TEMA Tecnologia Assistiva. Facilitadores convidados Cristina Fank Terapeuta Ocupacional Regis Severo - Fisioterapeuta. 30 de abril de 2015

Documentos relacionados
Tecnologia Assistiva: promoção da funcionalidade e independência da pessoa com deficiência intelectual

HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NA PERSPECTIVA DA SAÚDE

TECNOLOGIAS ASSISTIVAS NA EDUCAÇÃO: Ferramentas Facilitadoras de Inclusão Digital

O que é Tecnologia Assistiva?

Envelhecimento. Próteses. Próteses. Órteses. Órteses 24/08/2011 ÓRTESES, PRÓTESES ADAPTAÇÕES E RECURSOS PARA A TERCEIRA IDADE

ÓRTESES PARA MMSS APOSTILA 04

TECNOLOGIA ASSISTIVA PRÓTESES E EQUIPAMENTOS DE MOBILIDADE

TECNOLOGIA ASSISTIVA - UM TEMA EM ASCENÇÃO Aplicação de Recursos de Tecnologia Assistiva na Educação

Recursos assistivos Facilitadores para atividades gerais

LEI BRASILEIRA DE INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Marcha Normal. José Eduardo Pompeu

Resumo das regras para o 1º Campeonato Brasileiro de Parabadminton (Badminton adaptado).

Rita Bersch 2014 Assistiva Tecnologia e Educação

AVALIAÇÃO DO GRAU DE INCAPACIDADE FÍSICA (GIF) NA HANSENÍASE. Jordana Raquel Teixeira Nascimento Fisioterapeuta HST

CONTRIBUIÇÃO PARA UMA CONSCIÊNCIA CORPORAL. Distribuição Interna

14 semanas, podendo ser prorrogado de acordo com o ganho e necessidade do paciente.

O aluno com Deficiência Física

ERGONOMIA e Saúde do Trabalhador nos Ambientes de Atenção à Saúde

CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BADMINTON

Introdução às Amputações. Prof.ª Dr.ª Juliana Mendes Yule Prótese e Órtese

1. CONSIDERAÇÕES SOBRE A MARCHA EM CASOS DE FRATURAS DO MEMBRO INFERIOR.

A FISIOTERAPIA COMO TRATAMENTO NA POLIOMIELITE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA 1. INTRODUÇÃO

Maria Silva 25 Dez 1988 Guaratinguetá-SP. Data da Avaliação: 12/02/2018 ANAMNESE

LEI Nº , DE 6 DE JULHO DE 2015

REABILITAÇÃO PRÉ- PROTETIZAÇÃO APOSTILA 16

Bem estar e produtividade no trabalho

MANUAL DE PRODUTOS. sequencialmuletas.com.br. Solicite mais informações com nosso departamento comercial. Telefones: e (51)

TECNOLOGIAS ASSISTIVAS PARA A COMUNICAÇÃO DE DEFICIENTES AUDITIVOS

Lei

Aula 5 Biomecânica da postura sentada. Cadeira de rodas e adequação postural.

Saúde do Idoso. Quem é idoso? Nos países desenvolvidos, é o indivíduo a partir dos 65 anos e, nos países em desenvolvimento, a partir dos 60 anos.

DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: TECNOLOGIA ASSISTIVA E A COMUNICAÇÃO

IV Seminário do Grupo de Pesquisa Deficiências Físicas e Sensoriais Faculdade de Filosofia e Ciências 26 e 27 de fevereiro de 2018 ISSN

Cap. 6, An Introduction to Rehabilitation Engineering. Adequação Postural. EN Engenharia de Reabilitação 1

TECNOLOGIAS ASSISTIVAS: FERRAMENTAS PARA USO DO COMPUTADOR

Poliomielite um novo Olhar, comemorando a Vida, cuidando da Saúde!

MEMBROS SUPERIORES. Apostila 15

LEI N /2015 DISPOSIÇÕES GERAIS

51 QUESTÕES DIREITO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Avaliação do Sistema músculoesquelético. adulto e no idoso. Profª. Drª. Paula Cristina Nogueira

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Ministério da Saúde GABINETE DO MINISTRO PORTARIA Nº 2.297, DE 10 DE OUTUBRO DE 2008

AMPUTADOS/MI 1 x NA SEMANA Pré-Prótese e Pós-Prótese

ACESSO A ÓRTESES E PRÓTESES POR PESSOAS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA NO PROGRAMA BPC NA ESCOLA: CONEXÕES COM A INCLUSÃO EDUCACIONAL

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

AMPUTADOS/MI 2 X SEMANA

Avaliação Inicial e Definição de Conduta Tratamento Avaliação final e conduta Avaliação de aptidão Avaliação clínica inicial (objetivos específicos)

ERGONOMIA. Erica Cristina Possoli Técnica em Segurança do Trabalho

6. Nas doenças neuromusculares, o paciente e a família devem ser orientados em relação ao posicionamento, marque a opção descrita abaixo INCORRETA:

Aluno: Ademir S. Santana Professora orientadora: Dra. Helena Degreas

AVALIAÇÃO DO IDOSO. Prof. Ms.Helio Furtado

ERGONOMIA. Prof.ª Rosana Abbud

QUEDAS NA IDADE SÉNIOR: DO RISCO À PREVENÇÃO!

COLUNA VERTEBRAL EQUILÍBRIO PARA A VIDA

PROCESSO SELETIVO NEDETA

TECNOLOGIA ASSISTIVA E SUAS IMPLICAÇÕES NA EDUCAÇÃO

Gizele da Silveira Sousa Secretaria Municipal de Educação de Augusto Côrrea/PA (SEMED).

AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL DO IDOSO. Maria do Socorro Simões

Maria Silva 25 Dez 1988 Guaratinguetá-SP. Data da Avaliação: 13/11/2017 ANAMNESE

Prof. Me Alexandre Rocha

SERVIÇO ESPECIALIZADO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO ANEXO III

OFICINA DE EXPERIMENTAÇÃO DE TECNOLOGIAS ASSISTIVAS

AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA Data avaliação: - - Data admissão: - - Data alta: - - Desfecho: ( ) óbito ( ) alta ( ) transferência

ANEXO III RELAÇÃO DAS SITUAÇÕES QUE DÃO DIREITO AO AUXÍLIO-ACIDENTE QUADRO Nº 1

Controle do Alcance e Preensão. Geruza Perlato Bella

ENFERMAGEM SAÚDE DO IDOSO. Aula 11. Profª. Tatiane da Silva Campos

DESENHO UNIVERSAL 7 PRINCÍPIOS PARA PROJETAR RENATA MELLO ARQUITETA DA DIVERSIDADE

ESTUDO DESCRITIVO DE PARÂMETROS TEMPORAIS E CINEMÁTICOS DA MARCHA DE MULHERES JOVENS

Envelhecimento ativo Que exercícios posso fazer em casa?

ORTÓTESE DORSOLOMBAR. Dorsotech TECNOLOGIA DE ADAPTAÇÃO ATIVA DESIGN LIGEIRO E DISCRETO ADAPTAÇÃO ANATÓMICA DESIGN ERGONÓMICO

CATÁLOGO DE APLICATIVOS ANDROID DE TECNOLOGIA ASSISTIVA E ACESSIBILIDADE

AVALIAÇÃO POSTURAL O QUE É UMA AVALIAÇÃO POSTURAL? 16/09/2014

TREINANDO IDOSOS: DA BENGALA AO SRINT (Módulo I)

Plano de Frankfurt. Posição Ortostática

ANAMNESE. Cirurgias: Doenças/Sintomas : Medicamentos: Lesões Alergias TPM Outros

FISIOTERAPIA EM AMPUTADOS (MMII) PROF. ADRIANO SOUSA

AVALIAÇÃO POSTURAL E FUNCIONAL NO PILATES. Denise Moura

ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

PROCEDIMENTOS PARA CONFECÇÃO DE DISPOSITIVO ADAPTADO: PONTEIRAS DE CABEÇA E QUEIXO. Universidade Estadual Paulista - Faculdade de Filosofia e Ciências

CURSOS DE CAPACITAÇÃO E OFICINAS oferecidos pelo ITA - Instituto de Tecnologia Assistiva Antecipe sua vaga!!

- ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA LEI

LESÕES EM ATLETAS DE BODYBUILDING: COMO PREVENIR E TRATAR?

Sumário Detalhado. PARTE I Gerenciamento de riscos 21. PARTE II Patologia da lesão esportiva 177. Capítulo 4 Equipamento de proteção 116

SISTEMA PARA COACHING DE BRAILLE

CARAVANA DA INCLUSÃO, ACESSIBILIDADE E CIDADANIA

NECESSIDADE DE INCLUSÃO E

Prevenção de queda de idosos

MOTOR EVALUATION SCALE FOR UPPER EXTREMITY IN STROKE PATIENTS (MESUPES-braço and MESUPES-mão)

COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E/OU SUPLEMENTAR


Definição. Estigmas. Entender as limitações. Valorizar: Qualidades. Deficiência Motora IBGE Censo pessoas

Portfólio de Produtos

PALESTRA. Os Benefícios do Pilates Contemporâneo no Envelhecimento saudável. Dra. Ingrid Quartarolo FISIOTERAPEUTA

TIPOS ESPECIAIS DE FRATURAS

Resistência Muscular. Prof. Dr. Carlos Ovalle

REGULAMENTO DO NÚCLEO DE APOIO À ACESSIBILIDADE NA FACULDADE EVANGELICA DE RUBIATABA

PROGRAMA DE PROMOÇÃO DA ACESSIBILIDADE Campus Universitário de Tubarão AS BARREIRAS ATITUDINAIS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA.

Carga horária Quantidade de turmas Avaliação em Fisioterapia DIS

Formação treinadores AFA

Transcrição:

TEMA Tecnologia Assistiva Facilitadores convidados Cristina Fank Terapeuta Ocupacional Regis Severo - Fisioterapeuta 30 de abril de 2015

IBGE 2010 Acessibilidade No Brasil 23,91% da população possui alguma deficiência + 19,59% da população possui mobilidade reduzida (idosos, obesos, gestantes) + 26,50% da população tem dificuldade de acessibilidade em função de ter alguém na família com restrição de mobilidade = 70% dos brasileiros possuem alguma dificuldade de mobilidade

Definição Tecnologia Assistiva (TA) Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social (CAT, 2007)

Tecnologia Assistiva PROPORCIONAR AMPLIAR HABILIDADES FUNCIONAIS INDEPENDÊNCIA INCLUSÃO

Atuação da Tecnologia Assistiva: Funcionalidade O termo funcionalidade deve ser entendido num sentido maior do que habilidade em realizar tarefa de interesse.

Modelo Médico Incapacidade = problema da pessoa, causado diretamente pela doença, trauma ou outro problema de saúde. Foco central: Doença Solução do Problema: Assistência médica Objetivo: cura ou a ADAPTAÇÃO DO INDIVÍDUO e mudança de comportamento. Modelo Social Incapacidade = problema criado pela sociedade - questão política. Foco central: Dimensão social sociedade exclusiva Solução do Problema: requer uma ação/mudança social Objetivo: participação plena das pessoas com incapacidades em todas as áreas da vida social, através de modificações ambientais. Modelo Biopsicossocial Incapacidade = resultado da interação da pessoa com o meio ambiente. Foco central: Pessoa Solução do Problema: envolvimento integrado de profissionais de várias áreas de conhecimento. Objetivo: que a pessoa alcance o maior grau de funcionalidade possível

Modelo Biopsicossocial CIF Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde Incapacidade = resultado da interação da pessoa com o meio ambiente. Foco central: Pessoa Solução do Problema: envolvimento integrado de profissionais de várias áreas de conhecimento. Objetivo: que a pessoa alcance o maior grau de funcionalidade possível

Categorias da TA: Auxílios para a vida diária e vida prática CAA - Comunicação Aumentativa e Alternativa Recursos de acessibilidade ao computador Sistemas de controle de ambiente Projetos arquitetônicos para acessibilidade Órteses e próteses Adequação Postural Auxílios de mobilidade (dispositivos auxiliares de marcha como muletas, por exemplo) Auxílios para cegos ou com visão subnormal Auxílios para pessoas com surdez ou com déficit auditivo Adaptações em veículos Esportes e lazer

Muletas

Conceito e indicações A Muleta é considerada um dispositivo auxiliar à marcha. Indicações: Descarga de peso Equilíbrio Sem descarga de peso Marcha proprioceptiva > Base de Apoio ou Descarga parcial de peso 10%, 30%, 50%... do peso corporal Uso temporário Uso permanente

Situações de uso Uso temporário Repouso e recuperação do membro inferior Lesão / Trauma Desconforto Recuperação físico-funcional + Funcionalidade Autonomia Qualidade de Vida Uso permanente Possibilidade de ortostase e deambulação às pessoas com mobilidade reduzida permanente Funcionalidade Autonomia Qualidade de Vida

Tipos de marcha com muletas Referem-se aos números de pontos de contato ao solo. Marcha de 2 pontos As muletas e o membro inferior acometido formam um ponto de apoio, e o membro inferior sadio, outro. É um dos tipos mais usados, pois permite velocidade e pouca sustentação de peso no membro afetado. Marcha de 3 pontos As muletas formam um ponto de apoio ao solo, o membro inferior envolvido é o segundo e o sadio é o terceiro ponto. Neste tipo de marcha a sustentação de peso é maior que a de dois pontos e a velocidade é menor. Marcha de 4 pontos O primeiro ponto é a muleta do lado acometido, o segundo é o membro inferior sadio, o terceiro é o membro inferior acometido e o quarto é a muleta do lado não acometido.

Descarga de peso Marcha proprioceptiva Equilíbrio / Base de Apoio Características e Indicações entre os modelos de muletas Indicações Diferenças entre os modelos Dispositivo ideal para marcha sem descarga de peso / com balanço Exige menor controle do membro superior > risco de comprometimento vascular e nervoso (uso inadequado) Exige maior controle e força de membro superior Dispositivo ideal para marcha de 4 pontos e/ou com descarga parcial de peso + Funcional?? (subir escadas) > Facilidade no uso? Aparência / Estética

Ajustes das muletas para o uso MULETA CANADENSE FIXA Altura das muletas A altura adequada é aquela que proporcione uma flexão de cotovelos de aproximadamente 20 a 30º. Para este ajuste, pode ser considerado a altura do punho, que deve estar posicionado na altura do trocânter maior (proeminência óssea na região lateral da coxa, próximo ao quadril).

Orientações de ajustes das muletas MULETA CANADENSE ARTICULADA Altura das muletas A altura adequada é aquela que proporcione uma flexão de cotovelos de aproximadamente 20 a 30º. Para este ajuste, pode ser considerado a altura do punho, que deve estar posicionado na altura do trocânter maior (proeminência óssea na região lateral da coxa, próximo ao quadril). Posição do apoio de antebraço Este modelo de muleta permite ainda o ajuste de altura do apoio para antebraço, que deve estar ajustado a uma altura de aproximadamente 5cm abaixo do cotovelo.

Orientações de ajustes das muletas Altura das muletas MULETA AXILAR Este ajuste pode ser realizado através da altura do apoio de mão, de forma que os cotovelos estejam em uma flexão de aproximadamente 20 a 30º e/ou através do ajuste de altura da muleta. O apoio axilar deve estar posicionado abaixo das axilas cerca de 5cm ou 3 dedos de um adulto. Este ajuste deve ser realizado através do ajuste de altura da muleta.

Algumas considerações sobre o uso de muletas Gasto energético: Cerca de duas vezes mais energia para deambular do que em condições sem uso de algum apoio. Força / apoio MMSS: Incidência de lesões causadas por esforço repetitivo nas mãos, punhos, cotovelos e ombros durante o uso prolongado. Sobrecarga dos membros superiores: O punho recebe de uma a mais de três vezes o peso corporal durante a fase de balanço (quando não há apoio do peso sobre os membros inferiores) ao caminhar com muletas. Riscos decorrentes do ajuste/uso inadequado de muletas: - Comprometimento vascular e nervoso (compressão a nível axilar modelo de muleta axilar) - Encurtamentos musculares - Postura viciosa / Marcha viciosa