UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS UNISINOS UNIDADE ACADÊMICA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA MBA EM GESTÃO DO AGRONEGÓCIO VICENTE JOÃO FIN



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Transcrição:

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS UNISINOS UNIDADE ACADÊMICA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA MBA EM GESTÃO DO AGRONEGÓCIO VICENTE JOÃO FIN POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A AGRICULTURA FAMILIAR: FERRAMENTAS À DIVERSIFICAÇÃO PRODUTIVA NOS MUNICÍPIOS DA EMATER REGIONAL DE ESTRELA E AOS PRODUTORES DE TABACO DE VENÂNCIO AIRES, RS. São Leopoldo 2010

Vicente João Fin POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A AGRICULTURA FAMILIAR: FERRAMENTAS À DIVERSIFICAÇÃO PRODUTIVA NOS MUNICÍPIOS DA EMATER REGIONAL DE ESTRELA E AOS PRODUTORES DE TABACO DE VENÂNCIO AIRES, RS. Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Gestão do Agronegócio, pelo MBA em Gestão do Agronegócio da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Orientador: Prof. Dra. Suzimary Specht. São Leopoldo 2010

São Leopoldo, 28 de outubro de 2010. Considerando que o Trabalho de Conclusão de Curso do aluno(a) Vicente João Fin encontra-se em condições de ser avaliado, recomendo sua apresentação oral e escrita para avaliação da Banca Examinadora, a ser constituída pela coordenação do MBA em Gestão do Agronegócio. Dra. Suzimary Specht Professor(a) Orientador(a)

Aos familiares pelo incentivo e aos colegas da EMATER pela colaboração, no apoio para a realização deste trabalho.

AGRADECIMENTOS Na realização de um trabalho sempre existem o apoio e a cooperação de muitas pessoas para que possamos alcançá-lo. Mas existe àqueles que contribuem de forma decisiva aos quais agradeço com gratidão, dos quais destaco os seguintes: Primeiramente a minha orientadora, a professora Suzimary, não apenas por sanar dúvidas e contribuir com o conhecimento para a realização do trabalho, mas sim pela paciência que teve neste período e do tempo que teve que abdicou de estar com os seus familiares; A EMATER-RS/ASCAR pela oportunidade oferecida à realização do curso, aos professores e colegas que contribuíram com conhecimento e amizade no decorrer do curso e aos colegas da EMATER-RS regional de estrela que cooperaram com informações e do escritório municipal que concentraram esforços no cumprimento das metas estabelecidas pela equipe, diante das minhas idas para o curso; Aos meus familiares, minha esposa Marta, os filhos Davi e Victória pelo amor, carinho e compreensão durante o curso e na conclusão do trabalho. E de certa forma a todos que contribuíram de forma direta ou indireta na elaboração deste trabalho de conclusão de curso.

Não acredites que possa evoluir sem problemas ou que consigas aperfeiçoar-te sem sacrifícios. Autor desconhecido

RESUMO O presente trabalho está disposto na forma de dois artigos e tem como objetivo analisar as principais políticas públicas à agricultura familiar, sua efetividade na região de abrangência do Escritório da EMATER/RS Regional de Estrela RS e, enquanto ferramentas ao fortalecimento da agricultura familiar, especialmente à diversificação das culturas agropecuárias e renda às famílias inseridas na cadeia do tabaco, devido à questão da Convenção Quadro CQCT), no município de Venâncio Aires, motivado pela importância econômica e social que a cultura representa ao município e região adjacente (AMVARP). Ambos baseiam-se em pesquisa de caráter qualitativo, através do método descritivointerpretativo, e foram desenvolvidos em duas etapas. A primeira através da revisão bibliográfica sobre políticas públicas, agricultura familiar, cadeia do tabaco e Convenção Quadro, e a segunda através de pesquisa de campo, com entrevistas semi-estruturadas aos atores que representam a agricultura familiar e aos próprios agricultores, baseado no princípio da saturação. No artigo das políticas públicas à agricultura familiar na região da EMATER/RS de Estrela foram aplicadas 25 entrevistas, e no artigo que trata da agricultura famílias envolvida com a cadeia do tabaco foram aplicadas 26 entrevistas. No primeiro artigo foram abordados e definidas as origens das políticas públicas no contexto do processo de desenvolvimento econômico e social, sua aplicabilidade e formulação das políticas agrícolas, averiguando quais são, como são mais aplicadas e sua efetividade junto aos produtores. O segundo artigo, específico aos agricultores familiares, foi aprofundado o conceito da agricultura familiar, nas dimensões econômicas e sociais; as relações que envolvem a cadeia do tabaco, a Convenção Quadro e as interferências que podem surgir no processo produtivo. Por fim, conclui-se que as políticas públicas atuais têm significativa importância ao fortalecimento da agricultura familiar, enquanto ferramenta decisiva à diversificação, ao desenvolvimento local e na mudança proposição da matriz econômica e produtiva dos municípios envolvidos. Por outro lado, naqueles municípios que a economia local e renda aos agricultores familiares é dependentes do tabaco, com a necessidade de diversificação de atividades, as políticas públicas podem ser a âncora para a manutenção das pequenas propriedades. Palavras-Chave: Agricultura Familiar; Tabaco; Convenção Quadro; Diversificação; Políticas Públicas.

LISTA DE FIGURAS ARTIGO 1 FIGURA 1 Área de abrangência da EMATER/RS Regional de Estrela RS...17 FIGURA 2 Finalidade de aplicação dos recursos de investimentos do PRONAF no regional da EMATER/RS de Estrela RS...27 FIGURA 3 Diversificação: Agroindústria familiar e aviário financiados com recursos de Crédito PRONAF Investimento, em Venâncio Aires RS...28 FIGURA 4 Principais obstáculos (Barreiras) apontadas pelos agricultores familiares no acesso do PRONAF investimento, da EMATER/RS regional de Estrela...29 ARTIGO 2 FIGURA 5 Família trabalhando na amarração do tabaco em 1940 e uma família fazendo a colheita em 2010, em Venâncio Aires RS...43 FIGURA 6 Alternativas de diversificação produtiva em Venâncio Aires RS...48 FIGURA 7 Principais Dificultadores à Diversificação Produtiva nas Propriedades Familiares de Venâncio Aires RS...50 FIGURA 8 Maiores preocupações apontadas pelos produtores familiares em relação a CQCT no município de Venâncio Aires RS...52

LISTA DE TABELAS ARTIGO 1 TABELA 1 Municípios da EMATER/RS Regional de Estrela que os agricultores familiares acessaram PRONAF em valores totais acima de cinco milhões, número de beneficiários e valores totais, no ano agrícola de 2009...21 ARTIGO 2 TABELA 2 Dados de Área Plantada, Produção de Tabaco em Folha e Valor da Produção, de Diferentes Safras Agrícolas do Rio Grande do Sul, AMVARP e do Município de Venâncio Aires RS...44 TABELA 3 Dados do número de famílias produtoras, número de estufas, área plantada, produção e valor da produção, dos principais municípios produtores de tabaco na região da AMVARP-RS, na safra (2009/2010)...45 TABELA 4 Perfil dos produtores de tabaco, nas diferentes safras agrícolas, do município de Venâncio Aires RS...46 TABELA 5 Valores de venda dos principais produtos agrícolas através do bloco de produtor, no município de Venâncio Aires - RS, no período de 2005 a 2009...47 TABELA 6 Características de propriedades com tabaco em monocultura, em diversificação, e sem tabaco na matriz produtiva no município de Venâncio Aires - RS, na safra 2009/2010...49

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário CNM Confederação Nacional dos Municípios EMATER/RS Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística FETAG Federação dos Trabalhadores na Agricultura PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar PNCF Plano Nacional de Crédito Fundiário UTE Unidade Técnica Estadual DAP Declaração de Aptidão ao PRONAF BACEN Banco Central do Brasil PGPAF Programa de Garantia de Preços para a Agricultura Familiar PROAGRO MAIS Programa de Garantia da Atividade Agropecuária da Agricultura Familiar PEAF Programa Estadual de Agroindústria Familiar PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar COREDEs Conselhos Regionais de Desenvolvimento FEAPER Fundo Estadual de Apoio aos Pequenos Estabelecimentos Rurais SISPLAN Sistema de Planejamento da EMATER/RS SCR Sistema de Crédito Rural da EMATER/RS AMVARP Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo CQCT Convenção Quadro para o Controle do Tabaco OMS Organização Mundial da Saúde PAM Produção Agrícola Municipal VBP Valor Bruto da Produção AFUBRA Associação dos Fumicultores do Brasil AMS Assembléia Mundiais da Saúde ONI Organização Intergovernamental da Convenção Quadro SIPT Sistema de Produção Integrada do Tabaco SIM Sistema de Inspeção Municipal

9 SUMÁRIO ARTIGO 1 - EFETIVIDADE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS AGRÍCOLAS À AGRICULTURA FAMILIAR DA EMATER-RS REGIONAL DE ESTRELA - RIO GRANDE DO SUL... 11 1 INTRODUÇÃO... 11 2 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS... 12 3 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A AGRICULTURA FAMILIAR: NOVOS OLHARES E AÇÕES... 13 4 CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO... 16 5 POLÍTICAS PÚBLICAS ACESSADAS PELOS AGRICULTORES FAMILIARES DA EMATER/RS REGIONAL DE ESTRELA... 18 5.1 Políticas públicas federais... 19 5.1.1 Programa nacional do crédito fundiário... 19 5.1.2 Crédito rural... 20 5.1.3 Programa de garantia de preços da agricultura familiar... 21 5.1.4 Seguro da agricultura familiar... 22 5.1.5 Programa de alimentação escolar... 23 5.2 Políticas públicas estaduais... 23 5.2.1 Programa estadual de agroindústria familiar... 23 5.2.2 Fundo de apoio aos pequenos estabelecimentos rurais... 25 5.3 Políticas públicas municipais... 25 5.3.1 Fundos rotativos municipais... 25 5.3.2 Programas de incentivos municipais de diversificação... 26 5.4 Extensão rural oficial... 26 6 AVANÇOS E LIMITES DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE FOMENTO A AGRICULTURA FAMILIAR... 26 6.1 Avanços... 27 6.2 Limites... 28 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 31 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 32 ARTIGO 2 - CULTURA DO TABACO EM VENÂNCIO AIRES (RS): CONVENÇÃO QUADRO E AS NOVAS ALTERNATIVAS PRODUTIVAS À AGRICULTURA FAMILIAR... 35 9 INTRODUÇÃO... 35 10 AGRICULTURA FAMILIAR... 38

10 11 MÉTODOS PROCEDIMENTOS... 40 12 CONVENÇÃO QUADRO... 40 13 A PRODUÇÃO DE TABACO PRÉ E PÓS-CONVENÇÃO QUADRO... 42 14 DIVERSIFICAÇÃO PRODUTIVA NO MUNICÍPIO DE VENÂNCIO AIRES... 47 15 POLÍTICAS PÚBLICAS DE FOMENTO À DIVERSIFICAÇÃO... 51 16 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 54 17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 56

11 ARTIGO 1 - EFETIVIDADE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS AGRÍCOLAS À AGRICULTURA FAMILIAR DA EMATER-RS REGIONAL DE ESTRELA - RIO GRANDE DO SUL Resumo: O presente artigo busca analisar a efetividade das principais políticas públicas existentes e aplicadas na região de abrangência da EMATER-RS Regional de Estrela - RS, motivado pelo fato de estes municípios possuírem muitos estabelecimentos com a agricultura familiar, e têm como finalidade difundir, discutir e melhorar o uso dessas políticas públicas como ferramenta para o fortalecimento da agricultura familiar. Buscou-se no estudo através do método descritivo-interpretativo a partir da revisão bibliográfica, a compreensão acerca dos mecanismos de intervenção, a aplicabilidade e a formulação das políticas agrícolas, após procurou-se averiguar quais são as políticas rurais aplicadas e sua efetividade através de entrevistas semi-estruturadas aos atores de articulação e aplicação das políticas rurais e aos tomadores os produtores. Para tanto, procuraremos inicialmente defini-las, suas origens no contexto do processo de desenvolvimento econômico e social do país, entender a sua aplicabilidade e avaliar os seus resultados, sob os resultados e a ótica dos atores sociais que fazem o seu uso, no contexto da agricultura familiar da região de abrangência da EMATER Regional de Estrela - RS. Embora consideradas insuficientes às políticas públicas à agricultura familiar, tem sido decisivas à manutenção destas junto ao meio rural, já que propiciam o assentamento aos agricultores familiares, que vinham trabalhando na condição de meeiros e arrendatários, bem como à iniciativa de diversificação de atividades e renda, através dos recursos do PRONAF, bem como, tem permitido a agregação de valor a produção familiar através da criação de agroindústria familiares, beneficiados com os programas de crédito federal e, dos programas estaduais e municipais a este setor. Palavras-Chave: Agricultura familiar; políticas públicas; pronaf; diversificação. 1 INTRODUÇÃO Desde o final do século XX, mudanças de ordem econômica e social vem ocorrendo na conjuntura mundial, com reflexos em várias instâncias, incluso o rural. No rol destas mudanças, muitos processos produtivos de determinados âmbitos locais, ultrapassam a escala regional e se fixam ao nível global; e por outro lado, muito dos padrões produtivos globalizados vem sendo aplicados aos processos produtivos locais, oportunizando que novos entrantes se estabeleçam no mercado, ou sejam excluídos. Mas nesta conjuntura, para os processos produtivos do rural, é fundamental um aporte do Estado, no que tange as políticas públicas, nos diferentes aspectos: pesquisa, extensão e crédito. No caso do Brasil, o rural sempre foi fortemente marcado pelo seu caráter primárioexportador. Mas em 1999, o Governo Federal passou a dar um novo enfoque a questão

12 institucional voltada ao rural, ao transformar o Ministério da Agricultura em dois ministérios: o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), com foco na agricultura empresarial; e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), voltado à reforma agrária, povos quilombolas, pescadores artesanais, povos da floresta e agricultores familiares. Enfocando a agricultura familiar, segundo a FAO/INCRA (2006), esta modalidade produtiva está organizada em 4,5 milhões de estabelecimentos agrícolas, é a responsável por 87,95% do total de estabelecimentos agropecuários do país, ou seja, é o dinamizador da segurança alimentar e abrange 78,80% da população ativa agrícola do país, gerando emprego e renda respondendo por 40 % da produção agropecuária total. Por sua vez, segundo IBGE (2006), no Rio Grande do Sul, havia 378.546 estabelecimentos familiares, sendo que nos municípios assistidos pela EMATER/RS Regional de Estrela, existem cerca 57.595 estabelecimentos agropecuários, dos quais 91,80% (52.875 estabelecimentos) são familiares, sendo o setor agrícola responsável, segundo dados os CNM 1 (2010) e IBGE (2006), por 11,69% do PIB, dos municípios estudados. Baseado nesta conjuntura, o objetivo deste artigo é analisar a efetividade das políticas públicas agrícolas destinadas ao fortalecimento da agricultura familiar na região de abrangência da EMATER/RS Regional de Estrela, no Rio Grande do Sul, e será apresentado da seguinte forma: na primeira seção será apresentada a metodologia; a segunda seção será feita uma breve revisão bibliográfica acerca das políticas públicas para a agricultura familiar no Brasil; na terceira seção será explanada a caracterização da região de trabalho, na quarta seção serão apresentadas as principais políticas públicas acessadas nesta região, com uma breve quantificação e os resultados obtidos em entrevistas com os produtores, na quinta serão discutidos os avanços e limites das políticas existentes, e por fim serão encaminhadas as considerações finais. 2 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS A metodologia utilizada é a qualitativa, através do método descritivo-interpretativo, sendo teoricamente sustentado pela discussão sobre as políticas públicas e a agricultura familiar. Teoricamente o embasamento parte da revisão bibliográfica e documental, buscando a compreensão acerca de políticas públicas rurais direcionadas à agricultura familiar. A

13 segunda etapa será a busca por dados de quais são as políticas públicas aplicadas na região e qual o papel da EMATER/RS (municipal, regional e estadual), Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Secretaria Estadual da Agricultura - RS, Prefeituras Municipais e Movimentos Sociais, que possuem como base de sustentação a FETAG 2, como atores participantes do processo, e na formulação, negociação e aplicação deste instrumento de apoio à agricultura familiar. Para tal foram aplicadas entrevistas a três representantes sindicais no município de Venâncio Aires e o extensionista de políticas públicas da EMATER/RS Regional de Estrela e a 22 agricultores familiares de Venâncio Aires, Passo do Sobrado e Poço das Antas, através de um questionário semi-estruturado, totalizando 25 entrevistas na região de Estrela. O tamanho da amostra foi definido pelo princípio de saturação da amostra, de quais políticas públicas foram acessadas, como foram aplicados os investimentos do PRONAF, e o seu reflexo junto às famílias, de forma empírica dentro da região estudada, além das maiores barreiras para a efetividade das políticas públicas do crédito. 3 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A AGRICULTURA FAMILIAR: NOVOS OLHARES E AÇÕES As políticas públicas são diretrizes, princípios norteadores das ações e regras entre o poder público e a sociedade, e enquanto ferramentas de desenvolvimento à agricultura são fundamentais, embora algumas vezes, ainda deficientes. Normalmente, o maior formulador das políticas públicas é o Estado, e estas dependem do regime político vigente e do modelo econômico adotado. No caso do Brasil, a formulação das políticas públicas para a agricultura foi impulsionada a partir da definição do Sistema Nacional de Crédito Rural em 1963, e a criação de empresas públicas de pesquisa e extensão rural, aliadas aos juros subsidiados, estabelecendo um marco inicial para o setor agrícola brasileiro. Para um melhor entendimento acerca destas questões, torna-se mister uma breve explanação sobre o conceito de políticas públicas. Segundo Teixeira (2002) é necessária a clareza de quais são; sua abrangência nas diversas esferas do poder federal, estadual e 1 Confederação Nacional de Municípios. 2 Federação dos Trabalhadores na Agricultura.

14 municipal; seu conteúdo temático dentro da econômica, social e/ou ambiental; de quais processos de descentralização e municipalização as mesmas são derivadas; da participação das comunidades (para influir ou apresentar alternativas) e, por último à avaliação de seus resultados; pois quando as políticas públicas são claras e objetivas, todos os que as acessam tendem a entendê-las. As políticas públicas devem ser entendidas como um processo de mediação estabelecido pelo poder do Estado, em função do envolvimento de vários atores em projetos, de interesses diferenciados e até contraditórios. Portanto, as políticas públicas podem ser entendidas como a definição de quem decide o quê, quando, com que consequência e para quem (Teixeira, 2002. P. 2). Também cabe ressaltar, que as políticas públicas só serão assim consideradas por definirem a quem se destinam, que resultados ou quais benefícios buscam e se o seu processo de elaboração foi submetido ao debate público, à transparência e a publicização (Ibid, 2002). No que tange a efetividade das políticas públicas, elas são os resultados de um processo dinâmico, com negociações, pressões, mobilizações e alianças por interesses que compreendem a formação de uma agenda comum que pode representar ou não os interesses da maioria da população. A dependência do grau de mobilização da sociedade civil para ser ouvida e dos meios de institucionais que viabilizam a participação social são fatores que definem o sucesso ou não das políticas públicas. No caso das políticas públicas vinculadas a fundos públicos, estes tendem a assumir posição estratégica, pois se transformam em ferramentas de alavancagem e/ou reconstrução de atividades produtivas (como a agricultura familiar), com resultados que, segundo Carvalho (1992), refletem também sobre o emprego, renda e ampliação de mercado e as indústrias para a agricultura. A avaliação da efetividade das políticas públicas para a agricultura, para CARTER (1988), e CARTER e WEIBE (1990) não é trivial, envolvendo dois aspectos muito importantes: custos e benefícios. Mensurar os benefícios é freqüentemente problemático porque os recursos são bens que podem ser substituídos por outros de mesma espécie e porque não é claro se a parcela de crédito tomada reflete a restrição de crédito ou características não observadas do tomador. O entendimento de composição de classes, mecanismos internos de decisão dos diversos movimentos sociais com seus conflitos e alianças, bem como a permeabilidade dos governos, são importantes para o delineamento dos rumos a serem tomados. Esta conjuntura apresentada sinaliza para a importância de órgãos institucionais de fomento e fiscalização à real eficiência e efetividade das políticas públicas voltadas ao rural.

15 Neste sentido cabe destacar a importância da criação do MDA, um ministério focado para a agricultura de pequena e média escala, com mão-de-obra familiar. Um estudo realizado pela FAO/INCRA (1996), afirma a importância da agricultura familiar, do ponto de vista estratégico, para manutenção e recuperação do emprego, redistribuição da renda, garantia de alimentos e para o desenvolvimento sustentável. Atualmente a agricultura familiar estrutura-se em atividades, de sobremaneira, em práticas diversificadas, muitas vezes nichos de mercado e maior capacidade de integração às agroindústrias (WILKINSON, 2008), ou seja, novos arranjos produtivos vem sendo inseridos, e estes demandam políticas públicas de fomento. Dentre as políticas com ênfase ao familiar rural, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar PRONAF, é um programa criado Governo Federal em 1995, com o intuito de atender de forma diferenciada os mini e pequenos produtores rurais que desenvolvem suas atividades mediante emprego direto de sua força de trabalho e de sua família. Sendo um referencial ao agricultor familiar que até então era considerado miniprodutor e disputava com os grandes produtores, sem nenhuma diferenciação, os escassos recursos destinados ao crédito rural. Embora existiram problemas decorrentes das organizações sociais e, muitas vezes, os atores envolvidos não estarem maduros para a correta aplicabilidade, segundo Abramovay e Veiga, (1999) é inegável a importância das políticas públicas para a agricultura familiar, comprovado pela ampliação do número de contratos e de recursos disponibilizados. Mas, talvez, a maior virtude do programa seja, segundo estes autores, que o fato de que este está conseguindo produzir o ambiente institucional necessário à ampliação da base social da política nacional de crédito e de desenvolvimento rurais. Na verdade, existe a necessidade de uma agenda de desenvolvimento, que seja capaz de promover a segurança alimentar para a população brasileira; inserir a maioria dos agricultores familiares, antes com predominância para produção de subsistência, no processo produtivo e econômico agrícola, promovendo maior circulação de bens e serviços e maior equidade social; e tornar o país um dos grandes exportadores mundiais, conjuntura esta então, dinamizada pela criação de diversos instrumentos de crédito, comercialização e assistência técnica, que tenderiam a desenvolver o rural e também o urbano, visto que estas duas esferas encontram-se relacionadas. Cabe ressaltar também, que os administradores públicos, pressionados pelos movimentos sociais e grupos de interesse, além dos consumidores, são incentivados e/ou

16 compelidos a implantar as políticas públicas agrícolas, que visem o desenvolvimento de forma sustentável 3. A construção das políticas para a agricultura familiar é tarefa árdua e conflituosa, que pode interferir de forma positiva ou negativa, suscitando debates, conflitos e disputas pelos recursos. Porém, os governos devem estar imbuídos de espírito democrático e responsável, sendo fomentador das políticas públicas, e regulador das políticas privadas. Assim, o Estado tem como missão primordial aperfeiçoar constantemente as ferramentas públicas como forma de garantir o desenvolvimento constante das populações rurais, e a possibilidade de eficiência e efetividade destas, tendendo a ser mais eficazes na medida em que estas forem construídas com os órgãos técnicos, de pesquisa e extensão, os movimentos sociais e os grupos organizados e comprometidos da sociedade civil; além de instigar o setor estatal que também começou a participar do processo de disponibilização de crédito aos agricultores familiares. Para o caso dos municípios localizados na área de abrangência dos municípios da EMATER/RS regional de Estrela, as políticas públicas de fomento à agricultura e pecuária já fazem parte da dinâmica produtiva da maioria das propriedades familiares. Mas para o entendimento desta dinâmica será apresentada uma caracterização desta região. 4 CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO A região ou recorte do presente estudo é a área de abrangência do Escritório da EMATER/RS 4 Regional de Estrela, que é composta por 64 municípios dos vales dos Rios 3 O desenvolvimento sustentável, enquanto conceitos chave: o conceito de necessidades, sobretudo as necessidades essenciais dos pobres do mundo, que devem receber a máxima prioridade e a noção de limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras (CMMAD, 1988, p. 46). 4 ESREG Estrela Corresponde a Regional de Atuação do Escritório Regional da Emater-RS/Ascar de Estrela, abrangendo 64 municípios dos Vales do Taquari, representado pelos seguintes municípios: Anta Gorda, Arroio do Meio, Arvorezinha, Bom Retiro do Sul, Canudos do Vale, Capitão, Colinas, Coqueiro Baixo, Cruzeiro do Sul, Dois Lajeados, Doutor Ricardo, Encantado, Estrela, Fazenda Vila Nova, Forquetinha, Ilópolis, Imigrante, Lajeado, Marques de Souza, Muçum, Novo Bréscia, Paverama, Poço das Antas, Pouso Novo, Progresso, Putinga, Relvado, Roca Sales, Santa Clara do Sul, Sério, Tabai, Taquari, Teutônia, Travesseiro, Vespasiano Correia e Wesfália e parte dos municípios do Alto da Serra do Butucaraí pelos municípios de: Barros Cassal, Boqueirão do Leão, Itapuca, Fontoura Xavier, Gramado Xavier e São José do Herval, e do Caí, pelos municípios de: Bom Princípio, Brochier, Capela de Santana, Maratá, Montenegro, São José do Sul, Pareci Novo, Salvador do Sul, São José do Hortêncio, São Pedro da Serra, São Sebastião do Caí e Tupandi, e do Vale do Rio Pardo, pelos municípios de: Boqueirão do Leão, Herveiras, Mato Leitão, Passo do Sobrado, Santa Cruz do Sul, Sinimbu, Vale do Sol, Vale Verde, Venâncio Aires e Vera Cruz.

17 Caí, Taquari e Pardo e, do Alto da Serra do Botucaraí, distribuídos em oito microrregiões, conforme FIGURA1. FIGURA 1. Área de abrangência da EMATER/RS Regional de Estrela RS. Fonte: Regional da EMATER/RS de Estrela (2009) Os estabelecimentos agropecuários da região foram prioritariamente colonizados por descendentes de alemães e italianos que compõem a mão-de-obra familiar. Estes são prioritariamente minifúndios, com limitações de fertilidade, terrenos acidentados, grande presença de mananciais hídricos (rios, arroios, sangas e vertentes) que envolvem áreas de proteção ambiental, e poucas áreas de produção de grãos de maior escala. Em função destas características, são poucas as áreas de produção de grãos de grande escala. Mas apesar desta conjuntura física, que parece num primeiro momento desfavorável à prática da agricultura familiar, segundo dados da EMATER/RS Regional de Estrela (2009) a região tem forte expressão agrícola e pecuária, na produção e produtividade de muitas culturas, que são comercializados em todo Estado. Como destaque nas culturas de grãos, aparece o milho que é produzido, em áreas expressivas de 48 municípios, além da soja e do feijão. O tabaco e o arroz irrigado ocupam

18 parte dos vales do Rio Pardo e Taquari, principalmente no município de Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires. A olericultura e a fruticultura estão mais concentradas no Vale do Caí, nos municípios de Bom Princípio, Capela de Santana, São José do Hortêncio, Montenegro e São Sebastião do Caí, e no Vale do Taquari, no município de Dois Lajeados. Quanto à pecuária, a caprinocultura, a ovinocultura, o gado de corte, a piscicultura e a apicultura são culturas importantes, mas com pequena escala de produção. O destaque é a produção integrada de leite, aves e suínos. Esta região possui a maior bacia leiteira do Estado, envolvendo mais de 11 mil famílias, o que por consequência leva à maior concentração de agroindústrias leiteiras do Estado, que beneficiam mais de três milhões de litros de leite/dia. A avicultura também é significativa, sendo que a região contribui com cerca de 70% das aves criadas no Estado, sendo destaque os municípios de Nova Bréscia, Teutônia, Progresso, Roca Sales, Tupandi e Vespasiano Correia, além da suinocultura que tem como destaque os municípios de Arroio do Meio, Estrela, Capitão, Paverama, Travesseiro, Teutônia e Tupandi entre outros. Pode-se afirmar, que o sistema de integração com as agroindústrias e processadoras da região dinamiza e incentiva as cadeias produtivas do tabaco, leite, aves e suínos. Mas por outro lado, os produtores familiares paulatinamente assistem a uma sensível redução das alternativas de ingresso econômico, enfrentando, muitas vezes, dificuldades de inserção no mercado, geralmente pela reduzida escala de produção ou deficiências tecnológicas. Na busca de dinamizar este tipo de agricultura, resgatar e fortalecer as potencialidades locais e instigar a uma maior inserção de mercado, os governos federal, estadual e alguns municípios propõem políticas públicas de fomento e programas de agroindustrialização e certificação de produtos, como forma de criar novas oportunidades no meio rural e resgatar as características familiares de processarem os alimentos produzidos na propriedade, apesar de suas limitações e dificuldades, muito têm contribuído para o desenvolvimento desta região, como veremos a seguir. 5 POLÍTICAS PÚBLICAS ACESSADAS PELOS AGRICULTORES DA EMATER/RS REGIONAL DE ESTRELA As principais políticas públicas federais aplicadas na região são o crédito fundiário, o crédito rural (PRONAF), o seguro agrícola, o programa de garantia de preços e o Programa de

19 Alimentação Escolar. No que tange à esfera estadual há o Programa de Agroindústria Familiar e o Fundo Estadual de Apoio aos Pequenos Estabelecimentos Rurais, e a nível municipal os Fundos Rotativos e Programas de Incentivos e Diversificação Municipais. Estas são as políticas públicas para a agricultura familiar acessadas pelos agricultores familiares da EMATER/RS do regional de Estrela, RS. 5.1 Políticas públicas federais 5.1.1 Programa nacional de crédito fundiário O Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) é um instrumento de acesso à áreas de terras aos agricultores familiares, já proprietários de áreas relativamente pequenas ou sem terra, e principalmente pelas famílias que produzem na condição de meeiros, arrendatários, posseiros ou com pouca área, criado em pelo, através da Lei complementar n.º 93 de 04 de fevereiro de 1998 e do Decreto n.º 4.892 de 25 de novembro de 2003. O enquadramento no programa norteia-se por duas pré-condições básicas: Renda bruta anual máxima de R$ 15.000,00 e patrimônio familiar inferior a R$ 30.000,00; além da comprovação de cinco anos de atividade ou experiência na produção agrícola. Através deste instrumento os agricultores familiares, como novos proprietários podem acessar outros recursos de investimento para melhorias da infra-estrutura de produção e com a produção se inserção nos mercados, melhorando a qualidade de vida dos membros familiares. Através de Programa de Crédito, famílias até então dependentes de arrendamentos de áreas ou de relações de parceria, estão atingindo a condição de proprietários, realidade esta com reflexos positivos no desenvolvimento dos municípios que possuem sua economia embasada na agricultura. Na região da EMATER Regional de Estrela, a partir do ano de 2002, foram beneficiados 1.363 projetos, sendo que 79,16 % destes foram contratados, ou seja, 1079 famílias foram já foram assentadas, estando 60 no Banco para ser assinado e 224 aguardando análise na UTE 5 do Programa. O valor máximo financiado passou de R$ 40.000,00 por projeto, e a partir agosto de 2010 (Resolução 3.869), a ser de R$ 80.000,00, com prazo de 20 anos para financiamentos de terras com valores de 30 a 80 mil reais e de 17 anos para valores de até 30 mil reais, ambos podem usufruir até três anos de carência. Além do crédito para a compra da terra, estas famílias têm acesso ao financiamento do PRONAF A, no valor máximo de R$ 21.500,00,

20 para a estruturação da propriedade e acompanhamento da rural na sua aplicação. Ressalta-se que os juros destes financiamentos são baixos e os beneficiários obtêm descontos consideráveis quando os pagamentos são realizados nas datas previstas. 5.1.2 Crédito rural O Crédito Rural para a agricultura familiar, se dá pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar PRONAF, formalizado através do Decreto n. º 1946, de 28 de junho de 1996, tendo a finalidade de promover o desenvolvimento sustentável do segmento rural constituído pelos agricultores familiares, assentados da reforma agrária, pescadores artesanais, povos da floresta e quilombolas. O programa financia de forma individual ou coletiva, custeios e investimentos nas atividades agropecuárias, a baixas taxas de juros diferenciados, de acordo com o valor financiado, caracterizado por baixa inadimplência entre os sistemas de crédito do País. Podem acessar o PRONAF agricultores proprietários, arrendatários, posseiros ou meeiros, quilombolas e pescadores artesanais, que detenham área de até quatro módulos fiscais (equivalente a uma área de 80 ha na região), em que pelo menos 70% da renda provenha das atividades rurais. Além disso, é necessária uma DAP 6, obtida nas entidades credenciadas junto ao MDA, podendo ser da extensão rural, movimento social ou representante sindical, avalizadas pelos Conselhos Agropecuários Municipais Rurais 7 de cada município. O PRONAF é dividido em várias modalidades. Os maiores volumes de recursos são direcionados para investimentos em máquinas e equipamentos, construções de benfeitorias, agroindústrias ou bovinocultura de leite. Em menor escala são os recursos para a implantação de lavouras anuais ou perenes. Nos municípios de estudo, o número de agricultores familiares que acessaram DAP em 2009, segundo dados do MDA 8, (2010), para se habilitaram ao PRONAF foram 47.229, sendo destacados os números de alguns municípios como: Boqueirão 5 UTE Unidade Técnica Estadual 6 DAP Declaração de Aptidão ao PRONAF Criada pelo SAF/MDA, é o Instrumento de identificação do Agricultor Familiar para acessar Políticas Públicas (PRONAF), emitidas por entidades credenciadas no MDA. Os nomes dos candidatos ao acesso as DAP(s) são avaliados pelos Conselhos Municipais de Desenvolvimento. Criada através da Portaria n. º 386, de 24/09/1997. 7 Os Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural possuem suas normas e requisitos estabelecidos no Decreto n. º 1.946, de 21 junho de 1996. 8 MDA: Ministério de Desenvolvimento Agrário Disponível em: http://smap.mda.gov.br/credito/dap/dap.asp Acessado em 22 de Setembro de 2010.

21 do Leão (1.744), Fontoura Xavier (1.944), Santa Cruz do Sul (3.480), Vale do Sul (2.126) e Venâncio Aires (3.313). Na região de Estrela no ano de 2009, segundo BACEN (2009), foram contemplados 40.579 projetos de PRONAF nas linhas de custeio ou investimento, no valor total de R$ 275.584.506,36. Cabe ressaltar que muitas famílias podem ter sido beneficiadas por dois contratos no mesmo ano, de custeio para formação de lavouras e para investimentos, conforme dados da TABELA 1. Os maiores montantes de investimento ocorreram nos municípios de Poço das Antas. Santa Cruz do Sul, Teutônia, Vale do Sol, Venâncio Aires e Vera Cruz. TABELA 1. Municípios do regional da EMATER-RS de Estrela que os agricultores familiares acessaram PRONAF em valores totais acima de cinco milhões, número de beneficiários e valores totais acessados no ano de 2009. Municípios com maior acesso Números Beneficiários Valor Acessado (Reais) Anta Gorda 765 6.461.207,36 Arroio do Meio 616 5.405.129,60 Arvorezinha 1.059 5.567.194,87 Boqueirão do Leão 1.167 5.768.812,03 Dois Lajeados 543 5.598.870,23 Estrela 390 6.492.435,81 Montenegro 495 6.104.371,27 Poço das Antas 195 11.879.660,45 Putinga 839 5.196.284,48 Santa Cruz do Sul 8.123 39.103.224,04 Sinimbu 2.333 9.974.980,03 Teutônia 664 10.011.095,67 Vale do Sol 3.013 15.898.883,19 Venâncio Aires 1.915 13.201.291,24 Vera Cruz 2.498 10.972.754,91 Outros 48 Municípios. 15.579 117.948.506,18 Total de Recursos Acessados 40.579 275.584.506,36 Fonte: BACEN (Somente Exigibilidade Bancária), BANCOOB, BANSICREDI, BASA, BB, BN E BNDES. Compilados pelo autor. 5.1.3 Programa de garantia de preços da agricultura familiar (PGPAF) Este programa foi criado em 13 de julho de 2006, através da Lei 11.326 e do Decreto n. º 5.996, de 20 de dezembro de 2006 e, regulamentado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em 21 de dezembro de 2006, através da Resolução n. º 3.436, o Programa de Garantia de Preços da Agricultura Familiar (PGPAF). Inicialmente com nome provisório de Seguro de Preços da Agricultura Familiar, contribui no sentido de garantir uma maior estabilidade à atividade agrícola. Trata-se de um instrumento de política agrícola que há muito tempo vem sendo reivindicado pelas organizações da agricultura familiar e garante aos agricultores

22 familiares que acessaram o PRONAF Custeio ou Investimento, desconto na prestação de financiamento no momento do pagamento, correspondente à diferença entre o preço de mercado e o preço de garantia do produto. Através do Programa de Garantia de Preços da Agricultura familiar os beneficiários que obtiveram financiamentos para diversas culturas e criações tais como feijão, arroz e bovinocultura de leite obtiveram descontos na quitação do financiamento, pois os preços dos produtos financiados estavam abaixo do preço estipulado pelo governo, que serve de balizador para a viabilidade econômica dos projetos de financiamento. 5.1.4 Seguro da agricultura familiar Este seguro foi criado a partir da Resolução n. º 3.234 9, dirigida exclusivamente aos agricultores familiares que contratam financiamentos de custeio agrícola pelo PRONAF. Denominado de PROAGRO MAIS, este atende a uma reivindicação histórica dos produtores, movimentos sociais e sindicais rurais, para a produção com segurança e relativa garantia de renda. Não se limita apenas o valor financiado, garantindo até 65% da receita líquida esperada pelo empreendimento financiado. Cobre prejuízos provocados por granizo, vendaval, geada, estiagem, variação excessiva de temperatura ou chuvas excessivas. As principais culturas da região incluídas no sistema são milho, feijão, arroz, mandioca e soja, entre outras. O PROAGRO MAIS, como instrumento de garantias de renda mínima reativou os seguros, a partir da grande seca de 2004/2005 que atingiu todo o Estado do Rio Grande do Sul. Na safra 2007/2008 foram beneficiados 17.956 famílias do Estado, representando R$ 46.940.380,00 em indenizações. Na região da EMATER/RS Regional de Estrela, segundo os dados EMATER/RS (2010), foram realizados pelos técnicos dos escritórios municipais no período de 2005 a 2009 de 21.895 laudos, com destaques para as safras de 2005 e 2006, com 13.845 e 5.667 beneficiados respectivamente. Convém lembrar que nem todos tiveram êxito nas indenizações. Cabe destacar que a partir da safra 2004/2005 o seguro foi qualificado no sentido de prover uma renda mínima para os beneficiários, com segurança na avaliação dos prejuízos e critérios transparentes no cálculo dos benefícios. 9 Através da Resolução de nº 3.234 foram alteradas as disposições, constituindo no seu âmbito o PROAGRO MAIS para atender os pequenos agricultores vinculados ao PRONAF. Ver: http://comunidades.mda.gov.br/portal/saf/arquivos/view/seaf/legislao/resolu%c2%87%c3%86o%20n%c2%a7%203.234,%20de%202004.doc

23 5.1.5 Programa nacional alimentação escolar Esta é a política pública federal mais recente, implantada através da Lei n. º 11.947 10 de 26 de Junho de 2009, e a Resolução/CD/FNDE nº-38 11, de 16 de Julho de 2009, que dispõe do atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Embora recente esta política pública é muito interessante à comercialização dos produtos familiares. Contempla para cada DAP, um valor de até nove mil reais, com a venda informal feita através da pessoa física (bloco de produtor) ou formal (associação de produtores ou cooperativas). Este tem merecido a atenção dos governos municipais (através das secretarias de educação) e em nível de escolas estaduais também estão trabalhando na aplicação, buscando adequar-se à lei, que exige a aplicação mínima de 30% dos valores advindos da esfera federal na aquisição de produtos da agricultura familiar. Nos 64 municípios, o Programa já contemplou muitos produtores familiares que não possuíam escala e acesso a mercado, possibilitando a diversificação produtiva e novas fontes de renda. 5.2 Políticas públicas estaduais 5.2.1 Programa estadual de agroindústria familiar (PEAF) Este programa, denominado de PEAF, foi criado através do Decreto n. º 40.079, de 09 de maio de 2000, durante a administração do governo Olívio Dutra. Foi criado devido ao grau de dificuldade e desassistência que a agricultura familiar atravessou nas décadas de 80 e 90, na produção de alimentos, e na geração de oportunidade de trabalho e melhoria de condições de vida da população, instituindo o selo Sabor Gaúcho através da Resolução n. º 004/2002. Esta propiciou uma nova oportunidade aos agricultores familiares gaúchos, a partir da sua produção e conhecimentos de industrialização de alimentos, além da industrialização e comercialização dos produtos através do bloco de produtor rural (Decreto n. º 40.248, de 17 de agosto de 2000). Como premissa ao acesso no programa à família deve possuir DAP, ter bloco de produtor rural Modelo 15 e produzir no mínimo 70% da matéria prima pela família. 10 Esta Lei dispõe sobre o atendimento escolar e do programa dinheiro direto na escola.... para maiores informações, disponível em: http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/711767/lei-11947-09#art20. 11 Esta Resolução dispõe sobre o atendimento da alimentação aos alunos da educação básica no Programa Nacional Escolar de Alimentação Escolar PNAE. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/consea/static/documentos/outros/fnde.pdf.pdf

24 Este programa, enquanto política pública, atende os anseios vindo da base e dos movimentos sociais, com alternativa de agregar renda à produção. O Programa implantado pelo governo do estado, contava com o apoio de um grupo gestor junto aos COREDEs 12, constituído por entidades e representantes do governo em nível regional, que geriam a entrada ou à criação de agroindústria junto ao Programa e no acesso a recursos financiados através de convênio com o Banco Banrisul de individual ou coletiva. Com a troca de governo, o Programa continuou sob o aspecto legal, porém, sem a participação dos grupos gestores, através das entidades como EMATER/RS e Movimentos Sociais e Representativos dos agricultores familiares, na continuidade do Programa, fomentando iniciativas e qualificando as demandas dos agricultores familiares. No período de 2001 a 2009, segundo dados da EMATER/RS Regional de Estrela (2009), foram atendidas nesses municípios de atuação da EMATER/RS Regional 136 agroindústrias familiares, envolvendo mais 352 famílias, e investimentos no montante de R$ 5.326.472,00 milhões de reais, das quais 116 utilizam o PEAF, beneficiados pelo Programa com a venda através do bloco de produtor modelo 15, destacando-se os municípios de Estrela, Teutônia, Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires. As agroindústrias inseridas no Programa têm a possibilidade de participarem de feiras locais, regionais e estaduais. Dessa forma divulgam e comercializam os produtos ao mercado, com valor agregado, tornando-se um instrumento eficaz na viabilização de empreendimentos e acesso dos agricultores familiares ao mercado. Em muitos municípios foram criados incentivos através de programas ou lei de incentivos, com essa finalidade. São exemplos, os municípios de Anta Gorda, Progresso, Passo do Sobrado e Venâncio Aires. Neste último, na busca por diversificação de atividades e como alternativas ao tabaco, possui 23 agroindústrias inseridas no Programa, e criou lei específica de incentivo para canalizar até R$ 6.500,00 para melhorias nas inscritas no Programa. 12 Os Conselhos Regionais de Desenvolvimento - COREDEs, Criados oficialmente lei estadual n.º 10.283, de 17 de Outubro de 2010, são o fórum de discussão e decisão a respeito de políticas e ações que visam o desenvolvimento regional Inicialmente era composto por 21 regiões, alterado para 28 em 1998, com a criação do 22º COREDE Metropolitano Delta do Jacuí, em 2003 aumento com a criação do Alto da Serra do Butucaraí e Jacuí Centro... Disponível em: http://www.estruturantes.rs.gov.br/index.php?option=com_faq&itemid=60, Acessado em 18 de Outubro de 2010.

25 5.2.2 Fundo estadual de apoio aos pequenos estabelecimentos rurais (FEAPER) Este fundo, conhecido como FEAPER, foi criado através da lei estadual n.º 8.511 de 06 de janeiro de 1998 e regulamentado pelo Decreto n.º 32.785 de março daquele ano, com o objetivo de inserir os agricultores familiares nas diversas cadeias produtivas viáveis na região, alocando recursos para atender os projetos para o desenvolvimento regional, priorizados pelo Orçamento Participativo, baseados em reivindicações locais. Possui regras específicas para os agricultores enquadrarem-se de área (tamanho) para as diferentes regiões e valor limite de financiamento a R$27.00,00 por família. É uma política pública com viés importante, que busca a diversificação produtiva, através da implantação de atividades de fruticultura, olericultura, bovinocultura de leite, agroindústrias familiares, entre outras. Atualmente os recursos liberados por esta política pública estadual têm sido pequenos, não atendendo a todas as demandas, o que acaba frustrando os produtores. Na região no período de 2005 a 2009, segundo os dados da EMATER/RS do regional de Estrela (Sistema de Crédito Rural), foram contratados apenas três projetos dos municípios de Harmonia e progresso num total de R$ 88.876,54, para implantação de pomar e melhoramento de solo e elaborados 249 projetos no valor total de R$ 671.341,00. 5.3 Políticas públicas municipais 5.3.1 Fundos rotativos municipais Estes fundos permitem acesso a recursos à agricultura familiar, de forma simples e sem burocracia. São geridos pelos Conselhos Agropecuários Municipais, e permitem investimentos rápidos para aquelas famílias com demanda de valores menos volumosos. Os fundos foram construídos conforme os interesses locais, e tendo como característica, taxas de juros muito baixas ou apenas em equivalência do milho em grão, atendendo demandas locais como agroindústrias familiares, equipamentos e implementos, para a promoção da diversificação de novas atividades e renda. Os Fundos Rotativos Municipais, atualmente estão inativos na maioria dos municípios, ou com baixos níveis de financiamento devido, principalmente ao fato, das prefeituras municipais enfrentarem dificuldades financeiras, má gestão dos recursos ou uso indevido ou direcionado politicamente de forma eleitoreira, teve seus cofres esvaziados. Na região dos 64

26 municípios, apenas 29 possuem os Fundos ativos 13, e destes apenas 12 estão financiando, em média 12,6 projetos/município e valores médios por projeto de R$ 4.141,50, segundo dados da EMATER-RS Regional de Estrela (2010). 5.3.2 Programas de incentivo municipais de diversificação Estes programas Municipais de Incentivo buscam instigar a geração de novas atividades agropecuárias, através leis específicas, como a instalação de aviários, pocilgas, agroindústrias familiares, através de horas máquina, materiais entre outros. Estes programas, também tendem a fomentar as Feiras de Produtos Familiares, Festas e Exposições, atividades importante na difusão e venda dos produtos, embora os agricultores muitas vezes tenham pouca mobilidade associativa (associações e cooperativas), que se houvessem tenderiam a maiores barganhas de mercado e redução de custos na aquisição de insumos. 5.4 Extensão rural oficial Apesar da Extensão rural não ser uma Política Pública, mas sim, uma ferramenta de apoio aos agricultores, cabe ressaltar sua importância como meio de incentivo e qualificação das políticas públicas, pois esta tem ampla abrangência de atuação. Durante o ano de 2009 a extensão rural oficial atendeu 21.307 agricultores e destes 19.588 eram familiares (sem repetição) e elaborou 12.393 projetos de crédito nos 64 municípios da EMATER/RS do Regional de Estrela (SISPLAN e SCR, 2009). 6 AVANÇOS E LIMITES DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE FOMENTO À AGRICULTURA FAMILIAR Embora considerados insuficientes por muitos autores, é inegável o esforço dos governos federais, estaduais e municipais na criação e melhoria das políticas à agricultura 13 Os municípios com Fundo Rotativo ativos são: Arroio do Meio, Arvorezinha, Barros Cassal, Canudos do Vale, Colinas, Coqueiro Baixo, Doutor Ricardo, Encantado, Estrela, Gramado Xavier, Harmonia, Ilópolis, Imigrante, Lajeado, Maratá, Marques de Souza, Mato Leitão, Montenegro, Pareci Novo, Pouso Novo, Roca Sales, Santa Clara do Sul, Santa Cruz do Sul, São Pedro da Serra, Vale do Sol, Vale Verde, Venâncio Aires, Vera Cruz.

27 familiar, em todas as esferas. Portanto, existem vários avanços e também alguns limitantes, que podem ser constatados através da análise dos dados secundários e das entrevistas com uma amostra de produtores familiares da EMATER/RS Regional de Estrela. 6.1 Avanços Das 22 famílias entrevistadas, residentes nos municípios de abrangência da EMATER Regional de Estrela, 95,45 % delas acessaram alguma das políticas públicas abordadas. A de maior abrangência foi o PRONAF investimento que beneficiou 95,24 % das famílias, seguido pelo custeio para culturas e formação de lavouras com 85,71 % e Extensão Rural (EMATER-RS) com 90,48 % das famílias. Outras como o Seguros Agrícola e PROAGRO MAIS, nas diferentes safras beneficiaram 52,38 % das famílias respectivamente, o PGPAF 38,10% das famílias, e por fim as políticas locais (incentivo às agroindústrias familiares e diversificação) 14,28 % das famílias e os fundos rotativos com 9,52% das famílias. Muitos dos agricultores entrevistados acessam diversas políticas públicas concomitantemente. No que se refere à aplicação dos recursos do PRONAF investimento, na busca a alternativas de renda e diversificação, tiveram maiores destinos à aquisição de máquinas e equipamentos e a introdução de nova atividade produtiva na propriedade (FIGURA 2). 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% Grupo de aplicação Para aquisição de máquinas e equipam entos Construções e reformas de galpão e instalações Anim ais de tração e de subsistência Novas atividades - Aviário, pocilga, estábulo, Agroindustria e pom ar FIGURA 2. Finalidade de aplicação dos recursos de investimentos do PRONAF da EMATER/RS Regional de Estrela RS. Fonte: Escritório Municipal Emater-RS/Ascar de Venâncio Aires. Compilado pelo autor. A maior parcela dos investimentos, 48,48%, foram empregados em máquinas e equipamentos, demonstrando a busca por modernização e melhoramento das estruturas dos meios de produção, criando demandas às indústrias do setor de máquinas e fortalecendo a economia de mercado; e 30,30% dos investimentos oportunizaram a criação de novas atividades de renda junto às propriedades (suinocultura, agroindústrias, pomares, aviários e