AVALIAÇÃO COMPARATIVA ENTRE MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DE VAZÃO PARA FINS AQUÍCOLAS. Santos Junior, H. dos; Marques, F. de S.; Ferrari, J. L.



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AVALIAÇÃO COMPARATIVA ENTRE MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DE VAZÃO PARA FINS AQUÍCOLAS Santos Junior, H. dos; Marques, F. de S.; Ferrari, J. L. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (IFES) Campus de Alegre, Rodovia Cachoeiro Alegre, km 48, Caixa Postal 47, Distrito de Rive, Alegre, ES. CEP: 29520 000 helsonsjr@gmail.com; frankmarkes@hotmail.com; ferrarijluiz@gmail.com Resumo - A vazão de projeto constitui-se em dado fundamental para o dimensionamento de estruturas hidráulicas em obras de engenharia de aqüicultura. Este trabalho objetivou realizar uma análise comparativa das metodologias mais utilizadas para a determinação de vazões de projetos com fins aquícolas, os vertedores, procurando-se destacar suas precisões e acurácias. Para isso, foi escolhida uma estrutura no Setor de Aquicultura do Instituto Federal do Espírito Santo Campus de Alegre, Alegre, ES, e construídos três vertedores de madeira, todos de paredes delgadas, e com formatos triangular, retangular e trapezoidal a fim de alcançar o objetivo proposto, definindo-se assim quatro metodologias, chamadas de tratamentos, a saber: Tratamento 1 (T1) Método direto, utilizado como controle para os demais tratamentos; Tratamento 2 (T2) Vertedor triangular, Fórmula de Thompson; Tratamento 3 (T3) Vertedor retangular, Fórmula de Francis; e Tratamento 4 (T4) - Vertedor trapezoidal, Fórmula de Cipolletti. Os resultados mostraram que a metodologia que apresentou melhor precisão foi obtida com o vertedor triangular com desvio padrão da média de 0,186 L.s-¹ seguida pelo vertedor retangular (0,285 L.s-¹) e vertedor trapezoidal (0,555 L.s-¹). No que diz respeito a acurácia, maior aproximação da verdade (da testemunha), a metodologia que destacouse foi o vertedor retangular com erro médio quadrático de 0,493 L.s-¹ seguida pelos vertedores triangular (0,531 L.s-¹) e trapezoidal (1,512 L.s-¹). Constatou-se também que há, para cada metodologia, uma carga hidráulica (H) idealizada onde a acurácia é maior: vertedor triangular (H = 0,01 m, = - 0,256 L.s-¹), vertedor retangular (H = 0,05 m, = - 0,103 L.s-¹) e vertedor trapezoidal (H = 0,05 m, = -0,507 L.s-¹). Palavras-chave: Aquicultura. Vazão. Métodos de determinação. Área do Conhecimento: Recursos Pesqueiros. Introdução A aquicultura é uma atividade agrícola crescente em nosso país que consiste na arte de criar e multiplicar os organismos aquáticos, tais como: plantas aquáticas, moluscos, crustáceos, peixes, rãs etc. (Camargo & Pouey, 2005). Para o seu sucesso é indispensável a disponibilidade de água em quantidade e qualidade desejadas para o cultivo pretendido. Destas duas, a determinação da quantidade de água necessária para uma fazenda ou empresa aquícola é um dos principais parâmetros para o correto planejamento, dimensionamento, e manejo de qualquer sistema de cultivo, bem como para a avaliação dos recursos hídricos disponíveis. Quando a quantidade de água é subestimada ou superestimada têm-se problemas sérios que muitas vezes levam ao fracasso da empresa (Ono e Kubitza, 2003)... Neste sentido, a hidráulica, arte de captar, conduzir, elevar e utilizar a água, aplicando-lhes as leis da mecânica dos líquidos pode colaborar através de seus variados métodos para determinação de vazão. (Oliveira, 2000).Alguns deles exigem equipamentos caros e sofisticados, outros que são mais simples e baratos. As medições da quantidade de água podem ser efetuadas por métodos como: medição direta, orifícios, vertedores, calhas Parshall, molinetes etc. (Daker,1976; Pereira et al., 2003; Soares et al., 2008). O melhor método dependerá das condições onde serão realizadas as medições e da precisão desejada. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi realizar uma análise comparativa das metodologias mais utilizadas para a determinação de vazões de projetos com fins aquícolas, os vertedores, procurando-se destacar suas precisões e acurácias. Metodologia Caracterização da área de estudo Para a realização deste estudo escolheu-se um local que já dispunha de uma estrutura facilitadora para a instalação dos vertedores. O ponto escolhido, de dimensões de 20 m x 4 m x 0,25 m, 1

fica localizado no Setor de Aquicultura do Instituto Federal do Espírito Santo Campus de Alegre, município de Alegre, nas coordenadas geográficas aproximadas de 20º45'30 Sul e 41º27'23 Oeste (Figura 1). Em que, Q = Vazão, m³.s-¹; 1,838 = Constante, dmensional; L = Comprimento da soleira, m; e H = H = Carga hidráulica, m. O referido vertedor apresentara as dimensões de 106,5 cm x 35 cm, com comprimento e altura da soleira, respectivamente, iguais a 27 cm e 12,5 cm. Tratamento 4 (T4) Vertedor trapezoidal em que a vazão é estimada pela Fórmula de Cipolletti explicitada na Equação 4, conforme Barreto (1989) e Carvalho (2008): Q = 1,86. L. H 3/2 (Eq. 4) Figura 1. Localização da área de estudo Dos tratamentos utilizados Uma vez materializada a estrutura física do presente trabalho, foram construídos os vertedores de madeira, todos de paredes delgadas, e com formatos triangular, retangular e trapezoidal a fim de realizar os levantamentos de vazão, definindo-se assim quatro metodologias, chamadas de tratamentos, a saber: Tratamento 1 (T1) Método direto, utilizado como controle para os demais tratamentos, onde a vazão é estimada pela Equação 1, conforme Em que, Q = Vazão, m³.s-¹; 1,86 = Constante, admensional; L = Comprimento da soleira, m; e H = Carga hidráulica, m. O referido vertedor apresentara as dimensões de 106,5 cm x 35 cm, com comprimento e altura da soleira, respectivamente, iguais a 27 cm e 12,5 cm. Na Figura 2 são mostrados os detalhes dos vertedores utilizados. (a) Vertedor Triangular (b) Vertedor Quadrangular Q = V/T (Eq. 1) Em que,q = Vazão, m³;v = Volume de recipiente conhecido, L; e T = Tempo de enchimento do recipiente, s. Tratamento 2 (T2) Vertedor triangular, onde a vazão é estimada pela Fórmula de Thompson explicitada através da Equação 2, conforme (c) Vertedor Trapezoidal Q = 1,4. tan Θ/2.H 5/2 (Eq. 2) Em que,q = Vazão, m³.s-¹; 1,4 = Constante, admensional; Θ = Ângulo da abertura do vertedor, graus; e H = Carga hidráulica, m. O referido vertedor apresentara as dimensões de 106,5 cm x 35 cm e Θ = 90º, com altura da soleira de 12,5 cm. Tratamento 3 (T3) Vertedor retangular, onde a vazão é estimada pela Fórmula de Francis explicitada através da Equação 3, conforme Q = 1,838. L. H 3/2 (Eq. 3) Figura 2. Detalhe dos vertedores utilizados Cada tratamento foi repetido 4 vezes. As medições das cargas hidráulicas foram realizadas toda vez que ocorria uma diferença crescente ou acumulada de 1 cm ou 0,01 m até alcançar o máximo de 0,05 m. Todas estas medições foram executadas a 2 metros à montante dos vertedores conforme recomendação de Bernardo (1989). As unidades das vazões calculadas em cada tratamento, m³.s-¹, foram convertidas para a 2

unidade de L.s-¹ a fim de facilitar a visualização e interpretação dos resultados. Avaliação das diferentes metodologias Para avaliação das diferentes metodologias foi utilizado a precisão (desvio padrão da média) e a acurácia (erro médio quadrático) para cada tratamento (MIKHAIL & GRACIE, 1981). O erro médio quadrático (RMS Root Mean Square) é o valor modulado do desvio padrão desenvolvido por Gauss, sendo determinado pela seguinte Equação 5: m = n i= 1 εi² / n (Eq. 5) ε i = Valor da Em que:m = erro médio quadrático; discrepância; n = Nº de amostras. Os momentos estatísticos para cada tratamento foram determinados com o auxílio do programa computacional SAEG - versão 9.1, marca registrada Ribeiro Junior (2008). A hipótese de normalidade dos dados foi testada pelo teste Lilliefors, com 5 % de significância. Resultados Na Tabela 1 podem-se observar os resultados das vazões nas quatro repetições para cada tratamento, na Tabela 2 os momentos estatísticos dos mesmos e, na Tabela 3, as médias, precisões e acurácias das vazões obtidas pelos tratamentos. Tabela 1- Resultados das vazões encontradas nas quatro repetições para cada tratamento Vertedor Triangular H Acumulada (m) Q (L.s-¹) Tempo 1 Q 1 Tempo 2 Q 2 Tempo 3 Q 3 Tempo 4 Q 4 0,010 0,014 77,310 0,259 76,140 0,263 74,380 0,269 68,800 0,291 0,020 0,079 42,840 0,467 39,190 0,510 40,590 0,493 41,880 0,478 0,030 0,218 28,170 0,710 26,190 0,764 27,270 0,733 27,040 0,740 0,040 0,448 18,670 1,071 19,530 1,024 19,530 1,024 19,260 1,038 0,050 0,783 11,190 1,787 13,720 1,458 13,770 1,452 13,990 1,430 Vertedor Retangular H (m) Q (L.s-¹) Tempo 1 Q 1 Tempo 2 Q 2 Tempo 3 Q 3 Tempo 4 Q 4 0,010 0,496 18,670 1,071 19,030 1,051 16,600 1,205 18,360 1,089 0,020 1,404 10,030 1,994 10,170 1,967 9,130 2,191 9,270 2,157 0,030 2,579 6,390 3,130 5,850 3,419 6,250 3,200 6,700 2,985 0,040 3,970 4,990 4,008 4,690 4,264 4,990 4,008 4,900 4,082 0,050 5,548 3,870 5,168 3,010 6,645 3,600 5,556 3,820 5,236 Vertedor Trapezoidal H (m) Q (L.s-¹) Tempo 1 Q 1 Tempo 2 Q 2 Tempo 3 Q 3 Tempo 4 Q 4 0,010 0,502 10,960 1,825 9,550 2,094 10,050 1,990 10,255 1,950 0,020 1,420 6,790 2,946 5,480 3,650 6,040 3,311 6,135 3,260 0,030 2,610 4,790 4,175 4,450 4,494 4,670 4,283 3,760 5,319 0,040 4,018 3,620 5,525 3,900 5,128 3,850 5,195 3,760 5,319 0,050 5,615 3,210 6,231 3,240 6,173 3,250 6,154 3,225 6,202 Tabela 2- Momentos estatísticos das vazões para cada tratamento Q pelo método direto (L.s-¹) para H = 0,01 m Média 0,270 1,104 1,964 Desvio-padrão 0,014 0,068 0,111 Coeficiente de variação 5,280 6,245 5,677 Q pelo método direto (L.s-¹) para H = 0,02 m Média 0,480 2,077 3,291 Desvio-padrão 0,018 0,113 0,288 Coeficiente de variação 3,883 5,451 8,758 Q pelo método direto (L.s-¹) para H = 0,03 m Média 0,736 3,183 4,567 Desvio-padrão 0,022 0,180 0,518 Coeficiente de variação 2,994 5,674 11,341 Q pelo método direto (L.s-¹) para H = 0,04 m Média 1,039 4,090 5,291 Desvio-padrão 0,022 0,121 0,174 Coeficiente de variação 2,140 2,958 3,295 Q pelo método direto (L.s-¹) para H = 0,05 m Média 1,532 5,650 6,189 Desvio-padrão 0,171 0,683 0,033 Coeficiente de variação 11,150 12,097 0,542 * Normalidade dos dados testada pelo teste Lilliefors, com 5 % de significância. Tabela 3- Média, precisões e acurácias das vazões obtidas pelos tratamentos Q médias (L.s-¹) H Acumulada (m) T1 T2 T1 T3 T1 T4 Valor Valor Valor Valor Valor Valor 0,010 0,270 0,014-0,256 1,104 0,496-0,608 1,965 0,502-1,463 0,020 0,487 0,079-0,408 2,077 1,404-0,674 3,292 1,420-1,871 0,030 0,737 0,218-0,518 3,183 2,579-0,605 4,568 2,610-1,958 0,040 1,039 0,448-0,591 4,091 3,970-0,120 5,292 4,018-1,274 0,050 1,532 0,783-0,749 5,651 5,548-0,103 6,190 5,615-0,575 Média - - -0,505 - - -0,422 - - -1,428 Precisão - - 0,186 - - 0,285 - - 0,555 Acurácia - - 0,531 - - 0,493 - - 1,512 Na Figura 3 são apresentadas as precisões e as acurácias de cada método testado considerando os valores obtidos com o método direto como valores de referência, de modo a facilitar a visualização dos resultados exibidos na Tabela 3. 3

padrão da média de 0,186 L.s-¹. Já, no que diz respeito a acurácia, maior aproximação da verdade (da testemunha), a metodologia que destacou-se foi o vertedor retangular com erro médio quadrático de 0,493 L.s-¹. Há para cada metodologia uma carga hidráulica onde a acurácia é maior. Referências Figura 3- Precisões (Desvios padrões da média) e acurácias (RMS) dos tratamentos utilizados Discussão De acordo com Monico et al. (2009), o conceito de precisão está relacionado ao desvio (erro) durante a repetitividade das medições, enquanto a acurácia refere-se ao grau de aproximação da grandeza medida em relação àquela considera como verdadeira (referência). Vale destacar que apesar dos valores de coeficientes de variação (Tabela 2) ter sido baixos, conforme Crespo (2009), as diferenças percebidas corroboram com tais observações. E isto fica mais evidenciada quando se observa as médias, precisões e acurácias encontradas em cada metodologia (Tabelas 1 e 3). A metodologia que apresentou melhor precisão foi obtida com o vertedor triangular com desvio padrão da média de 0,186 L.s-¹ seguida pelo vertedor retangular (0,285 L.s-¹) e vertedor trapezoidal (0,555 L.s-¹). Estes resultados estão de acordo Lopes (2005) quando diz que o vertedor triangular permite obter maior precisão nas leituras quando se tratar de cursos d água de pequenas vazões. No que diz respeito a acurácia, maior aproximação da verdade (testemunha), a metodologia que destacou-se foi o vertedor retangular com erro médio quadrático de 0,493 L.s-¹ seguida pelos vertedores triangular (0,531 L.s-¹) e trapezoidal (1,512 L.s-¹). Desse estudo pôde-se notar também que há para cada metodologia uma carga hidráulica onde a acurácia nas medições das vazões nos vertedores é maior. Percebeu-se que para as vazões mensuradas, o vertedor triangular foi mais acurado ( = - 0,256 L.s-¹) quando a carga hidráulica foi de 0,01 m. Já para os vertedores retangular e trapezoidal as maiores acurácias ( = - 0,103 L.s-¹ e = -0,507 L.s-¹, respectivamente) ocorreu com H = 0,05 m. Conclusão A metodologia que apresentou melhor precisão foi obtida com o vertedor triangular com desvio - BARRETO, G. Irrigação: princípios, métodos e prática. Campinas, IAC, 1989. 185p. - BERNARDO, S. Manual de irrigação. 5 edição, Viçosa: UFV, Impr. 1989. - CAMARGO, S. G. O de & POUEY, J. L. O. F. Aquicultura: um mercado em expansão. Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, v. 11, nº 4, p. 393 396, 2005. - CARVALHO, T. M. Técnicas de medição de vazão por meio convencionais e não convencionais. RBGF Revista Brasileira de Geografia Física Recife-PE Vol. 01 n.01 Mai/Ago p. 73-85, 2008. - CRESPO, A. A. Estatística fácil. 19ª ed. atual. São Paulo: Saraiva, 2009. - DAKER, A. Hidráulica aplicada à agricultura: a água na agricultura. 1º Volume. 6 ed. Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1983. 316p. - LOPES, J. D. S. & LIMA, F. Z. de. Pequenas barragens de terra: planejamento, dimensionamento e construção. Viçosa, Aprenda Fácil. 2005. 274p. - MIKHAIL, E. M.; GRACIE, R. Analysis and adjustment of survey measurements. New York. 1981. 340 p. - MONICO, J. F. G.; PÓZ, A. P. D.; GALO, M.; SANTOS, M. C. dos; OLIVEIRA, L. C. de. Acurácia e precisão: revendo os conceitos de forma acurada. Boletim de Ciências Geodésicas, Curitiba, v. 15, nº 3, p. 469-483, 2009. - OLIVEIRA, P. N. Engenharia para aqüicultura. Recife: UFRPE, 2000. 294p. - ONO. E. A.; KUBITZA. F.; Construção de viveiros e de estruturas hidráulicas para o cultivo de peixes, parte 4: o reaproveito da água e o manejo do solo. In: Panorama da aquicultura. Vol. 13, n 75, janeiro-fevereiro, 2003 4

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