UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL



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Transcrição:

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E ENGENHARIAS Curso de Pós Graduação Lato Sensu em Engenharia de Segurança do Trabalho CRISTIANO MEIGER FUHRMANN ANÁLISE CRÍTICA DOS DOCUMENTOS DE SST DE UMA EMPRESA DO SETOR METAL MECÂNICO Ijuí/RS 2012

CRISTIANO MEIGER FUHRMANN ANÁLISE CRÍTICA DOS DOCUMENTOS DE SST DE UMA EMPRESA DO SETOR METAL MECÂNICO Monografia do Curso de Pós Graduação Lato Sensu em Engenharia de Segurança do Trabalho apresentado como requisito parcial para obtenção de título de Engenheiro de Segurança do Trabalho Orientadora: Cristina Eliza Pozzobon Ijuí/RS 2012

CRISTIANO MEIGER FUHRMANN ANÁLISE CRÍTICA DOS DOCUMENTOS DE SST DE UMA EMPRESA DO SETOR METAL MECÂNICO Monografia defendida e aprovada em sua forma final pelo professor orientador e pelo membro da banca examinadora Banca examinadora Prof. Cristina Eliza Pozzobon, Mestre - Orientadora Prof. Fernando Wypyszynsky Ijuí, 23 de março de 2012

ADeus, aos meus pais e familiares, sem os quais não teria sido possível chegar até aqui. Aos colegas e professores do curso de pós-graduação na Unijuí que contribuíram para esta conquista. Aos colegas de trabalho, com os quais aprendo muito todos os dias.

RESUMO Sabe-se que em geral, as Normas Regulamentadoras atuais não apresentam um padrão ou modelo para a elaboração dos documentos obrigatórios relacionados à Saúde e Segurança do Trabalho e por este motivo, por dificuldades na interpretação da legislação e/ou por desconhecimento desta, algumas empresas têm elaborado documentos incompletos ou até mesmo deixado de elaborar documentos indispensáveis. Outras seguem apenas as determinações que julgam mais importantes, submetendo seus funcionários a riscos e se tornando alvo de multas e ações indenizatórias. Para a elaboração deste trabalho foi realizada uma análise crítica dos principais documentos legais em matéria de Saúde e Segurança do Trabalho que uma empresa deve possuir: Ordem de Serviço, Ficha de Entrega de EPIs, Perfil Profissiográfico Previdenciário, Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho e Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. Foram citadas as falhas mais comuns cometidas em cada um dos documentos e as conseqüências que podem trazer aos envolvidos: empregador, empresa e empregados. Também foram citados os itens que esses documentos devem conter para que cumpram seu propósito da melhor maneira possível. Para atingir o objetivo do estudo, a análise foi baseada nas Normas Regulamentadoras, Instruções Normativas e Leis vigentes. Ficou evidenciado que quando a documentação não é bem elaborada, surgem brechas que tornam difícil garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores, manter a empresa em dia com a legislação trabalhista e previdenciária e ainda proteger o empresário de ações judiciais indevidas. Palavras-chave: LTCAT, PPRA, documentos obrigatórios, segurança do trabalho.

LISTA DE FIGURAS Figura 1. Tela principal do Sistema de Entrega de EPIs... 31 Figura 2. Tela demonstrando que a requisição dos EPIs só pode ser realizada com crachá... 31 Figura 3. Sugestão de cronograma para planejamento anual do PPRA... 34 Figura 4. Esquema do PPRA, situando cada etapa dentro da estruturação exigida pela NR 9 36 Figura 5. Esquema de relacionamento entre informações que o PPRA deverá conter... 41

LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ACGIH American Conference of Governametal Industrial Higienists (Conferência Americana de Higienistas Industriais Governamentais) CA Certificado de Aprovação CLT Consolidação das Leis do Trabalho DRT Delegacia Regional do Trabalho EPC Equipamento de Proteção Coletiva EPI Equipamento de Proteção Individual GMAW Gas Metal Arc Welding (Soldagem ao Arco Elétrico com Gás de Proteção MIG/MAG) IN Instrução Normativa INSS Instituto Nacional do Seguro Social LTCAT Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho LPAR Levantamento dos Perigos e Análise dos Riscos MPS Ministério da Previdência Social MTb Ministério do Trabalho MTe Ministério do Trabalho e Emprego O.S. Ordem de Serviço PCMAT Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional PET Permissão de Entrada e Trabalho PGR Programa de Gerenciamento de Riscos POP Procedimento Operacional Padrão PPP Perfil Profissiográfico Previdenciário PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais SESMT Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho SSO Saúde e Segurança Ocupacional SST Saúde e Segurança do Trabalho

SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 10 1 LEGISLAÇÃO E DOCUMENTOS... 13 1.1 NORMAS REGULAMENTADORAS E INSTRUÇÕES NORMATIVAS... 13 1.2 ORDEM DE SERVIÇO... 13 1.3 FICHA DE ENTREGA DE EPIS... 15 1.4 PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO... 15 1.5 PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS... 17 1.6 LAUDO TÉCNICO DAS CONDIÇÕES DO AMBIENTE DE TRABALHO... 17 2 METODOLOGIA... 20 2.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA... 20 2.2 PLANEJAMENTO DA PESQUISA... 20 2.2.1 Procedimento de coleta e interpretação dos dados... 20 2.2.2 Estudo de Caso... 21 3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS... 22 3.1 SUGESTÃO PARA ELABORAÇÃO DE ORDENS DE SERVIÇO... 22 3.1.1 Falhas comuns em Ordens de Serviço... 25 3.1.2 Ordens de Serviço na empresa estudada... 26 3.1.3 Ordens de Serviço: sugestões para a empresa estudada... 28 3.2 SUGESTÃO PARA ELABORAÇÃO DE FICHAS DE ENTREGA DE EPIS... 28 3.2.1 Falhas comuns em Fichas de Entrega de EPIs... 29 3.2.2 Fichas de Entrega de EPIs na empresa estudada... 30 3.2.3 Fichas de Entrega de EPIs: sugestões para a empresa estudada... 32 3.3 SUGESTÃO PARA ELABORAÇÃO DO PPP... 32 3.3.1 Falhas comuns em PPPs... 32 3.3.2 PPPs na empresa estudada... 32 3.3.3 PPPs: sugestões para a empresa estudada... 33 3.4 SUGESTÃO PARA ELABORAÇÃO DO PPRA... 33 3.4.1 Falhas comuns em PPRAs... 39 3.4.2 PPRA na empresa estudada... 40 3.4.3 PPRA: sugestões para a empresa estudada... 40 3.5 SUGESTÃO PARA ELABORAÇÃO DO LTCAT... 40 3.5.1 Falhas comuns em LTCATs... 42 3.5.2 LTCAT na empresa estudada... 43 3.5.3 LTCAT: sugestões para a empresa estudada... 44 CONCLUSÃO... 45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 46 ANEXOS... 47

INTRODUÇÃO Sabe-se que é grande o número de Normas Regulamentadoras, Decretos e Leis relacionadas a SST, resultando em centenas de páginas a serem lidas caso se queira ter um setor de Segurança do Trabalho bem fundamentado dentro da empresa. Muitos empresários e profissionais com pouca experiência em SST, portanto, elaboram ou adquirem documentos incompletos ou até mesmo deixam de elaborar os documentos necessários, por desconhecimento da legislação e dificuldades na sua interpretação. Há ainda empresários que seguem apenas as determinações que consideram mais importantes, submetendo seus funcionários a perigos e se tornando alvo de multas e ações indenizatórias. Para a elaboração deste trabalho realizou-se uma análise crítica dos principais documentos legais em matéria de Saúde e Segurança do Trabalho que uma empresa deve possuir. Para que se tivessem exemplos práticos abrangentes, foram analisados criticamente os documentos de uma empresa do ramo metal-mecânico, contemplando neste estudo: Ordem de Serviço, Ficha de Entrega de EPIs, PPP, LTCAT e PPRA. Dentro de uma indústria do setor metal mecânico, um dos setores que mais apresenta riscos à saúde do trabalhador é o de solda, pois nele são encontrados riscos físicos (ruídos, radiações não ionizantes, temperaturas extremas), químicos (gases, fumos, óleos e graxas), ergonômicos (falta de iluminação, posturas inadequadas, trabalho repetitivo, carregamento de peso em excesso) e de acidentes (queda de peças, choque elétrico, corte em rebarbas, etc.). Este setor é o que melhor caracteriza empresas deste segmento e geralmente é o que apresenta o maior número de funcionários nessas organizações. Em empresas com grau de risco elevado como a que foi citada, caso a documentação relacionada com a SST não seja detalhada e consistente, torna-se difícil garantir a saúde e a

11 segurança dos trabalhadores, manter a empresa de acordo com as determinações da legislação trabalhista e previdenciária e ainda proteger o empresário contra ações judiciais indevidas. Ajuda a agravar ainda mais o problema citado anteriormente, o fato de que as Normas Regulamentadoras vigentes, na maior parte dos casos, não apresentam um padrão ou modelo para a elaboração dos documentos que elas mesmas determinam como obrigatórios. Nesses casos, citam de forma geral os itens mínimos que cada documento deve apresentar para cumprir as exigências do MTe e da Previdência Social (no caso das Instruções Normativas e Leis). Mas muitas vezes estes itens mínimos não são suficientes para comprovar a razão da empresa no caso de ações trabalhistas requerendo direitos indevidos. Outras vezes não garantem a máxima eficiência em relação à manutenção da integridade dos trabalhadores. Sabendo dessas dificuldades, procurou-se responder as seguintes questões: Quais itens os documentos de SST devem conter para que cumpram seu propósito da melhor maneira possível? Quais são as falhas mais comuns cometidas em cada documento e que conseqüências podem trazer aos envolvidos (empresa, empregado, empregador)? A maioria das monografias elaboradas disserta unicamente sob a prevenção focando o cumprimento da legislação e atendendo os direitos dos empregados. Esta não foge desta metodologia, porém, é voltada principalmente para o ponto de vista do empregador, pois apresenta sugestões para que ele tenha documentos comprobatórios para que possa se defender contra ações judiciais. Entende-se que descrevendo de forma resumida os principais documentos de SST em um único trabalho, reunindo todas as informações necessárias aos empregadores, empregados, INSS e ao MTe, tem-se uma bibliografia que facilita a compreensão da legislação e o enquadramento da empresas perante o Ministério do Trabalho e a Previdência Social. Esta convicção justifica a elaboração deste estudo. Outro benefício trazido por este trabalho é a divulgação da importância dos documentos de SST descritos por ele, pois pode-se evidenciar que documentos mal elaborados colocam em risco tanto a integridade dos funcionários, quanto a sobrevivência da empresa no mercado. O objetivo que se procurou alcançar foi descrever resumidamente, explicar a importância dos principais documentos de SST e dissertar sobre os aspectos a serem observados durante a elaboração dos mesmos. Reunir essas informações em um único trabalho, que sirva como fonte de pesquisa para os empresários e profissionais da área, facilitando a compreensão e a busca de informações na legislação e, conseqüentemente, o enquadramento das empresas perante o Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Alguns objetivos secundários são:

12 Dissertar sobre os principais documentos de SST que as empresas devem possuir; Citar as falhas mais comuns cometidas em cada documento, explicar que problemas e riscos cada falha pode causar e como evitá-los.

13 1 LEGISLAÇÃO E DOCUMENTOS Este capítulo é constituído por uma breve descrição de cada um dos documentos que foram estudados e pela descrição das principais diretrizes relacionadas a Saúde e Segurança do Trabalho (Normas Regulamentadoras e Instruções Normativas) que devem ser seguidas pelas empresas, funcionários e empregadores. 1.1 NORMAS REGULAMENTADORAS E INSTRUÇÕES NORMATIVAS As Normas Regulamentadoras NR - foram aprovadas pela Portaria N. 3.214, 08 de junho de 1978 e dão as diretrizes básicas a serem seguidas em relação à segurança e medicina do trabalho. São de observância obrigatória por todas as empresas que possuem empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. Alguns dos documentos obrigatórios de SST descritos neste trabalho, são exigidos em pelo menos uma das Normas Regulamentadoras, conforme segue: Ordem de Serviço: exigência da NR 01 Disposições Gerais; Ficha de Entrega de EPIs: exigência da NR 06 Equipamento de Proteção Individual EPI; PPRA: exigência da NR 09 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. As Instruções Normativas são regulamentos que complementam as Leis, Decretos Presidenciais e Portarias Ministeriais e Interministeriais. Elas não têm o poder de modificar ou transpor o texto da norma que complementam. No caso deste estudo, a principal IN pesquisada foi a Instrução Normativa do INSS/PRES nº 45, de 6 de Agosto de 2010, que dentre outras coisas, disserta sobre o LTCAT para comprovação das condições ambientais de trabalho e traz as últimas atualizações em relação ao PPP. 1.2 ORDEM DE SERVIÇO As ordens de serviço muitas vezes são lembradas apenas como solicitações de serviços, ou como documentos emitidos por empresas para informar aos funcionários que executarão o trabalho a respeito do pedido do cliente. Mas a abrangência deste documento é muito maior, já que seu uso é citado no Artigo 157 da CLT, inciso II, que diz que é obrigação da empresa instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou

doenças ocupacionais. Sua definição é dada pelo item 1.7 da Norma Regulamentadora 01, onde fica estabelecido como documento obrigatório, cuja responsabilidade de elaboração recai sobre o empregador. Dois dos itens mais importantes da NR 1 determinam as obrigações do empregador e do empregado. São os itens 1.7 e 1.8, respectivamente, que estão transcritos a seguir: 1.7 Cabe ao empregador: (Alteração dada pela Portaria n.º 06, de 09/03/83) a) cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho; b) elaborar ordens de serviço sobre segurança e saúde no trabalho, dando ciência aos empregados por comunicados, cartazes ou meios eletrônicos; (Alteração dada pela Portaria n.º 84, de 04/03/09) Obs.: Com a alteração dada pela Portaria n.º 84, de 04/03/09, todos os incisos (I, II, III, IV, V e VI) desta alínea foram revogados. c) informar aos trabalhadores: (Alteração dada pela Portaria n.º 03, de 07/02/88) I. os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de trabalho; II. os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pela empresa; III. os resultados dos exames médicos e de exames complementares de diagnóstico aos quais os próprios trabalhadores forem submetidos; IV. os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho. d) permitir que representantes dos trabalhadores acompanhem a fiscalização dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho; (Alteração dada pela Portaria n.º 03, de 07/02/88) e) determinar procedimentos que devem ser adotados em caso de acidente ou doença relacionada ao trabalho. (Inserção dada pela Portaria n.º 84, de 04/03/09) 1.8 Cabe ao empregado: (Alteração dada pela Portaria n.º 06, de 09/03/83) a) cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e saúde do trabalho, inclusive as ordens de serviço expedidas pelo empregador; (Alteração dada pela Portaria n.º 84, de 04/03/09) b) usar o EPI fornecido pelo empregador; c) submeter-se aos exames médicos previstos nas Normas Regulamentadoras - NR; d) colaborar com a empresa na aplicação das Normas Regulamentadoras NR (NR 01, 2009). Falando um pouco de outro documento: um PPRA muito bem laborado não será eficaz quando os principais envolvidos no seu cumprimento não souberem a que tipo de riscos e perigos estão expostos e quais os cuidados que devem tomar para a preveni-los, e é aí que entra a ordem de serviço. A elaboração da O.S. deve objetivar um caráter informativo, dando ciência aos empregados por comunicados, meios eletrônicos ou cartazes as disposições legais e regulamentares relacionadas com a saúde e segurança do trabalho. Em outras palavras, Ordem de Serviço é um termo genérico que se refere aos documentos internos utilizados pelas empresas para instruir seus empregados em relação aos riscos a que estão submetidos durante a realização de suas atividades e as formas mais seguras de realizá-las, além de informá-los quanto às medidas de proteção disponíveis. 14

15 A liberdade que a NR 1 oferece em relação ao meio utilizado para apresentação dessas informações (comunicado, cartaz, meio eletrônico...) faz com que cada empresa adote uma terminologia diferente para este documento, tais como: procedimento, instrução, ordem, etc. As Ordens de Serviço, quando bem elaboradas, amparam o empregador no caso de ações trabalhistas ou fiscalizações realizadas pelos agentes do Ministério do Trabalho, pois argumentos como desconhecimento do risco ou desconhecimento da obrigatoriedade da utilização dos equipamentos de proteção serão comprovadamente falsos. Além do mais, o descumprimento dessa obrigação poderá resultar em multa para a empresa. Para os empregados, as vantagens ficam explícitas na própria NR 1: melhoria da segurança no ambiente de trabalho pelo nivelamento das informações relativas a SST, pois os riscos, formas de proteção e resultados das avaliações do local de trabalho são divulgados, evitando acidentes e doenças por desconhecimento do ambiente. 1.3 FICHA DE ENTREGA DE EPIS No seu item 6.3 a Norma Regulamentadora 6 obriga o empregador a fornecer gratuitamente a seus funcionários EPIs em perfeito estado de conservação e funcionamento adequados aos riscos a que estão expostos, pelo menos enquanto as medidas de proteção coletiva não estiverem implantadas ou quando acontecer alguma situação de emergência. Já no item 6.6.1, alínea h, esta mesma NR define uma importante responsabilidade do empregador, que é registrar o fornecimento dos EPIs em livros, fichas ou sistema eletrônico. O documento/sistema utilizado para efetuar este registro é genericamente conhecido como Ficha de Entrega de EPIs. É ele que comprova que a empresa está fornecendo os EPI s com Certificado de Aprovação, na freqüência e datas necessárias e adequados às atividades desempenhadas pelos seus empregados. Além do fornecimento, a empresa deve treinar seus funcionários quanto ao correto uso, higienização e guarda dos EPIs, e ainda tornar obrigatório seu uso nas áreas demarcadas como insalubres (esta última obrigação pode ser reforçada pelas O.S.). 1.4 PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO O PPP é um documento que já estava regulamentado desde a Instrução Normativa do INSS nº 84 de 17 de Dezembro de 2002, a qual instituiu a obrigatoriedade do preenchimento do PPP por todas as empresas que possuam trabalhadores regidos pela CLT. Sua exigência

16 encontra-se prevista no Regulamento da Previdência Social (Decreto nº 3048/99) e na Lei nº 8.213 (1991, art. 58, parágrafo 4) a qual define que A empresa deverá elaborar e manter atualizado perfil profissiográfico abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica desse documento. O Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP) é um documento histórico-laboral do trabalhador que contém informações detalhadas sobre as suas atividades, exposição a agentes nocivos à saúde, resultados de exames médicos e informações de caráter administrativo. Toda empresa que apresenta trabalhadores expostos a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física deverá preencher o PPP e disponibilizar uma cópia autêntica ao empregado quando este se desligar da empresa. É muito importante que o empregador realize a entrega do PPP ao empregado mediante recibo para comprovação desta entrega. O PPP utiliza o PPRA, o PCMSO e o LTCAT (entre outros) para seu preenchimento, sendo que a prestação de informações falsas no PPP constitui crime de falsidade ideológica, nos termos do art. 297 do Código Penal. O Perfil Profissiográfico Previdenciário é apresentado pelo INSS sob forma de formulário, que se se encontra no Anexo XV da Instrução Normativa INSS/PRES nº 45/2010, conforme pode ser visto no ANEXO D. É um dos poucos documentos que devem seguir um modelo pré-elaborado. Para o empregador é importantíssimo elaborar e manter atualizado o PPP abrangendo as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e de fornecer a este, quando da rescisão do contrato de trabalho, cópia autêntica deste documento. Segundo o art. 283, do Decreto 3.048/ 91, se a empresa deixar de fazê-lo estará cometendo infração sujeita a multa. O PPP serve como meio de prova para a empresa, que terá as informações dos seus vários setores de forma individualizada, podendo evitar ações judiciais indevidas. Para o empregado o PPP é importante para comprovar perante o INSS, se tem direito ou não a aposentadoria especial. Também é um documento que o empregado pode utilizar como prova produzida pelo próprio empregador, que garante a ele seus direitos perante o sindicato e Previdência Social. A relação dos agentes nocivos que determinam em qual tipo de aposentadoria especial o segurado se enquadra (15, 20 ou 25 anos) consta no Anexo IV do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3048/99.

17 1.5 PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS PPRA - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - é um programa descrito em um documento-base e estabelecido pela Norma Regulamentadora 9 (NR 09) da portaria 3.214/78, mas sua redação foi publicada com a Portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994, da Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalho, do Ministério do Trabalho. A NR 09 estabelece que todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados são obrigados a elaborar e a implementar o PPRA, independentemente do número de empregados ou do grau de risco da atividade. O termo obrigatoriedade pode soar de forma pesada, mas percebe-se ainda no item 9.1.1 da NR 09 que é um programa essencial, já que visa à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, sem desconsiderar a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. Para atingir esta meta, o PPRA promove a antecipação, reconhecimento, avaliação e posterior controle dos riscos que existem ou poderão vir a existir no ambiente de trabalho. O item 9.1.3 da NR 9 diz que o PPRA deverá se articular com o PCMSO e demais programas da empresa, para que, de forma conjunta, estes programas preservem a saúde e a integridade dos trabalhadores. Os riscos que norma cita como alvos do PPRA são aqueles provocados por agentes físicos, químicos e biológicos. Mas como no seu item 9.1.4 a NR cita que apresenta apenas os parâmetros e diretrizes mínimas a serem observadas na execução do Programa, grande parte dos profissionais de segurança está considerando também os riscos ergonômicos e de acidentes, tendo em vista que são tão danosos aos trabalhadores quanto os riscos ambientais. 1.6 LAUDO TÉCNICO DAS CONDIÇÕES DO AMBIENTE DE TRABALHO O LTCAT é um documento que não é exigido pelo Ministério do Trabalho, mas sua apresentação é obrigatória quando exigido pelo INSS, como pode ser visto nos parágrafos 1, 2 e 3 do Artigo nº 58 da Lei nº 8.213 de 24/07/1991 alterada pela Lei 9.732 de 11/02/1998. É este 1º parágrafo que obriga que a expedição deste laudo seja realizada por um Engenheiro de Segurança do Trabalho ou Médico do Trabalho. Antes que seja feita a definição do que é o LTCAT, é importante salientar as diferenças entre ele e o PPRA: O PPRA promove a antecipação, reconhecimento, avaliação dos riscos que existem ou poderão vir a existir no ambiente de trabalho, avaliando os meios de propagação e níveis de

ação. Também busca eliminar ou reduzir esses riscos e ainda servir como base para o PCMSO. O PPRA precisa ser revisto e atualizado anualmente e é obrigação exigida pelo Ministério do Trabalho. O LTCAT é um documento elaborado para que sejam atendidas às exigências previstas nas Ordens de Serviço, Decretos e Instruções Normativas do INSS e do Ministério da Previdência Social. É um laudo técnico que documenta os agentes nocivos existentes no ambiente de trabalho e avalia se os mesmos podem gerar insalubridade, periculosidade ou aposentadoria especial aos trabalhadores expostos. É revisto uma vez ao ano (conforme parágrafo 3 do Artigo 254 da IN 45) e atualizado sempre que o ambiente de trabalho sofrer alguma alteração. Alguns objetivos que são buscados com a elaboração deste documento são: Avaliar as atividades desenvolvidas pelos empregados no exercício de todas as suas funções, analisando os ambientes de trabalho. Desta forma, pode-se determinar se os funcionários estiveram expostos a agentes nocivos, que ofereçam riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos ou de acidentes, bem como, qual a intensidade e a concentração de cada um deles, conforme item 9.3.3 da NR 09. Caracterizar se o trabalhador tem direito a adicional de insalubridade ou de periculosidade conforme estabelecido pela legislação vigente. Analisar as avaliações quantitativas e qualitativas dos riscos, por posto de trabalho, função ou por grupo homogêneo de risco, caracterizando perante o INSS se uma determinada atividade pode ser considerada especial. Uma atividade é considerada especial quando é realizada permanentemente, não ocasional nem intermitente, durante quinze, vinte ou vinte e cinco anos em atividade com efetiva exposição a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física. Neste caso, existe a possibilidade de o trabalhador receber aposentadoria especial e para períodos anteriores ao ano de 2004 o LTCAT é documento que deve ser apresentado juntamente com o requerimento. Conforme descrito no artigo 254 da IN 45, para que se tenha direito a aposentadoria especial deve-se fazer a comprovação das condições de trabalho através de Demonstrações Ambientais: Art. 254. As condições de trabalho, que dão ou não direito à aposentadoria especial, deverão ser comprovadas pelas demonstrações ambientais e documentos a estas relacionados, que fazem parte das obrigações acessórias dispostas na legislação previdenciária e trabalhista. 18

19 1º As demonstrações ambientais e os documentos a estas relacionados de que trata o caput, constituem-se, entre outros, nos seguintes documentos: I - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA; II - Programa de Gerenciamento de Riscos - PGR; III - Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção - PCMAT; IV - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO; V - Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho - LTCAT; e VI - Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP. 2º Os documentos referidos nos incisos I, II, III e IV do 1º deste artigo poderão ser aceitos pelo INSS desde que contenham os elementos informativos básicos constitutivos do LTCAT. 3º Os documentos referidos no 1º deste artigo serão atualizados pelo menos uma vez ao ano, quando da avaliação global, ou sempre que ocorrer qualquer alteração no ambiente de trabalho ou em sua organização, por força dos itens 9.2.1.1 da NR-09, 18.3.1.1 da NR-18 e da alínea g do item 22.3.7.1 e do item 22.3.7.1.3, todas do MTE. 4º Os documentos de que trata o 1º deste artigo emitidos em data anterior ou posterior ao exercício da atividade do segurado, poderão ser aceitos para garantir direito relativo ao enquadramento de tempo especial, após avaliação por parte do INSS. Desta forma, quando for apresentado o PPP para comprovar realização de atividade especial, os programas PPRA, PGR, PCMAT e PCMSO poderão substituir o LTCAT, caso tenham sido elaborados por Médico do Trabalho ou Engenheiro de Segurança do Trabalho e apresentem demonstrações ambientais. Por este motivo, alguns profissionais de SST defendem a idéia de elaborar um PPRA com demonstrações ambientais ao invés de elaborar o LTCAT. Mas deve-se observar que o que está disposto nas Leis Federais nº 8.213 e 9.732, parágrafos 1, 2 e 3 do Artigo nº 58 não foi revogado. Portanto, mesmo sendo dispensável para elaboração do PPP, o LTCAT deve continuar sendo feito, atualizado e disponibilizado aos fiscais INSS quando solicitado. Caso contrário, a empresa fica sujeita às penalidades estabelecidas no Artigo 133 da Lei nº 8.213. Então, apesar das discussões em tono do assunto envolvendo a desobrigatoridade de elaboração do LTCAT, sugere-se que tanto o PPRA e o LTCAT continuem sendo elaborados conforme as descrições apresentadas neste trabalho. Em outras palavras, para que não existam dois documentos apresentando as mesmas demonstrações ambientais (PPRA e LTCAT), sugere-se que o LTCAT continue sendo elaborado e que seja ele o documento a apresentar as demonstrações ambientais, de forma a complementar o PPRA.

20 2 METODOLOGIA Neste capítulo foram descritos os métodos utilizados para obtenção dos dados utilizados na elaboração do trabalho. 2.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA Esta pesquisa pode ser classificada como estudo de caso, tendo em vista que foram realizadas visitas ao setor de Segurança do Trabalho da empresa em questão. Quanto aos procedimentos, pode ser enquadrada como pesquisa de campo, com observação e coleta de dados no local estudado e de fonte de papel, pois evolve pesquisa bibliográfica e documental. Do ponto de vista da forma de abordagem a pesquisa fica classificada como qualitativa, pois as informações coletadas no local de estudo não foram classificadas quantitativamente, mas sim como eficientes/ineficientes, consistentes/inconsistentes, completas/incompletas, etc. 2.2 PLANEJAMENTO DA PESQUISA Depois de um estudo teórico das Normas Regulamentadoras, Leis e Instruções Normativas, que veio complementar o conhecimento adquirido no decorrer do curso de pósgraduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, partiu-se para a leitura de alguns artigos, textos e outras publicações voltadas ao tema da pesquisa, as quais permitiram conhecer a opinião de alguns profissionais e estudantes de SST. 2.2.1 Procedimento de coleta e interpretação dos dados Conforme comentado anteriormente, após a definição do tema, foi realizada uma revisão bibliográfica para uma melhor compreensão da literatura que serviu de base para a pesquisa. O primeiro passo da pesquisa foi a leitura da Instrução Normativa nº 45 e das Normas Regulamentadoras relacionadas diretamente com os documentos que seriam analisados em campo: Ordem de Serviço, Ficha de Entrega de EPIS, PPP, PPRA e LTCAT. Esta pesquisa permitiu um entendimento maior acerca dos documentos que seriam analisados, principalmente no que se refere aos itens obrigatórios destes documentos.

21 Cruzando as informações das NRs, Leis e INs com as opiniões e dicas dos prevencionistas, pôde-se identificar pontos que não são contemplados pela legislação, mas que na prática podem servir para inocentar o empregador ou o Engenheiro de Segurança do Trabalho de uma falsa acusação. Estes pontos tornaram-se os itens com maior destaque neste trabalho. 2.2.2 Estudo de Caso O estudo de caso consistiu na realização de visitas ao setor de Segurança do Trabalho da empresa para coletar dados com os Técnicos, com o Engenheiro de Segurança e realizar a análise de alguns documentos. A fim de não expor a empresa, mas mesmo assim dar um entendimento em relação ao local de estudo, pode dizer que através do Quadro I da NR 4 (Classificação Nacional de Atividades Econômicas), ela está classificada como sendo uma indústria metal mecânica com Grau de Risco igual a três. O número de funcionários está entre 2001 e 3500.

22 3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS Neste capítulo foi realizada a análise das informações coletadas e a interpretação dos dados. Para cada documento estudado, foram dadas sugestões para sua elaboração, foram feitos comentários sobre as falhas mais comumente cometidas e realizada uma análise da situação encontrada na empresa estudada. 3.1 SUGESTÃO PARA ELABORAÇÃO DE ORDENS DE SERVIÇO Como pôde ser visto, a NR 1 não oferece um modelo de elaboração para as Ordens de Serviço, mas apresenta itens de cumprimento obrigatório por parte do empregador, que devem ser atendidos para que se tenha um documento completo. Após uma breve análise da norma, nota-se que a maior parte das obrigatoriedades da NR 1 pode ser atendida com a elaboração de Ordens de Serviço. Uma sugestão para que este resultado seja alcançado é seguir os itens descritos à seguir. a) Nome do funcionário: identifica o funcionário, mostrando que para a elaboração do documento foram observados os aspectos particulares do ambiente de trabalho daquela pessoa e não apenas características gerais da empresa, comuns a todos aqueles que têm uma mesma função. Um exemplo da desvantagem do uso de O.S geral: uma Ordem de Serviço geral do setor de solda cita um risco ergonômico de carregamento de peso em excesso, mas um dos soldadores trabalha apenas com peças leves e não está sujeito a este risco. Se desenvolver futuramente uma enfermidade de causa não laboral e alegar que o problema originou-se do carregamento de peso em excesso, a empresa poderá ser processada e a O.S. geral terá dado embasamento para esta falsa alegação, pois está dizendo que todos os soldadores estavam sujeitos àquele risco. b) Setor(es): especifica o local da empresa onde a função será desempenhada e delimita que tudo o que for apresentado na O.S. aplica-se àquele setor. Em caso de futuras perícias, fica indicado o local onde deverão ser realizadas; c) Função desempenhada: localiza o funcionário dentro da estrutura organizacional da empresa. Deixando implícitas as principais atividades que serão desempenhadas. Este campo diferencia dois funcionários que trabalham em um

23 mesmo setor, por exemplo, no setor de solda um pode ser soldador enquanto o outro é supervisor (estão sujeitos a diferentes intensidades de riscos) d) Atividades desenvolvidas: todas as atividades que serão desempenhadas deverão ser descritas da maneira mais precisa possível. É importante que o empregador assim o faça, pois se futuramente o funcionário alegar que após contratado teve que trabalhar em atividade que não foi informado no momento da contratação e isso lhe trouxe algum dano a sua saúde, o empregador terá um documento para comprovar as reais atividades desenvolvidas por este funcionário (documento assinado pelo funcionário); É interessante que as atividades eventuais sejam citadas como tal, pois uma determinada atividade pode passar a ser insalubre quando deixar de ser eventual. Exemplo: um funcionário é exposto uma hora por semana (eventualmente) à radiação não-ionizante, fato que não dá direito a adicional de insalubridade. Digamos que na O.S. a exposição é citada, mas não está caracterizada como eventual. Caso futuramente este funcionário venha requerer insalubridade, poderá se utilizar desta falha da O.S. para tentar caracterizar uma exposição habitual que não existiu e obrigar a empresa a pagar os adicionais referentes ao tempo trabalhado. e) Riscos identificados: descrever neste campo cada um dos riscos originados nos locais de trabalho e classificá-los dentro dos grupos de riscos físicos, químicos, biológicos, de acidentes e ergonômicos. Assim é atendido o item 1.7, alínea C, inciso I da NR 1 (ver itens 1.7 e 1.8 da NR 1, transcritos a seguir). 1.7 Cabe ao empregador: (Alteração dada pela Portaria n.º 06, de 09/03/83) a) cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho; b) elaborar ordens de serviço sobre segurança e saúde no trabalho, dando ciência aos empregados por comunicados, cartazes ou meios eletrônicos; (Alteração dada pela Portaria n.º 84, de 04/03/09) Obs.: Com a alteração dada pela Portaria n.º 84, de 04/03/09, todos os incisos (I, II, III, IV, V e VI) desta alínea foram revogados. c) informar aos trabalhadores: (Alteração dada pela Portaria n.º 03, de 07/02/88) I. os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de trabalho; II. os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pela empresa; III. os resultados dos exames médicos e de exames complementares de diagnóstico aos quais os próprios trabalhadores forem submetidos; IV. os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho. d) permitir que representantes dos trabalhadores acompanhem a fiscalização dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho; (Alteração dada pela Portaria n.º 03, de 07/02/88) e) determinar procedimentos que devem ser adotados em caso de acidente ou doença relacionada ao trabalho. (Inserção dada pela Portaria n.º 84, de 04/03/09)

24 1.8 Cabe ao empregado: (Alteração dada pela Portaria n.º 06, de 09/03/83) a) cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e saúde do trabalho, inclusive as ordens de serviço expedidas pelo empregador; (Alteração dada pela Portaria n.º 84, de 04/03/09) b) usar o EPI fornecido pelo empregador; c) submeter-se aos exames médicos previstos nas Normas Regulamentadoras - NR; d) colaborar com a empresa na aplicação das Normas Regulamentadoras - NR; 1.8.1 Constitui ato faltoso a recusa injustificada do empregado ao cumprimento do disposto no item anterior. (Alteração dada pela Portaria n.º 06, de 09/03/83). (NR 01, 2012) Se não aparecerem na O.S, os riscos originados no local de trabalho deverão ao menos ser informados por outros meios, como em mapas de riscos, placas, etc. O objetivo aqui é evitar aqueles acidentes provocados pelo excesso de confiança ou por desconhecimento dos perigos. f) Possíveis danos à saúde: citar quais danos à saúde cada um dos riscos citados anteriormente pode causar. Apesar de ser uma forma efetiva de conscientizar os empregados quanto a importância dos EPIs, algumas empresas não cumprem esta obrigação pois temem o efeito placebo causado em alguns funcionários: é o caso onde o funcionário passa a sentir efeitos que têm causas psicológicas, pelo simples fato de conhecer os riscos a que está exposto. Outro ponto negativo enxergado por alguns empresários é a associação de atividades desempenhadas com problemas adquiridos fora do ambiente de trabalho. Por exemplo, a pessoa que come comida muito gordurosa no café da manhã, sente dor no estômago e alega ser devido ao ruído (dentro dos limites de tolerância), pois leu na O.S. que excesso de ruído pode causar desconforto estomacal. g) Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) utilizados pela empresa: para dar ciência aos empregados das medidas que a empresa adota para manter os riscos sob controle. h) Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) de uso obrigatório: é interessante citar em quais atividades cada um dos EPIs é obrigatório. Este parágrafo e o anterior atendem o item 1.7, alínea C, inciso II da NR 1. Exemplo: Utilizar óculos de segurança durante toda a jornada e utilizar máscara de solda durante a operação de solda. Certamente o empregador não conseguirá atender a todas as suas obrigações simplesmente elaborando Ordens de Serviço, mas se elas apresentarem as recomendações anteriormente sugeridas de a) ao h), boa parte do item 1.7 da NR 1 (transcrito anteriormente)

25 estará sendo atendido. Obviamente, os itens restantes deverão ser contemplados de outras formas, dentre as quais podemos citar o PCMSO e LTCAT e PPRA. Para tornar a Ordem de Serviço um documento mais completo, ela pode conter ainda: i) Instruções de Segurança: desdobradas em Obrigações e Deveres dos funcionários. É uma forma de melhorar as condições de segurança, pois pode-se informar comportamentos seguros que evitam acidentes e o que deve ser feito caso eles ocorram. Atende a alínea e) do item 1.7 da NR 1. j) Fundamentação legal: para ajudar na conscientização dos empregados sobre a importância das O.S, pode-se simplesmente transcrever as obrigações do empregador e dos empregados, ou seja, os itens 1.7 e 1.8 da NR 1. k) Termo de Responsabilidade: onde o funcionário declara que recebeu as instruções de saúde e higiene do trabalho dispostas na O.S. juntamente com uma cópia da mesma. Afirma ainda que recebeu os EPIs e os treinamentos necessários a sua correta utilização, guarda, conservação e ainda se compromete a desempenhar suas atividades de acordo com as Instruções de Segurança. Encerra-se a O.S. com o local, data e assinatura de próprio punho de um representante da empresa, do SESMT e do funcionário. Esta é a prova legal de que todas as partes estão cientes de tudo o que está contido no documento. Serve como um histórico para que a empresa possa recorrer contra ações onde empregados requerem insalubridade ou periculosidade indevidas, pois a assinatura do funcionário na O.S deixa claro que ele conhece as atividades para as quais foi contratado. Caso a O.S. não seja assinada pelo empregado, este poderá mover ação trabalhista e alegar que não tomou conhecimento do que está disposto na Ordem de Serviço, a empresa terá a difícil tarefa de provar o contrário, pois não terá provas. 3.1.1 Falhas comuns em Ordens de Serviço Conforme visto no item 1.7, da NR 1, as Ordens de serviço devem informar os riscos do local de trabalho, possíveis danos e formas de prevenção, divulgar as obrigações e proibições dos trabalhadores, divulgar os procedimentos a serem adotados no caso de algum acidente ou doenças do trabalho e as medidas de proteção disponíveis. Portanto, a maior falha do documento é deixar de cumprir algum desses objetivos.

26 Uma forma de cometer tal falha é recorrendo aos modelos prontos e O.S. compradas, que são baseados em realidades diferentes daquela da empresa. Cada empresa possui particularidades relacionadas aos riscos existentes, métodos de trabalho, forma de divulgar informações, etc. A utilização de um modelo pronto de O.S. pode não cumprir seu papel informativo. Ao comprar uma O.S. o empregador poderá não reconhecer que ela foi elaborada originalmente para outra função e foi simplesmente adaptada para que pudesse ser vendida por profissionais. A mesma falha é cometida quando se procura elaborar um documento com linguagem excessivamente técnica e muito extenso, esquecendo-se de apresentar os procedimentos de trabalho de uma forma interessante aos trabalhadores. Deve-se procurar criar um documento com linguagem, formato e tamanho tal que qualquer pessoa possa assimilar, pois desta forma será facilmente lido e seguido. E por último, de nada adianta uma O.S. bem elaborada se ela não for amplamente divulgada. É um erro manter a O.S. exclusivamente na rede de computadores ou dentro de arquivos se somente algumas pessoas tiverem acesso a esses meios. 3.1.2 Ordens de Serviço na empresa estudada A empresa em estudo utiliza-se de Ordens de Serviços gerais. Existe um documento específico para cada setor e ficam disponíveis a todos os funcionários por meio eletrônico. Todos são treinados em relação a essas Ordens e têm acesso a elas em terminais de computador, localizados próximos aos postos de trabalho e que ficam disponíveis durante toda a jornada de trabalho. Seu conhecimento acerca das O.S. é avaliado periodicamente por meio de auditorias. Para o setor de solda a O.S. chama-se Instrução de Saúde e Segurança Ocupacional Geral Solda e apresenta: Equipamentos de Proteção Individual de uso geral na solda; Cuidados e orientações gerais para evitar situações inseguras; Equipamentos de Proteção Coletiva adotados pela empresa; Cuidados durante a movimentação e armazenamento de materiais; Observações importantes, como procedimentos em caso de acidentes e treinamentos exigidos para atividades de maior risco. Um esboço da ISS Geral Solda utilizada na empresa pode ser visto no ANEXO A.

27 Os procedimentos que devem ser adotados em caso de acidente ou doença relacionada ao trabalho aparecem na ISS e ainda em outros documentos, chamados de Instruções de Emergência, também disponíveis em meio eletrônico. Estas Instruções de Emergência são apresentadas na forma de fluxogramas, contendo as situações que podem ser encontradas e delegando responsabilidades, além de outras informações pertinentes. Na empresa estudada, existem as seguintes instruções de emergência: Geral; Incêndios e explosões; Derramamentos e vazamentos; Vazamentos de gás; Derramamentos externos; Incidentes em SSO; Espaços confinados; Trabalho em altura; Periodicamente, sem aviso prévio, são realizadas simulações de evacuação da fábrica, seguindo os procedimentos descritos na Instrução de Emergência Geral, a qual pode ser vista no ANEXO B. Quanto aos riscos profissionais que podem ser originados nos locais de trabalho e que devem ser informados aos trabalhadores, são disponibilizados na Intranet da empresa mapas de riscos elaborados para cada um dos setores, esses mapas podem ser impressos e fixados em murais ou quadros. O mapa de risco do setor de solda pode ser visto no ANEXO C. Para cada atividade de alto risco também está sendo elaborada uma PET Permissão de Entrada e Trabalho, como por exemplo: Espaço confinado; Áreas com risco de explosão; Trabalho em altura; Trabalho com eletricidade; Etc. O modelo de PET consta no anexo II da NR 33. Outra iniciativa que está sendo tomada para informar aos funcionários os riscos a que estão sendo expostos refere-se a um estudo para disponibilizar acesso a um resumo do LPAR

Levantamento dos Perigos e Análise dos Riscos, documento que foi utilizado na elaboração das ISS. 28 3.1.3 Ordens de Serviço: sugestões para a empresa estudada Sugere-se que na empresa onde o estudo foi realizado, sejam elaboradas Ordens de Serviço específicas para cada posto de trabalho ou função, tendo em vista que instruções gerais podem não contemplar algumas particularidades. Como não são assinadas, pode ocorrer de que algum funcionário alegue desconhecimento e a empresa não terá como provar que as OS foram divulgadas a todos. Sugere-se que estas O.S. contenham no mínimo os pontos sugeridos no item 3.1 deste trabalho. Para facilitar a atualização das O.S., poderia ser implementado um software de gestão de SST, que apresente a opção de alterar todas as O.S. dos grupos homogêneos de risco de uma só vez. Outra sugestão é a substituição das O.S. por Procedimentos Operacionais Padrão. 3.2 SUGESTÃO PARA ELABORAÇÃO DE FICHAS DE ENTREGA DE EPIS A ficha de entrega de EPIs representa grande importância para a empresa, pois é uma garantia de que o empregador está atendendo o cronograma de seu PPRA, está seguindo as NRs, em especial a NR 6 (Equipamento de Proteção Individual) e serve como documento comprobatório em caso de reclamatória trabalhista movida contra a empresa, caso o empregado alegar alguma irregularidade no tocante a EPIs. Não existe um procedimento ou formulário padrão a ser preenchido. Cada empresa pode elaborar sua própria Ficha de Entrega de EPIs e, para que esta cumpra suas finalidades, é muito importante que o documento contenha no mínimo os itens sugeridos a seguir: a) Dados do empregado: sugere-se preencher aqui o nome, registro, setor e cargo do empregado; b) Declaração de recebimento de EPI, responsabilidade de uso e guarda: declaração onde o empregado afirma que recebeu o EPI de acordo com a NR 6 e foi instruído quanto ao seu correto uso, guarda e higienização, responsabilizando-se por comunicar o empregador em caso de extravio o perda da funcionalidade do EPI. Também afirma que o empregado sabe que o uso do EPI é obrigatório, conforme estabelecido pelo Artigo 158 da CLT e pela NR 6;

29 c) Dados dos EPIs entregues: pode ser preenchido em forma de tabela, deixando uma linha para cada EPI e onde cada coluna pode apresentar dados como: data de entrega, descrição do EPI, marca, número do CA, quantidade entregue e local para assinatura do funcionário ao lado de cada um dos EPIs listados. Com estes itens na ficha de entrega a empresa se previne contra reclamatórias, por exemplo, de empregados que alegam que receberam apenas um dos EPIs necessários, em quantidade insuficiente, em data posterior ao começo do trabalho, sem CA, etc. Por este motivo é tão importante a assinatura ao lado de cada um dos EPIs entregues e não somente no encerramento da ficha. d) Número do CA dos equipamentos entregues: o Certificado de Aprovação, CA, do EPI dá a garantia ao empregado e ao empregador que o EPI foi testado e aprovado pelo órgão competente do MTe. Equipamentos sem CA registrado não oferecem garantia alguma que atenderão a finalidade a que se destinam e não devem ser considerados EPIs. e) Assinatura do empregado: é a confirmação do recebimento dos EPIs pelo empregado, servindo como prova em juízo de que a empresa cumpriu suas obrigações. Sugere-se que para cada retirada/devolução de EPI seja recolhida uma assinatura e ao encerrar aquela ficha, outra assinatura; Vale lembrar que além de fornecer os EPIs, os empregados devem ser treinados quanto as formas corretas de utilização, higienização e guarda, pois um EPI mal utilizado pode não cumprir a atenuação necessária. Esse treinamento é exigência da NR 6 e prérequisito para que o item b) possa receber a assinatura conforme sugerido. Os dados do empregado e a declaração de recebimento de EPI, responsabilidade de uso e guarda podem ser apresentadas na frente da Ficha de Entrega, enquanto restante dos dados pode constar no verso da mesma, conforme modelo sugerido no ANEXO E, exemplo de Ficha de Entrega de EPIs, retirado da empresa SAOC Saúde Ocupacional. 3.2.1 Falhas comuns em Fichas de Entrega de EPIs A falha mais comum geralmente ocorre em pequenas empresas: é o fornecimento de EPIs sem que seja passado um treinamento alertando sobre os riscos existentes no ambiente de trabalho, a importância do uso dos EPIs e a forma correta de utilização, higienização e guarda dos mesmos. Deve ser possível comprovar para os fiscais do trabalho que o treinamento foi passado, por este motivo sugere-se que seja elaborada uma ficha com a

30 descrição do treinamento, data que foi ministrado, objetivos, justificativa, metodologia utilizada, tempo de duração, nome e titulação do instrutor, nomes dos participantes (escritos de próprio punho) e se possível, uma fotografia do grupo. Desta forma, o Engenheiro de Segurança terá provas para contestar qualquer alegação de falta de treinamento. Outra falha que pode custar muito à empresa é deixar de recolher a assinatura do funcionário que foi treinado ou que recebeu os EPIs, pois em caso de ação trabalhista, a empresa não terá documento que comprove que ela atendeu a legislação. Quando as assinaturas não são recolhidas, geralmente é porque se procura desburocratizar e agilizar o processo de entrega dos EPIs, mas este ganho de tempo pode significar uma ação trabalhista que a empresa perderá. A assinatura de um termo dizendo que o funcionário se compromete a seguir suas obrigações conforme NR 6, é uma forma de contestar futuras alegações dizendo que a empresa fornecia EPIs mas não exigia a sua utilização, por exemplo. 3.2.2 Fichas de Entrega de EPIs na empresa estudada Na empresa onde o estudo foi realizado, o treinamento da NR 6 é passado aos novos funcionários durante a admissão, antes que iniciem suas atividades. Neste treinamento os novos funcionários ficam conhecendo os Equipamentos de Proteção Coletiva com os quais terão contato, são informados da importância da utilização dos Equipamentos de Proteção Individual, forma correta de utilização, higienização e conservação dos mesmos. Assinam documento confirmando o recebimento dos treinamentos e se comprometendo a seguir o que está disposto na NR 06. A Ficha de Entrega de EPIs em formato de planilha foi substituída por um sistema informatizado, o qual só tem valor legal por ter sido homologado pelo Ministério do Trabalho e por ter seu uso aprovado pelo Sindicato dos Metalúrgicos. Neste sistema a assinatura de próprio punho é substituída pelo código de barras existente no crachá, que é pessoal e intransferível. Os EPIs requisitados são entregues na célula de trabalho. Um exemplo da tela inicial do sistema informatizado pode ser visto na Figura 1.