Tribunal de Contas da União Número do documento: DC-0776-48/99-P Identidade do documento: Decisão 776/1999 - Plenário Ementa: Inspeção. Secretaria de Justiça de Santa Catarina. Pedido de reexame de decisão que fixou prazo para que o Estado de Santa Catarina adotasse providências a fim de sanar as irregularidades em contrato para construção do complexo penitenciário da grande Florianópolis. Desistência do pedido de reexame. Homologação da desistência. Restituição dos autos à unidade técnica do TCU para o cumprimento da decisão plenária. - Desistência de recurso impetrado. Análise da matéria. Grupo/Classe/Colegiado: Grupo II - CLASSE I - Plenário Processo: 650.259/1997-1 Natureza: Pedido de Reexame Entidade: Órgão de Origem: Secretaria do Estado da Justiça e Cidadania de Santa Catarina Interessados: Interessado: Estado de Santa Catarina Dados materiais: DOU de 17/11/1999 Sumário: Pedido de reexame interposto contra decisão que fixou prazo para que o Estado de Santa Catarina adotasse providências ao exato cumprimento da lei, com vistas a trazer à legalidade contrato celebrado para a construção do Complexo Penitenciário da Grande Florianópolis. Desistência do pedido de reexame. Homologação da desistência para que produza seus jurídicos e legais efeitos. Ciência ao interessado. Comunicações. Restituição dos autos à SECEX/SC para cumprimento da
Decisão Plenária nº 869/98. Relatório: Versa a espécie sobre pedido de reexame interposto pelo Estado de Santa Catarina contra a Decisão Plenária nº 869/98, proferida em Relatório de Inspeção originado de representação da SECEX/SC acerca de irregularidades atinentes à construção do Complexo Penitenciário da Grande Florianópolis. 2.Por meio do julgado recorrido, este Tribunal assim decidiu, in verbis: "8.1. fixar, com base no art. 71, IX, da Constituição Federal c/c o art. 45 da Lei nº 8.443/92, o prazo de 15 (quinze) dias para que a Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania de Santa Catarina, na pessoa do seu titular, adote providências ao exato cumprimento do art. 54, 1º, da Lei nº 8.666/93, em relação ao contrato de construção do Complexo Penitenciário da Grande Florianópolis, celebrado com a construtora Espaço Aberto Ltda, adequando o seu valor global à proposta da respectiva licitação, admitida apenas a correção do INCC/FGV contida no capítulo XII do edital, enviando-lhe cópia da presente Decisão, acompanhada do Relatório e Voto que a fundamentaram; 8.2. determinar ao Ministério da Justiça, na pessoa do titular da Secretaria Nacional de Justiça, que se abstenha de repassar recursos para a construção do Complexo Penitenciário da Grande Florianópolis, até que sejam sanadas as irregularidades observadas nos presentes autos, enviando-lhe cópia da presente Decisão, acompanhada do Relatório e Voto que a fundamentaram; 8.3. autorizar, após transcorrido o prazo de 45 dias sem que se tenha procedido à compensação dos valores pagos a maior, a realização de inspeção na Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania, pela SECEX/SC, objetivando a quantificação do débito relativo aos valores da recomposição em questão, contidos nas parcelas já pagas, individualização dos responsáveis e posterior transformação do presente processo em tomada de contas especial; 8.4. determinar à CISET/MJ que avalie a eficácia da atuação do Departamento Penitenciário Nacional DEPEN/MJ no acompanhamento da execução dos convênios a seu encargo nas próximas contas do referido Departamento; 8.5. enviar cópia da presente Decisão, acompanhada do Relatório e Voto que a fundamentaram ao Titular da Procuradoria Regional dos Direitos do
Cidadão do Ministério Público Federal em Santa Catarina." 3.Irresignado com o decisum, o Estado de Santa Catarina, pretendendo reformá-lo, interpôs pedido de reexame. 4.A Unidade Técnica pugnou pelo não provimento ao pedido de reexame interposto. 5.Manifestando-se às fls. 312/313, o Ministério Público posicionou-se pelo provimento ao recurso. 6.Efetuados todos os atos processuais legais e regulamentares conducentes ao julgamento do apelo interposto pelo Estado de Santa Catarina, submeti a este Colegiado proposta de decisão na Sessão Plenária de 29.9.99. 7.Em virtude de pedido de vista formulado pelo eminente Ministro Guilherme Palmeira naquela Sessão, a apresentação do Relatório então trazido ao Colegiado, bem como a votação, foram suspensas. 8.Em 4.10.99, o Estado de Santa Catarina, devidamente representado por sua Procuradora, formulou pedido de desistência do pedido de reexame interposto. 9.Em razão do pedido de desistência, o Gabinete do eminente Ministro Guilherme Palmeira restituiu os autos a meu Gabinete. 10.Consta à fl. 317 ofício oriundo da Procuradoria da República em Santa Catarina, dirigido ao Sr. Secretário da 10ª SECEX, onde são requeridas, no prazo de 10 dias, informações sobre o andamento deste feito. É o Relatório. Voto: PROPOSTA DE DECISÃO Havendo o recorrente desistido de seu apelo, não resta outro desfecho que não seja a homologação da desistência para que produza seus jurídicos e legais efeitos. 2.Dúvida poderia haver quanto à possibilidade de ser acolhido pedido de desistência formulado quando já iniciada a sessão de julgamento, haja vista que a Lei nº 8.443/92, o Regimento Interno desta Corte e os demais atos normativos e regulamentos deste Tribunal são silentes em
relação à matéria. 3. O Código de Processo Civil aplicável ao processo administrativo do Tribunal de Contas da União, de forma subsidiária, por permissão expressa da Súmula nº 103 desta Corte, ao tratar dos recursos, afirma, em seu art. 501, que o recorrente poderá, a qualquer tempo, desistir do recurso. Poder-se-ia abrir discussão acerca da interpretação da expressão "qualquer tempo", com vistas a verificar se engloba, inclusive, a possibilidade de desistir quando já iniciado o julgamento. Todavia, há jurisprudência do STF acerca da matéria, razão pela qual pode-se adotar como razão de decidir o entendimento daquela Corte, de forma a abreviar o debate. 4.Entendeu o STF que a desistência do recurso pode se operar inclusive quando já iniciado o julgamento que haja sido suspenso por força de pedido de vista. Veda a desistência tão-somente após a conclusão do julgamento. Transcreve-se a ementa de alguns julgados do STF, in verbis: "Recurso extraordinário. Desistência requerida pelo recorrente após iniciado o julgamento, no curso de interrupção determinada por pedido de vista... Desistência homologada." (REQO - 105169/DF) "... Recurso extraordinário por ofensa ao art. 97 da Constituição Federal, de que desistiu o recorrente, após o voto do Relator que lhe dava provimento: desistência homologada." (RE 121791/PE) "A regra do art. 501 do CPC não pode ser interpretada de forma absoluta, afastando-se qualquer possibilidade de desistência do recurso depois de concluído o julgamento." (REQO 144972/RJ) DA SOLICITAÇÃO DE INFORMAÇÕES REALIZADA PELA PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM SANTA CATARINA E PELA SUPERINTENDÊNCIA DA POLÍCIA FEDERAL EM SANTA CATARINA 5.Em atendimento à solicitação constante do ofício de fl. 317, originalmente dirigido ao Sr. Secretário de Controle Externo da 10ª SECEX, cabe remeter à Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão da Procuradoria da República em Santa Catarina cópia da Decisão a ser proferida, bem como do Relatório e Voto que a fundamentam, além de informar que, após o decurso do prazo fixado no item 8.3. da Decisão Plenária nº 869/98, que se encontra suspenso em decorrência do pedido de reexame interposto pelo Estado de Santa Catarina, sem que haja a recomposição dos valores, proceder-se-á à instauração de tomada de
contas especial com vistas a ressarcir ao Erário os prejuízos eventualmente apurados. 6.De igual modo deve-se proceder em relação à solicitação de informações oriunda da Superintendência da Polícia Federal em Santa Catarina (fl. 106 do volume principal). Assim, proponho que o Tribunal adote a Decisão que ora submeto à deliberação deste Colegiado. TCU, Sala das Sessões, em 03 de novembro de 1999. BENJAMIN ZYMLER Relator Assunto: I - Pedido de Reexame Relator: BENJAMIN ZYMLER Representante do Ministério Público: MARINUS EDUARDO Unidade técnica: 10ª SECEX Quórum: Ministros presentes: Adhemar Paladini Ghisi (na Presidência), Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça, Bento José Bugarin, Valmir Campelo, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues e Guilherme Palmeira. Sessão: T.C.U., Sala de Sessões, em 3 de novembro de 1999 Decisão: O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE: 8.1. homologar o pedido de desistência do recurso interposto formulado pelo Estado de Santa Catarina, para que produza seus jurídicos e legais efeitos; 8.2. enviar cópia da presente Decisão, acompanhada do Relatório e
Voto que a fundamentam à Procuradoria-Geral do Estado de Santa Catarina, à Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania de Santa Catarina, à Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça, à Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão da Procuradoria da República em Santa Catarina e à Superintendência da Polícia Federal em Santa Catarina; 8.3. informar à Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão da Procuradoria da República em Santa Catarina e à Superintendência da Polícia Federal em Santa Catarina que, após o decurso do prazo fixado no item 8.3. da Decisão Plenária nº 869/98, que se encontra suspenso em decorrência do pedido de reexame interposto pelo Estado de Santa Catarina, sem que haja a recomposição dos valores, proceder-se-á à instauração de tomada de contas especial com vistas a ressarcir ao Erário os prejuízos eventualmente apurados; 8.4. restituir os autos à SECEX/SC para cumprimento da Decisão Plenária nº 869/98.