A TEORIA DO S C AMPOS CO NC EITUAIS DE GÉRARD VERGNAUD E O ENSINO MATEMÁTICO NA EDUC AÇ ÃO DE JOVENS E ADULTOS

Documentos relacionados
Projeto de pesquisa realizado no curso de Licenciatura em Matemática da URI - Campus Frederico Westphalen 2

O JOGO COMO RECURSO METODOLÓGICO PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS

CONTRIBUIÇÕES DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NA SUPERAÇÃO DAS DIFICULDADES DOS ALUNOS COM A MATEMÁTICA

ANÁLISE EM LIVROS DIDÁTICOS DA ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA COM ÊNFASE NO CONCEITO DE DIVISÃO, NA ÓTICA DA TEORIA DOS CAMPOS CONCEITUAS

Introdução. 1 Licenciada em Matemática e Mestranda em Educação pela Universidade de Passo Fundo bolsista CAPES.

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: O PENSAR E O FAZER NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES

O ENSINO DE BOTÂNICA COM O RECURSO DO JOGO: UMA EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DE ESCOLAS PÚBLICAS.

Nessa concepção Planejamento:

EDUCAÇÃO MATEMÁTICA DE JOVENS E ADULTOS: AS SITUAÇÕES-PROBLEMA DO CAMPO ADITIVO

Palavras-chave: História, conhecimento, aprendizagem significativa.

Vamos brincar de reinventar histórias

CURSO: LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 2º PERÍODO

O PAPEL DAS INTERAÇÕES PROFESSOR-ALUNO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA): UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA PARA O ESTUDO DE SOLUÇÕES UTILIZANDO UMA ABORDAGEM DO COTIDIANO

SALA DE APOIO: UM OLHAR PARA A DIVISÃO. Joseli Almeida Camargo 1 Juliana Çar Stal 2 Arnold Vinícius Prado Souza 3

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA DOCENTE: ALESSANDRA ASSIS DISCENTE: SILVIA ELAINE ALMEIDA LIMA DISCIPLINA: ESTÁGIO 2 QUARTO SEMESTRE PEDAGOGIA

MATEMÁTICA + VIDA + SAÚDE = IMC 1

FORMAÇÃO DE PROFESSORES: AMBIENTES E PRÁTICAS MOTIVADORAS NO ENSINO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. Apresentação: Pôster

JOGOS DE TABULEIRO: ferramenta pedagógica utilizada na construção do conhecimento químico

PORTFÓLIO - DO CONCEITO À PRÁTICA UNIVERSITÁRIA: UMA VIVÊNCIA CONSTRUTIVA

A DISCIPLINA DE DIDÁTICA NO CURSO DE PEDAGOGIA: SEU PAPEL NA FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL

A ALFABETIZAÇÃO E A FORMAÇÃO DE CRIANÇAS LEITORAS E PRODUTURAS DE TEXTOS¹. Aline Serra de Jesus. Graduanda em Pedagogia

ENSINO DE GEOMETRIA NOS DOCUMENTOS OFICIAIS DE ORIENTAÇÃO CURRICULAR NO ENSINO MÉDIO: BREVE ANÁLISE

O USO DE JOGOS COMO PRÁTICA EDUCATIVA

INSTITUTO DE PESQUISA ENSINO E ESTUDOS DAS CULTURAS AMAZÔNICAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO ACRIANA EUCLIDES DA CUNHA

UM ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE ATITUDES FRENTE O APRENDER E A ESCOLA DE ESTUDANTES DO ENSINO BÁSICO FEIJÓ, T. V. ¹, BARLETTE, V. E.

PLANOS DE ENSINO DE DISCIPLINAS DE UM CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA: O QUE INDICA AS METODOLOGIAS DE ENSINO 1

A participação no PIBID e a formação de professores da Pedagogia experiência na educação de jovens e adultos

EXPERIÊNCIAS E DESAFIOS DAS LICENCIATURAS EM EDUCAÇÃO DO CAMPO NO MARANHÃO RESUMO

COMO O RACIOCÍNIO COMBINATÓRIO TEM SIDO APRESENTADO EM LIVROS DIDÁTICOS DE ANOS INICIAIS 1

FORMAÇÃO CONTINUADA NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: A EXTENSÃO QUE COMPLEMENTA A FORMAÇÃO DOCENTE. Eixo temático: Educación, Comunicación y Extensión

Universidade dos Açores Campus de angra do Heroísmo Ano Letivo: 2013/2014 Disciplina: Aplicações da Matemática Docente: Ricardo Teixeira 3º Ano de

Textos da aula passada

ENSINAR CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: REPENSAR O CURRÍCULO. Andreia Cristina Santos Freitas 1 Roziane Aguiar dos Santos 2 Thalita Pacini 3 INTRODUÇÃO

ADAPTAÇÃO CURRICULAR: CONTRIBUIÇÕES DA FONOAUDIOLOGIA EDUCACIONAL

Avanços, obstáculos e superação de obstáculos no ensino de português no. Brasil nos últimos 10 anos 1 Tânia Maria Moreira 2

SOCIEDADE E INDIVÍDUO EM DISCUSSÃO

ENSINO APRENDIZAGEM DE MATEMÁTICA E AS SITUAÇÕES DO COTIDIANO: UMA ANÁLISE A PARTIR DAS ABORDAGENS COGNITIVAS DE BRUNER E AUSUBEL

Metodologia e Prática do Ensino de Educação Infantil. Elisabete Martins da Fonseca

Planejamento curricular Parte 1. Práticas Pedagógicas & Comunicação e Expressão Oral (SFI 5836) Profa. Nelma R. S. Bossolan 21/08/2014

GT1: Formação de professores que lecionam Matemática no primeiro segmento do ensino fundamental

A MATEMÁTICA NA HUMANIDADE INTRODUÇÃO

A INTERDISCIPLINARIDADE COMO EIXO NORTEADOR NO ENSINO DE BIOLOGIA.

FORMAÇÃO CONTINUADA: ENSINO E APRENDIZAGEM DA COMBINATÓRIA COM ENFOQUE NOS INVARIANTES DE SEUS DIFERENTES SIGNIFICADOS RESUMO ABSTRACT

A ATUAÇÃO E O PERFIL DO PEDAGOGO NO ESPAÇO NÃO ESCOLAR: FORMAÇÃO DE PROFESSORES

A IMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA PARA (OS) AS PROFESSORES (AS) DA EJA

A BRINCADEIRA AMARELINHA COMO MÉTODO DE ENSINO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL

META Apresentar os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio Matemática

PLANO DE ENSINO Projeto Pedagógico: Disciplina: Avaliação Educacional e Institucional Carga horária: 40

ANOTAÇÕES DE ESTÁGIO: UMA ABORDAGEM DIFERENCIADA SOBRE O TEOREMA DE PITÁGORAS NO TRIÂNGULO RETÂNGULO

O ENSINO E APRENDIZAGEM DOS CONCEITOS TRIGONOMÉTRICOS: CONTRIBUIÇÕES DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

CURSOS SUPERIORES DE TECNOLOGIA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

- estabelecer um ambiente de relações interpessoais que possibilitem e potencializem

ITINERÁRIOS DE PESQUISA: POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO E PRÁXIS EDUCACIONAIS

PERSPECTIVAS DO PLANEJAMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Palavra-chave: Problemas, escola, matemática, metodologia, ensino.

Fórmula (-1): desenvolvendo objetos digitais de aprendizagem e estratégias para a aprendizagem das operações com números positivos e negativos

A IMPORTÂNCIA DA CARTOGRAFIA ESCOLAR PARA ALUNOS COM DEFICIENCIA VISUAL: o papel da Cartografia Tátil

4.3 A solução de problemas segundo Pozo

Uma Investigação sobre Função Quadrática com Alunos do 1º Ano do Ensino Médio

Problemas aditivos de ordem inversa: uma proposta de ensino

AVALIAÇÃO: INSTRUMENTO DE ORIENTAÇÃO DA APRENDIZAGEM

O PLANEJAMENTO DA PRÁTICA DOCENTE: PLANO DE ENSINO E ORGANIZAÇÃO DA AULA

O Valor da Educação. Ana Carolina Rocha Eliézer dos Santos Josiane Feitosa

Educação, tecnologia, aprendizagem exaltação à negação: a busca da relevância

Presente em 20 estados Unidades próprias em Curitiba Sede Administrativa em Curitiba Parque Gráfico em Pinhais - Pr

UMA REFLEXÃO SOBRE O LÚDICO NO ENSINO DA MATEMÁTICA NAS AÇÕES DO PIBID

OFICINA DE PRODUÇÃO DE MAPAS NO ENSINO DE GEOGRAFIA

O ENSINO DA MATEMÁTICA EM SALA DE AULA: UM ESTUDO DIDÁTICO-REFLEXIVO COM UMA TURMA DO 8º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

SOLUÇÕES DE PROBLEMAS TENDO SUPORTE AS QUESTÕES DA OBMEP. Palavras-chave: Educação Matemática. Olimpíadas de Matemática. Leitura e Escrita Matemática.

CONSTRUÇÃO E AVALIAÇÃO DE UM JOGO DIDÁTICO PARA TRABALHAR O CONTEÚDO DE TABELA PERIÓDICA COM ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

TERMINOLOGIA GRAMATICAL HISTÓRIA, USOS E ENSINO


Mostra do CAEM a 21 de outubro, IME-USP

01/04/2014. Ensinar a ler. Profa.Ma. Mariciane Mores Nunes.

BNCC e a Educação Infantil

Colégio Valsassina. Modelo pedagógico do jardim de infância

Habilidades Cognitivas. Prof (a) Responsável: Maria Francisca Vilas Boas Leffer

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO AVALE DO ACARAU A MÚSICA NO ENSINO DA GEOGRAFIA

UM OLHAR PARA O CONTEXTO SOCIOCULTURAL E POLÍTICO DO ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA DO CURSO PROCAMPO - URCA

VIVENCIADO A GEOMETRIA COM OS SÓLIDOS DE PLATÃO

O PLANEJAMENTO E A AVALIAÇÃO INICIAL/DIAGNÓSTICA

DESAFIOS DA INCLUSÃO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E DULTOS: Uma reflexão sobre a inclusão de alunos com deficiência na modalidade da EJA.

FORMAÇÃO Professores de Física.

VI Seminário de Iniciação Científica SóLetras ISSN METODOLOGIA DE ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA POR DIANE LARSEN FREEMAN

OS JOVENS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM BUSCA DA SUPERAÇÃO NO PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO

FORMAÇÃO DE PROFESSORES: A ATUAÇÃO DO PROFESSOR DE GEOGRAFIA COMO REFLEXO DE SUA FORMAÇÃO

CONTRIBUIÇÕES DE PESQUISAS EM PSICOLOGIA COGNITIVA À EDUCAÇÃO MATEMÁTICA. Hallyson Pontes Liberato Dias (1); Adrielle Fernandes Façanha (2);

COMO SOFTWARES DE JOGOS PODEM INFLUENCIAR NA EDUCAÇÃO

PLANO DE TRABALHO SOBRE CONJUNTOS.

REFLEXÕES DOCENTES ACERCA DA DISCALCULIA

PROJETO CURRICULAR DE AEMB - DEPARTAMENTO PRÉ ESCOLAR DEPE 2013/2017

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DOS CENTROS ESTADUAIS DE TEMPO INTEGRAL PROJETO DE VIDA. Professoras: Marcoelis Pessoa e Silvana Castro

Palavras-chave: Formação de professores; Educação de jovens e adultos; Políticas públicas.

Oficina de Álgebra. Oficina CNI EF / Álgebra 1 Material do aluno. Setor de Educação de Jovens e Adultos. Caro aluno,

JOGOS UTILIZADOS COMO FORMA LÚDICA PARA APRENDER HISTÓRIA NO ENSINO MÉDIO

Texto produzido a partir de interações estabelecidas como bolsistas do PIBID/UNIJUÍ 2

A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA COMO FERRAMENTA AUXILIAR NA ATRIBUIÇÃO DE SIGNIFICADOS DE CONCEITOS MATEMÁTICOS

Inclusão escolar. Educação para todos

TÍTULO: A EXTENSÃO E A FLEXIBILIZAÇÃO CURRICULAR : UM CAMINHO PARA O PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DA UNIVERSIDADE AUTORAS: Alba Lúcia Castelo Branco

Transcrição:

A TEORIA DO S C AMPOS CO NC EITUAIS DE GÉRARD VERGNAUD E O ENSINO MATEMÁTICO NA EDUC AÇ ÃO DE JOVENS E ADULTOS Roberta Sacon 1 Resumo O presente trabalho busca realizar uma análise entre a educação de jovens e adultos e a teoria dos campos conceituais de Gérard Vergnaud, desenvolvendo melhor a compreensão entre o ensino-aprendizagem do educando, sendo que o mesmo carrega uma bagagem infinita de conhecimentos, e associações entre o cotidiano e as ciências, e essa teoria tem como base a proposta de repensar a forma como os conceitos matemáticos são trabalhados na sala de aula, na escola tanto ao ensino formal como na modalidade de Jovens e Adultos, a fim de desenvolver uma aprendizagem mais eficiente. Palavras chaves: Educação de Jovens e Adultos. Teoria dos campos conceituais. Matemática. Aprendizagem. INTRODUÇ ÃO A Educação de Jovens e Adultos - EJA - tem um caráter diferenciado, uma modalidade de ensino pensada e estruturada para atender especialmente pessoas que não tiveram acesso ou oportunidade de conclusão de seus estudos na idade adequada. A EJA é amparada na Lei de diretrizes e bases, LDB 9.394/96 no art.37, o qual destaca que A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria (BRASIL, 1996). Destinada essa modalidade para educandos em fase adulta, não podemos negar que esses sujeitos, em seu cotidiano interagem na sociedade letrada e dela trazem conhecimentos empíricos. Sobre essa questão Saraiva destaca que, Tudo o que aprenderam até chegarem à escola foi com base na vivência; por isso, deve-se aproveitar a experiência acumulada dos mesmos em tudo o que fizer em aula [...] (2004, p. 30). 1 Professora de Física da modalidade de Educação de Jovens e Adultos e Mestranda em Educação pela UPF. 180

Esses conhecimentos podem ser atribuídos a todas as áreas, especialmente a área matemática, na qual o educando depara-se constantemente com números na sua vida diária, por esse motivo o ensino e a aprendizagem da matemática não podem ser tratadas de forma isolada, mas sim como uma construção social. Para a Educação de Jovens e Adultos, é fundamental uma análise sobre o ambiente no qual o educando está inserido, quais seus objetivos e anseios, ou seja, conhecer o aluno de fato, para que assim o educador possa intervir de forma mais adequada junto a esse educando, ou seja, escolhendo, selecionando quais os conceitos matemáticos que virão ao encontro dos objetivos do mesmo. Nesse sentido, de acordo com Saraiva [...] os adultos necessitam saber por que devem aprender algo. Eles querem saber qual a vantagem de investir tempo e energia na aprendizagem (2004, p. 29). Porém não é incomum perceber, quando se trabalha com ensino matemático na Educação de Jovens e Adultos, um grande distanciamento entre a realidade e os conceitos abordados. Por outro lado, verificamos também uma enorme dificuldade enfrentada por eles nas operações mais simples. Esse fato foi evidenciado por Magina, a qual destaca que: Cabe ainda ressaltar que os últimos dados publicados pelo SAEB (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, 2001), revelaram um baixo desempenho dos alunos diante de situações-problema que envolve as quatro operações básicas. As dificuldades dos alunos estavam relacionadas tanto ao raciocínio, quanto ao domínio do procedimento. (s.d, p. 2.). Essas dificuldades abordadas pelo SAEB são comuns também na EJA seja qual for o nível em que o educando se encontra. Diante desse contexto, uma das contribuições para a prática pedagógica, que pode auxiliar o professor para a superação dessas dificuldades, vem da teoria dos campos conceituais. Nesse sentido estabelecemos uma relação entre essa teoria e o ensino-aprendizagem na EJA. A TEORIA DO S C AMPO S C ONCEITUAIS APLICADA NA EJA Em situações de aprendizado, todo embasamento teórico é valido, pois fornece ao professor subsídios para melhor adequar sua prática pedagógica e desenvolver a aprendizagem efetiva do aluno. Pensando nisso, destacamos aqui a teoria dos campos 181

conceituais sugerida por Vergnaud (apud Franchi 2008, p.191), como uma forma de se pensar em maneiras metodológicas no ensino da matemática na EJA, sendo que a mesma: [...] é uma teoria cognitiva que visa a fornecer um quadro coerente e alguns princípios de base para o estudo do desenvolvimento e da aprendizagem de competências complexas, notadamente das que revelam das ciências e das técnicas. (VERGNAUD apud FRANCHI, 2008, p.191). Essa teoria contribui no entendimento, por parte do professor, da forma como as crianças constroem o conhecimento, principalmente o matemático, auxiliando o educador a estabelecer e prever maneiras mais eficientes para desenvolver e trabalhar em sala de aula, com conceitos dessa área. Sendo que o foco central dessa teoria, é a análise de situações, sejam elas cotidianas ou lançadas pelo professor, mas que geram problemas para o aluno e assim o mesmo busque soluções. (FRANCHI, 2008) Pensando nisso, a teoria dos campos conceituais, divide a aprendizagem em fases, em que a criança vai progredindo sucessivamente para alcançar os conhecimentos científicos, ou seja, a criança vai avançando, primeiramente encontrando soluções para situações mais simples e depois passando para as mais complexas. Um dos problemas da modalidade de EJA é trabalhar muitas vezes somente com o abstrato deixando de lado o cotidiano vivenciado pelo educando, isso provoca o seu desinteresse, uma vez que ele não consegue ver utilidade para o que está sendo abordado. (FRANCHI, 2008). Esse enlace entre o cotidiano e o cientifico é elaborado pelo professor ou pelo próprio educando que busca a resolução para alguma situação vivida por ele, proporcionando situações, problemas que desenvolvam a aprendizagem, priorizando os conhecimentos prévios dos educandos, suas vivências e seus mecanismos para resolução de uma determinada situação matemática. Saraiva faz referência a esse descompasso entre a escola e a vida afirmando que: Os adultos ingressam numa experiência de aprendizagem se essa for centrada em um problema ou na vida. Os alunos verão os conteúdos como pertinentes se perceberem que podem ser utilizados na vida prática, se tiverem utilidade na sua vivência. (2004, p. 30). 182

Na teoria analisada, podemos perceber o valor atribuído aos conhecimentos prévios, sendo que os conceitos estão regidos por três subsídios representados pela equação C = (S, I, R), [...] em que: situações (S) referente do conceito conjunto de situações que dão sentido ao conceito; invariante operatório (I) significado do conceito conjunto de invariantes (objetos, propriedades e relações) sobre os quais repousa a operacionalidade do conceito, e representação simbólica (R) forma como o indivíduo expõe seu pensamento (significante) e a simbologia ou conjunto de representações simbólicas (linguagem natural, gráficos e diagramas, sentenças formais, etc.) que podem ser usadas para indicar e representar esses invariantes e, consequentemente, representar as situações e os procedimentos para lidar com elas. (VERGNAUD 1993, apud QUEIROZ; LINS, 2011, p. 79). Com base nesses elementos determinados, podemos percebemos a importância de possibilitar no educando capacidade de análise, pois pertencem a ele, a busca e apropriação do conhecimento para que assim possa ir desenhando, montando suas estratégias de ação, levando em conta que cada educando vai traçando o seu caminho. Assim, toda vez que o educando elabora a resolução de uma situação problema, ele busca em sua trajetória escolar ou cotidiana, ou seja, em sua memória, estratégias que poderia utilizar para definir pontos os quais lhe ajudariam na formulação de uma resposta coerente ao problema analisado. Após esse percurso, o educando volta ao problema para fazer o embate entre a resposta e a situação considerada, tornando isso de fundamental importância, pois refazendo esse caminho diversas vezes, o educando vai desenvolvendo a aprendizagem efetivamente do conceito matemático objetivado. Porém a área da matemática por natureza histórica, muitas vezes, ainda é trabalhada apenas sob a forma de memorização, levando o educando as mais variadas formas de repetições do conhecimento e não propriamente a aprendizagem do conceito matemático e seus saberes, saberes esses que definidos por Philippe Perrenoud [...] são recursos para compreender, julgar, antecipar, decidir e agir com discernimento (2002, p. 39). Para desenvolver a aprendizagem eficaz junto aos saberes necessários aos educandos, deveríamos abandonar essa forma mecânica, uma vez que nessa área é comum o uso de fórmulas e incógnitas para expressar o conhecimento. Esse uso deve ser visto pelo educando de forma tranquila, sem mecanização das mesmas, para atingir a construção de um determinado conceito matemático, empregando-as apenas como auxílio e não como obrigatoriedade na resolução de situações matemáticas. Para isso não pode haver na 183

matemática arquivamento de nenhum conceito, mas sim a aprendizagem, tornando o sujeito crítico e autônomo. O educando necessita estabelecer relações entre os conhecimentos prévios e os novos conhecimentos necessários para a resolução do problema a ele apresentado. Com isso ele vai construindo e remodelando novas e antigas informações, construindo o caminho para a aprendizagem de um conceito. Assim, o professor, respeitando o tempo de cada educando, e a sua forma de ver, analisar e lidar com as situações apresentadas, consegue obter uma aprendizagem mais eficiente de seus educandos. Esse remodelar na Educação de Jovens e Adultos é frequente, uma vez que o educando já possui um longo caminho traçado, seja ele na interação com o mundo que o rodeia ou mesmo a passagem pela escola seriada, o que adaptada de tal forma que, para ele será comum essa reorganização e associação entre os conhecimentos elaborados na sala de aula e sua atuação na sociedade, tornando a aprendizagem matemática mais atrativa e prazerosa. C ONCLUSÃO Após analisarmos a proposta dessa teoria, percebemos a importância de proporcionar ao educando atividades que levem o próprio a um raciocínio, a um pensar constante do problema apresentado, para que o mesmo depois de recorrer a seus saberes possa ir mais longe à busca de conhecimentos novos para a resolução de situações também novas. Durante essa caminhada o educando é acompanhado pelo educador, construindo um elo entre os dois, de tal modo a alcançar o êxito determinado e objetivado no estudo de um determinado conceito matemático, nessa busca cabe ressaltar também a necessidade pelo respeito do tempo que cada educando apresenta, pois são sujeitos ímpares e esse respeito pela diferença que proporcionará um avanço ainda maior na aprendizagem individual e coletiva. Essa teoria reúne uma riqueza incomparável na busca pela aprendizagem, pois ela garante uma variedade enorme de maneiras de pensar, associar e resolver um dado problema, por parte do educando na busca pela aprendizagem. Um olhar individual e uma maneira também individual de encarar uma determinada situação matemática, e as diferentes estratégias de resoluções, o que auxilia e provoca o aprimoramento do trabalho pedagógico, seja na EJA ou em qualquer outra modalidade de ensino. 184

BIBLIOGRAFIA BRASIL, LDB. Lei 9394/96 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996. MAGINA, Sandra. A Teoria dos Cam pos Conceituais: contribuições da Psicologia para a prática docente. Artigo, São Paulo. PUC-SP. FRANCHI, Anna et al; Educação Matem ática: uma (nova) introdução. 3 ed. Revista. São Paulo: EDUC 2008. PERRENOUD, Philippe. et al. As com petências para ensinar no século XX: A formação dos professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre: Artemed, 2002. QUEIROZ Simone, LINS Mônica; A Aprendizagem de Matemática por Alunos Adolescentes na Modalidade Educação de Jovens e Adultos: analisando as dificuldades na resolução de problemas de estrutura aditiva. Bolema, Rio Claro (SP), v. 24, nº 38, p. 75 a 96, abril 2011. SARAIVA, Irene Skorupski. Educação de Jovens e Adultos: dialogando sobre aprender e ensinar. Passo fundo: UPF. 2004. 185