Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes. Departamento de Ciências Sociais



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Transcrição:

1 Universidade Federal do Paraná Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes Departamento de Ciências Sociais Sociologia e Imagem: o uso da fotografia em sala de aula Reflexões pibidianas Caio Henrique de Almeida Francisco Pinto Lays Gonçalves Patrícia Baptista Guerino Paula Sobral Hisatugo Paulo Victor da Silveira Rosa Maria O. Ramos Curitiba - 2012

2 Sociologia na semana cultural A partir da proposta de realizar atividades na Semana Cultural dos colégios, nosso grupo ficou responsável pelo Colégio Estadual Rodolpho Zaninelli, onde já estávamos inseridos e em ambientação. Desde a primeira reunião, procuramos trabalhar de maneira conjunta e solidária, tanto na construção, quanto no desenvolvimento da atividade proposta. A ideia de utilizar fotografias foi discutida primeiramente entre todos os pibidianos de Sociologia, na qual os alunos abordariam os temas escolhidos buscando uma reflexão sociológica a partir das fotos. A partir da sugestão de nossa supervisora Patrícia, que havia ministrado o conteúdo referente há pouco tempo, optamos pelo tema das representações sociais. Além de priorizar uma temática já abordada teoricamente em sala, nossa proposta buscou seguir o olhar desses alunos sobre seu cotidiano através das ferramentas da sociologia, especificamente em três contextos que, de maneira geral, compõe a realidade dos estudantes: o bairro, a escola e a cidade. Com os resultados comporíamos uma exposição no colégio durante a Semana Cultural. O amadurecimento do projeto foi-se dando ao longo de nossas reuniões de grupo, onde discutimos a concepção geral e o objetivo que norteariam nossas atividades, o formato do trabalho, a preparação teórica necessária, os materiais indispensáveis para a execução da exposição. Como principal objetivo, almejamos estimular a reflexão sociológica a partir da imagem que os alunos transpõem através das fotografias, retrato das identidades construídas (como estudantes do Rodolpho, moradores da Vila Verde e de Curitiba) e das representações gerais acerca de sua realidade social (o que realmente representa sua sociedade ). Através desse exercício, os estudantes do 3º ano do Ensino Médio, por meio da linguagem imagética, poderiam se investir de um olhar sociológico sobre sua própria realidade cotidiana, construindo no seu imaginário e na sua vivência um lugar (uma razão) para a Sociologia. Durante a fase inicial de planejamento, avaliamos imediatamente que precisaríamos de uma aula para apresentar a proposta aos alunos, de maneira que pudéssemos orientá-los em seus trabalhos de campo. Para tanto, duas referências teóricas foram escolhidas para nos balizar em nossas instruções: baseamos a ideia de representação social na obra Senso comum, Representações Sociais e Representações Cotidianas do sociólogo Nildo Viana uma obra introdutória sobre o

3 tema; como orientação a um olhar sociológico e fotográfico, utilizamos como referência do livro de José de Souza Martins, Sociologia da fotografia e da imagem. Uma de nossas preocupações centrais na construção do roteiro de aula foi esclarecer aos alunos que princípios deveriam guiá-los para fotografar, sem, entretanto, aparelhar os possíveis resultados de seus olhares, pois assim obteríamos um diagnóstico autêntico da sua visão e da maneira como pensam e usam a sociologia. Durante as aulas, ao lado da professora Patrícia, tanto na turma da manhã como da noite, três integrantes do PIBID elucidaram a proposta, apresentaram o conteúdo teórico, tiraram dúvidas e avaliaram as condições técnicas dos alunos (se possuíam câmeras fotográficas). Através de uma discussão sobre fotos do livro de José de Souza Martins e imagens do artista Cesar Lobo, provocamos os estudantes a refletir sobre as representações que portamos no senso comum e como fotografias com um viés sociológico poderiam aprofundar o entendimento sobre essas representações. Posteriormente, uma oficina de fotografia foi ofertada no colégio para munir os estudantes de conhecimentos básicos e técnicos na operação da câmera. Planejamos também uma organização para o trabalho, estruturado em três temas olhar sobre a escola, olhar sobre o bairro e olhar sobre a cidade, dividindo turma em seis grupos, com um tema para cada dois grupos, onde cada grupo deveria tirar fotos (das quais 20 seriam selecionadas) e escrever um relato sobre a atividade. A proposta final de compor uma exposição das fotos tiradas pelos alunos no colégio Rodolpho Zaninelli, durante a Semana Cultural, entre os dias 10 a 14 de outubro de 2011 foi executada em conjunto entre pibidianos, alunos e nossa a supervisora. A seleção das fotos e montagem dos painéis foi realizada pelo próprio grupo do PIBID vinculado à escola. Os critérios de escolha das imagens foram simples, priorizando consensualmente as melhores fotos dentro da proposta das representações sociais, selecionando algumas inclusive para o tamanho ampliado, e descartando as fotos repetidas, desfocadas e de qualidade visual muito baixa. Tanto montagem quanto a organização dos painéis de fotos na sala de exposição contou com apoio dos estudantes do colégio. Alunos, professores, funcionários e o restante da comunidade escolar puderam apreciar o trabalho num evento aberto a comunidade local. Apoiamos também a realização de uma oficina de grafite no colégio, cujo resultado também foi exposto na Semana Cultural. Finalmente, organizamos no saguão do D. Pedro I da UFPR uma apresentação conjunta dos resultados das atividades realizadas nos três colégios parceiros do PIBID,

4 expondo as fotos, os relatos e os nossos comentários. Durante dois dias de exposição (18 e 19 de novembro) alunos dos três colégios puderam visitar a universidade e conferir a nossa apresentação, com destaque às turmas do Rodolpho Zaninelli que compareceram em peso. Nessa ocasião de contato, pudemos trocar reflexões acerca das fotografias, ouvir as experiências dos fotógrafos, sua avaliação geral e apresentar a nossa universidade aos estudantes em visita. Críticas e Expectativas Buscamos com o desenvolvimento deste trabalho, mostrar aos alunos(as) como o material fotográfico pode facilitar o entendimento e aprendizado dos conceitos sociológicos. A materialização de um conhecimento através de uma atividade, por mais simples que tenha sido, foi importante na vida desses estudantes. A execução da atividade possuía um caráter objetivo (imagens, fotografias) e por outro lado um caráter subjetivo (conhecimento sociológico). Acreditamos que a execução desta atividade aproximou os dois conceitos. Sendo assim os respectivos alunos(as) tiveram uma oportunidade de aprender a sociologia, através de uma pedagogia alternativa, articulada com recursos tecnológicos e atividades extraclasses. Participar do PIBID possibilitou estar em contato com uma realidade prática da escola, que acreditamos ser de fundamental importância para a formação não só profissional, mas também pessoal. Aproximar os alunos da graduação, futuros professores, das escolas é o aspecto fundamental do Programa Institucional de Iniciação a Docência. Durante a graduação ficamos muito inseguros perante o futuro profissional. O curso de Ciências Sociais é composto de bacharelado e licenciatura, o que lhe trás uma divisão natural, acabando por dificultar ainda mais a consolidação da licenciatura na área de Sociologia. No entanto, este cenário tende a se modificar. Percebemos que esta sendo feito um esforço não só individual como coletivo, por parte de alunos e professores, procurando criar e desenvolver projetos voltados para o fortalecimento da licenciatura. O PIBID é peça chave neste processo. Durante o segundo semestre de 2011 os bolsistas do PIBID, iniciaram suas visitas ao colégio da Vila Verde, dando inicio ás atividade neste novo colégio, através da observação participante.

5 O parecer do CNE1 /CP 28/2001, diz que o estágio é [...] um tempo de aprendizado que, através de um período de permanência, alguém se demora em algum lugar ou ofício para aprender a prática do mesmo e depois poder exercer uma profissão ou ofício. A princípio, a observação participante seria neste sentido, se não tivéssemos que conviver com outra realidade: a falta de professores de sociologia ministrando sociologia. Das três professoras que ministravam a matéria no colégio, somente uma estava realmente cursando sociologia. As duas outras, eram professoras de história, preenchendo seus horários em horários que realmente deveriam ser de professores de sociologia. Assim, já num primeiro momento pudemos observar a precariedade com que as Ciências Sociais voltam a atuar nos bancos escolares. Poderíamos dizer que neste momento ela passa a ser uma doadora de horas para que professores de todos os currículos possam preencher suas horas, seu tempo, lecionando algumas aulas de sociologia. Isto ficou muito claro não só nesta escola, mas também nas demais pelas quais passamos, que como nos diz Jinkings (2007)2 dentro de contextos de ausência e presença da sociologia como docência no Brasil, se estabeleceu, conforme o desconhecimento por parte de uma comunidade escolar sobre a finalidade e sentido desta disciplina na grade curricular do ensino médio, quando em sua recente volta em 2008. Nosso grupo foi distribuído conforme possibilidades de horário e revezamos por todos os períodos: manhã, tarde e noite. Assistimos aulas em várias turmas, com diferentes professores de outras matérias ministrando sociologia. Ainda Jinkings (2007)3 nos lembra de que a falta de professores especializados, e a reelaboração de uma grade escolar que permitisse sua inclusão veio a ocasionar uma série de problemas, tais como, professores sobrecarregados de trabalho e experiências 1. Conselho Nacional de Educação. 2SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO: UMA REFLEXÃO. In: X Congresso Nacional de Educação- Curitiba- 2011. 3Idem, nº2.

6 pedagógicas descontextualizadas e fragmentadas, que não se permitiriam uma compreensão totalizante do mundo social contemporâneo. A pesquisa A Sociologia no Ensino Médio público e o perfil dos professores de Curitiba e Região Metropolitana 4 desenvolvida no âmbito dos projetos Licenciar & PIBID de Ciências Sociais/UFPR, nos alerta sobre esse perfil da sociologia no Ensino Médio, quando nos diz: [...] os professores de sociologia com graduação em Ciências Sociais precisam transitar por várias escolas, procurando completar suas horas aula, em função das poucas horas da disciplina de sociologia existentes nos colégios. Além disso, a razão pela qual isso foi feito era observar como os professores de sociologia ministram suas aulas e os diversos temas por eles abordados assim como sua postura em sala de aula, a princípio o tema e a forma com que a professora apresentava o domínio sobre o mesmo era o objeto do comentário dos bolsistas. Nesse sentido, nossa realidade foi se delineando. Procuramos subsídios também para sabermos até que ponto os professores de outras áreas que estão desempenhando o papel de professores de sociologia nas escolas, realmente contribuem para o que entendemos sobre a imaginação sociológica, raciocínio sociológico, como raciocinar sociologicamente e como desenvolver este raciocínio com os alunos. Estamos aqui falando sobre os professores, mas, nós mesmos, alunos de Ciências Sociais, quando chegamos às escolas não sabemos como iniciar este processo de passar as teorias sociais para a prática. Aliás, é o que procuramos quando nos propomos a fazer estágio, iniciando pela observação participante. Mas aqui deixamos a pergunta: será que se estamos buscando neste estágio, um espelho no qual possamos nos refletir, ao encontramos imagens diferentes, para que serve o estágio? Poderíamos responder: para encararmos a situação da educação no País, com a intemperança de políticas e políticos, fazendo da educação, como de tudo o mais que nos é fundamental, simples plataforma eleitoral! É neste momento, que nossas reflexões como futuros professores começam a fluir, e as perguntas são muitas e nem sempre sanadas no momento e muitas vezes não sanadas, mas nem por isso, deixadas de lado. 4Apresentada no X CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO- EDUCERE. Curitiba, 2011.

7 Ileizi Fiorelli Silva (2005)5 nos diz que o ofício do professor é parecido com o ofício do artesão que aprende os conhecimentos com os mestres de ofício, mas vai criando suas técnicas ao longo de sua vida. A base do ofício é o saber, os saberes elaborados historicamente sobre a arte, ou como em nosso caso, a ciência. As técnicas nascem das necessidades contemporâneas e do saber acumulado e apropriado pelo artesão e pelo professor. Fiorelli6 nos dá duas sugestões, nas quais, segundo ela devemos nos concentrar: o saber acumulado da sociologia e as necessidades contemporâneas da juventude, da escola, do ensino médio e dos fenômenos sociais mais amplos. Do saber acumulado, definimos princípios lógicos do raciocínio e da imaginação sociológica. Das necessidades contemporâneas, definimos modos de ensinar, técnicas de criação de vínculos da sociologia com os alunos. A partir dessas necessidades e das faltas delas, precisamos concentrar nossa atenção nos rumos que tomam os andamentos do projeto PIBID, não só para que procure suprir estas faltas pelas quais estão passando os licenciandos, mas também que nos organizemos em ações que nos deem respaldo a restabelecer nossos direitos. Com a Câmera nas Mãos Os alunos que tiveram tempo e uma câmera fotográfica disponível, não perderam a oportunidade em fotografar aquilo que lhes era mais tocante, dentro da proposta pedida, reproduzindo cenários através de uma ou mais imagens. As fotos de um modo geral apresentavam a preocupação em retratar o mais fielmente possível o que eles concebiam como sendo aquele espaço, compreendido em seus diversos ângulos. Os seis grupos formados pelas duas turmas do terceiro ano do colégio, uma matutina e outra noturna, seguiram basicamente duas abordagens em suas fotos: a primeira, responsáveis pelas fotos dentro da Vila Verde, o que compreende o espaço do colégio Rodolpho Zaninelli, optaram por incidir sobre esses espaços de forma mais crítica, deflagrando os diversos aspectos desses ambientes, colocando nessas imagens vários 5Docente na Universidade Estadual de Londrina- UEL 6Idem nº5.

8 aspectos e personagens da vida cotidiana da Vila Verde. Assim como a foto tirada por Lucas Elias, que retratava Pajé7 rodeado por cachorros de rua. Ou mesmo, a foto em que alguns jovens da Vila Verde andavam de skate em uma Praça do CIC, apresentando nesse âmbito, seus espaços de sociabilidade e de lazer. O próprio colégio foi observado sobre esse aspecto e apesar de suas portas de aço, seus corredores com pouca claridade, algumas fotos tiradas faziam questão de apresentar os sorrisos dos alunos que ali estudam, assim como, em momentos de descontração no recreio. Já os dois grupos responsáveis por fotografar Curitiba, retificaram o mito da cidade modelo, se posicionando como se não fizessem parte da realidade ou até mesmo do espaço geográfico da capital paranaense. As fotos deixaram claras que a concepção de Curitiba está bem delimitada. Para os alunos, a capital é o centro da cidade e seus pontos turísticos, aquilo que costuma aparecer em propagandas de televisão ou em cartões postais. Considerações Finais O olhar do docente O saber não se limita a interpretar o mundo, mas tem como alvo transformá-lo Bridi appud Paulo Silveira, Do lado da História, 1978. O trabalho dos alunos participantes do PIBID no Colégio Estadual Rodolpho Zaninelli, iniciou mais contundentemente no segundo semestre de 2011. Logo no início que ingressei no Programa e consequentemente também o Colégio em que trabalhei por 7 (sete anos), obtive uma grande surpresa, talvez tomada por um sentimento circunscrito pelo senso comum tinha nítida certeza que dificilmente surgiria alunos da UFPR interessados em conhecer uma escola localizada na periferia da Curitiba cidade mediática modelo, muito distante do Campus central em que os mesmos estudam, ou seja, não acreditava muito na possibilidade de alunos acadêmicos das Ciências Sociais 7Pajé é popularmente conhecido na Vila Verde por ser um morador de rua que cuida dos cachorros abandonados, segundo os moradores os cachorros adotados por Pajé costumam protegê-lo de confusão enquanto ele dorme.

9 optarem por sair do comodismo teórico que relativamente envolve a licenciatura do curso. Entretanto, formamos uma equipe de 6 alunos bolsistas na qual eu fui mais uma integrante deste grupo que uma Supervisora. Esta sensação se refere às grandes trocas de experiências, trabalhos em equipes e, sobretudo a autonomia que norteou os trabalhos teóricos e posteriormente práticos desenvolvidos pela equipe. A partir destes pressupostos, os alunos desenvolveram atividades como observação participante, oficina de imagens e uma aula de campo extra-classe que culminou com uma visita ao Campus da Reitoria da UFPR para visibilizar exposição dos trabalhos executados pelos próprios alunos durante a Oficina Sociologia da Imagem realizada no Colégio no mês de outubro de 2011. Primeiramente abordando a atividade da observação participante o que se sobressaiu foi às interações entre os alunos do colégio e os pibidianos. Considerando que tais relações foram se constituindo ao longo do semestre de modo que proporcionaram aos alunos do ensino médio um interesse e uma curiosidade em torno da Sociologia. Questões relevantes como: à utilidade dessa disciplina para suas vidas cotidiana e profissional fizeram parte de reflexões e questionamentos em sala de aula após o início do Programa (PIBID) no colégio. Foi perceptível os laços receptivos que se estabeleceram com as duas turmas de terceiros anos e os pibidianos. Desta maneira, mesmo considerando que não ocorrera um grande número de observações participantes ( no Colégio Estadual Rodolpho Zaninelli) é importante ressaltar que as interações dos alunos do ensino médio neste colégio e os pibidianos resultaram na construção de significados dando sentido a algumas questões que mesmo estes alunos estando já no último ano do Ensino Médio a concepção de importância da Sociologia ainda se encontrava ofuscada e não havia totalmente se estabelecido. Tais interações auxiliaram para evitar a ocorrência de problemas comuns ao cotidiano escolar: Sem uma reflexão consistente sobre o porquê estudar Sociologia e sem querer construí-la significativamente pode ampliar as situações de indisciplina em sala de aula e corroborar para um conhecimento descomprometido e vazio. (BRIDI,2009, p. 186-187) Outra questão foi a respeito da efetivação ou não da reprodução da linguagem sociológica. Neste sentido é importante abordar a Oficina da Imagem, que foi realizada durante a semana cultural (atividade prevista no calendário do Colégio) os trabalhos

10 realizados foram com fotografias e grafite. Ressalto que nesta atividade os alunos pibidianos demonstraram um grande comprometimento. Saliento também que foram nas oficinas que ocorreram os maiores desafios. Como adaptar as teorias sociológicos aos temas que gostaríamos de propor para os alunos do Ensino Médio (EM)? A imaginação sociológica foi requisita ao debruçarmos na difícil tarefa em decidir que temas para os alunos do EM seriam mais instigantes? Questões práticas como a necessidade de fotocópias para as aulas teóricas que seriam ministradas em sala de aula? Como adequar os conteúdos teóricos e atividades a serem desenvolvidas que antecederiam as oficinas práticas ao tempo de cada aula (50 minutos)? Como elaborar um plano de aula que atingisse os objetivos delimitados pelo grupo? Para que público estaria sendo preparadas as oficinas? As estratégias metodológicas usada para os alunos do diurno e do noturno seriam as mesmas? Que materiais seriam utilizados? Que espécie de tecnologia, computadores, TV, DVD, multimídias? Estas foram algumas questões e reflexões levantadas na preparação das atividades referentes à Oficina da Imagem que antecederam a ida dos alunos pibidianos a sala de aula. Destacando, que foi esta etapa da preparação das Oficinas e depois o que ocorreu foi em função deste início que se deu a percepção do quanto o trabalho empírico contribuiu para o desenvolvimento teórico-prático dos alunos de ambos os lados. Tanto foi positivo para os alunos do Ensino Médio que realizaram algo que nunca havia sido realizado por eles: uma exposição fotográfica com o olhar um olhar nativo, de modo que o tema proposto foi o das representações sociais em três vertentes: escola, bairro e cidade. Esta atividade que os lançou a campo, fez que apresentou conclusões interessantes de modo que pode ser observado e levando em consideração tanto o papel do (a) professor (a) quanto o aspecto da aprendizagem. A este respeito BRIDI, menciona: A análise sobre a aprendizagem sinaliza para as possibilidades cognitivas do aluno e o papel do professor em estimular a aprendizagem. Criar significado, tornar a aprendizagem ligada à realidade do aluno, parece ser uma tarefa de um professor que não se limita a transmitir conhecimento, mas se compromete a levar o aluno realmente a aprender. (BRIDI, 2009 pp. 187). Deste modo a tarefa da professora e dos alunos pibidianos (aqui em caso específico), foi ressaltar como esta atividade oficineira propiciou a integração de forma eficaz a prática e a teoria sociológica potencializando à condição de professor de sociologia que em seu cotidiano escolar se propõem a pesquisar, planejar, selecionar

11 conteúdos colocando em prática seus planos de trabalho docentes (programas), deixando claro os caminhos percorridos, os métodos que serão utilizados e quais os objetivos esperados. Foi com esta abordagem que o trabalho foi proposto e surgiu entre outras questões (aqui só para exemplificar) o não reconhecimento destes alunos como moradores do bairro Cidade Industrial (CIC), de modo que foi proposto os temas já mencionados e as equipes que ficaram incumbidas de produzir representações do bairro se preocuparam apenas em fotografar a Vila Verde que é uma das vilas entre outras que formam o bairro CIC. E ao ser problematizado este tema após a coleta das fotos, os alunos processaram análises que diziam:... que perto do terminal é CIC, aqui é Vila Verde estamos ilhados a Vila só tem duas entradas..... aqui as coisas funcionam diferentes... Pedro (aluno). Enfim, tais atividades empíricas produziram sem dúvida uma aproximação que possibilitou uma ponte entre dois pólos o Acadêmico e a Educação básica, embora, reconhecendo que ainda haja um grande abismo entre ambos. Para os alunos do EM a participação dos alunos pibidianos e as atividades propostas por este grupo oportunizou o desenvolvimento de praticas de ensino aprendizagem não enraizadas na educação tradicional fortemente hierarquizada, de modo que os alunos puderam entrar em contato com alguns temas estruturantes da sociologia que são obrigatórios no currículo de uma forma diferenciada objetivando a fruição e potencialização do aprendizado de modo holístico, despertando a criticidade e a desnaturalização dos fenômenos sociais.

12 Referências BRIDI, Maria Aparecida (org). Ensinar e Aprender Sociologia no Ensino Médio. São Paulo. Ed: Contexto, 2009. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CES Nº 009/2001. Diretrizes curriculares para formação de professores da educação básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Brasília-DF: MEC/CNE, 2001. JINKINGS, Nise. Ensino de Sociologia: particularidades e desafios contemporâneos. Mediações, Londrina, PR, V.12, N.1, P. 113-130. Jan/Jun.2007. ILEIZI, Fiorelli Silva. A Imaginação Sociológica: desenvolvendo o raciocínio sociológico nas aulas com jovens e adolescentes. (Experiências e Práticas de Ensino). Roteiro apresentado no mini-curso do Simpósio Estadual de s atividades. RAMOS, Rosa Maria de Oliveira; VALASKI, Marli Klein; SANT ANNA, Desirée; ALMEIDA, Kaciane Daniella de; MOTIM, Benilde Maria Lenzi. Sociologia no Ensino Médio: uma reflexão. In: X CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO- EDUCERE. Curitiba, 2011.