PROCESSO DO PLANEJAMENTO¹

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Transcrição:

AUTO-RETRATO E ENSINO: A EXPERIMENTAÇÃO COMO Comunicação Relato de pesquisa RESUMO: PROCESSO DO PLANEJAMENTO¹ Hellen Caroline Silva² Orientadora: Profa. Ms. Elsieni Coelho da Silva Este texto é resultado de um projeto de pesquisa realizado na disciplina de Trabalho de Conclusão do Curso 1, como requisito básico para a conclusão do curso de Licenciatura em Artes Visuais. A pesquisa tem como objeto de estudo o Autoretrato e o ensino de arte e, propõe-se a discutir o processo da experimentação como procedimento para a elaboração de proposta de ensino. Ou seja, a partir da abordagem do Auto-retrato enquanto conceito e o processo de criação dos artistas selecionados: Frida Kahlo, Anna Bella Geiger e Vick Muniz; tenciona-se a levantar questões pertinentes sobre esta temática para que se possa criar uma proposta de ensino e experimentá-la. Palavras-chave: Auto-retrato, ensino de Arte, proposta de ensino. 1. INTRODUÇÃO Esta pesquisa versa sobre a experimentação como proposta metodológica para a elaboração de procedimento pedagógico no ensino de Arte. A partir de pesquisa à cerca do conceito de Auto-retrato e a análise deste gênero na produção dos artistas: Frida Kahlo, Anna Bella Geiger, intenciona-se a refletir como as experiências artísticas podem contribuir para a preparação de proposta de ensino. As inquietações surgidas para a produção deste estudo é proveniente do interesse em dar continuidade ao trabalho desenvolvido na disciplina de Estágio 2 do Curso de Artes Visuais, que teve por propósito a elaboração de uma proposta de ensino. O trabalho em questão possibilitou um maior entendimento sobre o planejamento e, levantou questões relevantes para que seja observada a importância do professor de arte ser reflexivo sobre suas próprias ¹Este artigo é resultante da proposta da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso I, do Curso de Licenciatura em Artes Visuais, do Instituto de Artes, da Universidade Federal de Uberlândia. Ele atende o propósito de estimular a capacidade investigativa e produtiva do graduando e contribuir para a formação profissional, científica e artística do estudante. ² Aluna do 7º período do Curso de Artes Visuais/UFU. E-mail: hellen.1803@hotmail.com

experiências artísticas; para que a partir delas possa construir critérios para selecionar o que irá ser trabalhado com seus alunos. 2. JUSTIFICATIVA Fez-se esta pesquisa optando como eixo temático o auto-retrato como proposta de ensino, por este tema gerar algumas inquietações na contemporaneidade, devido à amplitude do seu significado. Nesta perspectiva a pesquisa irá trazer um conhecimento e apreciação de trabalhos artísticos que são referência em auto-retrato e, a partir da experimentação, permitirá a criação e percepção de formas visuais com a utilização de diferentes materiais, suportes e técnicas. Além de aprimorar a capacidade de observação e sensibilidade do olhar em relação a si mesmo. Na qual poderá investigar, diante das significações trazidas pela experimentação, a sua relação com o processo de ensino. 3. OBJETIVOS 3.1 GERAL Esta pesquisa propõe-se a discutir o processo da experimentação como procedimento para a elaboração de proposta de ensino. Trata-se de analisar, como este processo pode refletir na construção do planejamento tendo como tema o gênero Auto-retrato. 3.2 ESPECÍFICOS Analisar o Auto-retrato enquanto conceito, o processo de criação dos artistas: Frida Kahlo, Anna Bella Geiger e Vick Muniz. Além de, levantar questões pertinentes sobre esta temática para que se possa elaborar uma proposta de ensino e experimentá-la através da análise da imagem e processo de criação. 4. DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA A preocupação central deste trabalho reside em como relacionar auto-retrato, proposta de ensino e experimentação. Sabendo que as possibilidades de auto-representação são inúmeras, deve-se levar em conta qual critério usado para a seleção dos artistas para abordar o assunto.

5. REFERENCIAL TEÓRICO Ao falar sobre auto-retrato é preciso questionar o motivo pelo qual o artista se retrata, o contexto histórico social em que ele está inserido, sua maneira de enxergar a arte como um todo e como forma de expressão, e como esta temática é definida pelo autor. O conceito de auto-retrato reúne várias visões, de acordo com CANTON (2004), desde a pré-história o homem já pintava suas mãos nas paredes das cavernas, como também figuras humanas estilizadas, como forma de deixar uma marca de sua própria imagem. Para a escritora, o auto-retrato consiste em uma imagem de si feita por si mesmo, uma maneira de representação na qual o retratado é quem se retrata, um registro onde o modelo é o próprio artista. Em sua dissertação de mestrado, PESSOA (2006) conceitua a auto-representação como uma forma de afirmação de presença, ou melhor, um registro dela. Constitui-se de um discurso feito na primeira pessoa, de uma autobiografia visual é uma encenação do sujeito por ele mesmo. Representa o que ele imagina, deseja ou idealiza ser. Tem por objetivo não somente reproduzir-se ou ver-se estampado sobre uma superfície qualquer; demanda uma operação que envolve escolhas, tanto do meio, dos materiais, quanto dos suportes e a definição de conceitos. O retrato tornou-se mesmo popular a partir do Renascimento; pintores eram contratados para registrar a figura de pessoas importantes. Com isso, os artistas começaram a retratar seus próprios rostos nas pinturas, a fim de deixar sua imagem gravada para a posteridade, sentir-se importantes como pessoa, usar suas próprias imagens como pretexto na elaboração de obras de arte (CANTON, 2004); ou até mesmo utilizado para treinar na ausência de modelos a atividade artística e mostrar aos possíveis clientes a possibilidade de capturar a verossimilhança da pessoa retratada (BOTTI, 2005). O artista alemão Albrecht Dürer (1471-1528) foi nesse período o primeiro a realizar uma série de auto-retratos. A partir daí, os artistas passaram a produzir esse tipo de pintura com freqüência cada vez maior, chegando à obsessão do holandês Rembrandt (1606-1669), que pintou quase uma centena deles. Mariana Botti (2005) em sua dissertação de mestrado relaciona auto-retrato como autoconhecimento, como necessidade social do indivíduo de debruçar o olhar sobre si mesmo; através do qual é possível explorar como o retratista vê a si próprio, como se projetam em seus contextos sociais.

Com o advento da fotografia, a pintura ficou liberada de sua missão de reproduzir fielmente a realidade, tanto no retrato, quanto em objetos e paisagens. Os artistas ficaram, então, livres para criar, usando à vontade formas e cores em seus quadros, tornando visíveis, dessa maneira, também suas emoções. (CANTON, 2004). Van Gogh, Paul Gauguin, Picasso, Edvar Munch, Frida Kahlo, Salvador Dali, Tarsila do Amaral e muitos outros fizeram auto-retratos. Praticamente todos os artistas modernos se auto-retrataram. Cumpre ressaltar que, também com a fotografia o processo de realizar a imagem de si mesmo tornou-se algo acessível; qualquer um com acesso a uma câmera e os mínimos conhecimentos fotográficos, poderia realizar um auto-retrato (BOTTI, 2005). Representam fundamental importância os estudos de Tadeu Chiarelli sobre retrato e auto-retrato, alguns agrupados no livro Arte internacional Brasileira, tais como Identidade/ não identidade sobre a fotografia brasileira hoje e A fotografia contaminada. Em uma de suas análises é destacado que: A fotografia, desde seu início no Brasil, por um lado serviu como registro da paisagem física e humana do país e, por outro, impulsionou certos artistas a realizar uma imersão mais vertical na busca do autoconhecimento como indivíduos ou seres sociais. Para eles, a fotografia não foi um meio para conhecer o mundo, mas um instrumento para conhecer-se e conhecer o outro no mundo. (CHIARELLI, 1999, p.115.) Alguns desses artistas são: Militão Azevedo, Valério Vieira, Lenora de Barros, Rubens Mano e Anna Bella Geiger. Esta última, a partir do auto-retrato fotográfico é capaz de construir universos imaginários e lúdicos, jogando com representações identidárias fictícias; nesta perspectiva pode ser vista não somente como representação do seu, mas também como a construção do outro, de um personagem. Inclui-se também, Identidades Virtuais uma leitura do retrato fotográfico, de Annateresa Fabris, onde é apresentado, entre outras informações, um estudo amplo sobre a relação da fotografia com os processos de representação da identidade. Além disso, existem também concepções mais abertas de auto-retrato. Marcel Duchamp revolucionou a concepção de arte ao pensá-la enquanto apropriação, considerando que um objeto poderia se tornar arte. A auto-representação segue essa mesma lógica. A simples eleição de si mesma como objeto de representação no próprio

trabalho já seria suficiente para chamá-lo de auto-retrato. Em vez de rosto e torso, têmse conjuntos de documentos, diários, cadernos de viagem, etc. Com a intenção de aprofundar sobre o conceito de auto-retrato, foram selecionados três artistas por terem em suas obras formas peculiares de se auto-retratar: Frida Kahlo, Anna Bella Geiger e Vick Muniz. Frida Kahlo executou uma extensa obra, numa impressionante variedade de auto-retratos em diferentes formas e situações; KETTENMANN (2003) revela que a maioria de seus quadros estão ligados a verdadeiros acontecimentos biográficos, como forma de auto-análise, de descobrir tanto o seu próprio eu, como o mundo a volta dele. Já Anna Bella, conforme NAVAS (2007) utiliza sua própria imagem para compor trabalhos de cunho conceitual, para discutir a questão entre arte e sociedade e dar um aspecto irônico nas fotografias. Por fim, Vick Muniz utiliza de materiais diversos (perecíveis ou não) para construir suas obras, ele faz com que seu retrato ultrapasse os limites do espectador, a obra não corresponde somente a si, mas a qualquer um, quebrando o paradigma de que auto-retrato é vinculado somente a questões da própria intimidade do retratista. A pesquisa tem por fim também dar enfoque sobre a questão da prática docente a partir da experiência artística. Na tentativa de destacar a importância do professor de arte ser, também, um produtor de arte, e vivenciar a prática artística para o desenvolvimento de suas práticas pedagógicas, cumpre ressaltar as contribuições trazidas por FERRAZ (1987): O futuro professor, tendo oportunidade de desenvolver sua percepção, seu potencial criativo, estará mais apto a perceber o surgimento dessas características em seus alunos. Ou seja, somente o professor e artista poderá, partir das reflexões sobre a produção do seu trabalho, pensar os procedimentos pedagógicos para a sua aula de arte. A experimentação é o que irá indicar se o professor de arte conhece o significado e o sentido do que vai ensinar. Portanto: Através da Arte, os sentimentos, as emoções são concretizadas, favorecendo uma compreensão mais abrangente. Mas isto só é possível quando o professor detém um domínio artístico específico, pois o trabalho será realizado em profundidade. Este professor, identificando-se com determinada linguagem e trabalhando continuamente sua expressão, provavelmente será um dinamizador. Ele saberá ativar o

processo perceptivo operatório dos alunos que estão desenvolvendo habilidades artísticas. (FERRAZ, 1987, p. 69). 6. METODOLOGIA Diante dos objetivos que nortearam esta investigação, adotou-se como procedimento metodológico a pesquisa de campo, na qual fez-se, em primeiro lugar, uma pesquisa bibliográfica com base em materiais convencionais, como livros, artigos, teses e dissertações; na qual expande-se também para a busca de dados disponíveis na redes eletrônicas. A partir da seleção de dados, elaborou-se fichas com registros apenas das questões de interesse para o estudo do problema proposto. A análise desses registros valeu-se de abordar o auto-retrato enquanto conceito e o processo de criação dos artistas selecionados; os resultados obtidos serão apresentados sob a forma de três trabalhos em concomitância: a elaboração de uma proposta de ensino, a experimentação e reflexão. 7. REFERÊNCIAS BOTTI, Mariana Meloni Vieira. Espelho, espelho meu? Auto-retratos fotográficos de artistas brasileiras na contemporaneidade. Campinas, SP: [s.n.], 2005. Disponível em: <http://cutter.unicamp.br/document/?code=vtls000385496&fd=y>. Acesso em: 25 mar. 2011. CANTON, Katia. Espelho de artista: auto-retrato. 3 ed. São Paulo: cosac e naif, 2004. CHIARELLI, Tadeu. Identidade/ não-identidade: a fotografia brasileira hoje. In: Arte internacional brasileira. São Paulo: Lemos-Editorial, 1999. (p. 132 à 140) FABRIS, Annateresa. Identidades virtuais: uma leitura do retrato fotográfico. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004. FERRAZ, Maria Heloísa Corrêa. Arte-educação: vivência, experienciação ou livro didático? São Paulo: Edições Loyola, 1987. KETTENMANN, Andrea. Frida Kahlo, 1907-1954: dor e paixão. Lisboa: Taschen, 2003. NAVAS, Adolfo Montejo. Anna Bella Geiger: territórios, passagens, situações. Rio de Janeiro: casa da palavra, 2007.

PESSOA, Helena Gomes dos Reis. Auto - Retrato - o espelho, as coisas. Catálogo USP, 2006. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses>. Acesso em: 26 mar. 2011.