Práticas do letramento digital e do escolar no Módulo Introdutório do curso Mídias na Educação 1



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Transcrição:

Práticas do letramento digital e do escolar no Módulo Introdutório do curso Mídias na Educação 1 Karine Viana AMORIM (UFCG) 2 Este trabalho objetiva identificar as práticas letradas (Barton & Hamilton, 2000) e (Marcuschi, 2001) do letramento digital (Xavier, 2005) e do escolar nos ambientes de postagem Fórum e Biblioteca (Ribeiro, 2009) do Módulo Introdutório do Curso Mídias na Educação (MEC/SEED/DPCEAD/UFCG), realizado no ambiente colaborativo de aprendizagem e-proinfo. O nosso corpus contém onze atividades que são representadas por quatro exemplos, os quais foram analisados pela perspectiva descritivo-interpretativa. A conclusão aponta para a mobilização simultânea de práticas dos letramentos escolar, digital, profissiononal e midiático em três atividades, exemplos (1), (2) e (3). E no exemplo (4), as práticas são subutilizadas pela natureza da atividade. Palavras-chave: Letramento; Práticas letradas; Ambiente Colaborativo de Aprendizagem e- ProInfo Contextualizando o Programa Mídias na Educação O Programa de Formação Continuada Mídias na Educação é uma realização do MEC, através da Secretaria de Educação a Distância e do Departamento de Produção e Capacitação em Educação a Distância. Esse Programa visa investir na formação continuada de professores da Educação Básica da rede pública, no sentido de capacitá-los para o uso das quatro mídias (TV e Vídeo/DVD, Material Impresso, Informática e Rádio) na sala de aula e em laboratórios da escola. O professor, chamado de cursista, cursa os três ciclos, a saber: Ciclo Básico (120 horas), Ciclo Intermediário (60 horas) e Ciclo Avançado (180 horas). Ao final das 360 horas, é emitido pela universidade responsável um certificado de Especialista em Mídias na Educação. Cada ciclo é dividido em módulos. Quanto ao Ciclo Básico (objeto de nosso estudo), Módulo Conceitual Introdutório 30 horas; Módulo Básico TV/Vídeo 15 horas; Módulo Básico de Material Impresso 15 horas; Módulo Básico de Informática/Internet 15 horas; Módulo Básico de Rádio 15 horas e, por fim, Módulo Básico de Gestão de Mídias 15 horas. Além desses módulos, acontecem dois encontros presenciais de 8 horas cada: um no início e outro no final do curso (AMORIM, 2009). Vale ressaltar que todo o curso é oferecido a distância, via internet, no ambiente colaborativo de aprendizagem e-proinfo (www.eproinfo.mec.gov.br). 1 Trabalho apresentado ao Grupo de Discussão Letramentos na Web e EaD, no III Encontro Nacional sobre Hipertexto, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009. Este trabalho é fruto das discussões do grupo de pesquisa Letramentos, Tecnologia e Formação de Professor (UFCG/CNPq), apoiado pelo Programa de Formação Continuada Mídias na Educação MEC/SEED/DPCEAD/UFCG. 2 Mestre, kvamorim@gmail.com. 1

Em 2005, foi ofertado para os multiplicadores dos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE) em todo país, a versão pioloto do curso Mídias na Educação (MIE), utilizando o Módulo Introdutório, de 30 horas. No ano de 2006, o Curso Mídias na Educação 3 teve início na Universidade Federal de Campina Grande, com a primeira oferta do Ciclo Básico. Em 2009, foi iniciada a quarta oferta do Ciclo Básico (excepcionalmente, com 180 horas), bem com será finalizada a terceira do Ciclo Intermediário e iniciada a primeira do Ciclo Avançado. Letramentos e práticas letradas Com a incorporação da tecnologia em atividades simples no nosso cotidiano e também naquelas mais complexas, é impossível não pensar sobre o seu impacto na escola, nos alunos e nos professores. Os PCN, em 1998, já versavam sobre o uso das tecnologias em sala de aula, como o rádio, a TV, o computador, entre outras, e afirmava que a escola deveria apresentar esses meios aos alunos como forma de participar do novo mundo recheado de tecnologias, sejam o uso da internet como ferramenta de pesquisa ou o uso do celular no diaa-dia filmando pequenos vídeos. Assim, concordamos com Pereira (2005: 13) quando afirma: Formar cidadãos preparados para o mundo contemporâneo é um grande desafio para quem dimensiona e promove a educação. O MEC, enxergando esse novo contexto, vem investindo na formação continuada dos professores da educação básica, como por exemplo o Programa TV Escola, lançado em 1996, que objetivava oferecer às escolas recursos didáticos (à época TV e Vídeo, hoje, TV e DVD) para serem utilizados em sala de aula. Em 2005, o MEC, através da SEED, lança o MIE, que é apresentado aos professores como uma forma de dirimir a lacuna entre a tecnologia e a sala de aula, uma vez que o seu intuito refere-se à formação para o uso de mídias na escola. (Amorim, 2009: 11). Participar desses cursos, seja o MIE ou o TV Escola, exigia do professor coragem de inovar o seu trabalho em sala de aula, pois nos dois cursos, eram apresentados novos letramentos, diferente do letramento profissional. A discussão sobre o letramento é bastante ampla e, no caso específico deste trabalho, utilizaremos Soares (1998: 47), que define letramento como o estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita. E ainda o modelo de letramento ideológico que Soares (1998: 75) apresenta de Street (1984): [ele] afirma que a verdadeira natureza do letramento são as formas que as práticas de leitura 3 Para maiores detalhes sobre a criação e o funcionamento do Curso Mídias na Educação, na Universidade Federal de Campina Grande, consulte Amorim (2009). 2

e escrita concretamente assumem em determinados contextos sociais, e isso depende fundamentalmente das instituições sociais que propõem e exigem essas práticas. Complementando essa ideia, Silva (2009: 51) afirma que os usos e as funções do letramento se modificam a cada agência de letramento na qual são observados. E continua: As agências letradas dizem respeito às áreas da vida (casa, trabalho, igreja, etc.) dos sujeitos, as quais estão associadas a diferentes letramentos escolar, acadêmico, midiático, familiar, político, religioso, profissional, entre outros. Nestas agências, aparecem eventos de letramento, que por sua vez, requisitam determinadas práticas letradas. (SILVA, 2009, p. 51) No caso do MIE, o professor passa para a posição de cursista, deixando de lado, temporariamente, o letramento profissional mobilizado para ministrar aulas, e utilizando o escolar e/ou acadêmico 4 para realização das atividades. Portanto, consideramos o letramento escolar como o uso de leitura e escrita nos domínios da agência escola, com práticas letradas de elaboração de gêneros textuais escolares como a resenha e o resumo, bem como de elaboração de respostas a questões de interpretação textual e participação em debates na sala de aula. Quanto ao MIE, as atividades escolares são disponibilizadas no ambiente colaborativo de aprendizagem e-proinfo, inseridas em cada Módulo. Além da definição mais ampla de letramento, é preciso falar sobre letramento digital, uma vez que o curso, como dito acima é oferecido a distância, via internet. Segundo Xavier (2005) 5, o crescimento do uso de vários tipos de ferramentas tecnológicas (computador, internet, cartão magnético) na vida das pessoas fez gerar um novo tipo ou modalidade de letramento, o digital. Esse letramento considera a necessidade dos indivíduos de dominarem um conjunto de informações e habilidades mentais que devem ser trabalhadas com urgência pelas instituições de ensino, a fim de capacitar o mais rápido possível os alunos a viverem como verdadeiros cidadãos neste novo milênio cada vez mais cercado por máquinas eletrônicas e digitais. (XAVIER, 2005). Esse autor ainda afirma que o letramento digital implica realizar práticas de leitura e escrita diferentes das formas tradicionais de letramento e alfabetização. Ser letrado digital pressupõe assumir mudanças nos modos de ler e escrever os códigos e sinais verbais e não-verbais, como imagens e desenhos, se compararmos às formas de leitura e escrita feitas no livro, até porque o suporte sobre o qual estão os textos digitais é a tela, também digital.. (XAVIER, 2005). Entendemos que o termo letramento digital é amplo e pode englobar ações simples como decidir fazer um curso a distância via internet ou ler notícias num site, àquelas mais complexas como configurar um computador ou instalar um sistema operacional, como afirma Frade (2005, p. 60) letramento digital envolve tanto a apropriação de uma tecnologia, quanto 4 Silva (2009) possui um trabalho a respeito da mobilização dos letramentos acadêmico e escolar na elaboração de projetos no Curso Mídias na Educação. 5 Embora a referência seja Xavier (2005), a consulta foi feita, acessando www.ufpe.br/nehte/artigos/letramentodigitaleensino.pdf 3

o exercício efetivo das práticas de escrita que circulam no meio digital.. Quanto ao curso MIE, são exigidos do cursista alguns pré-requisitos para ingressar no curso, quais sejam: ter conta de e-mail pessoal, ter acesso à internet em casa ou na escola onde trabalha, saber navegar em sites, utilizar um processador de texto e disponibilizar cinco horas semanais para a realização das atividades. Delimitados os tipos de letramento, passaremos às práticas letradas. Silva (2009), estudando práticas acadêmicas e escolares também no MIE, cita Barton & Hamilton (2000) e Marcuschi (2001) como apoio teórico. Ela afirma que esses autores definem práticas letradas como sendo maneiras culturais por meio das quais pessoas usam a língua escrita na sua vida. (...) As práticas são formadas por regras sociais que regulam o uso e a distribuição dos textos, prescrevendo quem pode produzir e ter acesso aos mesmos. Tais regras foram constituídas pelas agências de letramento, logo, cada sujeito demonstra determinadas práticas conforme a agência da qual participa, haja vista que as práticas letradas articulam as atividades de leitura e escrita às estruturas sociais em que elas são embutidas e que ajudam a formar. (SILVA, 2009, p. 53) Situando o MIE nesse conceito e nos de letramento escolar e digital, podemos dizer, é necessário mobilizar práticas dos dois letramentos para continuar e concluir o curso. Embora em nossos dados, encontramos algumas atividades que exigem práticas letradas profissionais e midiáticas. As escolares e as digitais, por exemplo, correspondem, respectivamente, à solicitação de leitura de um texto para participação de um debate e à instrução de como acessar os ambientes de postagem Biblioteca e o Fórum (Ribeiro, 2009). Análise dos dados Ambientes de postagem Fórum e Biblioteca O ambiente colaborativo de aprendizagem e-proinfo (www.eproinfo.mec.gov.br) disponibiliza, no link Conheça o e-proinfo, as explicações sobre recursos e ferramentas do ambiente. Os recursos servem para apoiar as atividades dos participantes, como por exemplo, Tira-dúvidas, Notícias, Avisos, Agenda, Diário e Biblioteca. As ferramentas servem para apoiar a interação entre os participantes: E-mail, Chat e Fórum de discussão e Banco de Projetos; bem como para avaliar o desempenho dos cursistas, como estatísticas de atividades e questionários (Ribeiro, 2009). Interessa-nos, neste momento, o Fórum e a Biblioteca, que foi classificado por Ribeiro (2009: 11) como ambientes de postagem, pois se entende que estes ambientes correspondem a espaços com dadas especificidades de postagem das atividades de escrita e de interação. (grifos da autora). Vale ressaltar que usaremos essa mesma classificação no presente trabalho. 4

Descrição dos dados O Módulo Introdutório Integração de Mídias na Educação, módulo inicial do Ciclo Básico do MIE, tem o objetivo de provocar reflexões a respeito das diferentes linguagens e preparar o cursista para a compreensão do atual contexto emergente na educação. Está organizado de maneira a proporcionar uma visão geral sobre o uso das mídias na educação, distribuído em 4 etapas 6, o Módulo sugere diferentes atividades para serem desenvolvidas em colaboração com seus colegas ou individualmente, para tanto, são apresentados textos de apoio, leituras complementares e outros recursos. No Módulo, há uma apresentação geral das atividades, sinalizando algumas, a saber: navegação em sites interessantes na Internet, leitura de textos indicados, elaboração de sínteses das leituras, elaboração de projetos, observação de situações reais e análise de cenários e reflexões individuais ou em grupo. Nas quatro etapas do Módulo, são distribuídas 14 atividades, sendo elas: três na Etapa 1; quatro na Etapa 2; quatro na Etapa 3 e três na Etapa 4. Essas atividades são disponibilizadas nos ambientes de postagem Fórum, Biblioteca, Chat e Diário de Bordo. No caso específico deste trabalho, o nosso corpus é composto por seis atividades do Fórum e cinco atividades da Biblioteca. Ambiente de postagem Fórum Das seis atividades a serem postadas no Fórum, analisaremos duas: (1) atividade 1 da etapa 1 e (2) atividade 1 da etapa 4. O Fórum é considerado um ambiente de postagem devido as suas especificidades e ao caráter de interação (RIBEIRO, 2009). Além disso, outro fator que contribui para considerarmos como Ribeiro, refere-se aos vários gêneros textuais que nele podem ser postados, dependendo da solicitação da atividade: debate, reflexão, resposta de enunciado, comentário, discussão sobre o projeto final. A atividade (1), a seguir, inicia a seqüência de todas as atividades do Módulo, solicitando do cursista uma apresentação individual, na qual deve ser explicitado o nome, a cidade onde nasceu e onde vive atualmente, a trajetória profissional e a experiência no uso de tecnologias e mídias na sala de aula. A resposta deve ser postada no Fórum intitulado Apresentação e, logo após, o cursista deve navegar pelas participações dos demais para 6 Amorim e Silva (2009) apresentam um estudo sobre a relação dos conteúdos curriculares e os objetivos das quatro etapas do Módulo Introdutório do MIE. 5

conhecê-los e comentar algum aspecto que ficou evidenciado. Vejamos o exemplo (1), que se refere à atividade (1): (Atividade 1 Etapa 1) Na atividade (1), o cursista precisa mobilizar tanto práticas letradas escolares, como digitais. Quanto às escolares, o enunciado solicita: Nesta mensagem, fale sobre você: escreva seu nome, a cidade onde nasceu e onde vive atualmente, conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional e sua experiência no uso de tecnologias e mídias. Essa atividade lembra, quando nos primeiros dias de aula das escolas, os professores solicitarem dos alunos que eles se apresentem. Concluída essa fase, o cursista deve ler as postagens dos colegas e comentá-las: Navegue pelas participações dos demais cursistas e para conhecê-los comente algum aspecto que lhe chamou a atenção ou com o qual você se identificou. Consideramos como um exercício de leitura, compreensão e comentário. Também considerada uma prática escolar, semelhante a um debate. Além de escolar, o professor/cursista mobiliza parte do seu letramento profissional para responder sobre sua trajetória profissional. 6

Quanto às práticas digitais, observamos a seguinte instrução: Acesse a ferramenta Fórum, na barra de menu superior do ambiente e-proinfo. Essa ferramenta encontra-se na opção Interação. Localize o Fórum intitulado Apresentação. Clique sobre o Tema Etapa 1, subtema Apresentação. Para a efetivação dessa seqüência de ações, o cursista deve compreender os termos técnicos (acesse, barra de menu, ferramenta, tema, subtema) e localizá-los no ambiente, acertando a localização de todos, caso contrário, não conseguirá realizar a atividade solicitada. O acesso ao Fórum é considerada uma prática do letramento digital instrucional, pois o elaborador do módulo utiliza seqüências textuais injuntivas para explicar o que deve ser feito. Os termos técnicos supracitados somente enfatizam o letramento digital presente na atividade: em vez de abra o livro página 54, o cursista deve clicar num fórum e elaborar o seu texto resposta. Compreendemos que a mobilização das práticas não pode ser realizada separadamente, mas simultaneamente, pois à medida que o cursista acessa o ambiente, deve ler um texto e comentá-lo. A instrução a seguir ilustra esse fato: Navegue pelas participações dos demais cursistas e para conhecê-los comente algum aspecto que lhe chamou a atenção ou com o qual você se identificou. Mais uma vez, a compreensão de um termo técnico é importante para a realização da atividade. Nesse caso, são mobilizadas as duas práticas simultaneamente para a efetivação da atividade. A atividade (2), intitulada Amarrando as ideias, encerra o módulo. O cursista deve retomar leituras, experiências, debates e trocas realizadas durante o curso e refletir sobre algumas questões. Vejamos o exemplo (2): 7

(Atividade 1 Etapa 4) A atividade (2) pode ser considerada uma revisão de conteúdo de todo o módulo, com o objetivo de refletir sobre as seguintes questões postas: a) como situar a prática pedagógica para propiciar aos alunos uma nova forma de aprender integrando as diferentes mídias? Exemplifique com uma situação concreta.; b) Que novos questionamentos podem ser levantados em relação às práticas sugeridas de integração de mídias na prática pedagógica?; c) Que aspectos se sobressaem como necessários ao aprofundamento da compreensão sobre a integração de mídias na prática pedagógica? e d) Como fica a atuação do professor diante do fato que novas tecnologias, mídias e linguagens continuarão surgindo?. Após essa reflexão, o cursista deve participar de um Fórum apresentando comentários para debater com os colegas. O enunciado reflita sobre as questões a seguir retoma uma atividade bastante presente na escola que prepara para um debate ou para uma produção escrita. Nesse caso, o cursista vai participar de um Fórum, socializando o seu comentário, atividade semelhante à discussão em sala de aula, a diferença aqui reside na modalidade do curso por ser a distância. Além dessa prática do letramento escolar mobilizada, observamos também no trecho Exemplique com uma situação concreta, a mobilização de um saber profissional. É necessário ser professor para responder essa questão, isso pode ser visto ainda no início do enunciado quando é solicitada a reflexão a partir de experiências do professor. Percebemos, mais uma vez, a mobilização simultânea de práticas letradas: escolar e profissional. Nesse exemplo, a prática 8

mais ressaltada é a escolar, pois, como dito acima, a atividade como um todo é uma revisão do conteúdo. Para a realização desta atividade, é necessário também o cursista mobilizar uma prática do letramento digital, chamada aqui de prática instrucional: Participe do Fórum, comentando suas reflexões sobre as questões apontadas. Debata com seus colegas, aponte soluções ( ). Tema Etapa 4 e Subtema- Amarrando as ideias. A mobilização nesse trecho diz respeito a uma instrução de como o cursista deve agir no ambiente de aprendizagem: entre no Fórum, publique suas reflexões, navegue nas reflexões dos seus colegas e comente-as. Nesse ponto, também percebemos a simultaneidade nas práticas letradas: escolar, digital e profissional, sendo a primeira e a segunda mais recorrentes. Ambiente de postagem Biblioteca Das cinco atividades a serem postadas na Biblioteca, analisaremos duas: a (3) atividade 3 da etapa 1 e a (4) atividade 4 da etapa 3. Assim como o Fórum, a Biblioteca é um ambiente de postagem (Ribeiro, 2009), a diferença reside no caráter de não interação entre os participantes: não é possível comentar as atividades dos demais colegas, isso é feito no Fórum. Na Biblioteca, postam-se atividades escritas que, muitas vezes, são solicitadas sem a seleção de um gênero textual, pode ser um documento como no exemplo (3) a seguir. O exemplo (3) apresenta uma atividade, cujo objetivo é conhecer como alguns professores planejam utilizar os diferentes recursos tecnológicos de que dispõem em sua prática pedagógica. São oferecidas algumas instruções de como deve ser feita a pesquisa no Portal do Professor ou no próprio módulo, caso o cursista não esteja conectado à internet. Logo após, é solicitada a elaboração de um documento para ser postado na Biblioteca. Esse exemplo é dividido em duas partes. A primeira refere-se às instruções de como acessar o Portal do Professor ou utilizar um link da atividade, consideradas práticas do letramento digital; a segunda diz respeito a explicações de como responder a atividade, bem como outras instruções de como salvar o documento e postar na Biblioteca. Vejamos o exemplo (3): 9

(Atividade 3 Etapa 1) Considerando o que já vem sendo observado neste trabalho, as práticas são exigidas simultaneamente, sejam escolar, digital ou profissional. No exemplo (3), encontramos outra prática digital: Acesse o Portal do Professor; Localize a opção Espaço da Aula; Clique na opção Sugestões de Aula e Navegue pelas sugestões de aula e selecione duas delas para análise. O cursista deve sair do ambiente e-proinfo, acessar o Portal e localizar uma determinada informação. Além de dispor do letramento digital referente ao e-proinfo, ele deve mobilizar conhecimentos sobre o Portal do Professor e fazer uma pesquisa para assim responder a atividade 3. No exemplo (1), encontramos a prática letrada digital instrucional, nesse caso específico, encontramos, além da instrucional, a prática letrada digital intrucional de conteúdo, pois o cursista deve pesquisar na internet um determinado conteúdo, fora do e- ProInfo. Podemos afirmar que é uma prática um pouco mais complexa, considerando o nível de letramento digital dos professores 7 que iniciam o curso, bem como por ser apenas a terceira atividade do Módulo. Há um movimento dos cursistas em dois sites, conjugando informações 7 A observação sobre o nível do letramento digital dos professores participantes foi feita nos encontros presenciais do Curso Mídias na Educação, da Universidade Federal de Campina Grande, pela equipe de tutoria: tutores e coordenadores. Encontramos também essa informação, nos relatórios mensais enviados ao MEC/SEED/DPCEAD. 1

e acessando diferentes links. Vale ressaltar também a presença de termos que indicam o letramento digital, discutido em exemplos anteriores: Acesse, Localize, Clique, Portal, Navegue. Quanto ao letramento escolar, observamos a solicitação de um exercício de análise: observe duas aulas, responda as questões (Quais as sugestões analisadas? Quais os recursos tecnológicos utilizados? A sugestão de aula prevê o uso de diferentes mídias? Quais? O que você gostaria de perguntar ao professor que desenvolveu essa sugestão?) e elabore um documento a ser postado na Biblioteca. Nesse exemplo, a atividade prevê apenas a resposta a questões objetivas (Marcuschi, 2003), sinalizadas por Quais. Esse tipo de questão retoma uma tradição de exercícios de leitura presentes no livro didático, em que o aluno é levado apenas a localizar informações no texto. O questionamento O que você gostaria de perguntar ao professor que desenvolveu essa sugestão? é considerado uma questão subjetiva (Marcuschi, 2003), fato que poderia levar o cursista um pouco mais a frente da simples localização, no entanto perguntará o que quiser, a partir de sua necessidade de conhecimento, é impossível prevê uma resposta. Embora não seja objetivo deste trabalho, não podemos deixar de sinalizar a falta de seleção do gênero a ser elaborado, é solicitada a elaboração de um documento. O exemplo (4) propõe uma atividade sobre o uso pedagógico do rádio. É iniciada com alguns questionamentos: Qual o papel do rádio como meio de comunicação? Você ouviu rádio hoje? Qual o papel do rádio na educação? Sua escola dispõe de algum projeto que envolva o uso do rádio? Logo após, é solicitado do cursista a leitura do conteúdo da Etapa 3 para serem respondidas as questões: Com que frequência você ouve rádio? Qual o tipo de programa? Você já utilizou programas de rádio em sua sala de aula? e Que contribuições o uso do rádio trouxe à aprendizagem dos alunos? Vejamos o exemplo (4): 1

(Atividade 4 Etapa 3) Inicialmente, observamos uma prática letrada digital já analisada em exemplos anteriores: a digital instrucional acesse o conteúdo para leitura e anexe o arquivo na Biblioteca. Logo após, observamos que a prática letrada escolar leitura e consequente resposta a perguntas está associada ao letramento midiático, no que diz respeito à escuta e ao uso do rádio na sala de aula. No entanto, há um equívoco nas instruções, pois a atividade escolar de leitura é subutilizada pelo tipo de perguntas, ou seja, o cursista não precisa ler o conteúdo para conseguir responder aos questionamentos, pois os mesmos se caracterizam como escolhas pessoais. E ainda, se o professor nunca tiver usado o rádio na sala de aula, não poderá responder a atividade. Essa atividade prevê a mobilização de um letramento que o cursista só poderá disponibilizar fazendo o curso, e não antes. Com exceção do questionamento Que contribuições o uso do rádio trouxe à aprendizagem dos alunos? que se refere ao letramento profissional, esse exemplo sinaliza para uma prática escolar e midiática, entretanto é desconsiderada pelo teor e conhecimento prévio solicitados das perguntas. Há uma mobilização dos três letramentos: escolar, profissional e midiático, sendo subutilizada se o professor não tiver o hábito de escutar rádio ou não usá-lo na sala de aula. Considerações Finais 1

Os dados apontam para a necessidade de mobilização simultânea de práticas letradas digitais, escolares, profissionais e midiáticas pelos cursistas para realizarem as atividades do Módulo Introdutório do MIE. Encontramos, pois, práticas digitais instrucionais (como no exemplo 1); e práticas digitais de conteúdo (como no exemplo 3). Alem disso, há as práticas escolares recorrentes nas atividades do módulo, em estudo, uma vez que o curso é a distância, via internet. Referências bibliográficas AMORIM, Karine Viana e SILVA, Williany Miranda da. Conteúdos curriculares do Ciclo Básico: propostas e alcances. In: AMORIM, K. V.; LINO DE ARAÚJO, D. (orgs.) Mídias na Educação: reflexões sobre saberes na formação continuada a distância. Campina Grande: Edufcg, 2009. AMORIM, Karine Viana. Contextualização do Curso Mídias na Educação: da proposta oficial (MEC/SEED/DPCEAD) à institucional (UFCG). In: AMORIM, K. V.; LINO DE ARAÚJO, D. (orgs.) Mídias na Educação: reflexões sobre saberes na formação continuada a distância. Campina Grande: Edufcg, 2009. BRASIL. Módulo Introdutório: Integração em Mídias na Educação. Brasília: MEC/SEED/DPCEAD, 2005. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 1998. FRADE, Isabel Cristina A. Da Silva. Alfabetização digital: problematização do conceito e possíveis do conceito e possíveis relações com a pedagogia e com aprendizagem inicial do sistema de escrita. In: COSCARELLI, Carla Viana & RIBEIRO, Ana Elisa (orgs) Letramento digital: aspectos sociais e possibilidades pedagógicas. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2005. MARCUSCHI, Luiz Antonio. Gêneros textuais e ensino: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, Angela Paiva; BEZERRA, Maria Auxiliadora; MACHADO, Anna Rachel. (orgs.) Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. PEREIRA, João Thomaz. Educação e sociedade da informação. In: COSCARELLI, Carla; RIBEIRO, Ana Elisa (orgs.). Letramento digital: aspectos sociais e possibilidades pedagógicas. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica, 2005. RIBEIRO, Rebeca Rannieli Alves. Atividades de escrita em contextos de educação a distância. Campina Grande: UFCG, Dissertação de mestrado, 2009, inédita. SILVA, Elizabeth Maria da. A elaboração de projetos no Módulo Introdutório do Ciclo Básico: mobilização de práticas acadêmicas e escolares. In: AMORIM, K. V.; LINO DE ARAÚJO, D. (orgs.) Mídias na Educação: reflexões sobre saberes na formação continuada a distância. Campina Grande: Edufcg, 2009. SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. XAVIER, Antonio Carlos. Letramento digital e ensino. In: FERAZ, C.; MENDONÇA, M. Alfabetização e letramento: conceitos e relações. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. 1