APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMA

Documentos relacionados
Profissão Docente. Outubro Número 2. Aprendizagem colaborativa na formação médica. Editorial

Metodologias Ativas. Parte 03 Aprendizagem Baseada em Problemas. Prof. Dr. Dilermando Piva Jr.

Entendendo o método de ensino PBL. Simone Santos

Projetos Curriculares LEGO Education WeDo 2.0

AVALIAÇÃO. Educação Orientada para Resultados (EOR/OBE)

Guia para o Tutor de Especialidade

Revolucionando sala de aula: Como envolver o

PERFIL PROFISSIONAL DO TUTOR DE CURSOS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Mudanças Organizacionais e Treinamento

Crenças, Valores e Práticas da International School

EMPREENDEDORISMO E EDUCAÇÃO: Uma proposta para aplicação na Educação Básica

Manual do Voluntário

PET ESTUDOS SÍNDROME METABÓLICA da anatomia à intervenção clínica

BOAS PRÁTICAS DE COMUNICAÇÃO PARA A IMPLEMENTAÇÃO. ( (experiências internacionais) )

Treinamento Acadêmico de Professores

Educação Interprofissional (EIP): perspectivas teóricas e metodológicas

MANUAL PRÁTICO DE ORIENTAÇÃO DOCENTE (CURSO DE FISIOTERAPIA)

Gestão de Equipes. Prof. Roberto Pinto

Mary Lúcia Pedroso Konrath, Liane Margarida Rockebach Tarouco e Patricia Alejandra Behar

CICLO DE APRENDIZAGEM VIVENCIAL*

(Reunião de Avaliação da Estratégia)

Índice. 1. Professor-Coordenador e suas Atividades no Processo Educacional Os Saberes dos Professores...4

Metodologias Ativas de Aprendizagem para a Educação Médica Permanente

GERENCIAMENTO DAS COMUNICAÇÕES DO PROJETO

Gestão da Investigação, Desenvolvimento e Inovação (IDI) Requisitos de um projecto de IDI

FUNDAMENTOS DE GERÊNCIA DE PROJETOS

Team-based Learning. Mark A. Serva, Ph.D. University of Delaware

JORNADAS DE REFLEXÃO. 6 e 7 de Setembro 2012

Exposição fotográfica: cinco anos de cooperação por um mundo sem fome

Case e-tec Senar CURSO TÉCNICO EM AGRONEGÓCIO. Finalista na categoria Melhor Programa de Ensino a Distância

CICLO MCT. Mentoring, Coaching e Training. Coordenador Estratégico de IES

EXPERIÊNCIA COM VIDEOGRAVAÇÃO DE CONSULTAS. Técnica PBI (Problem Based Interview)

Ana Maria de Jesus Ferreira DINÂMICA GRUPAL. No processo ensino-aprendizagem

A Prática Profissional terá carga horária mínima de 400 horas distribuídas como informado

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DOCENTE UTILIZANDO A LIDERANÇA COMO ESTRATÉGIA DE INTEGRAÇÃO CURRICULAR.

Seminário acadêmico. Introdução. O que é um seminário

Inserir sites e/ou vídeos youtube ou outro servidor. Prever o uso de materiais pedagógicos concretos.

Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG) 20 de Novembro de meses com possibilidade de extensão

BENEFÍCIOS DO USO DA REALIDADE VIRTUAL NA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA Toda época formata o conhecimento, procurando atender as necessidades próprias de cada

PREFEITURA MUNICIPAL DE IPATINGA SME / CENFOP EDUCAÇÃO INFANTIL REDE CONVENIADA

Aprendizagem Baseada na Resolução de Problemas (APBR)

Ensino sem fronteira

Treinamento e Desenvolvimento

APRENDIZAGEM POR MEIO DE AMBIENTES DE REALIDADE VIRTUAL MARCELO ZUFFO

Consideremos então os seguintes princípios que atravessam a função tutorial.

Metodologias Ativas. Parte 04 Aprendizagem Baseada em Projetos. Prof. Dr. Dilermando Piva Jr.

O DESENVOLVIMENTO DA CAPACIDADE DE AVALIAÇÃO NOS PAÍSES PARCEIROS: A REALIZAÇÃO DE AVALIAÇÕES CONJUNTAS Manuela Afonso Camões, I.P.

EQUIPE DE ALTA PERFORMANCE: UM ESTUDO SOBRE OS RESULTADOS DA IMPLANTAÇÃO EM UMA EMPRESA DO SEGMENTO AUTOMOTIVO

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

FACULDADE DE TECNOLOGIA SENAC RIO PROGRAMA DE MONITORIA VOLUNTÁRIA

Projecto Turma. Divulgar e fazer cumprir o Regulamento Interno da escola; Consciencializar o aluno do que é o ensino secundário;

Refletindo com os professores de Matemática os resultados da Avaliação da Aprendizagem em Processo e SARESP

Refletindo com os professores de Matemática os resultados da Avaliação da Aprendizagem em Processo e SARESP

EXCELêNCIA INTERPESSOAL E COMUNICAçãO Desenvolver as suas competências de relacionamento

ESTRUTURA DE FUNCIONAMENTO DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA

Desafio: Administração Geral - Parte I

Questões de Aprendizagem e Pesquisa relacionadas com Instrução Baseada na Web

UFA Relatório Pós-Aula

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular METODOLOGIAS DAS ATIVIDADES FÍSICAS IV Ano Lectivo 2014/2015

Plano de Desenvolvimento Individual - PDI Recursos Humanos

A flecha invertida. Gestão do Desempenho como critério de avaliação da liderança

Organização, Sistemas e Métodos. Unidade 5

6Ds. Uma abordagem pragmática de educação coorporativa focada em resultados.

ALINHAMENTO ESTRATÉGICO ORGANIZACIONAL

PROF. ESP. JAYRON VIANA ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS DO BIBLIOTECÁRIO ESCOLAR 13/02/2019

PERSONAL & PROFESSIONAL COACH Método Augusto Cury

2 Conceitos Básicos Educação baseada na Web

Disciplina (obrigatória): Metodologia do Ensino Superior Carga: 30 horas (2 créditos) Período: 2018/1

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO COLEGIADO DO CURSO COMPONENTE CURRICULAR INTRODUÇÃO À ODONTOLOGIA

Promessa de aprender - compromisso de agir

Trabalho de gramática e texto. Resenha em vídeo ou infográfico

PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DE SISTEMAS DE EAD. Silvane Guimarães Silva Gomes. e-tec Brasil Tópicos em Educação a Distância.

O ENSINO DA MATEMÁTICA E AS DIFICULDADES NA RESOLUÇÃO DE SITUAÇÕES PROBLEMAS. Autora: Lisangela Maroni (UNINTER) 1.

TRILHA IV TRABALHANDO COM GRANDES GRUPOS

Avaliação Educacional em Larga Escala e a Comunidade Escolar. Reynaldo Fernandes Universidade de São Paulo USP

REFERENCIAL PARA A CONTRATUALIZAÇÃO DE AÇÕES DE CAPACITAÇÃO

INDICAÇÕES PARA O PLANEJAMENTO DO SEGUNDO SEMESTRE APRENDA+

Projeto de mobilidade para pessoal do ensino escolar

Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná Política de Capacitação dos Servidores da UTFPR *

EXIN Agile Scrum Master

Experiência Eclesiástica em Curriculum Vitae

Cada um dos programas proposto tem por objetivo sensibilizar e capacitar jovens

PERCURSO FORMATIVO CURRÍCULO PAULISTA

Programa de Formação Continuada para Docentes

APRESENTAÇÃO DO CURSO

REDE DE MUNICÍPIOS PARA A ADAPTAÇÃO LOCAL ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS CARTA DE COMPROMISSO

FIGURAS PLANAS E ESPACIAIS

O que é EAD? Quais as competências necessárias ao professor e tutor para a EAD?

Atendimento Humanizado. Liderança de Equipes. Qualidade Gestão de Resultados

CONTRIBUIÇÕES DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NA SUPERAÇÃO DAS DIFICULDADES DOS ALUNOS COM A MATEMÁTICA

ADMINISTRAÇÃO GERAL GESTÃO POR COMPETÊNCIAS

Projeto Mediação Escolar e Comunitária

PROGRAMA DE TUTORIAS DA ESTeSL. Programa de Tutorias de ESTeSL

Estratégia da LAC 2018 a 2020

Transcrição:

APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMA

APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMA Este material pretende facilitar sua participação na sessão de tutoria presencial sobre o assunto (no dia 08/05/2015), bem como orientar sua aprendizagem autodirigida. Boa leitura! 2015

Sumário Objetivo... 4 Compreendendo o conceito: O que é PBL? (Problem Based Learning)... 4 Compreendendo a utilidade: Por que fazer uso da PBL?... 4 Compreendendo o processo: Os 7 Passos da Discussão... 4 Compreendendo a dinâmica: O funcionamento de um Grupo de Ensino... 5 Compreendendo os papéis: Atuação dos tutores na PBL... 6 Compreendendo os papéis: Atuação dos alunos na PBL... 7 Bibliografias... 7

Objetivo Este material tem o objetivo de apresentar a técnica de ensino chamada Aprendizagem Baseada em Problemas, também conhecida como PBL em referência à sua sigla em inglês Problem Based Learning. Pretendemos que ao final, você compreenda os seguintes pontos: Conhecer o conceito de PBL; Compreender o porquê de fazer uso da técnica PBL; Conhecer os 7 passos da aplicação doe PBL; Compreender o funcionamento de um Pequeno Grupo de Ensino; Conhecer o papel dos tutores na técnica PBL; Conhecer o papel dos alunos no processo de PBL; Compreendendo o conceito: O que é PBL? (Problem Based Learning) A PBL é uma estratégia educacional em que um problema prático constitui a base para o aprendizado de informações relevantes; nela, os alunos resolvem problemas em pequenos grupos, sob a supervisão de um tutor. A PBL é uma técnica de ensino auto-dirigida que estimula o pensamento crítico do estudante, contribuindo a torná-lo um solucionador de problemas. Compreendendo a utilidade: Por que fazer uso da PBL? A PBL é baseada em princípios de teorias de aprendizagem de adultos, o que inclui buscar a motivação dos alunos incentivando-os a definir as suas próprias metas de aprendizagem, e dando-lhes um papel nas decisões que afetam sua própria aprendizagem. Deste modo, o aluno se torna o principal ator no seu processo de aprendizagem. A principal idéia por trás PBL é que o ponto de partida para a aprendizagem deve ser um problema, uma consulta que o aluno deseja resolver. Os alunos trabalham para identificar o problema e procurar o conhecimento que eles precisam obter a fim de elaborar abordagens satisfatórias e, para tanto, é necessário o reconhecimento de fatos desencadeados por certos elementos de informação. Sendo assim, a PBL não busca apenas para resolver o problema, mas constitui em oportunidades de aprendizagem em que resolver o problema é o foco ou o ponto de partida para o aprendizado do aluno. Compreendendo o processo: Os 7 Passos da Discussão - 1º passo: o professor apresenta aos alunos a idéia do projeto na forma de um problema. Surgem os questionamentos chave. - 2º passo: discussão.

- 3º passo: o impasse. Neste caso o relevante é o debate, a análise e o esboço da solução. A aplicabilidade ainda não é o mais importante. - 4º passo: coleta e sistematização das principais sugestões dos passos anteriores para montagem de uma estrutura. - 5º passo: as lacunas de conhecimento e os tópicos necessários para entender o problema são profundamente questionados. O grupo define as metas de aprendizado para que os estudos individuais levem a novos conhecimentos. - 6º passo: o tema ganha análise individual vale buscar leituras, visitas de campo, entrevistas e todos os métodos para colher informações. É a preparação para encarar a discussão em grupo novamente. - 7º passo: o grupo se reúne novamente para debater e compartilhar o que foi aprendido nos estudos individuais. Diálogos e discussões mediadas pelo tutor farão surgir o novo, o inédito, a fórmula. É assim que funciona a PBL, onde se percorre um caminho de aprendizagem e o individuo passa a ser parte do processo de soluções. Compreendendo a dinâmica: O funcionamento de um Grupo de Ensino Para que a Aprendizagem Baseada em Problema provoque o efeito desejado, uma atenção especial deve ser dedicada à organização do grupo de ensino. Os 6 elementos descritos abaixo devem ser considerados quando da aplicação da técnica PBL: O grupo de PBL deve conter 1 tutor e de 8 a 10 alunos. Um dos alunos é indicado como coordenador e outro como secretário da sessão e o professor assume a função de tutor. O aluno que é coordenador deve: Liderar o grupo, estimular todos os participantes da discussão, manter a dinâmica, administrar o tempo e assegurar o cumprimento das tarefas. O estudante na função de secretário ajuda a ordenar as ideias em relatórios, otimiza a discussão de forma a não haver discussão e nem perda de foco. O coordenador e o secretário não são cargos estáticos, há revezamento entre os alunos, para que todos conheçam cada função. Os demais participantes realizam a discussão seguindo a técnica dos 7 passos. O Pequeno Grupo de Ensino (SGT, da sigla em inglês) é um método de ensino para a geração de livre comunicação entre o facilitador e seus alunos, e entre os próprios alunos. A formação de Pequenos Grupos de Ensino é considerada uma estratégia eficaz de ensino e aprendizagem porque: Incentiva a participação ativa dos alunos, Ajuda a explorar assunto, Estimula o pensamento crítico dos alunos, Promove a capacidade de resolução de problemas dos alunos, Promove habilidades de grupo e capacidade de comunicação e

Incentiva a auto-dirigida aprendizagem. SGTs também fornecem uma oportunidade importante para o contato social com os colegas e professores, que ajuda os alunos a resolverem uma série de questões indiretamente ligadas ao ensino e também os ajuda a resolver qualquer problema social. Apesar de SGTs não serem ideais para divulgação de informações, eles são úteis para os alunos desenvolverem a compreensão de conceitos e para melhorar as estratégias e abordagens para os problemas. Os critérios de ensino e aprendizagem eficaz são todos promovida em interações de pequenos grupos, especialmente na aprendizagem baseada em problemas. O ensino em pequenos grupos depende mais das características apresentadas por este grupo, em vez de a quantidade de pessoas. Portanto, em resumo, podemos dizer que o objetivo de uma sessão de grupo pequeno deve ser o de incentivar os alunos a adotar uma abordagem mais profunda para a aprendizagem pessoal, e para ser um aprendiz ativo e auto-dirigido. O SGT também oferece experiência de trabalhar em grupo, o que desenvolve uma habilidade importante para as organizações atuais. O SGT também pode desenvolver e expandir a capacidade de comunicar de forma eficaz, de priorizar as tarefas, de gerir o tempo e de exercitar habilidades interpessoais. Compreendendo os papéis: Atuação dos tutores na PBL É importante certificar-se de que todos os tutores estão familiarizados com o processo de PBL, e que também estão confortáveis para a manipulação de uma sessão de PBL. A mudança de disseminador de informações para facilitador da aprendizagem pode ser um desafio para os novos tutores. Mesmo aqueles familiarizados com o processo PBL podem não ser adequados para a função de tutor no PBL. Não há regras rígidas e rápidas para a tutoria de PBL. As tarefas consideradas pelo tutor em PBL incluem: Definir o Clima: criar um ambiente propício para a aprendizagem auto-dirigida Tratar os alunos como aprendizes adultos Promover a cooperação e não a competição no trabalho de grupo Esclarecer as necessidades de aprendizagem e ajudar os alunos a estabelecer objetivos de aprendizagem e estabelecer metas Projetar um plano de aprendizagem: ajudar os alunos com planos e estratégias de aprendizagem Envolver-se em atividades de aprendizagem para garantir que os alunos estão no caminho correto: estimular a elaboração de informações e idéias, orientar o processo de aprendizagem, estimular a integração do conhecimento, estimular o aluno de interação e responsabilidade individual, e facilitar a localização de informações. Os tutores devem atuar como facilitadores nas sessões PBL para ajudar os alunos a se tornarem solucionadores de problemas, para que eles possam assumir a responsabilidade de usar as habilidades desenvolvidas por conta própria.

Compreendendo os papéis: Atuação dos alunos na PBL Assim como os tutores, os alunos também devem ter responsabilidades bem definidas para atuação dentro do processo de PBL. Abaixo estão listados os principais pontos de atenção para adequada atuação dos alunos: Trate todos os membros do grupo com respeito Seja pontual em assistir a todas as sessões Expresse abertamente seus pensamentos e idéias Esclareça e questione suas compreensões Ofereça feedback aos membros do grupo e aos tutores Complete as tarefas totalmente e no tempo Seja sensível às necessidades de aprendizagem de outros membros do grupo Interaja com os demais membros do grupo Assuma a responsabilidade pelo seu processo de aprendizagem Bibliografias Bound D (1985), Problem based Learning in perspective in education for the professionals, Sydney, Higher education research and development of Australia Crosby J (2006). Learning in Small Groups, AMEE Education guide No 8 reproduced under an agreement with the Association of Medical education, AMEE Education guide No 8 was first published in Medical teacher (1997) 19:189-202 Davis, M. H. & Harden, R., (2005). Problem Based Learning: A practical guide, AMEE Medical Education guides no 15, University of Dundee, Scotland, UK. Schmidt H. G., (1983). Problem Based Learning: Rationale and Description. Medical Education. 17:11-16 Walton H., (1999). Small group methods in Medical teaching. Medical Education booklet -1, Reproduced with the permission of ASME,12 Queen St, Edinburgh, EH2 1JE. Walton H. J. & Matthews M.B., (1989). Essentials of problem based learning. Medical education 23:542-558 Westberg J. & & Jason H., (1996) Fostering learning in Small group. Sprinter Publishing company Inc, New York