Ferramenta de autoria para construção de objetos de aprendizagem para a área da saúde

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Transcrição:

Ferramenta de autoria para construção de objetos de aprendizagem para a área da saúde Angélica Luísa Nienow; Marta Rosecler Bez Centro Universitário Feevale Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas Novo Hamburgo RS Brasil anienow@gmail.com; martabez@feevale.br Abstract. With the changing guidelines for the Brazil medicine teaching, the learning objects (OA) use has become an important teaching tool, making learning more interactive and participatory. For OA the construction can be used authoring tools. The use of authoring tools often requires advanced knowledge in computing, making it a complicated process for the majority of health professionals and education. As a result, is proposed in this paper the design and development of a simple authoring tool that can facilitate the construction of learning objects for non-professional experts in information technology. Resumo. Com a mudança das diretrizes para o ensino da medicina no Brasil, o uso de objetos de aprendizagem (OA) se tornou uma importante ferramenta didática-pedagógica, tornando a aprendizagem mais interativa, e participativa. Para a construção de OA podem ser usadas ferramentas de autoria. O uso das ferramentas de autoria quase sempre exige conhecimentos avançados em informática, tornando-se um processo complicado para a grande maioria dos profissionais da saúde e do ensino. Em função disso propõem-se neste artigo a modelagem e desenvolvimento de uma ferramenta de autoria simples, que possa facilitar a construção de objetos de aprendizagem para profissionais não experts em informática. 1. Objetos de Aprendizagem O conceito de objeto de aprendizagem surgiu nos anos 90, associado à evolução do e- Learning e ao aparecimento de plataformas de gestão do processo de ensino/aprendizagem virtuais, tipo Learning Management Systems (LMS) e ao crescente número de cursos on-line baseados nessas plataformas. Conforme Polsani (2003), em 1994, Wayne Hodgins introduziu o termo Learning Object (objeto de aprendizagem) ao batizar um grupo da Computer Management Systems Association CedMA como Learning Architectures, APIs and Learnig Objects. Em 2000, o termo passou a ser designado como uma tecnologia educativa pelo LTSC, um organismo do IEEE, quando ocorreu a constituição do grupo de trabalho WG12 para o desenvolvimento do Standart Learning Objects Metadata. Logo em seguida, foi adotado como uma representação do conceito de reutilização de e-conteúdos educativos (Polsani, 2003). Outro fator que, segundo Dutra, Tarouco e Konrath (2005), originou os objetos de aprendizagem, foi a necessidade de padronização, desenvolvimento e visualização de conteúdos, para tornálos mais portáveis e reutilizáveis.

Os objetos de aprendizagem são definidos por Wiley (2000) como quaisquer recursos digitais, que podem ser reutilizados para assistir à aprendizagem e que podem ser distribuídos pela rede, sob demanda, independentemente do tamanho. O autor também cita que os objetos de aprendizagem são elementos digitais de um novo tipo de instrução, podendo ser reutilizados em diferentes contextos pedagógicos e por várias pessoas. Para o IEEE/LTSC, um objeto de aprendizagem é definido como qualquer entidade, digital ou não, que pode ser utilizada e reutilizada durante o processo de aprendizagem que utilize tecnologia. Tais objetos podem ter conteúdo hipermídia, conteúdo instrucional, outros objetos de aprendizagem e software de apoio (IEEE, 2004). Muzio e Mundell (2001) utilizam o termo objeto de aprendizagem como um granular e reutilizável pedaço de informação independente de mídia. Segundo esses autores, os objetos de aprendizagem podem ser definidos como objetos de comunicação utilizados para propósitos instrucionais, indo desde mapas e gráficos, até demonstrações em vídeo e simulações interativas. Para Pimenta e Baptista (2004, p.102), objetos de aprendizagem se constituem em unidades de pequena dimensão, desenhadas e desenvolvidas de forma a fomentar a sua reutilização, eventualmente em mais do que um curso ou em contextos diferenciados, e passíveis de combinação e/ou articulação com outros objetos de aprendizagem de modo a formar unidades mais complexas e extensas. Ao definir um objeto de aprendizagem como uma parte (pedaço) de educação composto por conteúdo e avaliações baseadas em um objetivo de aprendizagem específico e que possui metadados descritivos envolvidos em torno dele, o International Data Corporation IDC (2001) propõe um modelo de objeto de aprendizagem composto por quatro estruturas principais, representadas na Figura 1, cujos elementos são descritos em seguida: Figura 1. Modelo de objeto de aprendizagem (IDC, 2001) Objetivos da Aprendizagem: o objeto é montado de forma a auxiliar os aprendizes, para que consigam atingir objetivos educacionais específicos. O grau de especificidade destes objetivos será o principal determinante da frequência em que este objeto será visto. Avaliação: antes de trabalhar com o conteúdo, os usuários podem se submeter a uma pré-avaliação, para determinar se possuem o conhecimento necessário para completar a atividade de aprendizagem. Com o resultado da pré-avaliação, o caminho a

ser percorrido no curso pode ser personalizado para mostrar quais objetivos já estão dominados e onde o aprendiz deve concentrar seus esforços. Após o trabalho com o conteúdo, os usuários podem ser submetidos a um teste, isto é, uma pós-avaliação, para identificar se alcançaram ou não os objetivos propostos pelo objeto de aprendizagem. Conteúdo da Aprendizagem: o conteúdo é essencialmente o material utilizado para apresentar a matéria abordada. Pode incluir: texto, gráficos, áudio, simulações, formulários de interação, entre outros. O conteúdo não está associado a nenhuma forma específica de arquivo, e pode ser criado com qualquer ferramenta de autoria. Metadados: são utilizados para descrever o que compõe o conteúdo de um objeto de aprendizagem. Os objetos são catalogados utilizando campos específicos para determinados assuntos, para facilitar a indexação, e a posterior localização e reutilização. Os metadados incluem informações sobre o conteúdo educacional, como: em quanto tempo o material deve ser completado, em qual idioma está escrito e quais conhecimentos são pré-requisitos para se trabalhar com o objeto. Essa estrutura diferencia os objetos de aprendizagem de outras tecnologias aplicadas à educação e possibilita a produção de conhecimento (SINGH, 2001). 2. Padrões e especificações para Objetos de Aprendizagem Para garantir a reutilização dos objetos de aprendizagem, devem ser utilizados alguns padrões de metadados na construção dos mesmos, o que permite o armazenamento em repositórios de objetos. Esses padrões facilitam a recuperação, reutilização e combinação de diferentes objetos, promovendo a interoperabilidade. Conforme Behar e Gaspar (2007), os metadados descrevem e estruturam a informação registrada sob diferentes suportes documentais, facilitando a localização e descrição deste objeto. Alguns dos padrões mais importantes desenvolvidos e utilizados ao redor do mundo são o LTSC 1, o ARIADNE 2, o IMS 3, o ADL 4, o LOM 5, o SCORM 6. Em termos de padrões brasileiros, foi aprovado pelos Ministérios da Educação e Cultura, da Saúde e das Comunicações, em julho de 2009, o OBAA 7, padrão adotado para armazenamento e transmissão de objetos de aprendizagem em múltiplas plataformas: web, TV digital e computação móvel. 3. Ferramentas de Autoria A construção dos objetos de aprendizagem pode se dar através de ferramentas de autoria, também conhecidas como ferramentas de autor, ferramentas aliadas, sistemas de criação de conteúdo ou sistemas de autoria. Ferramentas de autoria são definidas por Maia (2002) como recursos amigáveis para que leigos ou não programadores, possam 1 Learning Technology Standardization Committee 2 ARIADNE Foundation for the European Knowledge Pool 3 IMS Global Learning Consortium, Inc. 4 Advanced Distributed Learning Initiative 5 Learning Object Metadata 6 Sharable Content Object Reference Model 7 Padrão para Metadados de Objetos de Aprendizagem Multiplataforma

desenvolver com rapidez, amigabilidade e onde quer que estejam, independente de tempo, lugar ou situação física, um determinado conteúdo ou programa. Conforme Falkembach, Geller e Silveira (2006), as ferramentas de autoria oferecem um ambiente integrado para a combinação do conteúdo e das funções do software desenvolvido. Essas ferramentas fornecem a estrutura necessária para a organização e edição dos elementos de um software multimídia, incluindo gráficos, desenhos, animações, sons e vídeos. São utilizadas para o desenvolvimento da interface do software, visando estimular a interatividade, agrupando os elementos da multimídia num projeto coeso. As ferramentas de autoria mais elaboradas são os sistemas de autoria. Estes sistemas permitem, além de criar, editar e importar vários tipos de mídias, o desenvolvimento de código de programação, para responder a entradas do usuário. Para Maia (2002), a utilização de ferramentas de autoria no desenvolvimento do curso à distância é justificada pelas seguintes razões: tempo para a produção, a disseminação da cultura de e-learning na instituição entre a área acadêmica, o custo de produção, a liberdade de criar e gerenciar o conteúdo do ponto de vista do professor, de forma que o novo paradigma educacional seja a tríade: professor, conteúdo e alunos, focado no desenvolvimento, gerenciamento e construção de conhecimentos. 3.1 Exemplos de Ferramentas de Autoria Os trabalhos foram iniciados com uma pesquisa bibliográfica sobre objetos de aprendizagem e ferramentas de autoria existentes atualmente. As ferramentas de autoria em estudo são: ALOHA: ferramenta para desenvolvimento de material para EAD, com possibilidades de padrões IMS Content Package, IMS Learning Object Metadata e SCORM 1.2. Aprendaris.cl: ferramenta comercial que possibilita variadas atividades, que podem ser corrigidas pelo sistema, fornecendo estatísticas de conclusão das atividades e tempo que o aluno levou para realizar cada tarefa. Ardora: permite a exportar para SCORM uma série de conteúdos de aprendizagem, com variados tipos de materiais, como: jogo da memória, álbum, forca, selecionar palavras, colorir, etc. Atenex: possui compatibilidade com os padrões SCORM e IMS, tendo uma interface de fácil utilização e atividades pré-programadas. Burrokeet: considerado um editor de conteúdos de aprendizagem, é baseado na IDE Eclipse e de livre distribuição. CourseLab: ferramenta bastante completa, que permite grande variedade de atividades. Essas atividades podem ser exportadas para SCORM, além de permitir a leitura de diversos conteúdos externos à ferramenta. FreeLoms: permite criar material didático a partir de diversas ferramentas como, por exemplo, o MS Power Point. Gera padrão SCORM, armazenando os metadados de forma simples e intuitiva. PALOMA: ferramenta integrada ao projeto EduSource. Possui compatibilidade com sistemas externos e permite exportação com vários padrões, dentre eles o SCORM.

Rustici: permite o trabalho com materiais provenientes do MS Word, MS Excel e MS PowerPoint, Flash, entre outros. Possui um editor XML e permite a criação de objetos de aprendizagem interativos, gerando material no padrão SCORM. exe-learning: disponibiliza material em formato HTML para aprendizagem. É considerada uma ferramenta simples, que permite a professores e alunos publicar diversos tipos de conteúdos de aprendizagem na Web. Exporta material no padrão SCORM. Atenção especial foi dada à ferramenta exe-learning, por contemplar vários aspectos considerados importantes para este projeto, como facilidade de uso, simplicidade, scormização, entre outros. 4. Proposta de uma ferramenta de autoria para construção de objetos de aprendizagem para a área médica As novas diretrizes curriculares para os cursos de graduação em medicina no Brasil, aprovadas em 2001 pelo Conselho Nacional de Educação, citam a utilização de metodologias de ensino que favoreçam a participação mais ativa do aluno na construção do conhecimento (CNE, 2001). Diante desse contexto, os educadores necessitam de alternativas pedagógicas para auxiliar nesse processo de construção do conhecimento de forma mais eficiente. De acordo com Valente (2002), a informática pode ser um recurso auxiliar para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem, no qual o foco da educação passa a ser o aluno, construtor de novos conhecimentos, em um ambiente construcionista, contextualizado e significativo. Este é definido por Schülnzen (2000) como um ambiente favorável que desperta o interesse do aluno e o motiva a explorar, a pesquisar, a descrever, a refletir, a depurar as suas ideias. Entre os materiais educativos que procuram atender a essa necessidade estão os objetos de aprendizagem. Visto que esses objetos são desenvolvidos com ferramentas de autoria e que, para a utilização da maioria dessas ferramentas, é necessário ter conhecimentos avançados em informática, se propõe a modelagem de dados e o desenvolvimento de uma ferramenta de autoria, que permita a qualquer professor, com pouco conhecimento em informática, desenvolver e disponibilizar objetos de aprendizagem on-line. A modelagem de dados será feita com base em técnicas de Engenharia de Software, onde o princípio da facilidade de uso será o principal ponto observado. O princípio da facilidade foi escolhido por se tratar do desenvolvimento de uma ferramenta que será utilizada por professores da área da saúde, que, na maioria das vezes, não possuem conhecimentos específicos de informática. Para incentivar o uso da ferramenta, é importante que a mesma possua uma interface auto-explicativa e fácil de ser utilizada. Um questionário está sendo aplicado aos professores de medicina da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, visando descobrir o conhecimento destes na área de informática, bem como, recursos que estes consideram importantes na construção do material didático a ser desenvolvido para as aulas, tanto presenciais quanto a distância.

A ferramenta exe-learning foi instalada e testada. Dentre as características importantes nessa ferramenta, que se acredita poderem ser implementadas para a área da saúde, se destaca a taxonomia. Ela permite definir, conforme for desejado, a estrutura do projeto. Por exemplo, é possível organizar o projeto do material didático em capítulos e cada capítulo pode ter novas sessões, e estas, podem ter sub-sessões. O exe dispõe de um editor WYSIWUG (What You See Is What You Get), que pode ser utilizado em todos os i-devices (unidades didáticas). Desta maneira se torna simples formatar o texto e incluir elementos multimídia. Dentre os i-devices disponíveis para o uso na área da saúde e que podem ser implementados na ferramenta proposta, destacam-se os seguintes: Estudo de caso: apresentação de um caso clínico. Pode ser usado para apresentar um caso real, que permite aos alunos aplicar os seus próprios conhecimentos e experiências anteriores para solução. Ao projetar um estudo de caso, é possível destacar pontos educacionais vinculados ao caso e qual conteúdo o aluno deve conhecer para solucionar o caso. Permite aos alunos interagir com o material, individualmente ou em grupos, analisando diversos aspectos do caso, bem como feedback às soluções apresentadas. Questões de Múltipla Escolha: podem ser utilizadas como uma ferramenta de teste para estimular a reflexão e discussão de alunos sobre temas, aos quais eles se sintam pouco a vontade em responder. Nesse caso é importante levar em consideração as aprendizagens resultantes das questões do teste, habilidades testadas, entre outros. Reflexão como método de conectar teoria a prática: tarefas de reflexão podem dar aos alunos a oportunidade de observar e refletir sobre suas observações antes de apresentá-las como parte de um trabalho acadêmico. Jornais da área, casos clínicos solucionados, prontuários fictícios, entre outras, são ferramentas úteis para coleta de dados de observação. Artigos Wiki: permitem a uma comunidade colaborar no desenvolvimento de um conteúdo. Tendo como modelo a Wikipédia, bastante conhecida por profissionais de todas as áreas, os professores de medicina podem criar wikis de um conteúdo específico, fazendo com que o aluno exponha seu conhecimento ao grupo. As alterações realizadas no material podem passar pelo aval do professor, sendo este o responsável por corrigir detalhes específicos e incluir aspectos considerados relevantes ao conteúdo. Outras ferramentas passarão pela análise na busca de i-devices que possam ser incorporados no desenvolvimento deste trabalho. 4. Considerações Finais Este trabalho apresenta o início do estudo para a criação de uma ferramenta de autoria para material educacional e objetos de aprendizagem para a área da saúde, tendo como aspecto o princípio da facilidade de uso. O estudo bibliográfico realizado mostrou que a tecnologia está cada vez mais presente nos diferentes contextos educacionais. Dessa forma surge a necessidade de interação entre alunos, professores e tecnologia, com o objetivo de melhorar o processo

de ensino e aprendizagem. Os objetos de aprendizagem são uma forma robusta, prática e econômica para atender a essa nova necessidade de interação, devido ao seu potencial de reusabilidade, generalidade, adaptabilidade e escalabilidade. O que pôde ser observado, na maioria das ferramentas de autoria analisadas, foi a complexidade de utilização das mesmas. A maioria dos professores não apresenta esse conhecimento avançado e, muitas vezes, precisa de ajuda de experts em informática para utilizá-las. Buscando sanar este problema, é proposto o desenvolvimento de uma ferramenta de autoria, que permita a qualquer professor, com pouco conhecimento em informática, desenvolver e disponibilizar objetos de aprendizagem on-line. Das ferramentas analisadas até o momento, destacou-se a exe-learning, que possui vários i-devices de fácil utilização e que podem ser adaptados ao ensino da medicina. Outras ferramentas devem ser estudadas e testadas, buscando selecionar características interessantes em cada uma destas, para que possam ser incorporadas neste projeto. Para tanto, os próximos passos serão recolher e analisar o questionário que está sendo aplicado junto a professores de medicina da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. A análise dos resultados obtidos através dos questionários irá nortear a modelagem de dados da ferramenta proposta, para posterior desenvolvimento. Um dos aspectos importantes deste projeto é a participação dos futuros usuários, professores de medicina, no desenvolvimento da ferramenta, fornecendo sugestões, material didático para análise, críticas, sugestões e prontificando-se para testes com a ferramenta. Referências ADL. (2001) Sharable Content Object Reference Model (SCORM) Version 1.2: The SCORM Overview. Disponível em: http://www.adlnet.org/technologies/scorm/default.aspx. Acessado em: setembro, 2009. ADL. Advanced Distributed Learning Web Site. Disponível em: http://www.adlnet.org. Acessado em: setembro, 2009. ARIADNE. Foundation for the European Knowledge Pool Website. Disponível em: http://www.ariadne-eu.org. Acessado em setembro, 2009. BEHAR, P. A.; GASPAR, M. I. (2007) Uma perspectiva curricular com base em objetos de aprendizagem. Disponível em: http://espacio.uned.es/fez/eserv.php?pid=bibliuned:19205&dsid=n03behar07.pdf. Acessado em: junho, 2009. BRASIL, Conselho Nacional de Educação. (2001) Resolução CNE/CES Nº 4, de 7 de novembro de 2001. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/ces04.pdf. Acessado em: agosto, 2009. DUTRA, R. L. de S.; TAROUCO, L. M. R.; KONRATH, M. L. P. (2005) IMS Learning Design, evoluindo de Objetos de Aprendizagem para Atividades de Aprendizagem In: RENOTE Revista Novas Tecnologias na Educação. Porto Alegre: UFRGS.

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