REALIDADE DAS ESCOLAS DO SEGUNDO CICLO DO ENSINO SECUNDÁRIO EM LUANDA(ANGOLA) PARA A IMPLEMENTAÇÃO DAS TECNOLOGIAS WEB2.0



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Transcrição:

REALIDADE DAS ESCOLAS DO SEGUNDO CICLO DO ENSINO SECUNDÁRIO EM LUANDA(ANGOLA) PARA A IMPLEMENTAÇÃO DAS TECNOLOGIAS WEB2.0 Nlandu Mpaka Instituto Superior de Ciências da Educação de Luanda pakinhas2007@hotmail.com Resumo O presente artigo tem como propósito apresentar um projeto de investigação que está a ser desenvolvido no âmbito do doutoramento em educação na especialidade de tecnologias de informação e comunicação. A investigação apresenta como propósito central analisar a realidade das escolas do 2º ciclo do ensino secundário na província de Luanda nas quais se pretende implementar um projeto de integração das tecnologias Web 2.0 no ensino. Pretende-se envolver como participantes no estudo professores, alunos, e outros responsáveis por projetos em desenvolvimento na região no domínio das tecnologias de informação e comunicação na educação. Palavra Chave: Ensino com tecnologias, Ensino secundário, ferramentas interativas, Internet, tecnologia web2.0, Abstract This article aims to File a research project that is being developed under doctorate in education in the specialty of information and communication technologies. The research shows how great purpose to investigate the realities of the schools of the second cycle of secondary education in the province of Luanda for the implementation of Web 2.0 technologies in education. aims to engage as participants in the study (Sample) teachers, students, leaders of the projects on information and communication technologies in education. Keywords: technology with education, secondary education, interactive tools Internet, technology, web2.0. 1104

1. UTILIZAÇÃO DAS TIC NO ENSINO SECUNDÁRIO NA PROVINCIA DE BENGUELA (ANGOLA) Segundo um estudo realizado por Santos (2000) sobre a Integração Curricular das TIC em Angola, particularmente no município do Lobito na Província de Benguela, centrado sob análise da 10ª classe do segundo Ciclo do Ensino Secundário, constata-se que é já integrada no currículo nacional disciplinas associadas às tecnologias de informação e comunicação (TIC), encontrando-se ai a disciplina de Introdução a Informática (IF). Apesar disso, genericamente em Angola, o processo de Integração Curricular das TIC no ensino encontra-se muito aquém do ritmo de desenvolvimento que seria esperado. Escasseiam conhecimentos sobre o impacto das TIC em outros países da região Africana, especialmente os pertencentes aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (Palop) ainda assim é possível referir que a realidade angolana se encontra ainda muito afastada de países como Portugal (PTE 2007) ou o Brasil (MEC, 2005). Têm surgido sinais de avanço, nomeadamente associados ao apetrechamento e adoção de salas de informática com acesso a Internet nas escolas do ensino secundário. Do estudo anteriormente referido, realizado em duas escolas públicas do ensino secundário, apenas o Instituto Médio Normal de Educação (IMNE) apresenta uma sala de Informática que está equipada com 11 computadores, todos ligados em rede e com acesso a Internet, uma impressora, um videoprojector e uma tela de projeção. Nesta instituição, o acesso à sala é livre, estando disponível aos professores, alunos e funcionários administrativos. Nas escolas privadas da região a realidade não é muito diferente, dos quatros colégios existente no município dois têm sala de informática com um número máximo de 12 computadores, não estando os mesmos ligados em rede nem apresentando igualmente acesso a Internet. No que respeita em particular, à província de Benguela (Santos, 2000), verifica-se que, de forma genérica, o acesso à internet se realiza por via de antena parabólica com uma velocidade de ligação muito reduzida (abaixo de 512Kb/segundo) e muito pouco estável, dificultando deste modo a sua utilização para atividades letivas. Todas as 1105

Escolas que estiveram envolvidas no estudo de Santos (2000), verifica-se que os serviços da secretaria estão equipados com computadores, cerca de cinco, em cada uma delas, sendo os mesmos mobilizados apenas para a realização de trabalhos administrativos que geralmente se realizam através da utilização de aplicativos genéricos, como seja, o MS Word e Excel. De forma semelhante, em algumas escolas privadas, verifica-se que se tem já instalado nos computadores das secretarias, software específico para a gestão das atividades académicas e administrativas, contudo, por falta de apoio técnico e manutenção por parte da empresas fornecedoras, a utilização dos mesmos é muito baixa ou mesmo inexistente (não funcionam por problemas diversos). Outro exemplo dos breves desenvolvimentos que no domínio das TIC se tem registado em Angola, liga-se à já referida introdução da disciplina de Introdução à Informática no currículo do Ensino Secundário, esta introdução foi realizada no âmbito da segunda Reforma Educativa de 2002. As aulas de IF têm a duração de 45 minutos, a semelhança das demais disciplinas complementares. Genericamente e com vista a combater o numero reduzido de equipamentos, os alunos são devidos em grupos de forma que cada grupo trabalhe com um computador. Esta reforma educativa realizada pelo Ministério da Educação, levou igualmente à publicação de um Manuel de Apoio (livro de texto) para a disciplina, aparecendo no mesmo como principais capítulos: breve introdução às TIC, constituição e funcionamento de sistema operativo Windows, sendo as restantes unidades temáticas associadas a aplicações básicas do MS Office (word, excel, powerpoint). Os professores que lecionam esta disciplina são na sua maioria pessoas com algumas competências em informática na óptica do utilizador ou estudantes do curso de Engenharia Informática, não havendo pois formação pedagógica específica para esta área. De forma a rentabilizar recursos, os restantes alunos das escolas que pretendem frequentar a sala de informática para fazer uso da Internet, fazem-no em horários diferentes aos da disciplina de IF. Normalmente estes alunos são em número reduzido, e são aqueles que já possuem computadores em suas casas ou ainda em menor 1106

numero aqueles cuja informática lhes desperta alguma curiosidade. A utilização que fazem do computador/internet ligase a troca de e-mails, pesquisa de sites de música, filmes, jogos e outros entretenimentos. Raramente as suas consultas se orientam para os conteúdos curriculares. Além da IF, em mais nenhum programa das outras disciplinas curriculares se encontra previsto a abordagem de aspetos sobre aprendizagem com as TIC. Esta integração das TIC no currículo, como ferramenta mas também como conteúdo transversal às demais disciplinas, constitui ainda um grande desafio para os gestores educativos angolanos. Em outros países mais avançados, o recurso às TIC é já integrado no currículo das várias disciplinas sendo estas mesmo incorporadas como critério de avaliação, na produção e apresentação de conteúdos e na elaboração de testes em suporte informático. A semelhança do que acontece com os outros países, verifica-se que os professores angolanos em geral manifestam ainda grande resistência em auxiliar-se com o computador e Internet para prepararem e lecionarem as aulas. Geralmente o interesse à mudança nas práticas letivas com recurso às TIC surge sobretudo junto de professores mais jovens, recém-formados ou então aqueles que tenham participado recentemente em ações de formação em que o uso do computador foi imprescindível. Do estudo realizado por Santos (2000), encontra-se pois sinalizado algumas barreiras que impedem a Integração Curricular das TIC na realidade Angolana (com foco em particular no município do Lobito), distinguindo-as sobretudo pela responsabilidade do governo central e da administração local: 1) Barreiras devidas ao contexto Nacional. Escassez de recursos financeiros adjudicados ao setor da educação e consequentemente para o desenvolvimento de projetos em TIC no ensino Inexistência de programas nacionais para ações de formação de competências pedagógicas em TIC na Educação. Insuficiência curricular de conteúdos transversais sobre as TIC no ensino secundário Poucas parcerias entre o setor publico e privado no âmbito da conceção e implementação de projetos sobre as TIC no ensino 2) Barreiras devidas ao contexto Municipal: 1107

Orçamentos das escolas muito insuficiente. Reduzido número de computadores para o elevado número de alunos nas escolas Inexistência de estruturas tecnológicas para o fornecimento de sinal de Internet em banda larga Pouca e não diversificada oferta de produtos na área das TIC educacional, por parte do setor empresarial Poucas possibilidades para o intercâmbio de experiencias com escolas e até mesmo grupo de professores de outras províncias ou de outros países, leva descontextualização das escolas no plano científico, metodológico, particularmente a desatualização em TIC. Falta de iniciativas para a promoção de ações de formação continua, especificamente na área das TIC. 2. OBJETIVOS DO PROJETO Com vista a contribuir para minimizar os problemas anteriormente referidos, nomeadamente, a diminuta integração das tecnologias nas práticas de ensino e aprendizagem nas escolas de Angola, e a excessiva concentração das TIC no domínio de software comercial e já datado (sendo mesmo visto como obsoleto nos países mais desenvolvidos) desenvolveu-se um projecto de disseminação e de estímulo à utilização de aplicações web, especialmente as não comerciais e associadas à web 2.0, com vista a despertar movimentos de modernização do ensino e a aprendizagem. Com o propósito de divulgar as tecnologias Web 2.0 no suporte ao ensinoaprendizagem no 2º Ciclo do ensino secundário em algumas Escolas na província de Luanda, será desenvolvido um projeto educativo cuja implementação será portada pelo autor deste artigo. Este projeto assume os seguintes objectivos específicos: 1. Fazer um levantamento nas escolas do segundo ciclo do ensino secundário, com relação as condições que as mesmas possuem para implementar o ensino com as tecnologias Web 2.0; procurando identificar o que existe nestas escolas em termos de equipamentos e software que seja passível de mobilizar 2. Fazer um diagnóstico de modo a verificar se os professores das escolas do segundo ciclo, possuem alguma competência sobre o ensino com recurso as tecnologias Web 2.0 3. Recolher informações relativas aos programas ministeriais actualmente em desenvolvimento, junto dos responsáveis dos Ministérios da Educação 1108

4. Recolha de informações de vários actores (professores, coordenadores da disciplina de IF, alunos, diretores de escolas) acerca dos factores a considerar com vista a implementar projectos de integração das tecnologias web 2.0 no ensino. 5. Consolidar a informação recolhida (nos pontos 1, 2, 3 e 4) de modo a desenhar um projecto que permita disseminar nas escolas seleccionadas as vantagens do ensino e aprendizagem com tecnologias Web 2.0 3. METODOLOGIA A metodologia de investigação constitui os pressupostos, postulados, regras e métodos, o projeto ou roteiro que os investigadores utilizam para tornar o seu trabalho aberto para a análise e escolha dos métodos de investigação a mobilizar. Este termo é frequentemente utilizado como sinónimo de métodos de investigação ou técnicas com que os investigadores recolhem os seus dados, contudo não são a mesma coisa na medida em que, estas ultimas, são em si escolhidas ou derivadas do conjunto de pressupostos e procedimentos que constituem a metodologia de investigação em geral e que normalmente se polarizam em quantitativas ou qualitativas. Segundo Latorre (2003, citado por Patrício & Gonçalves, 2009) a metodologia quantitativa assenta no modelo positivista, estudando os fenómenos sociais através da observação e da experimentação, quantificando a realidade. Já a metodologia qualitativa orienta-se pelo modelo construtivista, estudando as interpretações da realidade, englobando modalidades de investigação como a etnografia, a fenomenologia ou os estudos de caso. Nesta investigação optaremos pelo uso de uma metodologia mista (Mixed Method), isto é, serão colocadas em interacção métodos de recolha de dados de natureza quantitativa (Questionários) e métodos de recolha de dados de natureza qualitativa (entrevistas). Os dados recolhidos a partir de inquérito por questionário serão tratados com recurso ao software SPSS (Statistical package social science) e a informação recolhida por entrevista pretendemos que seja tratado com o software ATLAS ti. 1109

3.1 Participantes Os participantes do nosso estudo, pretendemos que sejam os professores, alunos das escolas do segundo ciclo do ensino secundário públicas e privadas, coordenadores da disciplina de Informática, responsável dos projetos na área das Tic na Educação ( Meu Kamba e Internet nas Escolas ) do Ministério da Educação e do Ministério das Telecomunicações e Tecnologias de Informação. 3.2 Instrumentos O uso dos questionários e das entrevistas servem para transformar em dados a informação direitamente comunicada pelos sujeitos da investigação. Ao possibilitar o acesso ao que está " dentro da mente de um sujeito", estes processos tornam possível medir e analisar o que um sujeito sabe (informação ou conhecimento), o que gosta e não gosta (valores e preferências) e o que pensa (atitudes e crenças) acerca de determinado construto. Esta informação pode ser transformada em números ou dados quantitativos, utilizando técnicas de escalas de atitudes e escalas de avaliação (Tuckman, 2005, p.307) podendo as questões abertas ser sujeitas a processos de análise de conteúdo, o que em si mesmo pode ser analisado com base em frequências (numero de incidências ou registos) ou com base na interpretação do significado do texto (sequências, conotações, etc.) Quanto aos instrumentos, no que tange o questionário pretendemos utilizá-lo +para recolha de informação relativa a: equipamentos e infra-estruturas tecnológicas das escolas, e respectivo nível de acesso às mesmas; nível de formação em TIC por parte dos professores e necessidade de formação percepcionadas pelos mesmos. As entrevistas a realizar serão do tipo estruturadas, ou seja faremos o uso de um guião de entrevista já previamente criado e serão realizadas diferentes entrevistas atendendo ao público a considerar: professores, alunos, coordenadores da disciplina de informática, gestores escolares, e representantes dos ministérios. 1110

3.3 Resultados Esperados A informação que será recolhida permitirá saber o que existe com relação as tecnologias de Informação e Comunicação nas escolas do segundo Ciclo do Ensino Secundário, perceber como, quando, com quem e com que propósitos são atualmente ser utilizados; perceber como estão a decorrer os projetos ministeriais na área das Tic no Ensino: Internet na Escola e o Meu Kamba, que são projetos que estão a ser desenvolvidos pelo Ministério da Telecomunicações e Tecnologias de Informação em pareceria com o Ministério da Educação, no sentido de sabermos quais são os objetivos, que estratégias tiveram em conta nestes projectos e que factores necessitam ser considerados para aproveitamento dos mesmos, com vista a podermos desenhar um projecto que contribua efectivamente para introduzir as ferramentas da Web 2.0 nas práticas de ensino das escolas do 2º Ciclo do ensino secundária na Província de Luanda. REFERÊNCIAS Carvalho, J.. E. (2009). Metodologia do Trabalho Científico. Lisboa: Escolar. Damasio, M. j. (2007). Tecnologia e Educação (1ª ed.). Lisboa: Nova Vega. Given, L. M. (2008). The SAGE Encyclopedia of qualitative research methods (vol. 1 e 2). University of Alberta. Gonçalves, M. R. (2009). Exploração de Ferramentas Web 2.0 na Formação Inicial de Professores. EDUSER: Revista de educação, Vol 1(1) ISSN 1645-4774. Bragança, Bragança, Portugal. Hill, M. M., &, Hill, A. (2000). Investigação por Questionário. Lisboa: Silabo. Jornal de Angola, (2012). Educação recebe equipamentos para formação de professores. Jornal de Angola, 40 Disponivel em http://jornaldeangola.sapo.ao/18/0/educacao_recebe_equipamento_para_a_f ormacao_de_professores_1 Manje, B. (2012). Angola conhece melhorias nas telecomunicações. Jornal de Angola, 3?, Disponivel em http://jornaldeangola.sapo.ao 1111

PHD, J. T. (2010). Estudos Prévios à necessidade de implementação de medidas de desenvolvimento e promoção da indústria nacional do sector das TIC em Angola. Luanda. Santos, A. (2000). Uma reflexão sobre a Integração Curricular das TIC em Angola. Um caso particular: as escolas do ensino secundário do municipio do Lobito- Benguela. Tuckman, B. W. (2005). Manual de Investigação em Educação, como conceber e realizar o processo de investigação em Educação. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 1112