurídico, referências conceituais sobre institutos. Instituto é, em matéria legal, um termo tão genérico quanto entidade: abrangente e indefinido. Encontramos em textos legais específicos, citações sobre institutos de educação; de pesquisa ou institutos de saúde, mas os autores não determinam sua forma legal. Tanto as associações quanto às fundações podem apresentar forma de organização societária nos moldes de um instituto 4. O QUE É LUCRO; FINALIDADE LUCRATIVA E REMUNERAÇÃO O lucro, em Direito, é tudo que excede o custo de uma operação; o resultado positivo de uma atividade. Em outras palavras, lucro é o dinheiro que sobra das atividades realizadas pela sociedade. É possível, e até comum, que uma entidade sem fins lucrativos obtenha lucro. Vejam as campanhas, por exemplo, nas quais se vendem camisetas, CDs, e outras lembranças. A venda realizada por meio de intermediação é uma atividade comercial, e o resultado financeiro positivo obtido entre o custo de compra; a produção e venda, o lucro. Contudo, comporta destacar que a finalidade lucrativa não depende da existência eventual de lucro, mas de sua destinação. A finalidade lucrativa (e a finalidade não lucrativa, por conseqüência) depende do destino que se dá ao lucro obtido nas atividades da entidade. Se os sócios têm direito ao lucro, ou seja, o que sobra do dinheiro que entrou através daquele trabalho é dividido entre as pessoas envolvidas no processo, existe a finalidade lucrativa. Caso contrário, não existe finalidade lucrativa; pelo menos em tese. A caracterização de finalidade lucrativa depende de quem se beneficia do lucro. Uma organização que tem o objetivo de alcançar este resultado positivo, ou seja, o lucro, e distribuí-lo entre seus sócios e dirigentes é uma empresa com fins lucrativos. Para ser uma entidade sem fins lucrativos, uma organização deve investir seu eventual lucro diretamente em sua missão institucional, em seu objeto social, a própria razão de sua existência. Portanto, não é que não possa entrar dinheiro a mais como retorno do próprio trabalho, isso quer dizer apenas que este dinheiro deve ser reinvestido na própria ação que o está gerando. Finalidade não lucrativa não se confunde ainda com inexistência de atividade econômica. A primeira, como vimos, diz respeito ao destino que se dá ao lucro. Assim, ter finalidade não lucrativa não significa que não se pode realizar atividade econômica, mas sim, que não distribua seus resultados entre seus sócios. Logo, devemos prestar atenção no estatuto para não confundir "finalidade" com "atividade". A finalidade da instituição deve ser descrita como a sua missão, o motivo pelo qual ela existe. Depois, em artigos separados, devem ser descritas as atividades que se pretende efetuar na ONG, de tal maneira que não se possa alegar que a instituição tem finalidade econômica. Além disso, é importante frisar que lucro não é remuneração. Remuneração é o que recebemos em contrapartida a serviços prestados, não o excedente de uma atividade econômica. Todo profissional, para trabalhar tem direito a receber um salário ou uma bonificação pela sua tarefa prestada em prol de determinado interesse. 6

5. ESPECIFICIDADES DAS OSCIPs 5.1. Constituição, estatuto e dirigentes de uma organização A OSCIP é uma forma de associação, ou seja, é uma pessoa jurídica criada a partir da união de idéias e esforços de pessoas em torno de um propósito que não tenha finalidade lucrativa. Para criar uma associação, é necessário reunir em assembléia pessoas maiores de 18 anos que tenham o propósito de associar-se para determinada finalidade não lucrativa. Essa assembléia não tem exigências formais para ter início, podendo ser realizada em qualquer lugar, e não necessita de convocação escrita ou pela imprensa. É uma simples reunião das pessoas interessadas em resolver um mesmo tipo de problema. Reunidos os convidados, algumas regras são impostas e a partir disso alguns passos devem ser seguidos conforme os critérios legais (i). A Assembléia discutirá a cerca do objetivo e dos propósitos da associação, e aprovará o seu estatuto, que deverá ser simples e claro, conforme previsões legais (ii). Além disso, o estatuto precisa conter desde esse momento os requisitos necessários para a qualificação de OSCIP, como se verá adiante. Recomenda-se que os objetivos descritos no Estatuto sejam amplos, para dar maior liberdade de atuação à associação. Isso quer dizer que o mais indicado é, ao invés de descrever minuciosamente os objetivos e formas de atuação da organização, detalhando as ações específicas, que se faça uma descrição ampla das atividades e objetos a serem trabalhados. Isto é importante para dar margem de crescimento e reformulação da idéia inicial em função da experiência. A partir da aprovação do estatuto, haverá eleição dos integrantes do corpo diretivo da entidade para cumprir o primeiro mandato (iii). Por fim, deve ser lavrada a ata de assembléia de constituição, também com requisitos específicos (iv). A existência jurídica da associação terá início somente quando o grupo tiver em mãos o registro dos atos constitutivos no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas da comarca da sede da entidade, procedimento que em geral demora cerca de uma semana. Deverá ser feito um requerimento (v) para o registro, assinado por pessoa competente da associação (quer dizer, eleita entre os membros do grupo para esse fim), seguindo as exigências legais e do Cartório. Obtido o registro (vi), deverá ser providenciada a inscrição no CNPJ e na Prefeitura, bem como nos demais órgãos de controle: Ministérios, Secretarias de Educação e outros organismos vinculados. 5.2. Regulamentação e procedimento específicos para OSCIPs Para uma associação sem fins lucrativos se qualificar como OSCIP ela deve: 5.2.1. Não ter fins lucrativos Como visto, significa que a organização não pode distribuir os lucros entre os seus associados, conselheiros, diretores, empregados ou doadores. Ou seja, todo o dinheiro que sobrar das atividades realizadas deve ser reinvestido na própria organização (por exemplo, em equipamentos, sala, materiais ou novos profissionais). Isso não quer dizer que não pode haver remuneração, como discutiremos mais adiante. 7

5.2.2. Não ter uma das formas de pessoas jurídicas listadas pela lei Pessoa Jurídica é como se chama uma entidade. Quer dizer, é um conceito que dá personalidade a uma empresa ou a uma organização, por exemplo. É diferente de Pessoa Física, que são as pessoas como pessoas. Existem diversas formas de pessoas jurídicas, e algumas delas não podem obter a qualificação de OSCIP. No entanto essa restrição é aplicada somente àquelas especificadas na lei - sociedades comerciais; sindicatos, associações de classe ou de representação de categoria profissional; instituições religiosas; organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações; entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo restrito de associados; entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados; instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras; escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas respectivas mantenedoras; Organizações Sociais; cooperativas; fundações públicas; fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão público ou por fundações públicas; organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o sistema financeiro nacional. 5.2.3. Ter objetivos sociais que atendam a pelo menos uma das finalidades dispostas na lei A lei das OSCIPs determina que só será possível obter essa qualificação se a organização tiver entre seus objetivos sociais uma das finalidades nela previstas, vejamos: I. promoção da assistência social; II. promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; III. promoção gratuita da educação, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que trata esta Lei; IV. promoção gratuita da saúde, observando-se a forma complementar de participação das organizações de que trata esta Lei; V. promoção da segurança alimentar e nutricional; VI. defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; VII. promoção do voluntariado; VIII. promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza; IX. experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito; X. promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de Interesse suplementar; XI. promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores universais; XII. estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas neste artigo. 8

5.2.4. Expressar em seu estatuto todas as determinações legais Este item se refere a requisitos específicos e jurídicos sobre o que deve conter o estatuto da organização. Estatuto é um documento que contém diversas especificações sobre o funcionamento da organização; o que pode e não pode fazer. Com o estatuto a organização fica regularizada juridicamente. É necessário o auxílio de um advogado para a redação e registro de um Estatuto. Dentre os requisitos, está à necessidade de obediência a princípios referentes às associações, adoção de práticas de gestão administrativa, formação de um Conselho Fiscal, destinação do patrimônio no caso de extinção da organização, possibilidade de remuneração de dirigentes e obediência às normas de prestação de contas (vii). 5.2.5. Apresentar cópia autenticada dos documentos exigidos Assim como no item anterior, aqui a referência é basicamente jurídica. Para que se consiga a qualificação como OSCIP, a organização de enviar ao Ministério da Justiça (órgão do Governo Federal que irá avaliar o requerimento) cópias de alguns documentos: estatuto registrado em Cartório; ata de eleição de sua atual diretoria; balanço patrimonial e demonstração do resultado do último exercício; declaração de isenção do imposto de renda; cartão de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas. Tais documentos poderão organizados com o auxílio de um advogado e um contador que trabalhem na área. 5.2.6. Quanto aos aspectos financeiros e resultados A OSCIP expressar em seu estatuto uma das duas opções possíveis: não remunerar os dirigentes, sob nenhuma forma; ou remunerar os dirigentes que efetivamente atuam na gestão executiva da entidade ou lhe prestam serviços específicos, de acordo com os valores praticados no mercado da região onde atua. 5.2.7. Como e a quem encaminhar Enviar o pedido de qualificação para o Ministério da Justiça. Recebido o pedido, o MJ tem trinta dias para aprová-lo ou não, e mais quinze dias para publicar sua decisão (pelo deferimento ou não) no DOU, mediante despacho do Secretário Nacional de Justiça. No caso de indeferimento da qualificação, o Ministério da Justiça envia para as entidades um parecer identificando as exigências que não foram cumpridas. Após fazer as alterações necessárias, de acordo com o parecer enviado pelo Ministério, a entidade pode apresentar novamente a solicitação de qualificação como OSCIP a qualquer tempo. 5.3 Termo de Parceria A lei 9.790/99 divide-se em dois temas: a criação do título de OSCIP e a criação do Termo de Parceria. O Termo de Parceria é uma metodologia nova de relacionamento entre o poder público e a sociedade civil, criada pela lei das OSCIPs. A intenção da criação do termo de parceria é trazer uma adequação instrumental que permita um relacionamento transparente e mais razoável entre o terceiro setor e o setor público. Isso significa um relacionamento baseado mais em resultados e eficácia do que em formalidades, mas sem desconsiderar as regras impostas pelo poder público. Neste sentido a Lei 9.790/99 criou o Termo de Parceria para ser um veículo legítimo e adequado ao repasse de verbas públicas para entidades de direito privado. 9

Termos de Parceria, a rigor do texto da lei, podem ser celebrados em períodos de mais de um ano, maiores do que o exercício fiscal e até do que o período de troca de governos. O Termo de Parceria exige uma prestação de contas que privilegie os resultados efetivamente obtidos, de forma menos burocratizada, possibilitando o concurso de projetos com a escolha da entidade mais capaz. O Decreto 3.100/99 trouxe como novidade a possibilidade de uma mesma entidade ter mais de um Termo de Parceria em vigor, concomitantemente. Nesse sentido, o Termo de Parceria apresenta alguns requisitos mínimos para poder ser celebrado, como as cláusulas essenciais (viii) que deve conter e os documentos específicos de prestação de contas (ix). Quer dizer, o Termo de Parceria traz inovações nas relações OSCIP/Estado, permitindo um repasse de verbas que respeite a transparência na gestão dos recursos, competição para acesso a eles e cooperação e parceria na execução dos projetos. Esse instrumento contribui planejamento e desenvolvimento de projetos mais objetivos e pragmáticos, com melhores índices de sucesso e efetividade nas suas ações. Nesse sentido, é importante notar que se abre uma possibilidade de interação com os órgãos governamentais, como a Secretaria de Educação Municipal, por exemplo. A OSCIP pode estabelecer um termo de parceria com a Secretaria para a realização, em conjunto, de um ou mais projetos. 5.4. Imunidade tributária, isenção de IR, remuneração de dirigentes e financiamento / oscips 5.4.1 Imunidade e Isenção As imunidades tributárias têm a natureza de limitar o poder de tributar do Estado e, portanto, se constituem em garantia, patrimônio de direito de cada cidadão, da sociedade civil. Logo, quando no terceiro setor se fala das imunidades tributárias estabelecidas na CF, estamos falando de direitos que devem sob esse prisma ser exercidos, exigidos. Isenções, ao contrário de imunidades, ocorrem quando o Estado podendo tributar, resolve por bem não fazê-lo. Esse fato significa um incentivo a certo tipo de gente ou atividade. Contudo, mesmo essa escolha do Estado é limitada. Não se deve incentivar sem critérios. No caso das organizações do terceiro setor, estas prestam serviços aos cidadãos e a toda sociedade que, por sua natureza deveriam ser de obrigação do Estado, por isso, podem ser sujeitos de isenções tributárias. O Código Tributário Nacional determina três requisitos para que a entidade faça jus à imunidade tributária relativa às suas rendas, patrimônio e serviços relacionados às atividades essenciais da entidade: a) Não distribuir qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; b) Aplicar integralmente, no país, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; c) Manter escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar a sua exatidão. 10

Atualmente, as entidades de interesse social, sem fins lucrativos, cujo atendimento dirigia-se a fins públicos e sociais podem receber a chamada Declaração de Utilidade Pública Federal (DUP) e/ou obter a qualificação de OSCIP. Com isso, as doações recebidas são deduzidas do imposto de renda das empresas doadoras, o que estimula esse tipo de apoio do setor privado. Existem diferenças entre a DUP e a qualificação de OSCIP, entre elas a possibilidade de sendo OSCIP, remunerar seus dirigentes, além de estabelecer parceria com o Poder Público. Uma das vitórias mais expressivas trazidas pela lei 9.790/99 foi reconhecer, formal e claramente, que a remuneração de dirigentes não se confunde com distribuição de lucros. Finalidade não lucrativa não é caridade e nem voluntariado. Esse conceito foi fortalecido pelo artigo 37 da Medida Provisória nº 66 de 2002 (MP/66). 5.4.2 Remuneração de Dirigentes A partir da MP/66, as OSCIPs que optam por remunerar seus dirigentes poderão ter isenção do Imposto de Renda (Lei nº 9.532/97) e receber doações dedutíveis das empresas doadoras (Lei 9.249/95). Até a edição dessa MP, a entidade que remunerava seus dirigentes perdia tais benefícios, conforme determinações expressas nas leis específicas. A possibilidade de remunerar dirigentes permite que as organizações tenham um quadro de dirigentes profissionalizado. Portanto, com a edição da MP 66, finalmente se reconhece que há diferença entre o conceito de sem fins lucrativos (atividade desinteressada que se relaciona a fins que não resultem em benefício aos sócios) e 'remuneração de dirigentes', que é a contrapartida a serviços prestados. Ou seja, para a entidade ser caracterizada como sem fins lucrativos e obter os benefícios fiscais referentes a associações deste caráter, não é mais necessário que não se remunere seus dirigentes. Em outras palavras, é possível que a associação remunere dirigentes e ainda assim seja considerada sem fins lucrativos. Importante notar que a MP refere-se expressamente à hipótese de remuneração de dirigente, em decorrência de vínculo empregatício. Ou seja, os dirigentes devem ser empregados da instituição e não apenas prestadores de serviço, para fazerem jus à isenção. Isso quer dizer que a remuneração dos dirigentes será o salário, e não qualquer outra forma de contrapartida (bonificações, ou outros benefícios, por exemplo). O parágrafo único da MP 66, diz que a permissão da remuneração com isenção aplica-se somente à remuneração não superior, em seu valor bruto, ao limite estabelecido para a remuneração de servidores do Poder Executivo Federal. 5.4.3 Financiamento Como já vimos, as OSCIPs têm a possibilidade de estabelecer parcerias com o Poder Público. Dessa forma, uma das fontes de financiamento será proveniente do próprio Poder Público, desde que estabelecida tal parceria. Assim, se for realizado um termo de parceria com a Secretaria de Educação Municipal, por exemplo, esse órgão poderá disponibilizar recursos para a realização de projetos da OSCIP. Além disso, outras são as possibilidades de financiamento, provenientes do setor privado. Feitas essas considerações, podemos analisar as demais fontes de financiamento que a organização pode obter. 11

Atualmente as pessoas físicas não estão autorizadas a deduzir de seu imposto de renda as doações efetuadas a quaisquer entidades, sejam quais forem as suas naturezas, filantrópica, educacional ou de assistência social, ainda que reconhecidas como de utilidade pública. É evidente que tais doações podem ocorrer de qualquer forma. No entanto, não terão qualquer vantagem fiscal. Já as pessoas jurídicas, tributadas pelo lucro real, contam com mais incentivos federais à doação. A Lei 9.249/95, com redação alterada por uma Medida Provisória (x), permite dedução no Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas até o limite de 2% sobre o lucro operacional das doações efetuadas as OSCIPs. Além disso, as empresas se interessam pela publicidade que estas doações podem dar. É uma grande porta para obtenção de recursos junto às empresas. Isso quer dizer que estas empresas podem disponibilizar recursos para a OSCIP, sejam grandes ou pequenas. Para isso, normalmente escreve-se um projeto e se envia para a empresa, requerendo determinado recurso (que pode ser dinheiro ou bens, por exemplo). A empresa avalia se interessa a ela ajudar aquele projeto e por fim disponibiliza os recursos, conforme os requisitos da lei, podendo obter isenção fiscal. Fora os recursos doados por empresas, inúmeras são as outras oportunidades de financiamento de Fundações privadas nacionais e internacionais especialmente criadas para esse fim. Possuem profissionais que compreendem muito bem o sentido do terceiro setor. A maioria delas tem um processo de solicitação padrão que pode ser obtido através da homepage ou por um pedido simples por telefone ou carta. A maioria delas possui modelos de formulários de solicitação de recursos que solicitam apresentação de justificativa, objetivo, avaliação de resultados e outras particularidades. Os projetos costumam ser de um a três anos e os recursos visam contribuir para a busca da auto-sustentação financeira. Uma boa forma de captação de recursos é a realização de eventos. Se forem bem organizados, além de angariar fundos, podem ser úteis para divulgar a causa, a missão e os projetos da organização, além de reconhecer doadores e captar voluntários. Muitas organizações tendem a desenvolver projetos que possam gerar receita própria e, se possível, que seja a fonte principal de seus recursos. Ou seja, tornam-se auto-sustentáveis. 6. DICAS E BREVE CONCLUSÃO Existem diversos sites relacionados ao terceiro setor que devem ser visitados de vez em quando. Esses endereços trazem informações, como cursos, eventos, oportunidades e inúmeros temas relacionados ao terceiro setor. É extremamente importante se manter atualizado com o que acontece nessa área. Além disso, esses sites podem trazer novidades importantes, como a realização de um curso de captação de recursos ou um novo concurso para financiamento de projetos, por exemplo. Uma iniciativa é cadastrar o endereço de e-mail na lista daqueles. Periodicamente eles enviam um boletim eletrônico com as principais novidades. Dois sites têm um bom serviço nesse aspecto: www.rits.org.br e www.setor3.com.br. Além disso, outros sites podem ser visitados para obtenção de informações sobre o terceiro setor e temas relacionados: www.comunidadesolidaria.org.br/ www.andi.org.br / 12

www.dhnet.org.br / www.idis.org.br / www.rits.org.br / www.vivafavela.com.br / / www.gef.org.br / www.comcat.org.br / www.brazilfoundation.org/index_pt_b.html. Finalizando é importante pensar que o terceiro setor é uma porta que se abre para a formação de uma sociedade melhor; mais justa e humanitária. A profissionalização dessa área traz novas possibilidades de trabalho e facilita o envolvimento na realização dos objetivos sociais. No princípio pode parecer complicado começar uma organização nova, mas na verdade não é nada que pessoas preparadas e capacitadas não consigam fazer tranqüilamente. Os obstáculos sempre aparecem, assim como as soluções. 7. NOTAS REFERENCIAIS (i) Antes do início dos debates, deverá ser formada uma mesa diretora para conduzir de forma mais eficiente as discussões. Ela deverá ser composta, no mínimo, por um presidente dos trabalhos e um secretário, que lavrará a ata circunstanciada, a ser eleita pelos presentes em votação simples. (ii) O Estatuto deverá conter as seguintes previsões: a) a denominação, os fins, a sede e o tempo de duração da associação; b) as condições para admissão, demissão e exclusão do quadro social e, eventualmente, as categorias de associados; c) os direitos e deveres dos associados; as fontes de recursos financeiros para a manutenção da entidade e seus objetivos, que poderão contemplar mensalidades; d) as atribuições e a forma de composição e funcionamento dos órgãos de direção, com a recomendação de números ímpares de participantes, a deliberação em voto unitário e a eleição para mandatos de no máximo três anos; e) a representação ativa e passiva da entidade em juízo e fora dele, em geral exercida pelo presidente; f) a (não) responsabilidade subsidiária dos associados pelas obrigações assumidas pela associação; as condições para alteração do Estatuto; g) as causas para dissolução da entidade e o destino a ser dado ao patrimônio social. h) as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução i) Por fim deve conter os requisitos específicos para obter a qualificação de OSCIP (como se verá). (iii) O presidente dos trabalhos deverá empossar formalmente os eleitos em seus cargos. Não é possível que uma mesma pessoa ocupe em órgãos da administração cargos que exerçam fiscalização recíproca, tais como diretoria e conselho fiscal. 13

(iv) Tais requisitos são: identificação de todos os presentes e a transcrição dos fatos ocorridos, o texto integral do estatuto aprovado e a relação dos dirigentes eleitos, com o relato de sua posse. Todos os presentes e, principalmente, os eleitos, deverão ser corretamente qualificados, com nome, nacionalidade e inscrição no CPF (obrigatório para os dirigentes). (v) O requerimento deverá ser assinado por pessoa com poderes de representação legal da entidade (conforme previsto no estatuto). É comum que este requerimento seja acompanhado de duas vias da ata da assembléia de constituição da entidade, devidamente visadas por advogado regularmente inscrito na OAB. (vi) O registro declarará: I) a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver; II) o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores e dos diretores; III) o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; IV) se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração e de que modo; V) se os membros respondem ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; VI) as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso. (vii) O Estatuto de uma entidade que pretende obter a qualificação de OSCIP deve conter, além dos requisitos legais e gerais para todas as associações, os seguintes itens: a) a observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e eficiência; b) a adoção de práticas de gestão administrativa, necessárias e suficientes para coibir a obtenção, de forma individual ou coletiva, de benefícios ou vantagens pessoais, até parentes do terceiro grau, ou em favor de pessoas jurídicas vinculadas, em decorrência da participação no respectivo processo de decisão; c) a constituição de conselho fiscal dotado de competência para opinar sobre demonstrações financeiras, emitindo pareceres aos órgãos superiores da entidade; d) a previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o respectivo patrimônio líquido seja transferida a outra entidade qualificada nos termos da mesma lei, preferencialmente com objeto social assemelhado ao da extinta; e) a previsão de que, na hipótese de perda de qualificação de que trata a lei, o patrimônio amealhado com recursos públicos durante o período de qualificação seja revertido a outra entidade qualificada; f) as normas de prestação de contas a serem observadas pela entidade, que, no mínimo, atenderão aos princípios fundamentais da contabilidade e às Normas Brasileiras de Contabilidade, serão objeto de divulgação pública por qualquer meio eficaz, até mesmo com certidões negativas de tributos, FGTS e INSS, e serão objeto de auditoria nos termos do regulamento. 14

(viii) São seis as cláusulas especiais do Termo de Parceria: a) a do objeto, contendo a especificação do programa de trabalho; b) a de estipulação das metas e dos resultados a serem atingidos e os respectivos prazos de execução ou cronograma; c) a de previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a serem utilizados, mediante indicadores de resultado; d) a de previsão de receitas e despesas a serem realizadas em seu cumprimento; e) a que estabelece as obrigações da OSCIP, entre as quais a de apresentar ao Poder Público, ao término de cada exercício, relatório sobre a execução do objeto do Termo de Parceria, contendo comparativo específico das metas propostas com os resultados alcançados, acompanhado de prestação de contas dos gastos e receitas efetivamente realizados; f) a de publicação, na imprensa oficial, conforme o alcance das atividades celebradas entre os parceiros, de extrato do Termo de Parceria e de demonstrativo da sua execução física e financeira, conforme modelo simplificado. (ix) A Prestação de Contas deve conter: a) relatório anual de execução de atividades; b) demonstração de resultados do exercício; c) balanço patrimonial; d) demonstração das origens e aplicações de recursos; e) demonstração das mutações do patrimônio social; f) notas explicativas das demonstrações contábeis, caso necessário; e g) parecer e relatório de auditoria nos termos do art. 20 do Decreto 3100/99, se for o caso previsto em lei. (x) Medida Provisória nº 2158-34/01 8. A LEGISLAÇÃO DO IRPJ 8.1 IMUNES E ISENTAS Ocorre certa contusão na distinção entre pessoa jurídica imune de imposto e pessoa jurídica isenta de impostos. A diferença é que a imunidade está prevista na Constituição Federal enquanto a isenção é concedida por lei. Há imunidade subjetiva e objetiva. Na imunidade subjetiva a própria pessoa jurídica goza de imunidade. Assim, a União, os Estados e os Municípios têm imunidade subjetiva; mas não é total porque se explorar atividade econômica regida pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, essa atividade não goza de imunidade. Na venda de livros, jornais e periódicos a imunidade é objetiva, isto é, a operação é imune; mas pessoa jurídica não tem imunidade para não pagar o imposto de renda sobre resultado do lucro. O art. 150 da Constituição dispõe que é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços dos partidos 15

políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei. Para essas entidades, o gozo da imunidade depende da observância dos requisitos fixados em lei. A lei, todavia, não pode impor condição impossível de ser cumprida porque a lei será considerada inconstitucional pelo STF. A imunidade dos poderes públicos tais como União, Estados, Distrito Federal e Municípios, assim como templos de qualquer culto não está condicionada à observância dos requisitos da lei, ou seja, a lei não pode fixar condições para o gozo da imunidade daquelas entidades. Os limites dá imunidade dessas entidades estão no próprio art. 150 da Constituição. A controvérsia de entendimento ocorre na interpretação do texto da Constituição onde estão fixados os limites da imunidade. Assim, no 4 do art. 150 está dito que a imunidade das entidades relacionadas nas alíneas b e c do inciso VI compreende somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas. O isso, a Receita Federal entende que os rendimentos de aplicações financeiras estão compreendidos na imunidade. 8.2 TEMPLOS DE QUALQUER CULTO O art. 150 da Constituição dispõe que sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, instituir impostos sobre templos de qualquer culto. Essa vedação comente o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais dos templos. A imunidade dos templos é só de impostos, não abrangendo as contribuições sociais. Com isso, estão imunes do imposto de renda e do IPTU; mas estão sujeitos a CPMF. A decisão n 39 da Receita Federal (DOU de 29-10-98) esclarece que as igrejas podem remunerar seus dirigentes e religiosos, bem como enviar ajuda a seus missionários a serviço no exterior, sem perder a condição de entidade imune. Os templos de qualquer culto não estão impedidos de remunerar seus dirigentes porque a sua imunidade não depende de atendimento dos requisitos de lei. O problema é a desvinculação da finalidade dos templos. Atualmente há grande número de templos familiares, até pelo sistema de franquias, que sugam até o último níquel dos seguidores do culto, transformando os proprietários em empresários do ramo. 8.3 ENTIDADES ISENTAS A Lei nº 9.532/97 regulou inteiramente a isenção do imposto de renda das pessoas jurídicas sem fins lucrativos tais como sociedades beneficentes, fundações, e sindicatos. O RIR/99 cuida da isenção dessas entidades no art. 174. As fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público são imunes enquanto as demais fundações não têm imunidade mas podem ser isentas, desde que cumpram as condições exigidas para a isenção. As entidades sindicais dos trabalhadores também têm imunidade de impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços enquanto as entidades sindicais patronais não têm imunidade mas podem gozar de isenção. As entidades isentas podem ser fechadas ou abertas, isto é, podem ser criadas para atender aos interesses de determinado grupo de pessoas mas nem por isso perdem a isenção. A entidade é isenta do imposto de renda da pessoa jurídica e da contribuição social 16

sobre o lucro, desde que observem cumulativamente as condições fixadas no art. 15 da Lei n 9.532, de 10-12-97, que são: a) Não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados; b) Aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais; c) Manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidas das formalidades que assegurem a respectiva exatidão; d) Conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patronal; e) apresentar, anualmente, declaração de rendimentos, em conformidade com o disposto em ato da Secretaria da Receita Federal; A vedação para não remunerar os dirigentes não alcança a hipótese de remuneração de dirigente, em decorrência de vínculo empregatício, pelas Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) e pelas Organizações Sociais (OS), desde que a remuneração não seja superior, em seu valor bruto, ao limite estabelecido para a remuneração de servidores do Poder Executivo Federal (art. 34 da lei 10637/02). O 3 do art. 12 da lei n 9.532/97, com nova redação dada pelo art. 10 da lei nº 9.718/98, dispõe que considera-se entidade sem fins lucrativo a que não apresente superávit em suas contas ou, caso o apresente em determinado exercício, destine referido resultado, integralmente, à manutenção e ao desenvolvimento de seus objetivos sociais. A redação anterior mandava aplicar o superávit integralmente no ativo imobilizado, fato que inviabilizava qualquer entidade. O 4 do art. 15 da lei n 9.532/97 veio obrigar a existência, nos estatutos de entidades isentas, de cláusula assegurando a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda às condições para gozo da imunidade, no caso de incorporação, fusão, cisão ou de encerramento de suas atividades, ou a órgão público. Esse parágrafo foi revogado pelo artigo 17 da lei n 9.718/98. Aquela cláusula foi dispensada para as entidades isentas mas continua obrigatória para as entidades imunes. Aquela condição não tinha sentido para as entidades isentas cujo patrimônio é formado com as contribuições dos associados. Na imunidade, principalmente no caso das instituições de educação, o patrimônio é formado com as receitas cobradas pela prestação de serviços de que não sofreram a incidência do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro. A isenção está restrita ao imposto de renda da pessoa jurídica e a contribuição social sobre o lucro. Quando a retenção do imposto de renda na fonte for obrigatória, a entidade isenta terá que efetuar a retenção e recolher o imposto, ainda que por acordo assuma o ônus do tributo. Todas as entidades isentas terão que apresentar a declaração anual em disquete. A IN n 71, de 18-06-80, que institui o formulário de isenção foi revogada pela IN 17

de n 28, de 05-03-98, que aprovou o programa gerador para o exercício de 1998, anocalendário de 1997. A venda de títulos de sócios usuários e cobrança de taxa de manutenção, por entidade hospitalar isenta do imposto de renda, não acarretam por si só a perda do benefício isencional (PN n 14/75). O PN n 162/74 examinou diversos casos quanto à perda ou não da isenção do imposto de renda pelos eventuais lucros em atividades que integram nos objetivos ou finalidades da entidade. Eventual lucro de entidades recreativas ou esportivas, originado de exploração de bar ou restaurante no âmbito de suas dependências para seus usuários não acarreta a perda da isenção. Sociedade religiosa que mantém, anexa ao templo, livraria para venda de livros religiosos, didáticos, discos com temas religiosos e artigos de papelaria visando à divulgação do Evangelho também não perde a isenção. O Parecer definiu ainda que a fundação cultural que mantém livraria para a venda de livros a alunos dos cursos por ela mantidos, ou a terceiros, não perde direito à isenção, eis que essa atividade se identifica como meio de realização de seus fins. A decisão n 57 da 8ª RF (DOU de 17-05-99) diz que a edição de livros por parte de entidades isentas, em virtude de se tratar de atividade de industrialização, acarreta a perda do benefício. Essa decisão contraria o PN n 162/74. A edição de muitos livros culturais com base na lei de incentivo à cultura, por outro lado, é feita pelas fundações ou outras entidades sem fins lucrativos que gozam de isenção do imposto de renda. 8.4 INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO O art. 150 da Constituição Federal concede imunidade de impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços das instituições de educação sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei. O art. 14 do CTN fixa as condições para o gozo da imunidade e que foi recepcionado pela atual Constituição mas o art. 12 da Lei n 9.532/97 fixou outras condições antes inexistentes. Com isso, as decisões administrativas e judiciais anteriores nem sempre continuam válidas a partir de 01-01-98. As novas condições fixadas pelo art. 12 da Lei n 9.532/97 não são inconstitucionais porque o art. 150 da Constituição não exige que as condições sejam fixadas por lei complementar. Seria inconstitucional se a condição fixada fosse impossível de ser cumprida. A inconstitucionalidade pode estar no 1 onde dispõe que não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. Uma das condições fixadas para o gozo da imunidade das instituições de educação é a de assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda às condições para gozo da imunidade, no caso de incorporação, fusão, cisão ou de encerramento de suas atividades, ou a órgão público. O STF já tinha decidido no RE n 1 08.737-4-SP (DJU de 27-10-89) que se ao retirar-se, pode o sócio receber a sua cota acrescida não apenas do resultado da aplicação monetária, mas também de parcela correspondente a lucros, não há como reconhecer à entidade privada de educação o benefício da imunidade tributária. 18

A legislação anterior não vedava que na extinção de entidade de educação o patrimônio fosse revertido para os sócios. Com isso, os sócios acumulavam patrimônio sem pagamento de imposto. Não perde o direito ao gozo da imunidade a instituição de educação que, em determinado exercício, apresentar superávit em suas contas e aplicar o referido resultado, integralmente, na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos sociais, conforme dispõe o art. 13 da IN n 113, de 21-09-98, com nova redação dada pela ln n 133 de 13-11- 98. A IN n 113, de 21-09-98, expedida com base nos arts. 12 a 14 da Lei n 9.532, de 10-12-97, dispõe sobre as obrigações de natureza tributária das instituições de educação, assim consideradas as de ensino pré-escolar, fundamental, médio e superior. O art. 1 dispõe que essas instituições, atendidas as condições referidas nesta Instrução Normativa, poderão usufruir da imunidade relativa a seu patrimônio, renda e serviços, não se lhes aplicando a hipótese de isenção. Houve equívoco ao dispor que a instituição de educação pode gozar de imunidade mas não há hipótese de isenção das instituições de educação. Uma instituição de educação pode não atender às condições para ser imune mas pode perfeitamente gozar de isenção do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro. Para isso basta não ter finalidade lucrativa e que cumpra as condições enumeradas no art. 15 da Lei n 9.532/97. Entre as instituições mencionadas no art. 15 encontram-se as instituições de caráter cultural que englobam as instituições de educação. O art. 2 da Instrução dispõe que considera-se imune a instituição de educação que preste os serviços, referidos no artigo anterior, à população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. Uma escola de ensino préescolar ou de primeiro grau, mantida por empresa industrial ou agropecuária, não põe os serviços à população em geral mas só para os filhos dos seus funcionários. O mesmo acontece com determinados tipos de ensino técnico que são mantidos por entidades de classes empresariais. Essas instituições não têm imunidade porque não prestam serviços à população em geral mas podem gozar de isenção. O art. 6 da Instrução dispõe que a instituição imune deve manter escrituração completa de suas receitas e despesas nos livros Diário e Razão. O art. 12 impõe outros requisitos que fogem da competência da Receita Federal; tais como elaborar e publicar, em cada exercício social, demonstrações financeiras certificadas por auditores independentes, com o parecer do conselho fiscal ou órgão similar, e comprovar a destinação, para as despesas com pessoal docente e técnico-administrativo, incluídos os encargos e benefícios sociais, de pelo menos 60% da receita das mensalidades escolares proveniente da instituição mantida. O art. 10 da instrução dispõe que a instituição imune deve assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda às condições para gozo da imunidade, no caso de incorporação, fusão, cisão ou de encerramento de suas atividades, ou a órgão público. Os seus 1 e 2 esclarecem que a cláusula da destinação obrigatória aplica-se, exclusivamente, à parcela do patrimônio adquirido a partir de 01-01-98. 19

Para os bens e direitos adquiridos até 31-12-97 aplica-se a cláusula estatutária vigente naquela data ou em sua falta o art. 22 do Código Civil. Com isso, se a cláusula do estatuto dizia que na extinção da entidade os bens seriam distribuídos para os sócios, essa destinação ficou assegurada como direito adquirido. Na falta daquela cláusula, os bens irão para outra entidade semelhante na forma do art. 22 do Código Civil. A proibição de remunerar dirigentes não alcança os cargos de Reitor e de Vice-Reitor de fundação universitária instituída por lei municipal, que têm funções apenas gerenciais e administrativas. O poder de decisão, inclusive quanto à destinação e recursos e assunção de obrigações, está nas mãos do Conselho Curador ao qual são submetidas a proposta e a execução orçamentária da entidade (ac. n 108-06.234/00 no DOU de 14-11-00). 8.5 INSTITUIÇÕES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL O art. 150 da Constituição Federal veda instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços das instituições de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei. O art. 14 do CTN fixou requisitos, mas o art. 12 da Lei 9.532/97 fixou outras condições. Enquadram-se como entidades de assistência social os orfanatos de menores, os asilos de velhos, as santas casas de misericórdia e outras entidades que atendem pessoas carentes de recursos financeiros. Não estão enquadradas como imunes as entidades que abrigam os velhos só mediante remuneração. O art. 2 do Decreto n 2.536, de 06-04-98, dispõe que considera-se entidade beneficente de assistência social, para os fins deste Decreto, a pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, que atue no sentido de: I. proteger a família, a maternidade, a infância, a adolescência e a velhice; II. amparar crianças e adolescentes carentes; III. promover ações de prevenção, habilitação e reabilitação de pessoas portadoras de deficiências; IV. promover, gratuitamente, assistência educacional ou de saúde; V. promover a integração ao mercado de trabalho. 8.6 ENTIDADE FILANTRÓPICA OU DE UTILIDADE PÚBLICA O reconhecimento como entidade filantrópica ou de utilidade pública não tem relação com a imunidade ou isenção de impostos. O reconhecimento é necessário para recebimento de subsídios públicos. Um orfanato de menores não reconhecido de utilidade pública não recebe verba pública mas é imune do imposto de renda sobre o patrimônio e a renda, desde que observe os requisitos da lei. Na esfera federal, o reconhecimento como entidade de utilidade pública é feito através do Ministério da Justiça e não do Ministério da Fazenda como muitos supõem. O Decreto n 2.536, de 06-04-98, que disciplinou a concessão do certificado de entidade de fins filantrópicos, enumera em seu art. 3 os requisitos que a entidade beneficente de assistência social deve observar cumulativamente. Uma das condições é aplicar 20