RELATÓRIO DE CONJUNTURA: REGULAÇÃO Novembro de 2009 Nivalde J. de Castro Danilo Delgado PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES ECONÔMICAS FINANCEIRAS DO SETOR ELÉTRICO
PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE O SETOR ELÉTRICO RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO da CONJUNTURA: REGULAÇÃO do SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO NOVEMBRO de 2009 Nivalde J. de Castro Danilo Delgado PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES ECONÔMICAS FINANCEIRAS DO SETOR ELÉTRICO
Índice 1 CONCESSÕES... 4 2 MEIO AMBIENTE... 6 3 SUBSTITUIÇÃO TARIFÁRIA... 6 4 TARIFAS... 7 Relatório Mensal de Acompanhamento da Conjuntura de Regulação (1) Nivalde J. de Castro (2) Danilo Delgado (3) (1) Participaram da elaboração deste relatório como pesquisadores Roberto Brandão, Bruna de Souza Turques, Rafhael dos Santos Resende, Diogo Chauke de Souza Magalhães, Débora de Melo Cunha e Luciano Análio Ribeiro. (2) Professor do Instituto de Economia - UFRJ e coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (3) Pesquisador do GESEL-IE-UFRJ
1 CONCESSÕES O diretor-geral da Aneel, Nelson Hubner, afirmou que a alteração dos cálculos das tarifas não pode ser feita unilateralmente pela agência. Para isso, foi feita a proposta de mudança bilateral dos contratos em vigor. Nelson Hubner disse que vai esperar a voluntariedade das distribuidoras que quiserem devolver os valores. Para ele, "devolver o dinheiro é impossível. O que pode acontecer é, voluntariamente, as distribuidoras aceitarem fazer esse ressarcimento por meio da tarifa. A Aneel não pode obrigá-las a ressarcir porque não houve erro no cálculo. Foi usada a fórmula vigente em contrato". As perdas para os consumidores por conta da falha na metodologia de cálculo do reajuste das tarifas de energia elétrica passam de R$ 600 milhões para o primeiro semestre deste ano, segundo cálculos feitos pela Aneel. Das dez distribuidoras analisadas, a que recebeu mais recursos do consumidor por conta da metodologia errada foi a Eletropaulo, com R$ 174,1 milhões. A questão ganhou dimensão porque houve uma arrecadação maior pelas distribuidoras, mas o inverso também resultaria em problemas para essas empresas, de acordo com o presidente da Abrace, Ricardo Lima. Na visão do coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico, Nivalde de Castro, o problema neste caso pode ser avaliado como uma falta de ação mais rápida em 2007, quando o fato, que existia desde 2002, foi detectado pela Aneel. "Naquele momento, parece ter prevalecido uma indefinição, dado o poder de argumentação das concessionárias, indicando que o contrato que regia o cálculo da Parcela A estaria intrinsecamente ligado ao contrato de privatização. Colocado nestes termos, havia assim a ameaça das distribuidoras de levarem o caso para a Justiça, algo que a Aneel sempre tenta evitar", comentou Nivalde. Na mesma linha, Nelson Hubner salienta que o espaço para o debate foi aberto com a instalação da CPI das Tarifas. Porém, Hubner sinalizou que o ajuste dos contratos não deve contemplar a retroatividade. A agência abriu audiência pública para apresentar as propostas de alterações nos contratos de concessão das 63 distribuidoras de energia do país. O objetivo é aperfeiçoar a metodologia de cálculo tarifário para assegurar a neutralidade de parte da receita das empresas formada por custos não-gerenciáveis. A
Aneel propõe que a metodologia de cálculo da Parcela A (CVA) passe a considerar as despesas efetivamente faturadas pelas empresas e as variações no mercado de energia elétrica. Essas propostas são baseadas na nota técnica nº 274, produzida em 2008 pela Superintendência Regulação Econômica (SRE) da agência. A Neoenergia, holding que controla as distribuidoras Celpe, Cosern e Coelba, entre outros ativos, esclareceu que "não existe erro nas tarifas que cobrou dos consumidores e que, portanto, não há valores a serem ressarcidos". A companhia ressalta ainda que os cálculos foram feitos segundo regras estabelecidas, salientando que a estabilidade das regras é fator fundamental para realização dos investimentos no setor". A empresa reitera que está à disposição para discutir o tema. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, avalia que a saída para compensar as perdas do consumidor com o erro no cálculo do reajuste de tarifas de energia será diluir o prejuízo nos próximos aumentos a serem autorizados às distribuidoras. A ideia é conceder reajustes menores no futuro para resarcir os consumidores. De acordo com o deputado Alexandre Santos (PMDB-RJ), a CPI da Tarifa de Energia vai sugerir que a Aneel tenha controle externo e que uma de suas diretorias seja ocupada por representantes dos consumidores. Para ele, embora a agência tenha um corpo técnico capacitado, os cargos de comando da agência são ocupados por pessoas que vieram ou irão para a iniciativa privada - situação que colocaria em risco a independência do órgão. Para a Fiesp, empresas e consumidores devem ser ressarcidos pelos valores pagos a mais pela energia. A entidade afirma que a cobrança indevida agrava o impacto do custo da energia elétrica na competitividade da indústria brasileira. De acordo com Elisa Novais, advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a Aneel não cita no modelo de aditivo aos contratos de concessão de distribuição a restituição dos valores pagos a mais nas contas de luz dos últimos sete anos, mas apenas a revisão da fórmula de cálculo da tarifa. A entidade se mobiliza para convencer a Aneel a incluir no texto do aditivo a necessidade de restituição dos valores pagos a mais.
Para o advogado Ives Gandra Martins, a exemplo das distribuidoras, o governo também está obrigado a devolver o valor dos impostos recolhidos a mais dos consumidores. O governo federal recolhe sobre a tarifa de energia elétrica o PIS e a Cofins, e os governos estaduais, o ICMS. 2 MEIO AMBIENTE Governo anuncia meta de redução de emissões de CO2 para 2020 A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o ministro de Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciaram nesta sexta-feira, 13 de novembro, a meta do Governo Federal para redução das emissões de gases do efeito estufa, entre 36,1% e 38,9% até 2020. Minc e Dilma afirmaram mais uma vez que o compromisso assumido pelo Brasil é voluntário, e a meta será apresentada na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15), que será realizada em Copenhague, na Dinamarca, em dezembro. A amplitude da redução, segundo o governo, deve ficar de 975 a 1,062 bilhão de toneladas de gás carbônico. Nesta semana, o governador de São Paulo, José Serra, ancionou uma lei para reduzir em 20% as emissões de gases de efeito estufa do estado até 2020. (13.11.2009) 3 SUBSTITUIÇÃO TARIFÁRIA A Comissão Mista Permanente de Mundanças Climáticas do Congresso Nacional reuniu-se na última quarta-feira, 18 de novembro, para leitura do relatório do deputado Colbert Martins (PMDB-BA). Uma das medidas propostas promete causar polêmica no setor elétrico. Martins pede o establecimento de metas anuais de redução da participação das usinas nucleares, a óleo combustível e a carvão mineral na matriz energética nacional até a completa eliminação em 2040. Por outro lado, ele recomenda
que 25% da matriz energética brasileira seja composto por fontes como eólica e solar até 2020. O relatório, que será votado na próxima terça-feira, 24, propõe a aprovação do projeto de lei 19/2007, que estabelece metas de redução da emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa.além da aprovação do PL 493/2007, que organiza e regula o mercado de carbono em bolsas de valores, por meio da emissão de títulos de RCE. (20.11.2009) A comercializadora da Tractebel Energia conseguiu ontem na Justiça paulista a primeira liminar que derruba o decreto da substituição tributária nas vendas do mercado livre do Estado de São Paulo. A juíza Simone Casoretti, da 9ª Vara de Fazenda Pública, entendeu que as distribuidoras não são fornecedoras, somente transportam a energia ao consumidor final e por isso não devem ser responsáveis pelo recolhimento do ICMS. A decisão vale apenas para a Tractebel, mas anima o setor que tem brigado na Justiça pela inconstitucionalidade do decreto paulista 54.1777. As comercializadoras entraram com ações individuais na primeira instância e a associação do setor, a Abraceel, chegou a ajuizar uma ação direta de inconstitucionalidade no STF. Já as distribuidoras, por meio de sua associação, também brigam na Justiça paulista, mas até agora sem sucesso. (27.11.2009) 4 TARIFAS A Aneel tem estudado mudanças nas penalidades impostas às concessionárias que descumprem as metas de qualidade no fornecimento de energia elétrica. Hoje, boa parte do dinheiro recolhido das multas vai para o Tesouro para compor a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e uma parcela mínima é repassada para o consumidores. O objetivo da Aneel é repassar integralmente aos consumidores que ficaram sem energia os valores recolhidos com as multas aplicadas nos casos de interrupção dos serviços. A medida valeria a partir de 1º de janeiro de 2010 e deverá ser votada pela diretoria da agência em 8 de dezembro. (27.11.2009)