1 AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM RELACIONADAS À INDISCIPLINA EXISTENTE NA ESCOLA MUNICIPAL PROFESSOR BALDUÍNO BARBOSA DE DEUS (CAIC) NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Moniza Lopes Moura Alves (Autora-Licenciatura em Pedagogia UFPI/CSHNB) Jusciléia da Silva Isidório (Co-autora- Licenciatura em Pedagogia UFPI/CSHNB) RESUMO: Este trabalho tem como objetivo analisar as causas da indisciplina existente na Escola Municipal Professor Balduíno Barbosa de Deus (CAIC) nas séries finais do ensino fundamental. Considerando que tal problema envolve professores, alunos, família e também a comunidade. O referido estudo se dará através de pesquisa de campo e também através de entrevistas ou questionários, a pesquisa encontra-se em andamento, os dados coletados serão analisados de forma profunda e serão mostrados através de gráficos, ou, tabelas para que assim possamos apontar os referidos resultados obtidos. Como fundamentação teórica recorre-se a fundamentações de diferentes autores que vêm contribuindo com essa discussão tais como: ALMEIDA (1999), FREIRE (1996 ), e outros. Pensamos que a escola, em parceria com a família, pode propor métodos para trabalhar a indisciplina, utilizando seus poderes ilimitados como fonte motivadora dos alunos e mobilizadora das suas melhores e mais fortes potencialidades. PALAVRA-CHAVE: Indisciplina. Escola. Professor. Aluno. Família. INTRODUÇÃO: O Presente artigo pretende ressaltar reflexões sobre questões da indisciplina na rotina das séries finais do ensino fundamental da Escola Municipal Professor Balduíno Barbosa de Deus (CAIC), Oeiras-PI, de modo a analisar o que pode ser feito para solucionar este problema presente na escola em questão. A indisciplina escolar constitui um dos desafios mais críticos com os quais se defronta a instituição citada acima e abrange diversas formas e mecanismos de expressão existente na natureza do indivíduo, como a falta de limites dos alunos e por parte dos pais desinteressados pelos estudos dos seus filhos.
2 A mesma tem sido uma preocupação e tema de conversas em sala de professores, nas diversas instituições de ensino, no corredor, nos intervalos, na sala de aula, nos eventos da escola, na dispersão durante a aula, através da não participação, quando o aluno não traz seu material, quando usa boné, quando sujam cadeiras e paredes, quando querem ir ao banheiro toda hora, entre outros. É notória a ausência de preparo adequado por parte da comunidade escolar para lidar com os distúrbios da sala de aula, onde a indisciplina facilmente se expressa e que a própria escola poderá está servindo de base para um novo sentido de disciplina ensinando e buscando a práxis pedagógica (ação-reflexão-ação). A escola por si só, não pode resolver todos os tipos de problemas de comportamento dos alunos, mas pode e deve tentar ajudar, procurando conhecê-lo e adaptar atitudes e estratégias pedagógicas adequadas à sua resolução, pois a mudança comportamental, que se pretende passa muitas vezes por uma mudança comportamental por parte dos professores. É preciso assumir a realidade, viabilizar a aprendizagem, levantar sugestões que ajudem os professores a lidarem com o fenômeno da indisciplina. A DISCIPLINA LIGADA AO ESTILO DE PRÁTICA DOCENTE Em tempos de mudanças, certos princípios ficam questionáveis e o sentido que se atribui às ações se relativiza gerando incertezas sobre os valores que devem ser construídos no processo educativo. Percebe-se, então, certa indefinição sobre o que é ou não é errado. Em parte isso ocorre porque não há um código ético universal que estabeleça padrões morais normatizadores da ação humana. A falta de parâmetros, de referenciais morais e éticas na educação evidencia, portanto, a ausência de diretrizes normativas e valorativas que permitem a construção de uma educação nova, o que conseqüentemente, dificulta a ação dos educadores, pais e professores. Pois a criança que não se desenvolve moralmente manifesta na escola ou fora dela comportamentos inadequados, julgados, muitas vezes, como comportamentos indisciplinados. Não é fácil definir disciplina, que por razões de ordem pedagógica, quer por razões de ordem terminológica. De ordem pedagógica, por que a disciplina decorre
3 de uma determinada concepção estereotipada de criança ou jovem envolvida em contexto de ensino e aprendizagem de ordem termológica, por que como sustenta MAGALHÃES (1989, P.40): a indisciplina não se define por si, ela surge com a negação de qualquer coisa, seja essas coisas norma ou padrão socialmente aceito, ou regra arbitrariamente imposta. Como se sabe a Instituição Escolar é o espaço a que a criança, o adolescente e o jovem são encaminhados obrigatoriamente pela família, na busca de educação. Até aqui, nada que não se saiba. Inclusive, hoje, há um empenho, por parte do governo no sentido de que esta obrigação seja observada, havendo, inclusive, punição para as famílias transgressoras. Difícil é manter o aluno na escola, mais difícil ainda é integrá-lo em um processo de aprendizagem e imensamente complicado, tratar este aluno quando o mesmo apresenta comportamentos inadequados. p.13) afirma: Na introdução de seu livro, a emoção na sala de aula, ALMEIDA (1999, Acreditamos que é do confronto entre a teoria e prática que se traçam os caminhos possíveis para a solução ou pelo menos para a compreensão dos problemas educacionais. A ação da escola não se limita ao cumprimento da instrução, mas principalmente á função de desenvolver a personalidade da criança. Partindo do pressuposto que a indisciplina é um, senão o mais complicado problema educacional, é preciso realizar uma ação educativa que leve em consideração todos os aspectos e componentes formadores do ser humano (ALMEIDA, 1999, p.13) continua. É indiscutível que a escola tem um papel importante na formação do individuo. Sabemos que as experiências e os conhecimentos vivenciados na escola, e por meio da escola, possuem um importante significado para o desenvolvimento social e afetivo da criança. Este é, portanto, um primeiro aspecto a ser considerado quando se quer analisar a indisciplina. O aluno é um todo que envolve desenvolvimentos físicos, emocionais, cognitivos.
4 A escola é um complexo que inclui conteúdos, metodologia, professores, recursos, etc. Ela está inserida num contexto que inclui família, comunidade e sociedade. Diante disto, é impossível analisar o problema de indisciplina isoladamente e o aluno indisciplinado como alguém passivo de punição. Quando se fala de indisciplina, uma forma de coibi-la que a escola normalmente usa é a avaliação. FELCHER (2008, p.4) afirma a este respeito. Muitas vezes a avaliação serve para discriminar, marginalizar, achar culpados, conseguir silêncio em aula, incentivar a competição, classificar. Buscar as causas da indisciplina, com se vê, exige que se analise não apenas o aluno isoladamente, mas a família, a comunidade, a sociedade e, efetivamente a escola. Com relação à família BRAGA, SCOZ e MUNHOZ (2007, p.150) afirmam: Consideramos que embora, a dificuldade de aprendizagem seja sempre condição ligada a múltiplos fatores internos e externos ao sujeito, ela está sustentada firmemente pelo meio familiar, no qual o sujeito está inserido, isto é, seja qual for a causa do problema de aprendizagem, o grupo familiar é um fator essencial para a manutenção ou resolução do problema. Citou-se este exemplo para mostrar a amplitude da indisciplina. As autoras em seu artigo Problemas de aprendizagem e suas relações com a família deixam claro, portanto, que esta última pode constituir um desencadeador da indisciplina. Vejase que na atuação, elas destacam seja qual for a causa do problema de aprendizagem. PIAGET, VYGOTSKY e WALLON, citados no livro Teorias Psicogenéticas em Discussão, 1992, são unânimes em defender a emoção e a socialização na formação do individuo, em sua integração e em todo o seu processo cognitivo bem como em sua autonomia.
5 Inclui-se o referido livro na pesquisa bibliográfica que se pretende realizar uma vez que apresenta estudos que podem ajudar os educadores a resolver a questão da indisciplina. Finalmente, ao procurar analisar indisciplina dentro de todo um contexto, e o aluno como um todo dentro deste contexto, deva-se recorrer ao grande educador para quem as pessoas se educam em comunhão e para quem ensinar exige querer bem aos educando, FREIRE (1996, p. 141). Esta abertura ao querer bem não significa, na verdade, que, porque professor, me obrigo a querer bem a todos os alunos de maneira igual. Significa esta abertura ao querer bem a maneira que tenho de autenticamente selar o meu compromisso com os educandos, numa prática específica de ser humano. O Professor não pode obviamente permitir que a afetividade interfira no comprimento ético do seu dever de professor. Para exercer sua real função ele precisa aprender a combinar, respeito e afetividade, isto é ao mesmo tempo em que estabelece normas, deve respeitar a individualidade e a liberdade que esses trazem com eles, para neles poder desenvolver o senso de responsabilidade. A interação deve estar sempre direcionada para a atividade de todos os alunos, sem que haja nenhum tipo de exclusão. Com certeza a postura docente contribui de alguma forma para que um professor obtenha o respeito e a disciplina que tanto deseja em sala de aula. Entendemos que respeito se conquista não se impõe; e o diálogo é o melhor caminho para a solução de problemas. Assim sendo, refletimos o pensamento de LIBÂNEO (1994, P.250): O professor não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos. Deve dar-lhe atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos. Servem também para diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades.
6 A indisciplina não deveria ser uma constante entre professores e alunos. Aulas dinâmicas, divertidas, linguagem clara, objetiva e de fácil entendimento tornam as explicações dadas pelo docente, segundo opinião unânime dos alunos, uma aula motivadora. Vale à pena lembrar que o bom professor deve buscar um aperfeiçoamento constante, ter um carinho especial pela profissão e saber utilizar sua autoridade com moderação e imparcialidade. É o que ressalta FREIRE (1996, p.96)... o bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a intimidade do movimento do eu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de eu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas. Partindo desse pensamento podemos afirmar que a disciplina em sala de aula esta diretamente ligada ao estilo de prática docente; isto é, à autoridade profissional, moral e técnica do professor. Dessa forma, os professores que melhor conseguem disciplinar seus alunos são aqueles que dominam o conteúdo que ensinam; adaptam seus métodos e procedimentos de ensino em função da necessidade de sua clientela, sabem lidar com as diferenças individuais em sala de aula, estão abertos ao diálogo; e demonstram dedicação profissional, senso de justiça, caráter, competência e hábitos pedagógico-didáticos, necessários à organização do processo de ensino. METODOLOGIA O Referido estudo se dará através de uma pesquisa de campo e suas respostas serão analisadas através de questionários ou entrevistas, com o referido corpo docente e discente da escola. As questões que norteiam a esse estudo são: quais as causas que proporcionam a indisciplina nas séries finais do ensino fundamental na Escola Municipal Professor Balduíno Barbosa de Deus (CAIC)? Como a escola, enquanto agente de transformação tem contribuído na conscientização dos educadores e educandos sobre a importância da disciplina? Também serão feitas entrevistas a professores, coordenadores, diretores e alunos com o intuito de analisar como agem em relação ao comportamento indisciplinado dos alunos. A observação será através de contato direto com a
7 comunidade escolar da Escola Municipal Professor Balduíno Barbosa de Deus (CAIC), visando os principais problemas enfrentados pelos professores, coordenadora, diretora, alunos e pais no que diz respeito à indisciplina. Serão entrevistados 20 alunos do 4º e 5º anos da escola em estudo, perfazendo um total de 40 alunos. Ainda serão entrevistados 2 professores de Língua Portuguesa da escola pesquisada, a coordenadora, a diretora e 10 pais dos anos (antigas séries) em estudo. A referida pesquisa pretende analisar sobre como ocorre o planejamento de atividades e quais inovações e/ou resistências em relação à adoção de práticas fundamentais que possam amenizar a indisciplina. A mesma se encontra em andamento e está acontecendo desde 15/03/2013, até 29/11/2013. Os dados coletados serão analisados e interpretados de forma profunda, e serão mostrados através de gráficos, ou, tabelas, para que assim possamos apontar os referidos resultados obtidos. CONSIDERAÇÕES Partindo do pressuposto que a indisciplina é causada pela falta de planejamento e de metodologias inadequadas de vários educadores. Neste caso é fundamental que a escola estabeleça regras e regulamentos para que o trabalho educativo seja realizado de forma organizada e coerente. Entretanto o que nos interessa saber é como as regras são elaboradas e aplicadas, pois se observa que elas quase sempre partem da instituição escolar, sem a participação dos alunos e muito menos, sem levar em conta a realidade sociocultural que está inserida. Propomos que a escola promova discussões, deixando que os alunos expressem-se com liberdade, discordando, avaliando, criticando suas próprias regras, assim, estará contribuindo para que esses cidadãos construam uma sociedade baseada na autonomia. A administração dessas dificuldades começa a tornar-se possível quando a comunidade docente reflete sobre esses focos e desenvolve projetos e planos de ação para compreendê-los, seria interessante então chamar alunos, pais e com eles, por meio dessa reflexão, construir regras eficientes e democráticas.
8 Um professor competente esta sempre pronto a refletir sobre sua metodologia, sua postura em sala de aula, a repensar sua prática educativa, a fim de estimular a aprendizagem, a motivação dos seus alunos de modo que cada um dele seja um ser consciente, ativo, autônomo, participativo e agente crítico modificador de tal realidade. Pensamos que a escola em parceria com a família, pode propor métodos para trabalhar a indisciplina, utilizando seus poderes ilimitados como fonte motivadora dos alunos e mobilizadora da suas melhores e mais fortes potencialidades. REFERÊNCIAS: ALMEIDA, Ana Rita Silva. A emoção na sala de aula. 6ª Ed. Campinas-SP: Papirus, 1999. BRAGA, Simone da Silva; SCOZ, Beatriz Judith Lima; MUNHOZ, Maria Luiza Puglisi. Problemas de aprendizagem e suas relações com a família. Rev. Da associação brasileira de psicopedagogia. São Paulo, v. 24, nº 74, 2007. Pág. 150. FELCHER, Carla Denioze ott. Avaliar para aprender mais. Rev. Mundo jovem. Nº 386. Maio 2008. Pág.4. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: paz e terra, 1996. LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. MAGALHÃES, O. A causa das coisas: indisciplina e escola. São Paulo: aprender, 1989. PIAGET, VYGOTSKY, WALLON. Teorias psicogenéticas em discussão. 19ª ed. São Paulo: Summus. Editorial, 1992.