REALIZAÇÃO CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO DE GOIÁS CAU/GO. PRESIDENTE John Mivaldo da Silveira



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Transcrição:

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REALIZAÇÃO CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO DE GOIÁS CAU/GO PRESIDENTE John Mivaldo da Silveira CONSELHEIRO FEDERAL TITULAR Arnaldo Braga Mascarenhas CONSELHEIRO FEDERAL SUPLENTE Daniel Dias Pimentel CONSELHEIROS ESTADUAIS TITULARES Alexandre José Perini Aluízio Antunes Barreira Anamaria Diniz Batista Diogo Antônio da Paixão Érico Naves Rosa Fernando Camargo Chapadeiro Gledson Rodrigues do Nascimento Marcos Aurélio Lopes Arimatéa Maria Eliana Jubé Ribeiro CONSELHEIROS ESTADUAIS SUPLENTES Álvaro Fernandes de Oliveira Bráulio Vinícius Ferreira Carla Rosana Azambuja Herrmann Fernando Carlos Rabelo Frederico André Rabelo Leônidas Albano da Silva Júnior DIRETOR GERAL Edinardo Rodrigues Lucas SECRETÁRIA GERAL Rita Helena Muniz Mendes GERENTE DE ARQUITETURA E URBANISMO Isabel Barêa Pastore Responsável Técnica CAU N 33221-6 RRT N 991314 2

PARCERIA DELEGACIA ESTADUAL DE REPRESSÃO A CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE DEMA DELEGADO Luziano Severino de Carvalho PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS PUC GOIÁS REITOR Wolmir Therezio Amado DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE ARTES E ARQUITETURA Roberto Cintra Campos COORDENADOR DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO Frederico André Rabelo PROFESSORA DA DISCIPLINA DE PAISAGISMO Susy Sueli Pereira Simon DIRETOR DO INSTITUTO DO TRÓPICO SUBÚMIDO Altair Sales Barbosa PROFESSORA DO INSTITUTO DO TRÓPICO SUBÚMIDO Marilda Ribeiro APOIO PREFEITURA MUNICIPAL DE GOIÂNIA PREFEITO MUNICIPAL Paulo Garcia PRESIDENTE AGÊNCIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE Pedro Wilson Guimarães CONSULTORIA AQUALIT TECNOLOGIA EM SANEAMENTO S/S LTDA ANALISTA Fabrício Faria Costa CRQ XII 121/10 RESPONSÁVEL TÉCNICA Cláudia Martins CRF 2413 3

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO...5 CONCEITUAÇÃO...5 JUSTIFICATIVA...6 METODOLOGIA...7 RELATÓRIO GERAL...7 ANEXOS: RELATÓRIO 1 - PARQUE AREIÃO RELATÓRIO 2 - BOSQUE DOS BURITIS RELATÓRIO 3 - PARQUE CASCAVEL RELATÓRIO 4 - PARQUE FLAMBOYANT RELATÓRIO 5 - JARDIM BOTÂNICO RELATÓRIO 6 - LAGO DAS ROSAS RELATÓRIO 7 - PARQUE VACA BRAVA 4

APRESENTAÇÃO Este documento consiste no relatório técnico elaborado após visita de campo, coleta de dados, análise e avaliação da situação ambiental dos seguintes parques urbanos de Goiânia: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Areião; Bosque dos Buritis; Cascavel; Flamboyant; Jardim Botânico, Lago das Rosas e; Vaca Brava. O objetivo do trabalho é levantar a situação físico-ambiental e de apropriação dos principais parques urbanos implantados em Goiânia, no intuito de encaminhar às autoridades públicas competentes os resultados para que sejam tomadas as providências necessárias que, por certo, resgatarão a importância e o significado destas áreas na qualificação da paisagem e da vida da população. CONCEITUAÇÃO A compreensão do parque urbano como equipamento importante para o equilíbrio ambiental e o convívio social em uma grande cidade parece consensual. A destinação deste tipo de espaço público ao lazer contemplativo e à prática de esportes, aliada à sua função ambiental como conforto térmico, conservação e conhecimento da biodiversidade e controle da poluição sonora e do ar, é considerada essencial à manutenção da qualidade de vida urbana. Apesar de receber diferentes conceitos relacionados à concepções e enfoques, ora mais paisagísticos, mais ambientalistas ou mais arquitetônicos, os parques urbanos, como elementos dinâmicos de composição das cidades, são delineados por características físicas locais, enriquecidos pela estrutura e equipamentos instalados e animados pelo perfil de seus usuários. Sobre a evolução dos usos dos parques urbanos brasileiros a partir do século XIX, observa-se que eles passaram de ambientes elitizados, onde o ajardinamento recriava uma natureza organizada, voltado ao passeio da classe dominante, para espaços democráticos e de continuidade da morada humana onde todos podem correr, brincar e divertir-se, bem como, onde os recursos naturais são preservados. Quanto à sua importância ecológica, as massas verdes urbanas constituem um filtro natural de carbono e um amortecedor dos ruídos e odores da cidade. No que se refere à climatização, observa-se que no interior das áreas dos parques a temperatura do ambiente chega a apresentar uma diferença de até 4 C para menos e índices de umidade do ar bem superiores em relação às outras áreas urbanas. Os parques urbanos também servem de abrigo e fonte de alimento para a fauna presente. A integração destes espaços vegetados com as áreas rurais preservadas do município, forma corredores ecológicos garantindo a sobrevivência das espécies que resistiram à urbanização. Além disso, as grandes áreas permeáveis da cidade contribuem para a boa drenagem do solo urbano, propiciando a infiltração das águas das chuvas e o retorno das mesmas ao lençol freático, mantendo os níveis dos mananciais. A drenagem eficiente do solo urbano também diminui as ocorrências de alagamentos e enchentes, principalmente, nos fundos de vale e nas áreas com cotas mais baixas. 5

No que se refere à composição da paisagem urbana, os parques se apresentam como grandes jardins abertos. São espaços livres e iluminados em meio as áreas adensadas onde a flora pode ser observada em sua exuberância. Nestes locais especiais é possível guardar a memória do ambiente natural original através da preservação das espécies nativas e das composições de cores e volumes que o cerrado produz. JUSTIFICATIVA O plano original de Goiânia idealizado por Attílio Corrêa Lima e posteriormente transformado e complementado pelas ideias de Armando de Godoy, apresentava uma proposta diferenciada de cidade desenhando um sistema de áreas verdes interligadas e entremeadas na malha urbana. O processo de evolução e ocupação da cidade, protagonizado por diversos atores em diferentes momentos políticos, econômicos e sociais, modificou o uso original destinado às áreas verdes que foram violentamente ocupadas, invadidas e, em alguns casos, devastadas. Os seis planos diretores municipais elaborados ao longo deste período de oito décadas, aliados a projetos pontuais de preservação das áreas verdes da capital, não foram suficientes para garantir a integridade e a preservação integral dos ambientes que hoje estão instituídos como parques urbanos. A falta de instrumentos de planejamento mais eficazes de preservação das áreas verdes urbanas, agravada pela falta de estrutura do poder público na manutenção e proteção destas áreas, permitiu ao longo dos anos que, do sistema integrado de áreas verdes idealizado, restassem apenas pequenas áreas isoladas e desconexas perdidas entre as áreas adensadas da cidade. Muitas áreas verdes remanescentes na zona urbana foram transformadas em unidades de conservação (UC's) e algumas delas, mais recentemente em parques, que representam hoje uma opção de lazer e contemplação aos citadinos. Nos últimos dez anos, novos parques foram instituídos e os parques antigos da cidade passaram por processos de revitalização incluindo reformas estruturais, implementação de infraestrutura e instalação de equipamentos e mobiliários urbanos, além de ações de recuperação das áreas de fundo de vale e a desocupação de áreas invadidas nos locais necessários. Apesar das obras realizadas e da tentativa do poder público de oferecer espaços públicos qualificados à população, a Delegacia Municipal de Meio Ambiente - DEMA tem registrado denúncias sobre a situação de degradação das nascentes e dos corpos hídricos que cortam a cidade. A maioria destas nascentes e córregos estão situados nos locais estudados e suas águas foram represadas, dando origem aos lagos que compõe a paisagem urbana. Além disso, durante o processo de implementação dos novos parques, as áreas de entorno destes espaços passaram por transformações significativas quanto ao uso e a densidade. Algumas regiões que contornam os parques foram intensamente verticalizadas e reorganizadas espacialmente gerando um nova realidade ambiental e urbana. A avaliação da situação ambiental e estrutural dos parques, incluindo a verificação da qualidade das águas dos lagos, é essencial para elaboração de um diagnóstico com a identificação dos problemas que afetam estas áreas, bem como para a proposição de ações que visem sua recuperação e preservação. 6

METODOLOGIA A metodologia utilizada para a elaboração do relatório incluiu a verificação da documentação existente sobre os parques urbanos estudados, levantamentos de campo, registros fotográficos, reuniões técnicas para avaliação e síntese dos dados. Foram analisados aspectos históricos, o público frequentador, a estrutura e os equipamentos instalados, aspectos paisagísticos e ambientais, dentre outros. Além das observações técnicas, foram realizadas análises das águas dos lagos contidos nos parques pela Aqualit Tecnologia em Saneamento S/S LTDA, empresa especializada na área, para avaliação das condições das águas, a jusante e a montante dos lagos, para identificação de possíveis mudanças sofridas dentro dos parques. Como fonte de pesquisa foram utilizados os Projetos de Implantação e os Planos de Manejo dos Parques estudados, que foram cedidos gentilmente pela Agência Municipal de Meio Ambiente de Goiânia AMMA, além dos dados dos processos de denúncia disponibilizados pela Delegacia do Meio Ambiente DEMA. O resultado esperado com a produção deste trabalho é a construção de um documento técnico que possa subsidiar a discussão de propostas de intervenção para a melhoria das condições de cada parque, tanto no que se refere aos aspectos ambientais, quanto na integração deles com o ambiente urbano onde estão inseridos. RELATÓRIO GERAL Os parques estudados foram implantados em diferentes momentos do desenvolvimento da cidade apresentando, em seus projetos originais, características inerentes ao contexto social da época de sua criação. Cada área passou por diferentes processos de degradação que precisam ser avaliados individualmente para que se entenda a situação ambiental atual desses espaços. É preciso alertar para o fato de que nem todos os parques possuem projeto de implantação e plano de manejo aprovados. Durante o levantamento realizado na AMMA não foram identificados projetos de implantação para o Jardim Botânico e Parque Cascavel e nem planos de manejo para o Lago das Rosas e Parque Cascavel. O que se verificou, na maioria dos casos estudados, é que na elaboração dos projetos e dos planos de manejo está presente a preocupação dos técnicos com a questão ambiental, com a recuperação das áreas degradadas e com a organização das zonas de uso dos parques reservando áreas de uso restrito para preservação das nascentes. Figura 1 Projeto Parque Flamboyant. Fonte: Agência Municipal de Meio Ambiente, 2007. Figura 2 Projeto Parque Areião. Fonte: Agência Municipal de Meio Ambiente, 2007. 7

No caso dos parques implantados mais recentemente, o maior problema continua sendo a prática das intervenções não planejadas por parte do poder público realizadas no tempo das inaugurações e não do planejamento ambiental cuidadoso requerido neste tipo de projeto. Em todos os casos onde o projeto ou o plano de manejo foram elaborados estão delimitadas zonas de amortecimento numa faixa de cem metros em torno dos parques. Nestas zonas de amortecimento as áreas permeáveis deveriam ser garantidas em maior porcentagem e a altura das edificações deveria ser restrita propiciando a circulação dos ventos e a iluminação solar direta nas áreas vegetadas. No caso dos parques Flamboyant, Areião e Lago das Rosas, a faixa lindeira ao parque está hoje totalmente ocupada por edifícios de grande porte. Figura 3 Zona de amortecimento do Bosque dos Buritis. Fonte: Plano de Manejo do Parque, AMMA, 2007. Figura 4 Zona de amortecimento do Vaca Brava. Fonte: Plano de Manejo do Parque, AMMA, 2007. Nos estudos realizados pela AMMA foram levantadas e catalogadas a fauna e a flora nativa e a situação de degradação das nascentes, bem como foram propostas ações de revegetação das matas de galeria. Além destes fatores, é necessário avaliar que as áreas lindeiras às nascentes e aos corpos d'água são geralmente alagadiças ou brejosas, com o lençol freático bastante raso, muitas vezes se apresentando na superfície nos pontos de cota mais baixa. Contudo, no processo de ocupação do entorno dos parques, observa-se a ocupação intensiva do solo com edifícios de grande porte. Alguns dos parques estudados, como é o caso do Bosque dos Buritis e do Lago das Rosas, possuem construções de uso público e recebem um elevado número de visitantes diariamente. Já o Vaca Brava e o Flamboyant tem sido palco de eventos e acabaram se transformando em cartões postais da cidade. Figura 5 Paisagem Parque Flamboyant. Figura 6 Paisagem Parque Vaca Brava. 8

Um dos problemas detectados na maioria dos parques visitados é o vandalismo que tem como alvo, principalmente, o mobiliário e as espécies vegetais. Apesar do policiamento existente nesses locais, o poder público não consegue reprimir a ação dos vândalos. Outro frequente problema verificado é o consumo de drogas e as ações de violência praticadas nas áreas próximas às nascentes, onde a vegetação é mais fechada e o acesso é mais difícil. Durante o levantamento de campo ficou claro que os parques visitados são locais de refúgio para a fauna urbana constituída principalmente por pequenos mamíferos, peixes, aves e insetos. Nestes locais também estão protegidos exemplares de espécies vegetais nativas do cerrado. As áreas lindeiras às nascentes foram revegetadas na tentativa de reconstituição das matas de galeria. Figura 7 Parque Vaca Brava. Figura 8 Parque Bosque dos Buritis. Os resultados das análises demonstram que as águas estão dentro dos padrões brasileiros de normalidade para águas reservadas, com baixos níveis de poluição e presença de uma rica fauna aquática. As águas foram coletadas no período de seca, entre setembro e outubro, momento em que os lagos apresentam menor vazão. No momento da coleta não foi verificada a presença de odores desagradáveis e nem quantidade significativa de partículas superficiais e algas. As análises obedeceram aos padrões da Resolução n 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, para águas da Classe II. Não foram detectados na água coletada níveis anormais de metais pesados e nitritos, afastando as hipóteses de contaminação por óleos e resíduos industriais. A presença de nitrogênio amoniacal, que pode indicar a poluição recente, não foi verificada em níveis anormais em nenhum lago. Ainda de acordo com os resultados avaliados, a quantidade de coliformes fecais e outras bactérias também estão dentro da normalidade, não indicando risco ao contato humano. Figura 9 Aspecto do lago do Bosque dos Buritis. Figura 10 Aspecto do Lago das Rosas. 9

Apesar de alguns lagos apresentarem suas águas turvas e esverdeadas, como é o caso do lago do Bosque dos Buritis, elas estão em boas condições no que se refere a quantidade de oxigênio dissolvido. A quantidade desta substância disponível nas águas está diretamente ligada a saúde dos lagos e a sobrevivência da fauna aquática. O lançamento de esgoto no Lago das Rosas, anteriormente denunciado às autoridades, foi minimizado após a construção de uma rede de coleta durante a última reforma realizada para revitalização do Zoológico de Goiânia. Neste quesito é o lago do Bosque dos Buritis que recebe maior quantidade de matéria orgânica, seja pelo escoamento das águas das chuvas ou pelos lançamentos clandestinos de esgoto. No parque Vaca Brava foi detectada a situação mais severa de poluição direta do manancial, situada à juzante do lago, por resíduos sólidos e esgoto primário visível na entrada do Goiânia Shopping, onde a água do córrego volta a ser corrente. Figura 11 Lançamento de esgoto no Córrego Vaca Brava. Já no que se refere à drenagem urbana, o principal problema verificado é a ocupação excessiva da zona de amortecimento dos parques. Nesta área, onde os projetos de implantação previam uma faixa de transição entre o meio construído e as áreas verdes, ocorreu uma transformação na tipologia das edificações originais de pequeno porte que foram rapidamente substituídas por edifícios de grande porte com a ocupação de 100% do subsolo e a impermeabilização total do terreno. O problema mais grave quanto à drenagem pode ser verificado no Parque Flamboyant onde a faixa lindeira ao parque está ocupada por edifícios que chegam a trinta pavimentos e a construção de dois níveis de subsolo. Em vários pontos do entorno imediato do parque o lençol freático teve que ser rebaixado e o curso d'água desviado e canalizado. Estas ações podem provocar a diminuição da quantidade de água disponível no solo e por consequência a diminuição da vazão das nascentes principalmente nos períodos de seca. Conforme os dados apurados no local, o lago teve seu nível de água bastante reduzido no 10

período de estiagem e as águas canalizadas no subsolo dos edifícios tiveram que ser bombeadas para retornar ao lago mais elevado do parque objetivando manter os níveis de normalidade. Valas de drenagem estão sendo construídas a fim de minimizar os impactos. Figura 12 Obras das valas de infiltração no Parque Flamboyant Figura 13 Obras das valas de infiltração no Parque Flamboyant Ainda sobre a condição de drenagem dos solos na região dos parques é preciso avaliar que algumas áreas brejosas, principalmente no entorno do Lago das Rosas e do Parque Vaca Brava, foram gramadas perdendo a cobertura vegetal original. As áreas se apresentam encharcadas no período da chuva e ficam suscetíveis ao pisoteio e compactação do solo interferindo no processo de formação das nascentes. Estes locais precisam de cobertura vegetal mais densa e limitação de passagem dos pedestres para que possam exercer sua característica natural de encharcamento nos períodos de chuva. Figura 14 Área alagada Parque Vaca Brava. Figura 15 Área alagada Parque Vaca Brava. O cercamento também é uma ação necessária em todas as áreas onde as matas de galeria estão em processo de recomposição para o sucesso do desenvolvimento das espécies vegetais que são frequentemente pisoteadas e destruídas. Quanto às condições dos animais que habitam o parque, foi relatado que os mesmos sofrem com o assédio das crianças e a alimentação indevida oferecida pelos passantes. O caso mais grave encontrado é o do Parque Areião, onde os macacos são alimentados pelos visitantes e existem registros de morte por ingestão de alimentos inadequados. 11

Figura 16 Visitante alimentando animal no Bosque dos Buritis. Figura 17 Pássaro alimentado por pipocas no Lago das Rosas. No Lago das Rosas, onde funciona o Zoológico de Goiânia, a estrutura que abriga os animais é insalubre e inadequada. Nos últimos anos uma grande quantidade de animais morreu e inúmeras denúncias foram realizadas no Ministério Público do Estado de Goiás. O Zoológico ficou temporariamente interditado, passou por reformas e está novamente aberto à visitação pública, mas sua estrutura física ainda está muito distante do recomendado a saúde dos animais. Os profissionais da área de biologia e veterinária são incisivos em afirmar que os espaços amplos e o acesso dos animais ao ambiente natural são necessários para propiciar boa qualidade de vida e condições de procriação para as espécies expostas. O conceito de bioparque, onde os animais ficam alojados em recintos mais amplos e cercados com a construção de abrigos, tem sido a orientação do Instituo Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA. Durante o período de interdição do Zoológico, a Prefeitura apresentou um projeto de relocação do empreendimento para a área do Jardim Botânico Municipal. No entanto, a proposta foi negada em virtude da incompatibilidade de uso da atividade com o espaço existente, o qual foi instituído a fim de desenvolver pesquisas e manter coleções de espécies vegetais. Figura 18 Espécie exótica Flamboyant no Bosque dos Buritis. Figura 19 Espécies nativa Ipê no Parque Flamboyant. 12

De forma geral, o que se pode concluir após os estudos realizados nos sete maiores parques urbanos de Goiânia é que os projetos foram cuidadosamente elaborados, mas os problemas de execução e manutenção destes locais e as alterações decorrentes do processo pós ocupação ocorrido no interior destes espaços e nas áreas do entorno, tem causado transformações ambientais significativas. O CAU/GO entende que os projetos dos parques precisam estar integrados ao planejamento maior da cidade. O Plano Diretor precisa estabelecer proposições que garantam a eficiência dos projetos como a definição de usos especiais para as áreas de entorno, a especificação da densidade máxima e a escala dos edifícios no entorno. A elaboração de planos setoriais como os de Saneamento, Drenagem e Arborização urbana também são indispensáveis ao bom desempenho dos parques como parte da estrutura urbana. A exigência dos vazios nos afastamentos nos lotes e até mesmo a preservação de faixas não verticalizadas no entorno dos parques, pode permitir que a paisagem seja avistada por mais pessoas. Considerando a falta de áreas verdes e espaços de contemplação em Goiânia, não parece justo que as paisagens se transformem em vistas privilegiadas de poucas e luxuosas varandas. Sem este conjunto de propostas que visem o funcionamento da cidade como uma estrutura dinâmica e interdependente, os projetos dos parques, mesmo que bem elaborados, serão certamente desfigurados ao longo do tempo, seja pela ação da indústria imobiliária, apoiada nos investimentos públicos realizados nas áreas de instalação dos parques ou pela falta de estrutura do poder público para manutenção da integridade destas áreas. 13

Atendimento ao profissional: 62 3095-4655 atendimento@caugo.org.br Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás Avenida 136, n.797, Edifício New York Square Sala 1010, Setor Sul. CEP: 74.093-250 - Goiânia - GO. Horário de atendimento ao público: 10:00 às 16:00 www.caugo.org.br 14