Unidade 12 Estrutura e Propriedades dos Materiais Poliméricos

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Transcrição:

Unidade 12 Estrutura e Propriedades dos Materiais Poliméricos PMT 3100 - Fundamentos de Ciência e Engenharia dos Materiais 1º semestre de 2017

VARIABILIDADE DE PROPRIEDADES Rígidos, tenazes, flexíveis, macios, elastoméricos, líquidos. Transparentes, opacos, translúcidos, coloridos, fluorescentes. Isolantes, condutores elétricos, eletroluminescentes. Hidrofílicos e hidrofóbicos. Biocompatíveis. Biodegradáveis. Leves 2 RÍGIDO FLEXÍVEL ELASTOMÉRICO https://www.uweb.engr.washington.edu/research/tutorials/introbiomat.html

CARACTERÍSTICAS DAS MOLÉCULAS POLIMÉRICAS 3 VARIABILIDADE cis, trans, dextrógiro, levógiro, grupos aldeído, cetona, éster, éter, aromático, etc.

Monômeros e polímeros mais comuns MONÔMERO POLÍMERO Fórmula molecular Sigla 4 CH2 CH3 C C O OCH3 Metacrilato de metila (2-metil-propenoato de metila Poli(metacrilato de metila) PMMA CH2 CH Estireno (vinilbenzeno) Poliestireno PS CH2 CH2 Etileno (eteno) Polietileno PE CH2 CH CH3 Propileno (propeno) Polipropileno PP CH2 CH Cl Cloreto de vinila (cloroeteno) Poli(cloreto de vinila) PVC Estruturas de Meros - Tabela 14.3, pág. 539 do Callister 8 ed.2010. Veja Tabela 15.3, pág. 596 do Callister 8 ed.2010.

Principais Aplicações dos polímeros mais consumidos no Brasil 5 Dados obtidos do boletim anual da ABIPLAST - 2015

Definições : Monômero, Polímero e Mero 6 Monômero: molécula capaz de reagir formando cadeia polimérica. Polímero: macromolécula constituída por vários meros ligados covalentemente entre si. Monômero Mero Polímero Molécula de Polietileno

Polimerização: reações químicas intermoleculares pelas quais os monômeros reagem, integrando-se na forma de meros, à estrutura molecular da cadeia. No processo são formadas inúmeras cadeias poliméricas longas. Estas cadeias não apresentam uniformidade no número de meros. 7 Grupo funcional reativo Monômero Mero Polímero Molécula de Polietileno

Polimerização POLIMERIZAÇÃO em Cadeia (Poliadição) 8 Os monômeros reagem entre si formando uma longa sequência de unidades repetitivas (meros). Os mecanismos de polimerização podem ser classificados em: em cadeia e por etapas. A polimerização em cadeia envolve as seguintes etapas (exemplo de polimerização do polietileno): 1) Iniciação: formação de sítio ativo a partir de um iniciador (R) e monômero: Elétron não emparelhado R + CH 2 =CH 2 R-CH 2 CH 2 2) Propagação da reação a partir dos centros ativos: R-CH 2 CH 2 + n CH 2 =CH 2 R-(CH 2 CH 2 ) n CH 2 CH 2 3) Terminação da reação: R- (CH 2 CH 2 ) n CH 2 CH 2 + R R-(CH 2 CH 2 ) n CH 2 CH 2 -R

POLIMERIZAÇÃO Polimerização por Etapas (Policonsdensação) 9 Polimerização por etapas: neste processo, as reações químicas intermoleculares ocorrem sem formação de sítio ativo, e em geral envolvem mais de um tipo de grupo reativo. Pode ocorrer também a formação de subproduto, por exemplo água. Exemplo: formação do poliéster (reação entre hidroxila e carboxila) Representação de um passo do processo de polimerização por condensação para poliéster (este passo se repete sucessivamente, produzindo-se uma longa molécula linear)

CARACTERÍSTICAS MOLECULARES DOS POLÍMEROS 10

Macromolécula apresentam conformações aleatórias produzidas por rotações das ligações da cadeia (novelo aleatório) 11 Trechos da cadeia CARACTERÍSTICAS MOLECULARES

Tipos de Polímeros : Homopolímeros e Copolímeros 12 HOMOPOLÍMERO: polímero contendo um único tipo de mero. COPOLÍMERO : polímero contendo duas ou mais espécies de meros. Tipos de distribuição dos diferentes meros nas moléculas dos copolímeros: (a) aleatória, (b) alternada, (c) em bloco e (d) enxertado (graft)

TAMANHO DA CADEIA - MASSA MOLAR 13 Um polímero é constituído de longas cadeias de tamanho não-uniforme. Os tamanhos das cadeias podem ser representados numa curva de distribuição, de quantidade (i) de cadeias com massas molares M i. A curva, por sua vez, é caracterizada por valores médios: M n e M w. MASSA MOLAR MÉDIA NUMÉRICA : n i onde: x i, fração numérica do total de moléculas que possuem massa M i (massa molar média das cadeias dentro do intervalo de tamanho i) MASSA MOLAR MÉDIA PONDERADA: M M w i x i M i i w M onde: w i, fração em massa do total de moléculas que possuem massa M i (massa molar média das cadeias dentro do intervalo de tamanho i) i

14 EXEMPLO DE CÁLCULO Considere a seguinte amostra de um material polimérico: n i M i (g/mol) x i x i * M i w i w i * M i 2 1.000.000 5 700.000 10 400.000 4 100.000 2 50.000

15 Considere a seguinte amostra de um material polimérico: n i M i (g/mol) x i x i * M i w i w i * M i 2 1.000.000 0,09 5 700.000 0,22 10 400.000 0,43 4 100.000 0,17 2 50.000 0,09 23

16 Considere a seguinte amostra de um material polimérico: n i M i (g/mol) x i x i * M i w i w i * M i 2 1.000.000 0,09 86.957 5 700.000 0,22 152.174 10 400.000 0,43 173.913 4 100.000 0,17 17.391 2 50.000 0,09 4.348 23 434.783 Massa molar média numérica

17 Considere a seguinte amostra de um material polimérico: n i M i (g/mol) x i x i * M i w i w i * M i 2 1.000.000 0,09 86.957 5 700.000 0,22 152.174 10 400.000 0,43 173.913 4 100.000 0,17 17.391 2 50.000 0,09 4.348 23 10.000.000 434.783 Massa molar média numérica

18 Considere a seguinte amostra de um material polimérico: n i M i (g/mol) x i x i * M i w i w i * M i 2 1.000.000 0,09 86.957 0,20 5 700.000 0,22 152.174 0,35 10 400.000 0,43 173.913 0,40 4 100.000 0,17 17.391 0,04 2 50.000 0,09 4.348 0,01 23 10.000.000 434.783 Massa molar média numérica

19 Considere a seguinte amostra de um material polimérico: n i M i (g/mol) x i x i * M i w i w i * M i 2 1.000.000 0,09 86.957 0,20 200.000 5 700.000 0,22 152.174 0,35 245.000 10 400.000 0,43 173.913 0,40 160.000 4 100.000 0,17 17.391 0,04 4.000 2 50.000 0,09 4.348 0,01 500 23 10.000.000 434.783 609.500 Massa molar média numérica Massa molar média ponderada

POLIDISPERSÃO E GRAU DE POLIMERIZAÇÃO 20 Polidispersão: relação entre as médias de massa molar ponderada e numérica. Quanto mais variados forem os tamanhos das moléculas, maior será a polidispersão (que sempre é maior que 1) Quando os tamanhos das cadeias são próximos, a polidispersão é aproximadamente 1. M M w n PD M M w n Polidispersão molecular PD

POLIDISPERSÃO E GRAU DE POLIMERIZAÇÃO 21 O grau de polimerização (n) representa a quantidade média de meros existentes numa molécula (tamanho médio da cadeia em unidades de mero): ( CH2 CH) O O n ( C C OCH2 CH2 O ) n POLIESTIRENO (PS) POLI(TEREFTALATO DE ETILENO) (PET) Grau de polimerização: ou n n M n m n w M w m onde: M n M w m = massa molar média numérica = massa molar média ponderada = massa molar do mero

CRISTALINIDADE Representação esquemática da estrutura de um esferulito 22 Cristalito polimérico com defeitos

CRISTALINIDADE Célula unitária (triclínica) da parte cristalina do Nylon 6,6 23 Célula unitária (ortorrômbica) da parte cristalina do polietileno (PE)

Grau de cristalinidade (% em peso) c( s a) % cristalinidade(em peso) 100 ( ) onde: S, densidade do polímero; a, densidade da parte amorfa; c, densidade da parte cristalina s c a 24 Representação de uma estrutura esferulítica Fotografia por microscopia óptica com luz polarizada de uma estrutura esferulítica.

% Cristalinidade Efeito do grau de cristalinidade e da massa molar nas características físicas do polietileno (PE) 25 Ceras (Frágeis) Plásticos (Duros) Ceras (Moles) Ceras (Tenazes) Plásticos (Moles) Graxas (Líquidos) Massa molar (escala não linear) Nota: esses comportamentos dependem da temperatura

TEMPERATURA 26 FASE CRISTALINA FASE AMORFA Líquido viscoso T m Líquido Viscoso Estado Ordenado Estado Borrachoso (volume livre aumenta significativamente) Estado Ordenado T g Estado Vítreo Observação: não existem polímeros 100% cristalinos, apenas semicristalinos e amorfos A temperatura de transição vítrea T g depende da flexibilidade das cadeias e da possibilidade dos segmentos sofrerem rotação. Se T>Tg alta mobilidade das cadeias Se T<Tg baixa mobilidade das cadeias A flexibilidade das cadeias diminui pela introdução de grupos atômicos grandes ou quando há formação de ligações cruzadas aumenta T g

Volume Específico TRANSIÇÕES TÉRMICAS 27 100 % amorfo semi-cristalino cristal perfeito T g T m Temperatura T g : Temperatura de transição vítrea T m : Temperatura de fusão cristalina

TRANSIÇÕES TÉRMICAS 28 Os polímeros 100% amorfos não possuem temperatura de fusão cristalina, apresentando apenas a temperatura de transição vítrea (T g ). Se T uso <T g Se T uso > T g Se T uso >> T g o polímero é rígido o polímero é borrachoso a viscosidade do polímero diminui progressivamente, até que seja atingida a temperatura de degradação

POLÍMEROS TERMOPLÁSTICOS E TERMOFIXOS 29 Os polímeros podem ser classificados em 2 grupos, de acordo com o processo que sofrem sob aquecimento: termoplásticos e termofixos. TERMOPLÁSTICOS Amolece sob aquecimento, flui sob pressão, solidifica sob resfriamento, num processo reversível. É moldável e remoldável. Parcialmente cristalinos ou totalmente amorfos. Lineares ou ramificados.

POLÍMEROS TERMOPLÁSTICOS E TERMOFIXOS 30 TERMOFIXOS Podem ser conformados plasticamente apenas em um estágio intermediário de sua fabricação. O produto final é, em geral, rígido e não apresenta escoamento (não se liquefaz) com o aumento da temperatura. São insolúveis e infusíveis. Mais resistentes ao calor do que os termoplásticos. Usualmente amorfos. Possuem uma estrutura tridimensional em rede com ligações cruzadas.

Utilização do polímero de acordo com a temperatura 31 Termoplástico Termofixo Linear Semi- Cristálino T g, T m Linear ou Ramificado Amorfo T g Ligações Cruzadas Amorfo T g T g < T amb Produto macio T g > T amb Produto rígido T g < T amb Elastômero (pode cristalizar-se sob tensão) T g > T amb Termorrígido

Exemplos de temperatura de transição vítrea (T g ) e temperatura de fusão (T m ) 32 Plástico rígido Polímero T g T m PEAD -110 137 PEBD -90 110 PVC 105 212 PTFE -90 327 PP -20 175 PS 100 Não possui Nylon 6,6 57 265 PET 73 265 PC 150 Não possui NR -60 Não possui Plástico flexível Elastômero

Elastômeros 33 Quando submetidos a tensão, os elastômeros se deformam, mas voltam ao estado inicial quando a tensão é removida. Cadeia de moléculas de um elastômero: (a) no estado nãodeformado (livre de tensões) (b) deformado elasticamente em resposta a uma tensão Os elastômeros apresentam baixo módulo de elasticidade. São polímeros amorfos ou com baixa cristalinidade (obtida sob tensão). Apresentam geralmente altas deformações elásticas, resultantes da combinação de alta mobilidade local de trechos de cadeia (baixa energia de interação intermolecular) e baixa mobilidade total das cadeias (ligações covalentes cruzadas entre cadeias ou reticuladas).

Elastômeros Exemplos: Poliisopreno (borracha natural), polibutadieno, SBS, borrachas de silicone, borracha nitrílica, borracha cloropreno 34 + Sulfur VULCANIZAÇÃO BORRACHA NÃO-VULCANIZADA: mais macia, pegajosa e com baixa resistência à abrasão. BORRACHA VULCANIZADA: valores maiores de módulo de elasticidade, resistência à tração e resistência à degradação oxidativa. Comportamento tensão - deformação até elongação de 600% para uma borracha natural vulcanizada e sem vulcanizar.

PROCESSAMENTO DE POLÍMEROS 35 A técnica usada para o processamento de um polímero depende basicamente: (1) de o material ser termoplástico ou termofixo. (2) da temperatura na qual ele amolece, no caso de material termoplástico. (3) da estabilidade química (resistência à degradação oxidativa e à diminuição da massa molar das moléculas) do material a ser processado. (4) da geometria e do tamanho do produto final.

PROCESSAMENTO DE POLÍMEROS 36 Os materiais poliméricos normalmente são processados em temperaturas elevadas (acima de 100 º C) e geralmente com a aplicação de pressão. Os termoplásticos amorfos são processados acima da temperatura de transição vítrea e os semicristalinos acima da temperatura de fusão. Em ambos os casos a aplicação de pressão deve ser mantida durante o resfriamento da peça para que a mesma retenha sua forma. Os termoplásticos podem ser reciclados.

Processamento de polímeros - Termofixos 37 O processamento dos polímeros termofixos é geralmente feito em duas etapas: (1) Preparação de composição reativa contendo polímero de baixa M w (líquido) (algumas vezes chamado pré-polímero). (2) Processamento e cura (reticulação, vulcanização) do pré-polímero para obter uma peça dura e rígida, geralmente em um molde que tem a forma da peça acabada.

38 Processamento de polímeros - Termofixos A etapa de cura pode ser realizada através de aquecimento ou pela adição de catalisadores, em geral com a aplicação de pressão. Durante a cura ocorrem mudanças químicas e estruturais em escala molecular, com formação de ligações cruzadas ou reticuladas. Os polímeros termofixos são dificilmente recicláveis, não são fusíveis, podem ser usados em temperaturas maiores do que as temperaturas de utilização dos termoplásticos, e são quimicamente mais inertes.

Processamento de polímeros termoplásticos Resfriamento 39 Pellets ou pó Plastificação Aquecimento Produto amolecido Moldagem Reciclagem Produto moldado Remoção do molde Produto final Filmes, folhas, extrusados Processamento de polímeros termofixos Resfriamento COMPOSIÇÃO REATIVA Pellets, pó ou líquido, catalisador, cargas, etc Energia moléculas modificadas Remoção do molde Produto final Placas, extrusados Reações Químicas moldagem

40...finalizando : Estrutura e Propriedades dos Materiais Poliméricos Ao final do estudo dos conteúdos desta Unidade você deve ser capaz de: entender que as propriedades dos materiais poliméricos são bastante variáveis em função das diferentes características que os polímeros podem apresentar: composição química; massa molecular média; estruturas (linear, ramificada, reticulada); disposição dos grupamentos funcionais dentro das cadeias poliméricas. definir os termos: polímero; monômero; mero; homopolímero; copolímero; grau de polimerização. esquematizar os dois tipos de reação de polimerização mais comuns: adição e condensação. calcular, a partir de dados de distribuições de massas moleculares, os valores das massas molares médias numérica e ponderada, bem como o valor da polidispersão. entender como as propriedades dos materiais poliméricos são afetadas pela distribuição das massas moleculares e pela porcentagem de cristalinidade. esquematizar as transições térmicas que apresentam polímeros semicristalinios ou completamente amorfos: temperatura de fusão da fase cristalina T m (ou T f ) e temperatura de transição vítrea T g. perceber que as temperaturas de transição T g e T m de um polímero indicam o seu aspecto físico a temperatura ambiente. definir os seguintes tipos de materiais poliméricos : polímero termoplástico; polímero termofixo; elastômero. esquematizar as suas rotas de processamento e de reciclagem dos tipos de polímeros estudados.

41 Referências Callister, W.D. Materials Science and Engineering: An Introduction. 7 th Ed. Wiley. 2007. Cap. 14. Obs.: outras edições do livro do Callister existentes nas bibliotecas da EP, em inglês ou português, também cobrem o conteúdo apresentado nesta Unidade. Askeland, D.R.; Phulé, P.P. Ciência e Engenharia dos Materiais. Cengage Learning. 2008. Cap. 16. Shackelford, J.F. Ciência dos Materiais. 6ª Ed. Pearson. 2008. Cap. 13. Callister, W.D.; Rethwisch, D.G. Fundamentals of Materials Science and Engineering. 4 th Ed. Cap. 13, itens 13-12 a 13-16; Cap. 14, item 14-11.