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PROJETO Parceiros estratégicos

Danie Ravioo - Júio Lira - Karina Mota ENSINANDO E APRENDENDO COM O JORNAL ESCOLAR REDE JORNAL ESCOLA 2006

Redação: Danie Ravioo, Júio Lira e Karina Mota Capa e Editoração eetrônica: Caros Machado Direitos autorais: COMUNICAÇÃO E CULTURA Rua Castro e Siva, 121 60030-010 Fortaeza PABX (85) 3231.6092 comcutura@comcutura.org.br 1ª edição 2000 2ª edição revisada 2001 3ª edição revisada 2006 CIP-Brasi. Cataogação-na-fonte. RAVIOLO, Danie. LIRA, Júio. MOTA, Karina Ensinando e aprendendo com o jorna escoar / Por Danie Ravioo, Karina Mota e Júio Lira - 3ª edição revisada - Fortaeza-CE: Comunicação e Cutura, 2006. 1.Afabetização 2. Letramento 3.Jornaismo escoar 4.Projetos educativos de comunicação I. Títuo

Oprojeto Primeiras Letras foi criado pea ONG Comunicação e Cutura (Fortaeza) em 1998. Desde o ano 2003 ee está sendo disseminado nacionamente através da Rede Jorna Escoa. O objetivo do projeto é contribuir para a mehoria dos processos de ensino e aprendizagem e a formação cidadã das crianças e adoescentes, através da pubicação de jornais editados nas escoas de Ensino Fundamenta. A produção do jorna envove aunos e professores, sendo estes os responsáveis pea edição fina. O projeto resgata a função socia da escrita e propõe a inserção ativa das escoas na sociedade da informação. O jornaismo escoar é uma tradição que nasceu com o educador francês Céestin Freinet na década de 1920. Na origem do projeto no Ceará está a experiência reaizada pea professora Maruce Maia na escoa Paroquia do Triho, situada num bairro popuar de Fortaeza. Em 1995, a educadora aproveitou a oportunidade criada por um outro projeto do Comunicação e Cutura para dar início à pubicação do Jorna Popuar, com textos e desenhos de seus aunos. Os resutados foram exceentes de todos os pontos de vista, e motivaram a criação do projeto Primeiras Letras. Nesta pubicação apresentamos agumas recomendações inicias. Tratando-se de uma atividade eminentemente criativa, não duvidamos de que em pouco tempo as professoras e professores que abracem a idéia terão descoberto novas formas de utiizar o jorna escoar para mehor ensinar e... aprender!

Eu!... Trabahar com jorna escoar? A professora Aice hesitou bastante quando a convidaram a produzir um jorna escoar. Mais uma dessas novidades..., pensou com ceticismo; aém disso, como vou pubicar um jorna, se não sou jornaista?. Contudo, em pouco tempo, Aice descobriu que pubicar um jorna não era nenhum bicho papão, e - mehor ainda - que ee faciitava bastante o seu trabaho. Os aunos e aunas entendiam mehor a função socia da escrita e participavam mais, motivados pea pubicação de seus textos. Por outro ado, a própria Aice sentiu-se vaorizada e orguhosa peo seu trabaho. Nesta pubicação acompanharemos um pouco da experiência da professora Aice e conheceremos aguns exempos de conexão entre o projeto pedagógico e a produção de textos para o jorna. Aém disso, receberemos agumas recomendações práticas muito úteis. Tudo tirado da experiência! Lendo a apostia o professor(a) constatará que o jorna é uma ferramenta adequada aos propósitos educativos da escoa. Mais do que isso, descobrirá que fazer um jorna junto com seus aunos pode ser uma ótima oportunidade para seu próprio desenvovimento pessoa. E isso reamente importa!

O projeto pedagógico escohido pea escoa tratava do tema a importância da educação. Aice decidiu aproveitar a oportunidade para trabahar o gênero correspondência. Ea mostrou aos aunos dois tipos de carta, uma pubicada no jorna da cidade e outra, de tipo famiiar, que tinha recebido de uma tia do interior. Partindo destes exempos, debateu acerca da possibiidade de, por meio das cartas, manifestar pensamentos, sentimentos e participar da vida púbica. Para animar a conversa, a professora Aice perguntou se aguém na saa já havia escrito aguma correspondência. Propôs em seguida que todos escohessem uma pessoa para quem gostariam de escrever a respeito da importância da educação. Foi um avoroço... Cartas para mães, amigos e Papai Noe! Ao fina da atividade os aunos eram suas cartas. Após debate, de comum acordo foram seecionadas para o jorna cartas que agumas crianças tinham escrito para coegas fora da escoa. Aice, junto com a turma, providenciou o envio das demais, utiizando enveopes e expicando para as crianças como preenchê-os. As crianças perceberam os eementos básicos do processo de comunicação (sujeito, receptor e mensagem); expressaram sua afetividade, bem como seus pontos de vista. No debate para escoher as cartas que seriam pubicadas, agiram como verdadeiros cidadãos, para uma finaidade de bem comum. O exercício serviu também para estimuar a inteigência emociona. Resutados Carta Coega Joãozinho, Estou he escrevendo pois fiquei com muita pena porque você deixou de estudar, e agora o que vai ser do seu futuro? Coega, sem estudo jamais poderá ser aguém ou arranjar um emprego até mesmo de pedreiro vai ser muito difíci por isso pense, você está agindo muito errado, vote para a escoa e deixe de ser menino de rua, todos daqui esperamos que você vote. Abraços. Texto escrito na primeira pessoa (do singuar ou pura) com o objetivo de estabeecer uma comunicação direta com o destinatário ou os destinatários. A carta pode ser dirigida tanto para pessoas conhecidas, como para autoridades. Sua função socia também se caracteriza pea diversidade: é meio de expressão de afetividade, opiniões, protestos etc. Querido amigo Júio, Por que você abandonou a escoa? Você não gostava das professoras ou dos aunos? Se você quiser votar venha que nós todos estamos esperando. Não esqueça que nós somos seus amigos e seus irmãos na aegria, na tristeza, na doença e nas coisas que você precisa. Já que você tem uma mãe que não iga para você, não se esqueça de nós. Me descupe, eu estou faando tudo isso porque eu gosto de você, não quero ver você sofrendo que nem outros meninos e meninas. Receba esta carta com muito amor de sua grande amiga. Edinada, 2ª série B Juiana 2ª série B 8 Ensinando e aprendendo com o jorna escoar

DE OLHO NO BAIRRO Em nosso bairro acontecem muitas coisas; coisas boas e ruins, é caro. Mas um dos acontecimentos mais importantes foi a vinda da água para dentro de nossas casas através da CAGECE. A água da CAGECE vai nos proporcionar mehores condições de vida, o que era priviégio para aguns, agora podemos também usufruir desse bem. Aém disso outros mehoramentos também chegaram ao nosso bairro como: reforma nas Escoas, mehorias no caçamento e na iuminação das ruas. Isso, acredito que foi só um começo, pois, precisamos de muito mais: segurança, postos de saúde, creches... Precisamos de mais trabaho, de mais empenho para fazer o nosso bairro crescer. Adriana Pereira de Ameida. Tia Socorro SA II Manhã. Durante as reuniões de panejamento, os professores comentavam sempre a necessidade de se aproximarem da vida da comunidade. A professora Aice decidiu trabahar essa questão por meio de textos opinativos dos aunos. De início ea conversou com seus aunos, soicitando que apresentassem os probemas do bairro. A seguir Aice propôs a redação de textos sobre o assunto. Ea expicou que primeiro se deve apresentar a situação, deixando para dar a opinião depois. Para reforçar, eu um pequeno artigo de opinião pubicado no jorna oca. Aice dividiu os aunos em grupos e soicitou que apontassem, por escrito, aguma coisa do bairro que ees acham injusta ou errada. Também pediu para fazerem desenhos. Após o momento da redação, os aunos apresentaram e debateram seus textos com os coegas. Entre todos, escoheram aquee que seria pubicado no jorna. Aice ainda os orientou a fazer um mura com o títuo De oho no bairro, no qua todos os trabahos foram expostos. Opiniao ~ Texto através do qua o autor expõe seus pensamentos acerca de um tema. Em gera, a opinião é composta de uma introdução na qua se apresenta uma situação, seguida de argumentação demonstrando um ponto de vista. Normamente o artigo de opinião é finaizado com uma proposta ou uma refexão. Resutados Com essa atividade as crianças sentiramse responsáveis por sua comunidade. Isto nunca tinha acontecido antes, disse um dos pais; achei muito positivo meu fiho se interessar peo bairro. A professora Aice avaia que os aunos associaram a escrita à ação socia pea mehoria de quaidade de vida. Aém disso, notou que o exercício ajudou as crianças a manifestar seus pensamentos com ógica e coerência. Ensinando e aprendendo com o jorna escoar 9

Como forma de engajar seus aunos na campanha contra a Dengue, que ameaça a saúde dos moradores do bairro, a professora Aice decidiu trabahar anúncios educativos. Após faar sobre a epidemia, ançou aos aunos a idéia que competassem a seguinte frase: se eu pudesse eu diria às pessoas da minha comunidade que... Aice sintetizou as discussões mostrando a reevância das mensagens imaginadas e a importância da circuação de idéias. Disse para a turma que muitas pessoas usam os anúncios para apresentar suas idéias. Para iustrar, mostrou aguns modeos de pubicidade educativa. Ao perceber que os aunos tinham entendido bem o assunto, Aice soicitou que cada um produzisse um anúncio contra a Dengue, com texto e desenho. Quando os anúncios ficaram prontos, os aunos organizaram uma exposição e escoheram o mehor para ser pubicado no jorna. Fiquei surpresa!, disse Aice. Ees ficaram muito concentrados. Anúncio Educativo Gênero que tem como objetivo conscientizar ou informar os eitores sobre determinado assunto. Sua principa característica é o poder de síntese: com poucas paavras e imagens deve seduzir os eitores. Resutados Os aunos se sentiram participantes de uma uta pea saúde comunitária. Ees entenderam o princípio da comunicação de massa, bem como características da comunicação apicada à pubicidade. As produções das crianças foram exceentes, avaia a professora. Ees conseguiram expressar suas idéias através de formas muito simpes. 10 Ensinando e aprendendo com o jorna escoar

Pano de Emergência Estamos enfrentado mais um ano de seca, e também um ano de muitos trabaho. Nossos pais trabaham muito para sustentar a famíia. Exempo: Cortam capim, brocam, fazem cerca, cacimbões e outros. Ganham 90 reais por mês. Onde temos famíias que tem 10 pessoas. Pensando no projeto mensa dos cicos, que tratava do mundo da comunicação, a professora Aice provocou um debate sobre os tipos de noticiários que os aunos já haviam visto. Em seguida mostrou o grande trunfo do dia: uma caixa de papeão imitando uma TV. Com os meninos encantados, ea apresentou a proposta de fazer um jorna teevisivo de faz-de-conta. Cada um dees deveria investigar um fato novo da escoa ou da sua vizinhança, descobrindo o que aconteceu, onde e quando aconteceu. No dia seguinte, Aice soicitou que cada um dees escrevesse sua notícia. Ea ficou bem atenta tirando dúvidas e apresentado sugestões e questionamentos reativos à reescrita e à revisão. Depois aconteceu a apresentação do teejorna, com grande sucesso. Para terminar a atividade, a professora Aice organizou uma pequena votação, para os aunos escoherem as notícias que seriam pubicadas no jorna da escoa. Resutados Notícia Este gênero se caracteriza como um registro objetivo dos fatos; o autor procurando passar mais informações do que opiniões. Na notícia o jornaista procura responder agumas perguntas cássicas: o que aconteceu? por que, como, quando e onde aconteceu? quem está envovido? O fato de eaborarem uma notícia sobre a escoa ou a comunidade evou os aunos a conhecer mehor o mundo em que vivem. Ao buscar informações para escrever uma notícia, os aunos puderam reaizar uma pequena pesquisa, base da construção de quaquer tipo de conhecimento. A escoha peos aunos das matérias que seriam pubicadas no jorna evou-os a refetir sobre a importância dos meios de comunicação. Ensinando e aprendendo com o jorna escoar 11

O primeiro cico estava engajado num projeto referente à situação da criança. A professora Aice decidiu trabahar sobre o Estatuto da Criança e do Adoescente com seus aunos, utiizando desenhos. Ea procurou na bibioteca da escoa um exempar do Estatuto e partiu para o desafio de tornar essa ei ago de fáci compreensão. Aice iniciou a conversa com a turma a partir da questão: De que uma criança precisa para ser feiz? Ao comentar as respostas, fez associações aos direitos da criança e, em seguida, istou-os no quadro. Deu continuidade ao debate com a pergunta: O que uma criança pode fazer para tornar os outros feizes em casa, na escoa...? Ea associou as respostas aos deveres da criança e novamente os istou no quadro. Em seguida sugeriu que os aunos, em dupas, iustrassem aguns dos direitos e deveres da criança. Aice estimuou as crianças a exibirem as iustrações em um mura e a seecionarem aqueas que iriam para o jorna. Junto com a turma, refetiu sobre os acordos (direitos e deveres) que são feitos ao ongo dos tempos para que as pessoas convivam mehor, e faou ainda como, muitas vezes, as crianças têm seus direitos desrespeitados. Encerrou a aua apresentando o estatuto para seus aunos. Iustraçao ~ Imagem utiizada peo jorna na forma de fotografia, desenho, caricatura ou charge. Direitos da criança Lazer Famíia Educação Moradia Saúde Deveres da criança Resutados A atividade possibiitou a refexão sobre os fundamentos do conceito de cidadania, com um debate sobre responsabiidades e direitos das crianças. Não jogar ixo no chão Chegar cedo à escoa Não riscar as paredes da escoa A turma teve eementos para entender e se posicionar criticamente quanto à situação das crianças no Brasi e no mundo. Respeitar a professora e os coegas Prestar atenção à aua Aunos 2º Cico 12 Ensinando e aprendendo com o jorna escoar

O projeto escoar daquee mês tinha por tema a importância da iteratura. A professora Aice pensou que um gênero interessante para ser trabahado em saa de aua seria o conto, que é mais curto e que prenderia a atenção da turma. Seecionou para tanto um dos contos de que ea gostava, para ser ido para a turma. A eitura foi prazerosa, pois Aice tem o dom de fazer com que as crianças imaginem mi cenas à proporção em que ê. Em seguida debateu com as crianças um pouco da história do autor e o conto. Cavao de pau Era uma vez uma menina que não tinha brinquedos. E nem com quem brincar, ea vivia triste, mas um dia ea foi para a escoa e a professora ensinou a fazer um cavao de pau, ea aprendeu e fez um, ea morava numa favea e as outras crinaças também não tinham brinquedos. Ea ensinou para eas aprenderam e fizeram. Então, todas as crianças da favea agora tinha um brinquedo, eas ficaram muito feizes. E viveram feizes para sempre. Para estimuar a imaginação de seus aunos, Aice pediu que cada um reescrevesse a estória com um fina diferente, iustrando-a à sua maneira. Resutados Ao fina da aua, soicitou aos aunos que apresentassem o texto e a iustração para o restante do grupo. Aice comentou o vaor das diferentes souções criadas peos pequenos escritores. Um trabaho foi seecionado para ser pubicado no jorna da escoa. Maria, 5ª série B Conto: Texto que tem por objetivo narrar uma história que, em gera, é fictícia. Neste gênero não se tem uma preocupação informativa, diferenciando-se desta forma da notícia. A atividade permitiu que as crianças se aproximassem à iteratura narrativa, despertando neas a vontade de er e escrever contos. Possibiitou ainda que eas trabahassem a coerência e a ógica, ordenando causas e conseqüências dos acontecimentos, bem como estimuou a criatividade e a percepção do vaor da imaginação. Ensinando e aprendendo com o jorna escoar 13

A seeção dos textos Numa oportunidade, Aice seecionou para pubicação o texto de uma criança que tinha sofrido sérias queimaduras num acidente doméstico. Ea expicou à turma que achava que a menina merecia o reconhecimento, porque apesar da adversidade continuava na escoa. Os coegas apoiaram esse ponto de vista com uma sava de pamas. Eu sabia que o texto não era o mehor da saa, mas a menina precisava evantar o mora, porque estava bastante abaada, comenta a professora. Após ter sua matéria pubicada ea mehorou muito sua integração e participação. Resutados como esse surgem do reconhecimento que a própria criança e as pessoas que a cercam fazem de seu trabaho, quando pubicado no jorna. Por isso, nem sempre é conveniente pubicar o mehor texto da aua. Pubicar trabahos de aunos que precisem de apoio especia por quaquer circunstância é uma boa estratégia. Minha matéria não saiu Entretanto, a quantidade de textos que podem ser pubicados no jorna é imitada, por fata de espaço. Está aí um grande risco. Se não forem tomadas agumas precauções, um projeto que deveria aumentar a auto-confiança pode vir a ter efeito contrário, com os aunos sentindo-se frustados e preteridos. Um caso iustra bem este risco: no dia da distribuição do jorna, as crianças avançaram procurando seus exempares. Tiago, um garoto de 9 anos, foheou e imediatamente rasgou o jorna em mi pedaços. Estava furioso porque o seu desenho não tinha sido pubicado. O que fazer para aproveitar o jorna no reforço da auto-estima dos aunos, evitando frustrações? Veja agumas dicas ao ado. Dicas Sempre que possíve é recomendáve trabahar textos coetivos que, aém de proporcionarem a sociaização do grupo, representam toda uma turma no jorna. A professora pode promover dinâmicas para que os aunos escoham ees mesmos os textos a serem pubicados, seja através de debate ou até de eeição. O educador pode escoher ee mesmo um texto, mas sempre expicando seus motivos. Um bom exempo é quando escohe um trabaho de um auno que tem mehorado muito e, por isso, merece ser reconhecido. Obviamente é necessário evitar que sejam sempre os mesmos aunos que tenham seus trabahos pubicados no jorna. O professor deve ficar atento para dar oportunidades a todos. Os trabahos não veicuados no jorna podem ser vaorizados em outros espaços, como murais, caixas de recados, correios etc. 14 Ensinando e aprendendo com o jorna escoar

Erros em debate O menino e seu navio Era uma vez um menino seu navio. Ea saia para pesca e na serto dia o navio afundou e o minino quaze que ia se aogou. Pedro, 1º cico O menino e seu navio Era uma vez um menino e seu navio. Ea saía para pescar e certo dia o navio afundou. O menino quase se afogou. Pedro, 1º cico Dicas Pubicar ou não textos com erros? Eis uma questão que agita muitas escoas. A professora Aice sustenta que o fato de os textos terem visibiidade púbica no jorna é um ótimo estímuo para os aunos vaorizarem a revisão, sobretudo através de trabahos coetivos em saa de aua. Porém ea sabe que a revisão é uma situação didática. Quando são trabahados textos de aunos que apenas começaram a escrever, o importante é focar a revisão nas questões de coerência e coesão. A revisão dos erros ortográficos irá ganhando importância à medida em que o professor sentir que o auno consegue expressar seus pensamentos de forma ógica. Mas como seguir essa recomendação quando sabemos que os erros dos aunos são idos peos famiiares e pea comunidade escoar? Será que os próprios aunos não gostariam de apresentar textos impecáveis e, para tanto, de receber a ajuda dos professores? Por outro ado, qua é o imite da revisão para os aunos se identificarem com suas matérias e serem reconhecidos como autores? O importante é que os professores tenham consciência tanto do potencia do jorna escoar para o aprimoramento da redação, através da revisão, como do risco de se cometer excessos que desvirtuem os textos dos aunos, inventando uma capacidade de expressão escrita inexistente. Em todo caso é prudente informar aos eitores sobre a natureza da pubicação, inserindo uma mensagem como a seguinte: Este jorna pubica textos de aunos em fase de afabetização. Seja toerante com eventuais erros. A professora escreve na ousa o(s) texto(s) escohido(s) para representar a saa no jorna. Conversa sobre a importância do jorna, sobre a opinião que os eitores terão do trabaho da escoa e da saa de aua. Propõe que todos juntos façam a revisão do texto. A seguir soicita que aguém eia em voz ata. Os aunos interrompem a eitura a medida em que descobrem erros ou têm sugestões a fazer. Ensinando e aprendendo com o jorna escoar 15

Formando eitores Uma agitação percorre as carteiras. Os aunos se impacientam, não querem aguardar sua vez. Um ou outro grita Aqui, aqui!. Outros esticam o braço. A professora Aice procura acamar os mais afoitos. É o jorna escoar sendo distribuído. Dicas HABILIDADES NA LEITURA DE TEXTO JORNALíSTICO (*) O momento em que o jorna é distribuído em saa de aua é mágico, disse Aice. Dá gosto ver os aunos tão interessados pea eitura. De fato, os estudantes passam o jorna todo em revista, procurando novas matérias, autores conhecidos, assuntos poêmicos, recadinhos, avisos... Esta movimentação toda fez Aice procurar aproveitar mehor o interesse dos aunos, para mehor exporar o potencia do jorna. Ea se inspirou nas dicas ao ado. Reconhecer a configuração de um jorna: de que é feito um jorna? como as etras e páginas se arranjam? em que é diferente de um ivro? Identificar as diferentes partes do jorna: o que são matérias? o que é expediente? o que é prestação de contas? Identificar diferentes tipos de texto: quem é capaz de encontrar a notícia? e recadinhos? e pubicidade? Identificar diferentes funções dos textos: para que serve uma notícia, uma pubicidade, o expediente? Para que serve a manchete? por que ea tem as etras maiores? Reacionar textos a seus eitores: para quem determinado texto foi escrito? a pessoa que escreveu queria se comunicar com quem? Locaizar e retirar informações: o que este texto nos informa? Fazer perguntas específicas, reacionadas a um ou outro aspecto do texto. Compreensão goba de um texto: de que trata esta matéria? Sintetizar informações: como você contaria essa história em poucas frases? Identificar causas e conseqüências de fatos: como isto começou? isso vai parar por aí ou vai ter conseqüências? (*) Texto de referência: Leitor de jorna, perspectiva metodoógica, Leiva de Figueiredo Viana Lea, Revista Presença Pedagógica, Maio/Junho 1996. 16 Ensinando e aprendendo com o jorna escoar

Com a paavra, as crianças O jorna escoar é uma ferramenta que se presta bem para o aperfeiçoamento da oraidade. Quem não gosta de comentar a notícia que eu? Quem nunca eu em voz ata uma notícia que achou interessante? Quem nunca participou de uma poêmica envovendo informações veicuadas peos meios de comunicação? Trabahar a oraidade com as crianças é permitir que eas vivam situações de expressão que os cidadãos adutos já vivem, observa a professora Aice. As matérias presentes no jorna da escoa são bons motivos para as crianças faarem sobre si, reatarem suas experiências, externarem suas opiniões e, principamente, debaterem sobre o que pensam e sentem... Mesmo antes de escrever a criança já pode conversar sobre assuntos que fazem parte do dia-a-dia do seu bairro, da sua cidade, do seu país. O auno pode participar da vida púbica na quaidade de sujeito sem perder a condição infanti. Cidadania deixa de ser a paavra já desgastada de tanto mau uso e passa a reuzir de tanta vitaidade. Dicas VOCÊ DECIDE O professor pode fazer do momento da escoha do texto que irá para o jorna exceente oportunidade de debate. Qua é a carta que vamos enviar para o jorna? Porque esse assunto e não ta outro? Com jeito, ee pode evar os aunos, mesmo os mais pequeninos e pequeninas, a terem consciência do pape formador da opinião púbica presente na comunicação. O nosso bairro ou nossa escoa está precisando de que tipo de matérias? pode ser uma pergunta chave. A preparação do texto, quando reaizado através de trabaho em grupo, é uma situação que fomenta nos aunos o hábito da troca de conhecimentos. Participar da seeção da matéria que irá para o jorna já é um exercício de cidadania, de vaorização do diáogo e da ógica presente nas argumentações. Ensinando e aprendendo com o jorna escoar 17

CONCLUSÃO QUE É UM INÍCIO Nas páginas desta cartiha a professora Aice guiou nossos passos, para mostrar-nos como, sem muito esforço, é possíve resgatar a função socia da escrita, a paixão pea eitura e, fundamentamente, tornar os momentos de aprendizagem mais prazerosos. Quem é a professora Aice? A professora Aice, que também poderia ter sido o professor Pedro, somos todos nós, profissionais da educação que acreditamos no potencia de nossos aunos e aunas, e sobretudo em nosso próprio potencia para inventar outras maneiras de ser e de viver. A pubicação do jorna escoar Primeiras Letras tem esse significado: um ato de criação que dá aos professores e professoras o direito de votar a ser criança, para descobrir novas opções, novas possibiidades e, no fina das contas, terminar a jornada com a satisfação do enriquecimento pessoa. Esta cartiha é o fruto do envovimento de muitas pessoas com essa idéia. A eas, nossos agradecimentos e o compromisso de trabaharmos para que mais e mais professoras e professores possam utiizar e desfrutar esta ferramenta que o projeto Primeiras Letras cooca a seu acance. 18 Ensinando e aprendendo com o jorna escoar

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