RENDIMENTO DE FEIJÃO CULTIVADO COM DIFERENTES FONTES DE ADUBOS VERDES NA PRESENÇA E AUSÊNCIA DE COBERTURA NITROGENADA. Alana Oliveira Silva 1 ; Manoel Mota dos Santos 2 ; 1 Aluno do Curso de Química Ambiental; Campus de Gurupi; e-mail: alana.oliveira02@uft.edu.br PIBIC/CNPq 2 Orientador do Curso de Agronomia; Campus de Gurupi; e-mail: santosmm@uft.edu.br RESUMO O objetivo do presente trabalho é avaliar o rendimento do feijão em diferente fonte de adubação utilizando Crotalária juncea com fonte de adubação verde. O projeto foi realizado no período 2013-2014 no Campus de Gurupi/UFT. A semeadura da crotolária foi realizada de forma convencional, com duas gradagens e posterior abertura de sulcos, logo após 60 dias foi realizado o sistema de semeadura direta o feijão, cultivar manteiguinha e sempre verde, realizou se o desbaste das plantas 10 dias após a emergência, mantendo uma densidade final de 12 plantas viáveis por metro linear, em todos os tratamentos. Foi analisado teor de clorofila nas folhas, altura da planta (AP), peso de cem grãos (P100), produção de massa verde, produção de massa seca da parte aérea. As análises estatísticas foram realizadas por análises de variância por meio do teste F e, quando significativas, comparações de médias pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Palavras Chaves: Crotalária juncea, adubação verde, feijão caupi. INTRODUÇÃO A adubação adequada e equilibrada do feijoeiro contribui não só para o rendimento do grão, mas para o enriquecimento nutricional do grão, bem com para a melhoria da qualidade ambiental (ANDRADE et al., 2004). A quantidade de nitrogênio a ser empregada na adubação do feijoeiro pode estar condicionada ao tipo de planta de cobertura (gramínea ou leguminosa) que se cultiva na área. Em material com relação C/N maior que 20, característica da maioria das gramíneas, há maior imobilização de nitrogênio para sua decomposição (ALVARENGA et al., 2001), sendo necessário maior quantidade desse nutriente para obter resultados satisfatórios na colheita de feijão (BORDIN et al., 2003). Página 1
Apesar do uso de adubo verde no solo ser uma prática bastante antiga, existe pouca informação sobre seu efeito no crescimento da planta de feijão em comparação ao desenvolvimento à adubação mineral, na cultura do feijoeiro, em condições de cerrado. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o rendimento da cultura do feijão em função das fontes das adubações utilizando Crotalária com adubação orgânica. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no campo na Estação Experimental de Gurupi pertencente à Universidade Federal do Tocantins. A semeadura da crotalária foi realizada de forma convencional, com duas gradagens e posterior abertura de sulcos. Aos 60 dias após a semeadura, foi agarrada manualmente e deixando ao solo. Os tratamentos foram distribuídos em blocos ao acaso, com quatro repetições por tratamento. Após esse processo foi semeado em sistema de semeadura direta o feijão de inverno, cultivar BRS Manteiguinha e BRS Sempre Verde e após 30 dias foi feita a coberta de nitrogênio utilizando a ureia. A semeadura foi realizada mecanicamente, utilizando-se 20 sementes por metro linear, no espaçamento entre linhas de 0,50 m. Teor de clorofila nas folhas sendo as leituras foi realizado no início da manhã com clorofilômetro modelo Clorofilog CFL 1030, sendo medido pelo índice de clorofila falker. Altura da planta (AP): altura média de cinco plantas, em cm; Peso de cem grãos (P100): foi determinando pela contagem manual. Produção de massa verde da parte aérea, em kg, foi realizada com cinco plantas da área útil da parcela. Produção de massa seca, em kg, foi realizada com cinco plantas da área útil da parcela após as mesmas estarem secas em estufa a 65 C por 72 horas foram pesadas. As análises estatísticas foram realizadas por análises de variância por meio do teste F e, quando significativas, comparações de médias pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Utilizou se o programa computacional SISVAR (Sistema de análise estatística para microcomputadores) (FERREIRA, 2001). RESULTADOS E DISCUSSÃO Ao se analisar o efeito da interação fontes de adubações com cultivares (Tabela 1), observou-se variações estatísticas para as características massa verde de planta, massa seca de planta e tamanho de vagem. Já quando se observou o efeito isolado de cultivar, houve variações das características massa verde de plantas, tamanho de vagem, altura de planta e massa de cem grãos. Ao analisar o efeito isolado das diferentes fontes de Página 2
adubações observou se diferenças estatística apenas da característica massa verde de planta. Tabela 1. Resumo das análises de variância para as características massa verde (MV), massa seca (MS), tamanho de vagem (TV), peso de vagem (PV), diâmetro de colmo (DIAM), altura de planta (AP), clorofila (CLOR), peso de cem grãos (P100), produtividade (PROD) cultivar BRS Manteiguinha e BRS Sempre Verde cultivado no município de Gurupi, TO, safra 2014 GL MV MS TV PV DIAM Cultivar 1 30276,000000** 256,000000 ns 12,040900* 31,164306 ns 0,028056 ns Fonte 1 15876,000000* 144,000000 ns 1,188100 ns 6,039306 ns 0,094556 ns CultxFonte 1 236196,000000** 18496,000000** 9,610000* 20,770806 ns 1,470156 ns Repetição 3 2137,333333 570,666667 5,618800 10,655656 0,963073 Resíduos 9 2827,111111 83,555556 0,803800 6,814412 0,374340 CV (%) 3,61 2,70 5,73 25,67 10,32 Significativo a 1% - **; Significativo a 5% - *; ns - não significativo Continuação da tabela 1 GL AP CLOR P100 PROD Cultivar 1 1274,490000* 83,905600 ns 36,602500** 2,891378 ns Fonte 1 3180,960000** 0,102400 ns 13,104400 ns 50,836900 ns CultxFonte 1 57,760000 ns 47,334400 ns 5,904900 ns 309,936025 ns Repetição 3 273,550000 7,259200 8,698067 71,071183 Resíduos 9 132,734444 27,966800 2,891378 73,312500 CV (%) 13,93 12,13 12,48 7,46 Significativo a 1% - **; Significativo a 5% - *; ns - não significativo Ao observar o efeito de interação o cultivar com adubação mineral, para as características massa verde, massa seca e tamanho de vagem, o cultivar BRS Manteiguinha obteve superioridade em todas as características avaliadas (Tabela 2). Tal efeito pode esta relacionada à rusticidade da planta, uma vez que é um cultivar de crescimento indeterminado tipo prostrado; em relação ao cultivar BRS Sempre Verde que é do tipo indeterminado semi prostrado. Já na adubação orgânica o cultivar BRS Sempre Verde obteve melhor rendimento na massa verde e massa seca que o BRS Manteiguinha sendo mais eficiente na absorção de nutrientes e consequentemente maior crescimento vegetativo mesmo em condições de baixo fornecimento dos nutrientes fornecidos pela crotalária. Segundo Oliveira (2002), destaca que o acumulo maior de nitrogênio (N) no feijoeiro acorre em média 50 dias após o período de germinação e é nesta fase em que o feijoeiro necessita de N disposto de forma mais rápida o que acaba contribuindo para as Página 3
características de massa verde, massa seca e para o enchimento de grãos, onde quanto maior for a quantia de adubo verde (clotalária), acaba por favorecer o aumento da massa verde. Tabela 2 Efeito da interação de cultivares de feijão caupi e fonte de adubação para a característica massa verde, massa seca e tamanho de vagens, no município de Gurupi TO, safra 2013/14 Cultivares Massa Verde (kg) BRS Manteiguinha 1584,00 aa 1278,00 bb BRS Sempre Verde 1428,00 bb 1608,00 aa Massa Seca (kg) BRS Manteiguinha 374,00 Aa 312,00 bb BRS Sempre Verde 298,00 bb 372,00 aa Tamanho de Vagem(cm) BRS Manteiguinha 17,56 aa 15,47 ab BRS Sempre Verde 14,28bA 15,28aA Médias seguidas das mesmas letras minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Já quanto a característica massa seca Vincensi et al., (2011), destaca em seu trabalho que a produção superior de massa seca no feijoeiro utilizando como fonte de adubação verde, visto que a Crotalária exige menor quantia de nutrientes do solo. Ainda neste sentido o presente trabalho corrobora com o trabalho de Fageria (2008), que notou o aumento da massa seca do feijoeiro de acordo com o aumento das doses de N, ainda segundo o autor isto se deve ao fato do N aumentar a área foliar, clorofila e também a fotossíntese liquida, o que resulta no acumulo de matéria seca. De acordo com Teixeira (1998), o N favorece maior massa de 100 grãos, mas também a disposição no momento correto seja do N ou do adubo verde favorece a produção de massa seca, massa verde além da altura de planta no feijoeiro. Tabela 3 Efeito de cultivares para as características massa verde - MV, tamanho de vagem - TV, altura de planta AP e peso de 100 grãos P100, no município de Gurupi - TO, safra 2013/14 Cultivar MV(kg) TV(cm) AP(m) P100(kg) BRS Manteiguinha 1431,00 b 16,52 a 91,65 a 15,14 a BRS Sempre Verde 1518,00 a 14,78 b 73,80 b 12,11 b Médias seguidas das mesmas letras minúsculas, nas colunas, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Página 4
Quanto a característica altura de planta Bezerra (2005), cita em seu trabalho que o porte ideal da planta varia entre 50 e 55 cm em média, o que demonstra o bom resultado do uso do adubo mineral para esta característica, visto que este aumenta taxa metabólica da planta o que pode ter favorecido seu crescimento, mas em seu experimento o autor obteve índices maiores utilizando a Crotalária juncea. Tabela 4 Efeito de fontes de adubos para as características massa verde, altura de planta, no município de Gurupi - TO, safra 2013/14 Fonte Massa Verde (kg ha -1 ) Altura de Planta (cm) 1506,00 a 96,82 a Crotalária 1443,00 b 68,62 b Médias seguidas das mesmas letras minúsculas, nas colunas, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. LITERATURA CITADA ALVARENGA, R. C.; CABEZAS, W. A. L.; CRUZ, J. C.; SANTANA, D. P.; Plantas de cobertura de solo para sistema de plantio direto. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 22, n. 208, p. 25-36, 2001. ANDRADE, C. A. B.; PATRONI, S. M. S.; CLEMENTE, E.; SCAPIM, C. A. Produtividade E Qualidade Nutricional de Cultivares de Feijão em Diferentes Adubações. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 28, n. 5, p. 1077-1086, set/out., 2004. BORDIN, L.; FARINELLI, R.; PENARIOL, F. G.; FORNASIERI FILHO, D. Sucessão de Cultivo de Feijão-Arroz com Doses de Adubação Nitrogenada após Adubação Verde, Semeadura Direta. Bragantia, Campina, v.62, n.3, p.417-428, 2003. FAGERIA, N. K.; SANTOS, A. B.; BARBOSA FILHO, M. P.; PAULA RIBAS, I. C.; Massa da Matéria Seca da Parte Aérea e Absorção de Nitrogênio pelo Feijoeiro em Solo de Várzea. Instituto Agronômico de Campinas, Campinas, 85, 2008. FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do Sisvar para Windows versão 4.0. In...45 a Reunião Anual da Região Brasileira da Sociedade internacional de Biometria. UFSCar, São Carlos, SP, Julho de 2001. p.255-258. OLIVEIRA, T. K.; CARVALHO, G. J.; MORAES R. N. S. Plantas de Cobertura d seus Efeitos Sobre o Feijoeiro em Plantio Direto. Revista Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 37, n. 8, p. 1079-1087, 2002. TEIXEIRA, I. R. Comportamento do Feijoeiro (Phaseolus Vulgaris L. Cv. Pérola) Submetido a Diferentes Densidades de Semeadura e Níveis de Adubação Nitrogenada. 1998. 67 f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) - Universidade Federal de Lavras, Lavras. VINCENSI, M. M.; ARAÚJO, E. O.; KIKUTI, H.; CAMACHO, M. A.; Manejo do Solo e Adubação Nitrogenada na Supressão de Plantas Daninhas na Cultura do Feijão de Inverno e Irrigado. Revista Ciência Agronômica, v. 42, n. 3, p. 758-764, 2011 AGRADECIMENTOS O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq Brasil" Página 5