CARACTERIZAÇÃO DO ÓLEO EXTRAÍDO DAS SEMENTES DE LARANJA, VARIEDADE PÊRA

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CARACTERIZAÇÃO DO ÓLEO EXTRAÍDO DAS SEMENTES DE LARANJA, VARIEDADE PÊRA Débora Maria Moreno 1 Neuza Jorge 2 RESUMO A finalidade deste estudo é caracterizar as sementes de laranja e o óleo extraído das mesmas, como aproveitamento de resíduos. Determinações da composição centesimal nas sementes foram realizadas como umidade, matéria graxa, proteína e cinzas. O óleo foi extraído com um extrator Soxhlet utilizando como solvente o éter de petróleo e sua caracterização foi realizada através dos seguintes métodos analíticos padrões: ácidos graxos livres, índices de peróxidos, saponificação e refração. O teor de óleo nas sementes de laranja, cerca de 42%, demonstrou que estas têm um bom potencial para aproveitamento industrial. Das características físicoquímicas analisadas até o presente momento, os resultados indicaram que o óleo possui semelhança com alguns óleos comestíveis, podendo ser uma nova fonte de óleos para o consumo humano. Outras determinações como composição em ácidos graxos e medida da estabilidade oxidativa deverão ser conduzidas. Palavras-chave: sementes, laranja, óleo, resíduos 1 INTRODUÇÃO Um dos problemas enfrentados pelo Brasil é o desperdício em todos os segmentos da linha produtiva de alimentos, compreendendo desde o cultivo de frutos até o produto acabado, pronto para o consumo. Encontrar alternativas que ajudem a minimizá-lo constitui um desafio não só para o governo como para a sociedade (Machado, 2001). Recentemente, uma maior atenção vem sendo dada para a utilização de subprodutos e resíduos do processamento de alimentos. Obviamente, esta utilização contribuiria para aumentar as fontes viáveis de matéria-prima, desenvolver novos produtos alimentícios, além de evitar os problemas que a deposição desses resíduos pode provocar (El-Adawy & Taha, 2001). 1 Nutricionista pela Universidade do Sagrado Coração - USC 2 Profª Drª do Departamento de Engenharia e Tecnologia de Alimentos, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista. Rua Cristóvão Colombo, 2265 - Jardim Nazareth. CEP 15054-000 - São José do Rio Preto - SP. E-mail: njorge@ibilce.unesp.br 488

A laranja é um dos frutos cítricos mais cultivados em algumas regiões do mundo. Geralmente, a fruta é consumida in natura ou processada para a obtenção de sucos de laranja, enquanto que as sementes são descartadas. Em estudos realizados com estas sementes, Akpata & Akubor (1999), observaram que o óleo continha alta quantidade de ácidos graxos insaturados e que quando refinado poderia ser utilizado na formulação de óleos comestíveis. As sementes de citros contêm 28 a 35% de óleo, 40 a 49% de farinha e 23 a 25% de casca. O óleo é composto fundamentalmente por triglicerídios (> 95%) e, em menores quantidades, por ácidos graxos livres, hidrocarbonetos, esteróis e matéria não-gordurosa, isto é, limonina e naringina. A mais importante característica química do óleo da semente, sobre o ponto de vista nutricional, é a distribuição dos ácidos graxos. Os seis principais ácidos graxos são: palmítico, palmitoléico, esteárico, oléico, linoléico e linolênico (Nagy et al., 1977). Este projeto tem como objetivo caracterizar as sementes de laranja, variedade pêra, visando o melhor aproveitamento dos resíduos e estudar o óleo extraído dessas sementes para conhecer algumas de suas propriedades físicas e químicas, para possível aplicação desses óleos. 2 MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Material As frutas maduras, da variedade pêra, foram provenientes do CEASA (Centrais de Abastecimento de São José do Rio Preto S/A). As laranjas foram cortadas pela metade e as sementes foram retiradas manualmente e, em seguida, lavadas ligeiramente com água destilada para remover restos de polpas e açúcares solúveis provenientes das frutas. As sementes foram colocadas em estufa a 40 o C para redução do teor de umidade em torno de 10%. Em seguida foram armazenadas em recipientes plásticos, vedadas com tampas de rosca e devidamente rotuladas, para análises posteriores. 2.2 Métodos de análises Todas as determinações analíticas foram realizadas em triplicata. 2.2.1 Composição centesimal das sementes Umidade e Matérias voláteis, por aquecimento a 105ºC em estufa de ar forçado até atingir peso constante, de acordo com o Método AOCS Ai 2 75 (1993). Matéria Graxa, por extração com éter de petróleo 40-60ºC sobre as sementes secas e moídas empregando extractor Soxhlet, de acordo com o Método AOCS Ai 3 75 (1993). 489

Proteína (Nx6.25), pelo Método de Kjeldahl de acordo com o método descrito pela AOAC 984.13 (1995) empregando catalisador sulfato de cobre. Cinzas, por calcinação a 550 o C de acordo com o Método AOCS Ba 5a-49 (1993). Carboidratos e Fibras, por diferença. 2.2.2 Estudo do óleo extraído das sementes Ácidos graxos livres, porcentagem de ácidos graxos livres que um óleo contém, expressos como ácido oléico. Foi utilizado o método AOCS Ca 5a-40 (1993). Índice de peróxidos, miliequivalentes de oxigênio ativo contidos em um quilograma de óleo, calculados a partir do iodo liberado de iodeto de potássio, operando nas condições indicadas no método proposto pela AOCS Cd 8-53 (1993). Índice de saponificação, definido pela quantidade em miligramas de hidróxido de potássio necessária para saponificar 1 grama de óleo ou gordura. O material é saponificado por destilação ao refluxo com solução alcóolica de hidróxido de potássio em excesso. A quantidade de álcali consumida é determinada por titulação com ácido clorídrico mais fenolftaleína. O índice de saponificação é inversamente proporcional ao peso molecular médio dos ácidos graxos dos glicerídios presentes. Foi utilizado o método recomendado pela AOCS Cd 3c-91 (1993). Índice de refração, é característico para cada tipo de óleo, ou seja, está intimamente relacionado com o seu grau de saturação, mas é afetado por outros fatores tais como teor de ácido graxos livres, oxidação e tratamento térmico. Empregou-se o método proposto pela AOCS Cc 7-25 (1993), mediante refratômetro de Abbe. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 apresenta a composição centesimal das sementes de laranja, expressa em porcentagem. Dentre os componentes analisados, observa-se elevado teor para lipídios, com valor de 42%. Em estudos realizados por Souza Júnior (1974), Nagy et al. (1977) e Romero et al. (1988), encontraram 24, 28-35 e 32,25% de teores lipídicos para as sementes de laranja, respectivamente. Esses valores são inferiores ao obtido neste estudo (42,05%). Esta diferença pode ser explicada devido às variações de obtenção das sementes, nos diferentes métodos empregados para a extração dos lipídios e nas variedades da laranja. 490

Tabela 1 - Composição centesimal das sementes de laranja, variedade pêra. Componentes (%) Sementes de Laranja Umidade 6,83 Proteínas 12,32 Lipídios 42,05 Cinzas 2,56 Carboidratos e fibras (por diferença) 36,24 As características físico-químicas do óleo extraído das sementes de laranja estão apresentadas na Tabela 2, cujos resultados foram obtidos das análises de ácidos graxos livres (% de ácido oléico), índices de peróxidos (meq kg -1 ), de saponificação (mg KOH g -1 ) e de refração (40 o C). Tabela 2 - Características físico-químicas do óleo de sementes de laranja, variedade pêra. Características Óleo de Laranja Ácidos graxos livres (% ácido oléico) 1,09 Índice de peróxidos (meq kg -1 ) 2,59 Índice de saponificação (mg KOH g -1 ) 187,0 Índice de refração (40 o C) 1,4655 O valor de ácidos graxos livres encontrado foi de 1,09%, valor inferior aos obtidos por Nagy et al. (1977), que encontraram valores entre 1,35 a 2,18% para diversas variedades de laranja. O índice de peróxidos obtido foi de 2,59 meq kg -1, indicando já a presença de peróxidos. Observa-se que para o índice de saponificação encontrado foi de 187,0 mg KOH g -1, inferior aos valores encontrados por Nagy et al. (1977), cujo valor foi de 192,0-197,5 mg KOH g -1 ). O valor do índice de refração está de acordo com o encontrado por Nagy et al. (1977) em estudos com diversas variedades de laranja (1,4608-1,4714) e coerente com o valor encontrado por Kobori & Jorge (2003), que encontraram 1,4651 à temperatura de 40 o C. 491

4 CONCLUSÕES A composição centesimal das sementes de laranja mostrou uma maior quantidade de lipídios em relação aos outros componentes analisados. O teor de óleo nas sementes de laranja, cerca de 42%, demonstra que estas têm um bom potencial para aproveitamento industrial. Das características físico-químicas analisadas até o presente momento, os resultados indicaram que o óleo possui semelhança com alguns óleos comestíveis, podendo ser uma nova fonte de óleos para o consumo humano. Outras determinações como composição em ácidos graxos e medida da estabilidade oxidativa deverão ser conduzidas. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AKPATA, M. I.; AKUBOR, P. I. Chemical composition and selected functional properties of sweet orange (Citrus sinensis) seed flour. Plant Foods Hum. Nutr., v. 54, p. 353-362, 1999. AMERICAN OIL CHEMISTS SOCIETY. Official methods and recommended practices. 4 th ed., v. 3. Champaign, 1993. ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Oficial and Tentative Methods of the AOAC International. Ed. P. Cunniff. Maryland, 1995. EL-ADAWY, T. A.; TAHA, K. M. Characteristics and composition of different seed oils and flours. Food Chemistry, v. 74, p. 47-54, 2001. KOBORI, C. N.; JORGE, N. Caracterização dos óleos extraídos das sementes de laranja e maracujá como aproveitamento de resíduos industriais. CD Room do VIII Encontro Regional Sul de Ciência e Tecnologia de Alimentos, 2003. MACHADO, H. Desperdício - buscar soluções é o desafio, 2001. Disponível em: <http://www.agridata.mg.gov.br/painel/paidesperdício.htm>. Acesso em: 20 mar. 2001. NAGY, S.; SHAW P. E.; VELDHUS, M. K. Citrus Science and Technology. Westport: Avi publishing company, 1977, v. 1, p. 286-287. ROMERO, F.; DOBLADO, J.; COTA, J. Characterization of bitter orange (Citrus aurantium L.) seed oil. Grasas y Aceites, v. 39, n. 6, p. 353-358, 1988. SOUZA JÚNIOR, A. J. Considerações sobre o aproveitamento das sementes de citros. Bol. Inst. Tecnol. Alim., Campinas, n. 39, p. 3-24, set. 1974. 492