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COMARCA DE SEBERI VARA JUDICIAL Av. Flores da Cunha, 560 Nº de Ordem: Processo nº: 133/1.10.0000465-6 (CNJ:.0004651- Natureza: Cobrança Autor: Adair João Bulegon Ré: Centauro Seguradora S/A Juiz Prolator: Marco Aurélio Antunes dos Santos Data: 23/06/2010 Vistos, para sentença. ADAIR JOÃO BULEGON, qualificado na inicial, propôs AÇÃO DE COBRANÇA contra CENTAURO SEGURADORA S/A, igualmente identificada, narrando, em síntese, ter sofrido um acidente de trânsito no dia 30/03/2005, como caroneiro numa motocicleta, em Seberi- RS. Descreveu que em decorrência do acidente sofreu várias lesões corporais, inclusive com invalidez permanente. Alegou que as despesas médicas alcançaram a importância de R$ 3.146,27. Pleiteou a condenação da ré a pagar-lhe R$ 2.700,00 a título de despesas médicas e suplementares e o equivalente a 40 salários mínimos como indenização à incapacidade permanente. Efetuou outros requerimentos de estilo e juntou documentos. Citada, a ré apresentou contestação pleiteando, 1

preliminarmente, a inclusão da Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT no polo passivo. No mérito, levantou a ocorrência da prescrição, com base no art. 206, 3º, IX, do Código Civil e asseverou que o autor não comprovou a ocorrência e o grau da invalidez, além de não ter demonstrado as despesas médicas e suplementares. Discorreu sobre a competência do CNSP, princípios constitucionais aplicados ao caso, indenização de acordo com a legislação vigente impossibilidade de vinculação ao salário mínimo, juros legais e correção monetária, honorários advocatícios e assistência judiciária gratuita. Requereu a improcedência dos pedidos e juntou documentos. Houve réplica. É o relatório. Decido. Julgo antecipadamente a lide, na forma do artigo 330, I, do Código de Processo Civil, uma vez que os fatos estão comprovados documentalmente, não havendo necessidade de produção de provas em audiência, sendo suficientes os documentos juntados. Inicialmente deve ser dito que não se mostra possível a inclusão da Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT S/A no polo passivo da demanda, haja vista que a Portaria nº 2.797/07 da SUSEP não afeta a parte autora. Assim, em razão de que a regulamentação do DPVAT estabelece que a ação pode ser movida contra qualquer seguradora associada e a ré possui tal condição. No que tange à prejudicial de mérito (prescrição) arguida 2

pela ré, tem-se no enunciado da súmula 278 do STJ: o termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral. Deve-se ter em mente que, ao caso, aplica-se a regra prevista no artigo 206, 3º, IX, do Código Civil, isto é, prescreve em 3 (três) anos a pretensão do beneficiário contra o segurador. Assim, na hipótese, a pretensão do autor não está prescrita, pois tomou conhecimento da sua incapacidade laboral através do laudo de lesão corporal de fl. 17, elaborado pelo Departamento Médico Legal do Estado do Rio Grande do Sul, em 30/11/2009, data considerada como termo inicial da contagem do prazo prescricional. Logo, não há que se falar em prescrição, porquanto a ação foi ajuizada em 18/03/2010, ou seja, antes de decorridos três anos do termo inicial do prazo de prescrição. Com relação às despesas médicas e suplementares também não houve prescrição. Isso porque, em que pese o acidente ter ocorrido em 30/03/2005, o autor comprovou que as despesas dessa natureza prolongaram-se no tempo. Ou seja, o cupom fiscal de fl. 54 demonstra que em 22/11/2007 o autor ainda estava adquirindo medicamentos para tratar as sequelas decorrente do acidente. Da mesma forma o faz com o recibo de serviços fisioterápicos acostado à fl. 57, emitido em 05/12/2007. É importante destacar que o direito à indenização buscada é garantido pela Lei Federal nº 6.194/74, que em seu art. 3º afirma que a indenização por invalidez permanente, total ou parcial, corresponderá ao 3

valor de R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais). Por oportuno, transcreve-se, na íntegra, tal dispositivo legal: Art. 3 o Os danos pessoais cobertos pelo seguro estabelecido no art. 2 o desta Lei compreendem as indenizações por morte, por invalidez permanente, total ou parcial, e por despesas de assistência médica e suplementares, nos valores e conforme as regras que se seguem, por pessoa vitimada: (Redação dada pela Lei nº 11.945, de 2009). (Produção de efeitos). a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.482, de 2007) b) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.482, de 2007) c) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 11.482, de 2007) I - R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) - no caso de morte; (Incluído pela Lei nº 11.482, de 2007) II - até R$ 13.500,00 (treze mil e quinhentos reais) - no caso de invalidez permanente; e (Incluído pela Lei nº 11.482, de 2007) III - até R$ 2.700,00 (dois mil e setecentos reais) - como reembolso à vítima - no caso de despesas de assistência médica e suplementares devidamente comprovadas. (Incluído pela Lei nº 11.482, de 2007) Adiante, o art. 5º da Lei nº 6.194/74 assevera que o pagamento será efetuado mediante simples prova do acidente e do dano decorrente, independentemente da existência de culpa no evento, haja ou não resseguro e abolida qualquer forma de franquia. 4

Na hipótese, a ocorrência do acidente restou comprovada pelo documento de fls. 15-16, ocorrência policial, lavrada pela Polícia Civil do Estado do Rio Grande do Sul. Por outro lado, as lesões sofridas pelo autor estão descritas no laudo pericial de fl. 17, no qual foi constatado, pelo Dr. Clóvis Roberto Nedel, perito médico-legista, em resposta afirmativa ao sexto quesito do laudo de lesão corporal, que houve debilidade permanente de membros e função, bem como que houve deformidade permanente de membro superior e inferior (tetraparesia), pois respondeu afirmativamente ao sétimo quesito. A invalidez permanente também está demonstrada nos autos, de forma inequívoca, por meio do documento de fl. 18, atestado firmado por médico credenciado ao órgão da classe. O nexo de causalidade entre o acidente de trânsito e a invalidez permanente do autor está evidenciado pelos documentos de fls. 15-17. Nos pedidos de indenização ajuizados após 18/12/2008, data em que houve o precedente do Recurso Inominado nº 71001887330, a regra de graduação da invalidez passou a ser observada, de acordo com a Súmula 14 das Turmas Recursais, revisada em 19/12/2008: SÚMULA Nº 14 DPVAT (revisada em 19/12/2008) VINCULAÇÃO SALÁRIO MÍNIMO. - É legítima a vinculação do valor da indenização do seguro DPVAT ao valor do salário mínimo, consoante fixado na Lei nº 6.194/74, não sendo possível modificá-lo por Resolução. A alteração do valor da indenização introduzida pela M.P. nº 340 só é aplicável aos sinistros ocorridos a partir de sua vigência, que se deu em 29/12/2006. 5

QUITAÇÃO. - A quitação é limitada ao valor recebido, não abrangendo o direito à complementação da indenização, cujo valor decorre de lei. CONSÓRCIO OBRIGATÓRIO. - O consórcio obrigatório do seguro DPVAT institui solidariedade entre as seguradoras participantes, de modo que, independentemente de qual delas tenha liquidado administrativamente o sinistro, qualquer uma poderá ser demandada pela respectiva complementação de indenização, inocorrendo ilegitimidade passiva por esse motivo. GRADUAÇÃO DA INVALIDEZ. I. Descabe cogitar acerca de graduação da invalidez permanente; havendo a invalidez, desimportando se em grau máximo ou mínimo, devida é a indenização no patamar de quarenta salários mínimos, ou do valor máximo vigente na data do sinistro, conforme este tenha ocorrido, respectivamente, antes ou depois de 29/12/2006. II. Entretanto, nos pedidos de indenização por invalidez permanente ajuizados a partir do precedente do Recurso Inominado nº 71001887330, julgado em 18/12/2008, haverá de ser observada a regra de graduação da invalidez. PAGAMENTO DO PRÊMIO. - Mesmo nos sinistros ocorridos antes da vigência da Lei nº 8.441/92 é desnecessária a comprovação do pagamento do prêmio do seguro veicular obrigatório. COMPLEXIDADE. - Inexiste complexidade de causa a afastar a competência do juizado especial quando os autos exibem prova da invalidez através de laudo oriundo de órgãos oficiais, como o INSS e o DML. APURAÇÃO DA INDENIZAÇÃO. - Na hipótese de pagamento administrativo parcial, a complementação deverá ser apurada com base no salário mínimo da data de tal pagamento. Nas demais hipóteses, a indenização deverá ser apurada com base no valor do salário mínimo da data do ajuizamento da ação. Outrossim, para os sinistros ocorridos a partir de 29/12/2006, a apuração da indenização, havendo ou não pagamento administrativo parcial, deverá tomar por base o valor em moeda corrente vigente na data da ocorrência do sinistro. CORREÇÃO MONETÁRIA. A correção monetária, a ser calculada pela variação do IGP-M, incide a partir do momento da apuração do valor da indenização, como forma de recomposição adequada do valor da moeda. 6

JUROS Os juros moratórios incidirão sempre a partir da citação, mesmo tendo havido pagamento parcial ou pedido administrativo desatendido. MÁQUINA AGRÍCOLA Dá ensejo à cobertura do seguro DPVAT o acidente com máquina agrícola, ainda que não licenciada, desde que ocorrido em situação em que seja utilizada como meio de transporte. MEGADATA O espelho do sistema Megadata goza de presunção relativa de veracidade como prova de pagamento administrativo da indenização, quando provido de dados que lhe confiram verossimilhança. Entretanto esse não é o caso dos autos, haja vista que o acidente ocorreu em 30/03/2005, prescindindo-se a análise da graduação da invalidez, o que só é necessário aos sinistros ocorridos após o dia 29/12/2006. Portanto, em relação ao pedido de indenização pela incapacidade permanente, deve-se aplicar a Lei nº 6.194/74 sem as alterações contidas na Lei nº 11.482/2007. Então, com relação à questão de fundo, o direito à indenização buscada é garantido pela Lei Federal nº 6.194/74, que em seu art. 3º, b, afirma que a indenização no caso de invalidez permanente corresponderá à importância de até 40 (quarenta) vezes o valor do maior salário mínimo vigente no País. Adiante o art. 5º da Lei nº 6.194/74 assevera que o pagamento será efetuado mediante simples prova do acidente e do dano decorrente, independentemente da existência de culpa no evento, haja ou não resseguro e abolida qualquer forma de franquia. Desnecessário apurar o grau de invalidez, pois demonstrada a incapacidade, uma vez que a Lei nº 6.194/74 não faz qualquer relação entre o valor da indenização e o grau de incapacidade, consoante entendimento firmado no Superior Tribunal de Justiça, no 7

Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul e também pelas Turmas Recursais Cíveis do Judiciário Gaúcho, conforme súmula nº 14 editada por este órgão jurisdicional. Registre-se, ainda, que a indenização deve corresponder a quarenta salários-mínimos, embora exista resolução do Conselho Nacional de Seguros Privados em sentido contrário, uma vez que não pode fixar o valor da indenização em teto inferior ao da própria lei, contrariando-a. Da mesma forma, deve ser dito que a vinculação da indenização ao salário mínimo não é inconstitucional em razão de que figura na hipótese como fator indexador. Considerando-se o teor da súmula nº 14 das Turmas Recursais Cíveis do Judiciário Gaúcho, tem-se como valor da indenização o produto da multiplicação do valor do salário mínimo vigente na data do ajuizamento da ação (18/03/2010), ou seja, R$ 510,00 por 40 (quantidade de salários mínimos), obtendo-se o montante de R$ 20.400,00 (vinte mil e quatrocentos reais). No que concerne às despesas médicas e suplementares, tendo o autor comprovado que elas se prolongaram no tempo, haja vista os documentos de fls. 54 e 57, tenho que deve ser aplicada a Lei nº 6.194/74 com as alterações introduzidas pela Lei nº 11.482/2007. Assim, porque à hipótese é aplicável a súmula nº 14 das Turmas Recursais Cíveis do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, a qual estabeleceu que para sinistros ocorridos após o dia 29/12/2006 deve ser respeitado o limite de R$ 2.700,00 para ressarcimento de valores da natureza do pedido, isto é, despesas médicas e 8

suplementares. As despesas com o tratamento das lesões sofridas restam demonstradas pelos documentos de fls. 22-40, 44-48, 50, 52, e 54-57, as quais alcançaram o montante de R$ 3.146,27, consoante atualização demonstrada pelo cálculo de fls. 58-59. Nesse contexto, de acordo com o artigo 3º, III, da Lei nº 6.194/74, alterado pela Lei nº 11.482/2007, o autor tem direito à indenização ora buscada, tendo em conta que o valor pleiteado (vide item d.2 da fl. 11) não ultrapassa o limite estabelecido no dispositivo legal referido, ou seja, R$ 2.700,00. Diante do exposto, JULGO PROCEDENTES os pedidos contidos na AÇÃO DE COBRANÇA proposta por ADAIR JOÃO BULEGON contra CENTAURO SEGURADORA S/A para CONDENAR a ré a pagar em favor do autor o valor de R$ 20.400,00 (vinte mil e quatrocentos reais) a título de indenização pela incapacidade permanente e o valor de R$ 2.700,00 (dois mil e setecentos reais) a título de despesas médicas e suplementares. As importâncias deverão ser acrescidas de correção monetária pelo IGP-M a contar de 18/03/2010 (data do ajuizamento da ação) e de juros de mora de 1% ao mês (artigo 406 do Código Civil c/c 161, 1º, do Código Tributário Nacional), a contar da citação. Em razão da sucumbência, arcará a ré com o pagamento das despesas processuais e honorários advocatícios em favor do procurador do autor, arbitrados em 10% sobre o valor da condenação, atualizado, na forma do artigo 20, 3º, do Código de Processo Civil, tendo 9

em conta o tempo de tramitação da demanda, seu caráter repetitivo e o julgamento antecipado da lide. Fica resolvido o processo na forma do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Após o trânsito em julgado, observe-se o procedimento descrito no Livro I, Título VIII, Capítulo X, do Código de Processo Civil, inclusive com o acréscimo de multa no percentual de dez por cento, acaso não seja efetuado o pagamento em quinze dias após o trânsito em julgado (art. 475-J do Código de Processo Civil). Seberi, 23 de junho de 2010. Marco Aurélio Antunes dos Santos Juiz de Direito 10