Potencialidades e oportunidades no subsector do café e do palmar



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Transcrição:

REPÚBLICA DE ANGOLA MINISTÉRIO DA AGRICULTURA INSTITUTO NACIONAL DO CAFÉ Potencialidades e oportunidades no subsector do café e do palmar (Diagnostico e guia/propostas para um programa de investimentos) Luanda, Março de 2013 INCA: Potencialidades e oportunidades no subsector do café e do palmar- guião para um programa de investimentos 1

Sumário 1. Apresentação ---------------------------------------------------------------------- 3 2. Responsabilidade institucional Instituto Nacional do Café ---------- 4 3. Estrutura produtiva da cafeicultura angolana, hoje --------------------- 5 4. Análise do ambiente interno e externo ------------------------------------- 6 4.1. Pontos positivos ------------------------------------------------------------- 6 4.2. Pontos de estrangulamento ---------------------------------------------- 7 4.3. Oportunidades --------------------------------------------------------------- 8 4.4. Ameaças ----------------------------------------------------------------------- 9 5. Estratégias de desenvolvimento ---------------------------------------------- 10 6. Áreas potenciais de investimento empresarial 11 7. Considerações finais - Fomento da cultura do palmar --------------------------------------------------------- 15 Considerações finais ----------------------------------------------------------------------- 16 Anexos ----------------------------------------------------------------------------------------- 17 INCA: Potencialidades e oportunidades no subsector do café e do palmar- guião para um programa de investimentos 2

Apresentação O presente trabalho apresenta, de forma resumida, o enquadramento do sector nacional da cafeicultura visando a elaboração de programas de investimento tanto público quanto privado. Para além da apresentação e objecto do Instituto Nacional do Café, sua principal actividade e projecção em todas as regiões produtoras, este documento contem igualmente, uma análise da estrutura produtiva na actualidade, consubstanciada numa produção maioritária das empresas cafeícolas familiares e inoperância da maioria das médias e grandes empresas, licenciadas para a actividade cafeícola. Uma análise do ambiente interno e externo é feita com o objectivo de guiar os decisores para tomadas de decisão baseadas na situação actual. No fim, são apresentadas as áreas onde o investimento privado, público público-privado, pode contribuir para o aumento do volume do café produzido com todos os benefícios daí decorrentes. Uma descrição das potencialidades da palmicultura nacional é igualmente apresentada neste documento. INCA: Potencialidades e oportunidades no subsector do café e do palmar- guião para um programa de investimentos 3

2. RESPONSABILIDADE INSTITUCIONAL O INSTITUTO NACIONAL DO CAFÉ E AS INSTITUIÇÕES DO SUBSECTOR O Instituto Nacional do Café (INCA) é o órgão de coordenação técnica e económica, dependente do Ministério da Agricultura, ao qual compete o acompanhamento e o controlo da actividade cafeeira, do palmar e do cacau em Angola. Tem a sua sede em Luanda e projecta-se a nível regional, consoante a especificidade da sua actuação, através de Departamentos Provinciais, Estações Experimentais, Brigadas Técnicas e Agências Certificadoras. Estações Experimentais Existem em Angola três Estações Experimentais do Café, nomeadamente a Estação Experimental do Uige, do Amboim e da Ganda que se dedicam à investigação e experimentação, por bioma, no domínio do café, do palmar e do cacau. As Estacões Experimentais, para além do estudo científico, têm por missão validar as tecnologias e conhecimento importado e recomendar a transferência de tecnologia. Nas suas acções de assistência técnica são apoiadas pelas Brigadas Técnicas e pelo Centro de Estudo do Quilombo, em N dalatando. Brigadas Técnicas São estruturas eminentemente executivas, que têm por objectivo apoiar os produtores, particularmente os camponeses isolados ou associados, em termos de assistência técnica. As Brigadas Técnicas estão instaladas junto ao produtor para garantir uma cobertura próxima e abrangente às áreas de exploração cafeícola e do palmar, possibilitando a transferência de tecnologias e conhecimentos afins. Agências Certificadoras São órgãos instalados junto aos portos de embarque de café aos quais compete proceder o licenciamento de café para exportação, emitindo os certificados de origem, qualidade, peso e fitossanidade, além da fiscalização dos embarques de café e dos armazéns dos exportadores. Compete-lhes ainda, classificar todos os lotes de café a serem exportados. Outras instituições públicas do sector compreendem: O Fundo de Desenvolvimento do Café (FDC) - órgão de apoio que tem por objectivo a gestão de recursos financeiros, para o financiamento bonificado de acções ligadas à produção, comercialização interna, reabilitação de infra-estruturas e formação de quadros. A Procafé e a Cafangol, empresas públicas do sector que se dedicam à comercialização interna, torrefacção, moagem e exportação de café. INCA: Potencialidades e oportunidades no subsector do café e do palmar- guião para um programa de investimentos 4

3. Estrutura produtiva da cafeicultura angolana, hoje A cadeia produtiva do café em Angola, caracteriza-se, na fase actual, por um ambiente de recuperação ténue das plantações e de toda a cadeia produtiva que, depois de anos de abandono, necessita de investimentos a todos os níveis da fileira. Por ser o café uma cultura perene, exigente quanto à imobilização de activos (especialmente maquinaria e equipamentos de beneficiamento) e com início da fase produtiva apenas de três a quatro anos após o plantio, o processo de recuperação produtiva é, muitas vezes, longo. Contudo, analisando os últimos 10 anos verifica-se que os volumes de produção têm aumentado de ano para ano como resultado dos esforços que se têm implementado tanto a nível da produção e assistência técnica como da comercialização e da industrialização. Na actualidade, a estrutura produtiva compreende cerca de 50 000 produtores inscritos. Deste universo, 98% representam explorações agrícolas familiares. Para melhor compreensão, apresentam-se os dados resumidos na tabela 1. Tabela nº 1: Regiões produtoras, classes e áreas cafeícolas em Angola Província Nº cafeicultores Área com café (ha) Total Exp. Agrícola Familiar Exp. Agrícola Empresarial Exp. Agrícola Familiar Exp. Agrícola Empresarial Cafeicult ores Área (há) Cabinda 1.530-2.601-1.530 2.601 Bengo 2.018 50 3.945 1.000 2.068 4.945 K.Sul 6.643 272 11.293 5.440 6.915 16.733 K. Norte 4.567-6.064-4.567 6.064 Uige 6.697 150 11.384 3.000 6.847 14.384 Benguela 730-1.190-730 1.190 Huambo 6.99-1.188-699 1.188 Bié 7.73-1.314-773 1.314 Malanje 390-530 - 390 530 Huila 370-490 - 370 490 TOTAL 24.889 472 39.999 9.440 25.361 49.439 Apesar do total da área explorada corresponder a cerca de 50 000 hectares, importa realçar que a área com café é de longe superior e atinge cerca de 550 000 hectares, registados em 1973. Daí se compreende o enorme potencial existente para a exploração cafeícola. Decorrente desta constatação é se sugerir que os investimentos a serem direccionados para a reabilitação das áreas abandonadas será rentável. Actualmente a produção de café está estimada em cerca de 12000 toneladas de café comercial, como mostram os dados da tabela 2. Tabela 2: dinâmica de produção (toneladas) ao longo dos anos Produção Ano (ton) 2002 4000 2003 4125 2004 4572 2005 5241 2006 5895 2007 6982 2008 7050 2009 9220 2010 10758 2011 13210 2012* 11950 *- ano de estiagem severa INCA: Potencialidades e oportunidades no subsector do café e do palmar- guião para um programa de investimentos 5

4. COMPETITIVIDADE DA CADEIA PRODUTIVA: ANÁLISE DOS AMBIENTES INTERNO E EXTERNO 4.1 Pontos positivos (potencialidades) Angola tem condições edafo-climáticas que permitem produzir tipos diferentes de café a extensão do país e os diferentes ambientes edafoclimáticos existentes propiciam a produção de praticamente todos os tipos de café produzidos no mundo, nomeadamente o café robusta e o café arábica. O país tem potencial para iniciar a trabalhar com blends para os mais variados mercados consumidores, a partir de matéria-prima local. Tradição camponesa na produção mesmo com preços supostamente nãoremuneradores o cultivo de café no país, praticamente em todas as regiões não só tem um cariz económico mas, à exemplo de muitos produtores, também cultural. A produção de café é feita não apenas devido ao rendimento mas também para satisfazer hábitos e costumes adquiridos ao longo de gerações, tornando sustentável o sistema produtivo e a longevidade da cultura como riqueza intrínseca no meio rural. O conceito do café como o meu banco - (vende-lo só em caso de necessidade) ainda é bem patente nos produtores familiares. Disponibilidade de terras aráveis para o cultivo do café e do palmar as antigas plantações de café, hoje abandonadas, possuem um ambiente propício para a revitalização da produção de café. É nestas terras, hoje improdutivas que se produziu o café que projectou Angola como 4º produtor mundial de café, num passado não muito distante. Nova geração de produtores Nas regiões de produção do café arábica, assiste-se a uma nova geração de produtores, jovens na sua maioria que vão se dedicando ao cultivo do café. Os resultados são o aumento gradual, mas firme, das áreas de cultivo e dos volumes de café arábica produzido. Como exemplo temos o fomento da cafeicultura nas regiões de Caluquembe, Ganda e Caconda, destacado pela capacidade de inovação e pelo desenvolvimento de tecnologias adaptadas à realidade das regiões mais frias e de maior altitude do país. Existência de uma cafeicultura baseada na sustentabilidade e qualidade A produção de café no país é feita sob sombra e sem uso de adubos e insecticidas minerais. Isto proporciona um potencial de sustentabilidade e qualidade, para além de se poder explorar os nichos de mercado existentes dado o cultivo de café biológico. Produção sem irrigação A condição de pluviosidade bem distribuída ao longo do ano, propicia aos produtores de café no país a possibilidade de produzir sem irrigação, com risco bastante reduzido. Produção de cafés de reconhecida qualidade internacional Os cafés produzidos no país têm reconhecimento internacional em termos de qualidade. INCA: Potencialidades e oportunidades no subsector do café e do palmar- guião para um programa de investimentos 6

Elevada potencialidade para a palmicultura Angola possui elevadas potencialidades para a produção de óleo de palma, desde as regiões do litoral até, no interior a altitudes de cerca de 600 metros. 4.2 Pontos de estrangulamento (fraquezas) Idade avançada das plantações de café e palmar - Há plantações antigas, com potencial produtivo comprometido, espaçamento muito largo, resultando em baixa produtividade por unidade de área. Em certos casos, as lavouras esgotadas, foram formadas por meio de mudas advindas de sementes, com limitada capacidade produtiva, deficiente maturação e qualidade dos frutos, principalmente se comparados aos tipos mais produtivos. Desarticulação dos circuitos de comercialização e dos mercados rurais o estrangulamento verificado no sistema de comercialização, que devia estar posicionado mais próximo do produtor, servindo de suporte a sua actividade e, ao mesmo tempo, garantindo a compra da produção, quando se impõe, antes da colheita pode ser uma das áreas de investimento. Desarticulação da fileira do palmar o sistema de produção, transformação e comercialização do óleo de palma é pouco expressivo em Angola. Convém reter que o país é u, grande importador deste bem alimentar dado os hábitos alimentares dos angolanos. Acesso restrito à tecnologia - A maior parte dos produtores, sobretudo os pequenos, não utiliza as tecnologias mais modernas disponíveis para a cafeicultura, especialmente no tocante ao processamento do café. Incipiente indústria de transformação de café - a quantidade de indústrias de torra e moagem existentes não respondem à demanda de café no país; dai a necessidade de, em certos casos, recorrer-se à importação de café para suprir as necessidades do consumo interno. Desconhecimento dos custos de produção - A grande maioria dos produtores, inclusive boa parte dos médios e grandes produtores, não dispõem de sistemas estruturados de controle de custos de produção. Por isso, não existem indicadores consistentes que possam avaliar (benchmarking) o desempenho dos produtores com relação aos variados factores determinantes da competitividade económica. A avaliação dos empreendimentos ainda é quase que estritamente baseada na produtividade por área, que é um indicador bastante importante, mas que, por si só, nem sempre espelha a competitividade económica do empreendimento. Sazonalidade na demanda por mão-de-obra - A produção de café apresenta picos muito fortes na demanda de mão-de-obra, principalmente nas operações agrotécnicas de colheita, capina e na poda. INCA: Potencialidades e oportunidades no subsector do café e do palmar- guião para um programa de investimentos 7

Pouca mecanização das operações culturais - O uso da mecanização, lá onde é possível, ainda não é uma realidade nas plantações cafeícolas nacionais, mesmo onde exista um claro potencial para a sua utilização. Deficiente infraestrutura de processamento pós-colheita a estrutura de processamento e secagem de café existente em todas as regiões necessita ser incrementada, para garantir os padrões de processamento e busca de maior qualidade do produto. Frágil integração entre os diferentes elos da cadeia - A grande maioria da relação comerciais entre os diferentes actores da fileira é pontual ou de curto prazo, devido a desestruturação dos circuitos de comercialização. Marketing institucional do café de Angola a ausência de marketing institucional do café de Angola tem dificultado a divulgação do potencial produtivo e da necessidade de se ter o café como uma riqueza potencial, capaz de contribuir grandemente na diversificação da economia. Deficiente infraestrutura de apoio ao fomento e à investigação as infraestruturas de apoio localizadas junto ao produtor desempenham um papel importante no desenvolvimento da actividade produtiva e transferência de tecnologias. 4.3 Oportunidades Preços de café e óleo de palma atractivos no mercado internacional regista-se actualmente um aumento dos preços do café no mercado internacional e é grande a procura de café angolano nos mercados europeu, norte-americano e do médio oriente Ambiente creditício no país acessível para o desenvolvimento da cafeicultura os actuais programas governamentais de crédito à actividade agrícola propiciam o desenvolvimento da cafeicultura e da palmicultura. Estradas nacionais e principais vias ferroviárias reabilitadas e operacionais a reabilitação e funcionalidade das vias de acesso das áreas de produção aos portos e centros de exportação é uma oportunidade para a comercialização e exportação do café produzido. Projecção de Angola a nível internacional o clima de paz e desenvolvimento de Angola, propicia o investimento na fileira do café e do palmar. Fomento, financiamento e/ou distribuição de pequenas estruturas de processamento de café a prática revela que para pequenos produtores, as unidades de processamento de pequeno porte, inclusive até lavadores manuais, têm grande potencial para a melhoria dos resultados económicos e da qualidade de vida dos produtores. INCA: Potencialidades e oportunidades no subsector do café e do palmar- guião para um programa de investimentos 8

4.4 Ameaças Posicionar Angola como fonte de cafés de qualidade Angola tem potencial para assumir uma posição de liderança na produção de café em Africa e no mundo, bem como diferenciar-se na produção de café de qualidade. Exemplos como o do café amboim podem ser aproveitados para o estabelecimento de programas de melhoria da qualidade do café angolano. Convénios para pesquisa conjunta com instituições especializadas a adopção de um sistema baseado em convénios com instituições especializadas (através da realização de trabalhos científicos com pesquisadores seniores) aumentaria os conhecimentos científicos sobre a produção e transformação as culturas do café, palmar e cacau. Posição geográfica de Angola Dentre os principais Estados da SADC, Angola, pela sua posição geográfica e também por produzir, tanto o café arábica quanto o café robusta, desponta como fornecedor potencial aos países da região, cujo vasto mercado pode absorver grande parte da produção com todas as vantagens daí decorrentes, dado o menor custo de transporte, entre outras. Aproveitar o potencial turístico de Angola como indutor do consumo do café Existem em Angola ricos destinos turísticos que num futuro próximo, acreditamos, terão um fluxo de turistas considerável. Servir ao público visitante café de boa qualidade, devidamente identificado como angolano e divulgado com orgulho representará uma grande oportunidade de divulgar o café angolano, nas regiões de origem dos turistas. Elevada importação de óleo de palma os hábitos alimentares dos angolanos integram um elevado consumo de óleo de palma. A deficiente produção deste produto obriga à uma elevada importação, daí a oportunidade para o investimento nesta cultura. É de frisar que o investimento na palmicultura proporciona um retorno rápido e com lucros consideráveis. Deficiente pesquisa cafeeira e adopção de tecnologias sem validação local o deficiente sistema de pesquisa cafeeira ameaça a competitividade da cafeicultura angolana ou, pelo menos, limitam a expressão de seu potencial. Elevados custos de produção o facto de toda a actividade de produção não ser mecanizada eleva os custos de produção com o emprego de mãode-obra, cada vez mais exigente em termos de remuneração. Índices elevados de importação de café a tendência na importação de cafés torrados, contrariando a produção local pode ser uma ameaça a considerar quando se compara a relação preço custos de produção. Índices elevados de importação de óleo de palma a elevada importação de óleo de palma de países como a Malásia, Indonésia e Singapura, entre INCA: Potencialidades e oportunidades no subsector do café e do palmar- guião para um programa de investimentos 9

outros, constituem uma ameaça à recuperação e revitalização da palmicultura. Subida dos preços dos factores de produção uma subida dos preços dos factores de produção, maioritariamente importados, apresenta-se como uma ameaça à produção de café e do palmar à nível nacional. Insuficiência de crédito Os projetos mais estruturados e mais competitivos são, normalmente de médios e grandes produtores de café que captam a quase totalidade do crédito. O crédito para a cafeicultura é insuficiente e o período de retorno muitas vezes não condiz com o ciclo da cultura. Para a cultura do palmar o crédito é inexistente. 5. ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO Aliada à actividade produtiva, o financiamento para o fomento da cafeicultura e da palmicultura no país passa, entre outros, pelo seguinte: (i) (ii) (iii) (iv) (v) (vi) (vii) Financiamentos direccionados à reabilitação das plantações abandonadas, com a entrada de novos e dinâmicos agentes produtivos e fortalecimento dos já existentes, visando a renovação das plantações e dos sistemas de produção; Financiamentos no âmbito da comercialização do café produzido, garantindo o seu escoamento para os mercados potenciais e/ou sua transformação; Financiamentos na cadeia de transformação com a instalação de fábricas de descasque, torra e moagem, liofilização e produção de produtos sucedâneos afins; Financiamentos no âmbito da pesquisa e experimentação visando a manutenção e ou elevação dos níveis de qualidade, garantindo a produção de cafés gourmet, atraindo nichos de mercado para beneficio dos produtores; Financiamentos ao sistema de marketing interno do café, como veículo de atracção de novos produtores, comerciantes, torrefatores, consumidores, entre outros; Financiamento ao fomento da palmicultura para produção de palmeiras, fábricas de extracção de óleo de palma e derivados com o objectivo de diminuir a importação e usar os excedentes para a produção de biodiesel, como projectado nas parcerias firmadas com a Sonangol EP e seus associados. Financiamentos no mercado de futuro com garantia do café a produzir, para permitir que o produtor possa realizar as operações agrotécnicas (capinas, podas e colheita). Estas janelas no sistema produtivo do café e do palmar são, como descritas logo a seguir áreas potenciais de investimentos que, uma vez relacionadas e estruturadas para um mesmo fim, podem alavancar o desenvolvimento do subsector do café e do palmar no país. 6- ÁREAS POTENCIAIS DE INVESTIMENTO O plano de médio prazo do INCA, contempla programas que aglutinam o relançamento da produção cafeícola em Angola através do aumento da área de cultivo, da melhoria da produtividade e qualidade, bem como da participação de mais produtores (pequenos, médios INCA: Potencialidades e oportunidades no subsector do café e do palmar- guião para um programa de investimentos 10

e grandes) na actividade cafeícola e no fomento do palmar, visando materializar os seguintes objectivos gerais: Aumento dos volumes do café produzido; Revitalização dos circuitos de comercialização das culturas do café e do palmar. Revitalização da indústria cafeícola e do palmar, (com a instalação de descasques, maquinaria de torra e moagem de café e produtos sucedâneos, bem como a instalação de maquinaria de extração de óleo de palma e derivados) tornando-as atractivas, rentáveis, eficientes e focalizadas na rentabilidade e competividade como motor do aumento da produção e melhoria da qualidade; Melhoria da metodologia de extensão rural e de assistência técnica ao produtor; Melhoria da qualidade dos cafés produzidos, através da dinamização da investigação e experimentação cafeícolas; Fomento da cultura do palmar e do cacau; A complexidade da estrutura produtiva do café oferece, no estádio actual de desenvolvimento interno, oportunidade de financiamento que, ao longo da cadeia, deverá possuir uma interligação passível de contribuir para a melhoria da actividade produtiva, da comercialização interna, da industrialização e da experimentação, investigação e assistência técnica. As estratégias de desenvolvimento para o sector do café, para o presente quinquénio, além dos aspectos de desenvolvimento institucional, contemplam a implementação de actividades, por região produtiva e por nível de cadeia como a seguir se resumem: 6.1. Reabilitação de plantações de café O enorme potencial existente tanto em área para cultivo quanto em condições edafoclimáticas, podem ser consideradas como razões bastantes para se investir na cafeicultura de média e grande proporção. Se considerarmos que mais de 50% das fazendas de médio e grande porte licenciadas/adjudicadas para a produção de café não produzem café, os investimentos nesta direcção seriam a mola impulsionadora da actividade. Actualmente, cerca de 400 mil hectares de terra, localizadas em áreas comprovadas como potencialmente boas para a produção de café, estão disponíveis e a espera de investimentos. Os estudos realizados indicam que a médio prazo (5 anos), com investimentos direccionados para a cafeicultura as produções de café podem atingir cerca de 50 000 toneladas de café comercial. 6.2. Produção de mudas de café e plantas sombreadoras A prática dos últimos anos, como resultado de projetos implementados, demonstrou que uma produção dedicada, de mudas de café e plantas sombreadoras, em grande escala, contribui para o aumento da densidade de plantas, o aumento das áreas de cultivo, o aumento do número de cafeicultores e, como consequência, das quantidades de café produzidos. 6.3. Assistência técnica e de gestão INCA: Potencialidades e oportunidades no subsector do café e do palmar- guião para um programa de investimentos 11

A assistência técnica ao produtor é das molas impulsionadoras para o desenvolvimento da actividade produtiva. Contudo, os produtores familiares ainda gerem as suas lavras sem distinguir o valor individual de cada uma das culturas que produz. Investimentos na área de gestão de empresas agrícolas, no caso específico do café e palmar como culturas industriais, criarão conhecimento para ajudar a produção. O investimento em programas do género poderá não apenas indicar tecnologias que visem aumentar a produtividade, mas também apurar os custos de produção, estabelecer metas e indicadores de desempenho que os tornem competitivos, dentro das condições vigentes no mercado. 6.4. Melhoria da qualidade do café Aliado ao programa de mapeamento e qualidade potencial do café nas províncias produtoras, o programa de melhoria da qualidade, compreende o fomento e financiamento à montagem de estruturas de processamento de baixo custo para pequenos produtores, podendo inclusive contemplar o fornecimento, para futuros produtores, de equipamentos individuais como despolpadores e lavadores manuais de café. 6.5. Zoneagem agroecológica e económica das regiões produtoras de café Entre as várias actividades, os investimentos neste âmbito visam: Identificar o grau de aptidão das regiões produtoras e, principalmente, regiões onde, nas condições actuais, a competitividade da cafeicultura é elevada. Identificar as áreas com aptidão para as quais devem ser direccionados os futuros programas de financiamento para implantação de novas cultivares, evitando a instalação de plantações em áreas marginais. Tal mapeamento indicará de forma mais clara as ações específicas a serem tomadas para incremento da competitividade da cafeicultura nas regiões mais aptas e/ou o seu resgate, nas regiões ora marginais, onde ainda haja potencial, bem como o estado das plantações para estabelecer qual a necessidade de sua renovação. As empresas de gerenciamento geográfico têm aqui uma oportunidade de investimento. 6.6. Fomento à industrialização e exportação do café O café produzido ainda é, maioritariamente exportado, mesmo assistindo-se a um aumento considerável do consumo interno. As poucas indústrias de torra e moagem de café existentes não representam ainda o potencial produtivo e a sua localização nem sempre esta nas regiões de maior produção. Pela capacidade produtiva e diversidade de variedades locais, o país tem potencial para a confecção de blends de cafés regionais e pode criar marcas de cafés competitivas no mercado internacional. Os estudos realizados indicam a necessidade de instalação de indústrias de torra e moagem (tabela3) baseada nos seguintes critérios: (i) volumes de café produzido, (ii) tipo de café produzido, (iii) aspectos culturais das populações locais em relação ao café, (iv) necessidade de criação de marcas locais de café. INCA: Potencialidades e oportunidades no subsector do café e do palmar- guião para um programa de investimentos 12

Os investimentos nesta cadeia, poderão no futuro facilitar a criação de grupos industriais privados de café, a exemplo do que acontece em muitas partes do mundo. Tabela 3 : Localização de futuras indústrias de torra e moagem de café Nº Local/província Qtidade de fábricas 1 K. Sul 6 2 K.Norte 4 3 Bengo 4 4 Uige 5 5 Cabinda 1 6 Huila 2 7 Benguela 2 8 Huambo 1 9 Bié 1 10 Luanda 8 6.7. Unidades de descasque de café Uma área de investimento a explorar prende-se com as unidades de tratamento pós-colheita do café. O potencial de investimentos, inclui o tratamento por via húmida e por via seca. A instalação de uma rede de descasques ao longo das províncias produtoras bem como fábricas de lavagem de café, pioneiras no período pós-independência, criariam condições para a produção de café de alta qualidade. A tabela a seguir mostra as possíveis regiões de instalação de tais unidades, por província e/ou região produtora. Tabela 4: necessidade em descasques e sua localização Nº Provincia Quantidade 1 K. Sul 29 2 K.Norte 15 3 Bengo 15 4 Uige 25 5 Cabinda 9 6 Huila 5 7 Benguela 6 8 Huambo 3 9 Bié 3 6.8. Marketing institucional do café de Angola Por produzir praticamente todos os tipos de café, Angola tem potencial para ser um fornecedor mais estratégico para os compradores, principalmente internacionais, do seu café. INCA: Potencialidades e oportunidades no subsector do café e do palmar- guião para um programa de investimentos 13

Há que se criar conceitos para os cafés de Angola, utilizando seus atributos principais, como, por exemplo, o perfil sensorial do café robusta amboim ou o café arábica da Ganda e a possibilidade de oferta, em grande escala, que se augura com os investimentos a serem feitos. Além disso, aspectos como a tradição de produção de café sombreado ou mesmo a riqueza cultural e natural das regiões produtoras têm grande potencial de sensibilização dos consumidores e mesmo para projetos de busca de reconhecimento de identidade geográfica. A divulgação da existência em Angola de cafés diferenciados, tais como o amboim, makokola, canjengo e os cafés orgânicos de qualidade, atrairia a demanda dos compradores de tais nichos, fazendo com que mais pequenos produtores, que não têm condições de ampliar a sua escala, tenham acesso a canais de venda de boa ou óptima remuneração para escoar a sua produção. Os investimentos neste segmento, teriam como base os conhecimentos do INCA aliados à divulgação do potencial do país e da região produtora em particular. 6.9. Pesquisa cafeeira As bases para uma pesquisa cafeeira de qualidade, adaptadas as condições locais estão criadas nas Estações Experimentais do INCA localizadas no Uíge, no Amboim e na Ganda, cada uma delas dedicada à investigação de um bioma específico de café. Investimentos visando a geração de tecnologias e sua devida validação local poderão ser direcionados nesta cultura através do apoio à pesquisa, formação de pesquisadores, capacitação e produção tecnológica. No início o financiamento à celebração de convénios com instituições que já detêm expertise nas diferentes áreas de pesquisa cafeeira pode ser a solução. 6.10. Fomento da cultura do palmar Apresentação e Contexto De uma forma geral, a situação actual da palmicultura caracteriza-se pelo envelhecimento da maioria dos palmares, com uma densidade de plantação muito baixa, um índice elevado de pragas e doenças e, finalmente, com carências nutricionais graves, contribuindo para a produtividade baixíssima, expressada em baixo peso dos regimes, baixa percentagem dos frutos normais nos regimes e baixa percentagem da polpa e do óleo no fruto. Isto tem consequências económicas graves se considerarmos a importância que a palmeira tem para as populações rurais. Atualmente, regista-se uma degradação progressiva da cultura da palmeira de dendém, que se reflecte não só na baixa da produção de 1500 a 2000 litros/ha de óleo que se produziram no período colonial, o país passou a uma produção de 200 a 300 litros por hectare - mas também pela perda progressiva da variabilidade genética. A capacidade de produção de óleo por hectare, a pouca exigência agrotécnica, bem como a versatilidade no uso do óleo de palma, facilitam a prática da palmicultura nos sistemas de produção praticados pelas nossas populações rurais. É deste modo que podemos encontrar a INCA: Potencialidades e oportunidades no subsector do café e do palmar- guião para um programa de investimentos 14

palmeira como cultura extreme, ou na maior parte das vezes, consociada com outras culturas, sobretudo com o café, nas principais regiões cafeícolas do país. Angola é dos poucos países da região onde existem ainda palmares naturais que se destacam pelo peso dos regimes, percentagem de óleo na polpa, resistência a pragas e doenças e pela resistência a seca, entre outros. Estas vantagens têm sido referenciadas por instituições prestigiadas como a Malaysian Palm Oil Board (MPOB) e pelo Centro Nacional de Recherche Agrícole (CNRA) da Cote D`Ivoir que possuem bancos de germoplasma, com mais de 20 hectares cada, de palmeiras oriundas de Angola. Por outro lado, e com a mesma finalidade, o Centro Nacional da Palmeira do Óleo da Colômbia (CENIPALMA) e a Indonesian Oil Palm Research Institut (IOPRI) importaram de Angola mais de 80 mil sementes da palmeira de dendém. É de referir que existem programas direccionados para a revitalização dos circuitos de produção e processamento de óleo de palma elaborados, onde se destaca o memorando (Sonangol e ENI) com a assistência técnica do INCA para a implementação, de um projecto Alimentos e biocombustíveis que visa a recuperação da palmicultura nacional, para fins alimentares e de produção de biocombustível. Entre outros programas destacam-se o programa para conservação de germoplasma e o programa de fomento e reabilitação da cadeia produtiva do palmar. Estes programas visam entre outros: Localização e levantamento de palmares abandonados; Determinação de variedades existentes e selecção de talhões, Capacitação de recursos humanos; Recuperação e fortalecimento de infra-estruturas, Aquisição de bens de apoio à actividade de campo; Recuperação de talhões para bancos de conservação genética; Acompanhamento, recolha e tratamento de dados. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho, emana das percepções dos agenteschave da cadeia produtiva e da experiencia adquirida no dia-a-dia na relação com os produtores e na analise dos factores que concorrem para o processo produtivo. A situação actual da cafeicultura sugere a implementação de projectos que se interliguem a nível de toda a cadeia produtiva, nomeadamente da produção à industrialização. O desafio que se impõe à Cadeia Produtiva do Café Angolano, com o devido apoio do Estado, é dotar a sua estrutura produtiva com condições e recursos necessários para a concepção e implementação dos programas elaborados, visando a recuperação do potencial produtivo, através de um plano director que contemple as acções estratégicas, com metas e indicadores de desempenho. Os parâmetros e pré-requisitos para a implantação dos programas, as principais fontes de financiamento e os INCA: Potencialidades e oportunidades no subsector do café e do palmar- guião para um programa de investimentos 15

prazos para a execução, constam do plano estratégico do Instituto Nacional do Café. INCA: Potencialidades e oportunidades no subsector do café e do palmar- guião para um programa de investimentos 16

Anexo: Resumo do plano estratégico do Instituto Nacional do Café. Instituto nacional do café Plano estratégico de médio prazo 2013 2017 (Resumo) Objectivo 1 Objectivo 2 Objectivo 3 Objectivo 4 Objectivo 5 Objectivo 6 RECUPERAÇÃO DE PLANTAÇÕES E DE TODA A CADEIA PRODUTIVA RENOVAÇÃO DO PARQUE CAFEEIRO MELHORIA DA ASSISTENCIA TÉCNICA AO PRODUTOR CRIAÇAO / INTRODUÇÃO DE CULTIVARES DE ALTA PRODUTIVIDADE AGREGAÇÃO DE VALOR ATRAVÉS DA TORRA LOCAL DE CAFÉ AUMENTO DA PRODUÇÃO DE OLEO DE PALMA E DRIVADOS Programa de recuperação e desenvolvimento do sector do café Programa de produção de mudas de café e plantas sombreadoras Programa de assistência técnica e revitalização da comercialização Programa de investigação e experimentação do café e cacau Programa de industrialização do café e do palmar Programa de fomento do palmar Orçamento (1000 kz) Orçamento (1000 kz) Orçamento (1000 kz) Orçamento (1000 kz) Orçamento (1000 kz) Orçamento (1000 kz) O programa permitirá: - Reabilitar plantações - Restabelecer circuitos produtivos ao longo de toda a fileira O programa permitirá: - Renovar o parque cafeeiro que em cerca de 75% é constituído de plantações envelhecidas. O programa permitirá: - Prover serviços eficientes de extensão rural. - Criar e incentivar o estabelecimento de escolas de campo de cafeicultores como forma de transmissão de conhecimento cafeícola O programa permitirá: - Formar técnicos para a investigação cafeícola. - Identificar áreas prioritárias de investigação para o desenvolvimento do sector. O programa permitirá: - Revitalizar a indústria de torra e moagem de café. - Agregar valor ao produto em benefício das regiões produtoras. - Aumentar o consumo interno de café. O programa permitirá: - Fomentar a produção de palmeiras nas regiões potenciais. - Estabelecer bancos de germoplasma de palmares. - Reforçar a capacidade institucional do INCA. - Aumentar a produção até 43000 tons, melhorar a productividade e inserir mais agricultores na produção de café - Estabelecer e manter uma relação coesa entre os intervenientes no negócio cafeicola. - Reformular ligações com organizações com relevância na produção, distribuição, promoção e regulação interna do café. - Estabelecer e fortalecer as normas tecnológicas de produção - Aumentar as áreas de cultivo com plantas altamente produtivas. - Contribuir no fomento da arabicultura na região planáltica de Angola - Produzir 100 milhões de mudas de café arábica, robusta e sombreadoras. - Encorajar o uso de sombreadoras como forma de manter a sustentabilidade das plantações. - Instalar viveiros individuais e comunitários junto dos produtores. - Aumentar os níveis produtivos e de produtividade, aliado - Criar e ou reforçar o movimento cooperativo e associativo. - Reforçar os mecanismos de comercialização do café no meio rural. - Prover informação de mercado e preços e normas de aumento do preço fob ao produtor a qualidade. - - Preservar o status actual dos moldes de produção cafeícola - Estabelecer centros de excelência para a investigação. - Fomentar a produção de cacau nas regiões potenciais. - Gerar e transferir tecnologias no domínio do café, do palmar e do cacau. - Introduzir selos de origem do café, valorizando-o. - Criar programas educativos dirigidos aos consumidores e produtores - Contribuir para o marketing interno do café. - Promover a identidade única dos cafés produzidos em angola - Criar condições para a torra interna de cerca de 50% do café produzido. - Desenvolver estratégias de marketing e marcas de café. - Iniciar processo massivo de industrialização visionando o consumo interno e derivados de óleo de palma. - Reforçar a investigação e experimentação no domínio do palmar. INCA: Potencialidades e oportunidades no subsector do café e do palmar- guião para um programa de investimentos 17