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Transcrição:

A LOGÍSTICA DO SANGUE NA CIDADE DE JUNDIAÍ Luan Maciel MATHIAS Centro Estadual de educação Tecnológica Paula Souza Faculdade de Tecnologia de Jundiaí FATEC-JD, Jundiaí/SP/Brasil luan.mmathias@gmail.com Profº MS. Érico Francisco INNOCENTI (Orientador) Centro Estadual de educação Tecnológica Paula Souza Faculdade de Tecnologia de Jundiaí FATEC-JD, Jundiaí/SP/Brasil Prof.erico@fatecjd.edu.br Resumo Este trabalho tem como objetivo o estudo dos processos de coletas de Sangue humano, seu armazenamento, produção dos derivados do sangue, distribuição física realizada pela instituição aos Hospitais públicos de Jundiaí e também ao Hospital particular SOBAM, são abordadas as dificuldades encontradas pela instituição em transportar o material e a busca constante por mais doadores. Tomando como base bibliográfica, a norma vigente da Agência Nacional de Vigilância sanitária- ANVISA Resolução da Diretoria Colegiada- RDC n 57 de 12 de dezembro de 2010, a qual define a qualidade e a eficiência dos processos, e de todos os derivados do produto inicial. Palavras chaves: coletas, distribuição, dificuldades, normas, qualidade. Abstract This work aims to study the processes of human blood collections, storage, production of blood derivatives, physical distribution conducted by the institution to public Hospitals and also the Hospital Jundiaí Sobam particular, addresses the difficulties encountered by the institution to carry the material and the constant search for more donors. Based on current regulations of the Agência Nacional de Vigilância sanitária ANVISA Resolução da Diretoria Colegiada- RDC n 57 de 12 de dezembro de 2010,which defines the quality and efficiency of processes, and of all derivatives of the initial product. Keys words: collection, distribution, problems, standards, quality. Introdução A logística empregada dentro de um centro de coleta de sangue é fascinante e emprega uma tecnologia não imaginada pelos doadores e/ou pacientes recebedores dos derivados sanguíneos. Na maioria das vezes, sabe-se que apenas são realizados exames, mas envolve todo um processo informatizado e organizado em busca do atendimento de pacientes debilitados e que necessitam do sangue. O artigo mostra como é coletado o sangue, de uma visão de dentro da instituição de coleta, como também avalia a armazenagem e a distribuição aos postos de atendimento, e visualiza os aspectos burocráticos da área. Embasamento teórico Desde o começo dos tempos, acreditava-se que o sangue era o condutor das características físicas e psicológicas. As pessoas que eram boas de saúde eram possuidoras de um bom sangue, no entanto, pessoas que tinham algum tipo de deficiência física ou mental eram taxadas de sangues

ruins.o primeiro relato de transfusão sanguínea foi descrito pelo escritor italiano Stefano Infessura, no século xv no ano de 1492. O conto baseia na história do Papa Inocêncio VIII em fase terminal de vida, que recebe por indicação de seu médico a opção de transfundir o sangue de três crianças, para que se curasse de suas enfermidades, alegando que por o sangue ser de crianças não estaria contaminado com os estaria os pecados do ser humano. A cada um dos meninos foi prometido um ducado, pois eram de famílias muito pobres. O método de inserção sanguínea foi via oral, já que na época não existia os conceitos intravenosos, o resultado foi a morte dos três garotos e o Papa. Figura 1- Papa Inocêncio Fonte: Puro sangue No século XVI foi feito a primeira descrição de como funciona o bombeamento do sangue pelo coração para todo o corpo, pelo médico britânico William Harvey. As primeiras transfusões foram realizadas em animais e somente dois após, tem-se relato de transfusão em humanos, Jean Baptista Denis médico de Luis XIV, utilizou um tubo feito de prata e infundiu um copo de sangue de carneiro em uma doente mental chamada de Antoine Mauray de 34 anos. Antoine morreu após a terceira transfusão, logo em seguida a prática tornou-se proibida perante a Faculdade de Medicina de Paris, posteriormente em Roma e na Inglaterra. Em 1788, houve um grande impulso na técnica com a prática de transfusões entre seres da mesma espécie (homólogos) e poderia ser benéfica, concluiu Pontick e Landois. As primeiras transfusões de sangue em humanos são atribuídas a James Blundell, em 1818 que transfundiu sangue em mulheres com hemorragia sanguínea pós-parto. A partir desse ponto, o grande problema encontrado na transfusão é a coagulação sanguínea e suas reações adversas. Somente em 1869 desenvolveu-se a primeira anticoagulação atóxica à base de fosfato de sódio, ao mesmo tempo desenvolveram-se equipamentos e técnicas de cirurgias diretas, conhecidas como transfusão braço a braço.

Figura 2- Jean Baptista Denis Fonte: Puro sangue No ano de 1901, o imunologista austríaco Karl Landsteiner descobriu os principais tipos de células vermelhas (conhecidas hoje como Hemácias) A, B e O. Através desta descoberta, ficou possível determinar qual o tipo compatível e qual não causaria impactos de reação ao receptor. Essa técnica foi utilizada em larga escala na 1ª Grande Guerra Mundial. Em 1914, Hustin substitui o uso do fosfato de sódio pelo citrato de sódio e glicose diluente e anticoagulante. Após a guerra surge o primeiro banco de sangue localizado na cidade de Barcelona na Espanha no ano de 1936 durante o período de guerra civil espanhola. 40 anos após o surgimento do sistema ABO,descobre-se o fator RH, por pesquisas realizadas em macacos da raça RHESUS. Figura 3- Karl Landsteiner Fonte: Puro sangue Depois da segunda guerra e o crescimento da demanda surgiram os primeiros centros de coletas e bancos de sangue no Brasil. Hoje em dia, devido aos progressos da medicina, doar sangue é um ato seguro tanto para quem doa, tanto para quem recebe e que pode salva vidas

Norma RDC Nº 57 de 16 de dezembro de 2010. Toma-se como objeto de estudo a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) Nº 57 de 16 de dezembro de 2010, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária- ANVISA (principal órgão regulamentador), que determina o regulamento para instituições em todo o território nacional que desenvolvem as atividades relacionadas ao ciclo produtivo de sangue Humano, seus produtos derivados, métodos e procedimento para coleta, armazenagem e distribuição. Estabelece que os Procedimentos de Operação Padrão (POP) deverão conter as medidas de biossegurança, espaço físico, iluminação, parte elétrica, equipamento, procedimento técnicos e administrativos. Quanto ao doador determina que toda doação dever ser unicamente altruísta (voluntária) e sem qualquer tipo de remuneração direta ou indiretamente e suas informações pessoais deverão ser mantidas em mais alto sigilo e por até 20 anos. O sistema de informação deve ser de confiança e não poderá ser invadido facilmente para não haver perca ou divulgação indevida de dados, os exames de prevenção e apontamento de doenças e condições impossibilitantes a doação deverá conter todas as informações descritas nesta norma, como todas as reações adversas. Estudo de caso: Associação Beneficente de coleta de Sangue- COLSAN A Associação Beneficente de coleta de Sangue- COLSAN é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos que possui uma parceria com a Universidade Federal de São Paulo- UNIFESP. Foi fundada em 18 de junho de 2003 pelo então prefeito Miguel Haddad. Localizada na Rua 15 de novembro nº 1848 na vila municipal em Jundiaí, é o único hemocentro público da região e é responsável pelo abastecimento dos dois hospitais públicos de Jundiaí (hospital São Vicente e Hospital Universitário) e também pelo hospital particular Sobam, e as cidades ao redor como Várzea Paulista, Campo Limpo Paulista entre outras. Realiza atividades como seleção e cadastro de doadores, coleta de sangue, processamento, armazenagem e distribuição. Tem como missão: Cooperar para a solução do problema de falta de sangue nos hospitais públicos e filantrópicos promovendo para tanto a coleta, o processamento, a distribuição e a transfusão de sangue e seus derivados. E visão: Estimular a pesquisa científica na área da saúde bem como colaborar com a atividade de ensino da UNIFESP. Instituições atendidas pela distribuição do sangue (públicas e privadas): tipos de tratamentos. Atualmente a COLSAN atende somente a hospitais públicos de Jundiaí e região, com exceção do Hospital Sobam, na cidade de Jundiaí, onde a entidade possui convênio e administra um posto de atendimento. A demanda de cada posto é controlada pela própria COLSAN, onde foi elaborado um critério de estoque mínimo para cada posto de atendimento, localizado dentro dos Hospitais públicos como o Pronto Socorro e Hospital São Vicente de Paula, Hospital Universitário e particular como o Hospital Sobam. Cada posto de atendimento trabalha com o estoque mínimo de uma semana de produto armazenado, variando entre Plasma, Plaquetas e Hemácias. Caso seja necessário, o posto pode realizar uma solicitação formal via email, pedindo o envio de mais bolsas,

especificando o necessário e o estoque disponível. O envio ocorrerá sempre pela manhã, devido à necessidade de enviar as amostras ao laboratório da instituição à tarde, por que as doações na instituição somente ocorrem na parte da manhã, devido primeiramente a necessidade das pessoas normalmente terem uma refeição mais leve pela manhã e o tempo necessário de realizar as coletas, a separação e as amostras. Características dos doadores De acordo com a RDC nº57 de 16 de dezembro de 2010, o cidadão pode se tornar apto a ser um doador de Sangue, estando de acordo com as normas vigentes nessa resolução. Os candidatos a doação passam inicialmente por uma triagem de pessoas (trata-se de entrevista pessoal com o agente de saúde responsável, mais um auxiliar de enfermagem, onde ocorre uma coleta de dados através de um extenso questionário, sendo estas questões necessárias para que se atenda a uma série de pré-requisitos presentes na RCD nº57). Estes pré-requisitos são parte de um estudo elaborado pela ANVISA que define quais as melhores práticas para seleção e exclusão de possíveis doadores. Seus requisitos mínimos são: Ter documento de identidade com foto Ser maior de 18 anos e ter no máximo 65 anos Pesar mais de 50 kg Manter relações sexuais seguras Não ter doenças transmissíveis Ter boas condições de saúde No dia anterior à doação, é recomendado aos doadores que não realize refeições pesadas ou muito gordurosas. Homens podem doar a cada dois meses e até 4 vezes ao ano e mulheres podem doar a cada 3 meses e até 3 vezes ao ano. As questões abordadas no questionário são pessoais e não podem serem divulgadas. Ao término da entrevista, o candidato recebe um pequeno cupom com a opção de informar secretamente se seu Sangue é apto ou não para a doação, respondendo a SIM ou NÃO e depositando em uma urna ao lado da sala de entrevista. Caso o doador declare que seu sangue não é apto para a doação, imediatamente o material é inutilizado e descartado na etapa seguinte. Após a triagem ou entrevista pessoal com o paciente, é coletada uma amostra de sangue, juntamente com a doação do mesmo, cerca de 10 ml, e que é enviada ao laboratório central da instituição, que fica localizado em Indianápolis na cidade de São Paulo. Esta amostra contém um número de série igual ao da ficha de entrevista do candidato, que o identificará no processo seguinte de avaliação da amostra e conduzirá ao resultado de apto ou descartável de uso do produto à Associação Beneficiente de Coleta de Sangue- COLSAN. Este teste é de extrema importância tanto para se manter a qualidade do produto coletado, quanto para proteção do paciente, que é o principal objetivo do ciclo. O teste é muito sensível e pode detectar todas as doenças excludentes da doação e reagentes que o impossibilite o paciente de receber a doação. Doadores cadastrados que já doaram mais de duas vezes e mantém um bom histórico, são chamados para doar apenas Plaquetas, um caso especial de doação onde o utiliza-se um bolsa maior e destinada ao transplante de Plaquetas. O processo é similar ao de Hemodiálise, porém é chamado por Aférese e consiste em inserir duas agulhas nas veias do doador, uma fica responsável pela

retirada e a outra pela devolução ao corpo. O sangue retirado é filtrado por uma máquina semelhante à utilizada em pessoas com problemas renais, onde é extraído o Plasma com as Plaquetas até que se obtenha a quantidade necessária. Todo o processo de coleta dura em torno de 50 minutos. Depois o produto segue os processos comuns a todas as outras doações. Ciclo dos processos desde a chegada do doador até o recebimento do sangue pelo paciente nos hospitais atendidos pelo COLSAN, conforme Figura 1. Figura 4- Ciclo da doação de sangue. Fonte: Elaborado pelo autor. Origem e destino Depois da retirada da amostra, o doador é preparado para a doação em si. Insere-se uma agulha ligada a três bolsas de coleta, chamada de principal (1º bolsa e que receberá o sangue) e as duas restantes chamadas de Satélites e são ligadas entre si por tubos. As bolsas ficam em uma máquina em constante movimento de balanço (sobe e desce) até que se encha a bolsa com o sangue total. Após a coleta do sangue, o doador é encaminhado à sala de repouso, onde pode se alimentar e repousar durante alguns minutos. A saída do centro de coletas é estrategicamente ao lado, justamente para evitar o contato direto na saída com os outros doadores que estão aguardando para serem entrevistados e haver uma conversa ou uma troca de experiência entre eles. Antes de o sangue ser encaminhado a sala de processamento, é aberta a urna de voto secreto e verifica-se se o doador votou que seu sangue pode ser utilizado ou não é próprio para doação. Se a resposta é sim, o material é encaminhado para o processamento, caso não, é imediatamente descartado em um lixo específico para materiais biológicos. O material que é encaminhado a sala de processamento chega em caixas térmicas e são alocados nas mesas para serem pesados antes de entrar na centrifuga, todas as bolsas devem conter o mesmo peso, caso contrário poderão sofrer o efeito inverso do previsto. A centrifugação é um processo de separação do sangue em seus derivados, através de altas rotações produzidas por uma centrifuga. No processo anterior o sangue foi coletado em uma bolsa tripla, contendo a bolsa com o material coletado mais duas vazias. No processo atual as bolsas são pesadas para que tenham o mesmo peso. Logo após são alocadas dentro da centrifuga, e sofrem o processo de centrifugação em 2500 rotações por minuto durante 4 minutos. Feito isso, são retirados as bolsas com cuidado, pois houve a separação do sangue em duas partes: a primeira parte de Hemácias (parte vermelha do sangue e mais pesada) e a segunda parte em Plasma e Plaquetas (parte amarela e mais leve). A divisão é feita através de um aparelho chamado de Extrator de Plasma. A bolsa dividida em Hemácias e Plasma é colocada no aparelho que a prensa e faz com que o Plasma saia da bolsa. É necessário que reste aproximadamente 2

centímetros de Plasma para que as Hemácias não se condensem e tornem inutilizadas sejam descartadas. As bolsas de Hemácias estão prontas e serão enviadas ao refrigerador de quarentena, juntamente onde ficam todos os materiais que aguardam a liberação do laboratório, o Plasma precisa sofrer novamente o processo de centrifugação para que haja a separação do Plasma e Plaqueta. Para a separação do Plasma das Plaquetas é necessária uma centrifugação por 10 minutos a uma rotação de 3500 RPM. Logo após as bolsas são retiradas da centrifuga e sofrem novamente o processo extração, e deverá ser mantida uma quantidade mínima de 86 a 96 gramas de Plaquetas (cerca de 50 a 70 ml) para que o material torne apto para uso. Mantido essas características, as Plaquetas ficam em repouso por duas horas para que ocorra o processo chamado de Troca gasosa, depois disso as Plaquetas são enviadas a uma máquina chamada de Agitador de Plaquetas, onde ficaram por no máximo 5 dias a uma temperatura ambiente que não poderá ultrapassar os 23º, aguardando o pedido do hospital. O Plasma será encaminhado ao refrigerador e será congelado de 80 a 20 graus negativos. Os três produtos ficam em quarentena por 72 horas, aguardando a liberação dos exames feitos no laboratório da instituição, o prazo de validade de cada um dos produtos são: Hemácias têm validade por 35 dias. Plaquetas tem validade por 5 dias. Plasma tem validade por até 1 ano. Os dados são enviados via email em planilhas de Excel contendo todas as identificações de coletas e seus resultados, cabe a equipe de enfermagem identificar os produtos e verificar sua condição de uso ou descarte. Depois de verificado, o produto é identificado com o nome do doador, a data de coleta, validade, tipos de exames realizados, tipagem sanguínea, fator RH do doador e a instituição de coleta, como determina a RDC Nº57. Feito isso os produtos aguardaram a solicitação do hospital ou seguiram assim que o seu estoque estiver em baixa. A previsão de demanda de cada local é de 1 semana de produto estocado pronto para uso, e os hospitais estão autorizados a solicitarem sempre que estiverem operando com o estoque mínimo. Tipos de veículos utilizados e tipos de acondicionamento do material coletado. Os veículos utilizados pela instituição para o transporte dos produtos são veículos comuns, sem nenhuma peculariedade. Foram adquiridos para o transporte dos produtos e para o transporte de funcionários. A instituição possui dois carros um Volkswagen Kombi e um Fiat Doblô. O deslocamento do sangue e seus produtos derivados do posto de coleta até o posto de atendimento é realizado pelos veículos da instituição caracterizados com a identificação e logotipo da empresa, placas sinalizando o transporte de carga especial e o tipo de material biológico, colocadas a 45º(como determina as normas para o transporte de cargas especiais). A instituição não possui nenhuma isenção de rodízio, devido à enorme burocracia do setor público na cidade de São Paulo, em regulamentar os veículos. Em seu interior não temos nenhuma alteração quanto ao a sua estrutura original, todos os componentes são os originais de fábrica. A única exigência é que o veículo possua um bom espaço interno para o acondicionamento das caixas térmicas. Para o acondicionamento adequado dos produtos foi elaborado uma tabela, através de intensas pesquisas com materiais biológicos com características iguais ou parecidas, em parceria

com a UNIFESP para que no transporte não se perdesse as características e a qualidade. Através desse estudo, foram determinados os parâmetros necessários para a quantidade e qual o tempo disponível para o deslocamento seguro, sem que não haja perda. Neste documento consta qual o tipo de material refrigerador deverá ser utilizado para o derivado transportado. No caso de Hemácias, o transporte deverá ocorrer em no máximo 6 horas, com um quilo de gelox (trata-se de uma bolsa térmica com líquido em seu interior congelado), para 10 bolsas de Hemácias, mantendo uma temperatura de 2 a 6 graus célsius. Com Plaquetas, transporte deverá ocorrer à temperatura ambiente, não excedendo a temperatura de 23º célsius, isso é necessário, pois, as Plaquetas devem estar em constante agitação, caso contrário se condensarão e ficarão indisponíveis para o transplante. No caso de Plasma, seu transporte é mais delicado, pois precisa ser transportado em uma mínima temperatura de -3º Celsius e o material refrigerador deverão ser o gelo seco, seguindo o exemplo das Hemácias de 10 unidades de bolsas para um quilo de gelo seco e sendo transportado por no máximo 6 horas em condições descritas acima. Sabe-se que, o tempo limite para o acondicionamento, transporte e entrega em seu destino não pode exceder o tempo para cada derivado, caso exceda o tempo máximo o material terá que ser inutilizado e descartado em lixo apropriado para o descarte. Considerações finais A tecnologia empregada na operação de coleta, processamento e divisão do Sangue em seus derivados, até o momento da transfusão, do cuidado com a seleção de doadores e a estrutura física empregada no atendimento da demanda e doadores e o envolvimento da equipe de trabalho com o atendimento. Predominou-se a pesquisa de campo, visualização das operações e análise dos procedimentos empregados, acompanhamento com a equipe técnica de todas as operações e etapas do processo. Existem poucas bibliografias referentes ao tema abordado, relacionadas à doação, transporte ou transfusão sanguínea, e os níveis de doação são baixos para a demanda atual, que se torna crescente a cada dia e o numero de doadores são pequenos, gerando um desafio maior pela busca por novos candidatos a doadores. Referências bibliográficas Resolução da diretoria Colegiada- RDC nº57 de 16 de Dezembro de 2010- Agencia Nacional de Vigilância Sanitária Normas e procedimento internos da COLSAN JUNDIAÍ. Puro Sangue Grupo de Doadores de Sangue do Concelho de Alpiarcahttp://purosangue.wordpress.com/historia-da-transfusao-de-sangue/ visitado dia 18/02/2011 às 11:05 AM.