INSTITUIÇÕES E DESIGUALDADE Brenda Rolemberg de Lima Nº USP 6855697
Acemoglu, Daron; Johnson, Simon; Robinson, James A. Acemoglu (2005). Institutions as a Fundamental Cause of Long-Run Growth, in: Handbook of Economic Growth, Edited by Philippe Aghion and Steven N. Durlauf. Elsevier. Acemoglu, Daron and Robinson, James A (2015). The Rise and Decline of General Laws of Capitalism. Journal of Economic Perspectives, Volume 29, Number 1.
Questão inicial: POR QUE ALGUNS PAÍSES SÃO MUITO MAIS POBRES DO QUE OUTROS?
Explicação neoclássica tradicional Diferenças na renda per capita são explicadas por diferentes padrões no fator de acumulação: as diferenças no fator de acumulação seriam as taxas de poupança, as preferências ou parâmetros exógenos, como o total de crescimento da produtividade sistema de preferences and endowments Novas ondas do pensamento tradicional: 1ª onda: externalidades da acumulação de capital físico e humano pode induzir um crescimento sustentado e estável 2ª onda: endogeneização do crescimento estável e do progresso técnico. Romer (1990): um país ode ser mais próspero que o outro se ele alocar mais recursos em inovação, mas o que determina isso são essencialmente preferências e propriedades da tecnologia para a criação de ideias.
Crítica de Acemoglu et al. Tais explicações são incapazes de produzir uma explicação fundamental para o crescimento econômico, apenas produzem explicações aproximadas para o crescimento. A explicação para a diferença de renda e crescimento entre países é explicada a partir da noção de instituições. A ausência delas no debate sobre desigualdades teria sido uma falha comum na análise de Piketty, Marx e Ricardo.
Instituições De acordo com Douglas North (1993): instituições são as regras do jogo em sociedade ou, mais formalmente, as restrições humanamente concebidas que moldam a interação humana. Consequentemente, elas estruturam incentivos na troca humana, seja política, social ou econômica. As instituições podem ser econômicas ou políticas
A importância das instituições econômicas Instituições econômicas são importantes por gerar crescimento econômico, a: 1. Estruturar os direitos de propriedade e a presença e perfeição dos mercados 2. Contribuir na alocação de recursos na sua forma mais eficiente, determinando quem recebe os lucros, receitas e direitos residuais de controle (crítica à URSS) Assim como outras instituições, são endógenas, ou seja, determinadas pela sociedade, ainda que parcialmente
Argumento 1 Instituições econômicas importam para o crescimento econômico porque elas moldam os incentivos de atores econômicos chave na sociedade, influenciando investimentos em capital físico e humano e tecnologia, bem como na organização da produção Determinam como será feita a distribuição de recursos no futuro (t+1):
Argumento 2 Instituições econômicas são endógenas, determinadas como escolhas coletivas da sociedade, sobretudo pelas diferentes consequências econômicas que trazem (diferentes distribuições de recursos). Há um conflito de interesse entre vários grupos e indivíduos sobre a escolha de instituições econômicas. O equilíbrio depende do poder político dos grupos que disputam suas preferências; o grupo com maior poder político tende a assegurar as instituições econômicas que preferem.
Argumento 3 Existem interesses conflitantes sobre a distribuição de recursos e, indiretamente, sobre a escolha das instituições econômicas. Assim, o exercício do poder político leva a ineficiências econômicas ou até mesmo à pobreza porque existem problemas de comprometimento inerentes ao uso do poder político. Problemas no comprometimento criam uma inseparabilidade entre eficiência e distribuição.
Argumento 4 A distribuição de poder político na sociedade também é endógena. Existe o poder político de jure e o de facto. O poder político de jure diz respeito às instituições políticas na sociedade. Estas, assim como as instituições econômicas, determinam as restrições e os incentivos dos atores-chave, só que na esfera política. Exemplos de instituições políticas: forma de governo democracia x ditadura.
Argumento 5 Grupos que não ocupam instituições políticas podem tomar poder político (usando armas, cooptação dos militares, realizar revoltas, protestar pacificamente gerando custos econômicos etc). Trata-se do poder político de facto, que tem duas fontes: 1) habilidade do grupo em questão em resolver seu problema de ação coletiva (ex: assegurar que todos ajam juntos); 2) seus recursos econômicos, que determinam tanto a sua habilidade de usar (ou não) as instituições políticas existentes, como a sua opção em empregar e usar de força contra grupos diferentes.
Argumento 6 Variáveis de estado: instituições políticas e distribuição de recursos. Além de mudarem de forma relativamente lenta, elas determinam as instituições econômicas e a performance econômica direta e indiretamente. Evolução das instituições políticas: são endógenas. Isso cria uma tendência à persistência: instituições políticas alocam o poder político de jure, e aqueles que possuem o poder político influenciam a evolução das instituições políticas, geralmente optando por manter as instituições políticas que os conferem poder político.
Esquema geral