Coordenação Pedagógica OAB - Agosto de 2014. Prof. Darlan Barroso FUNDAMENTOS PARA RECURSOS - 1ª FASE DO XIV EXAME UNIFICADO OAB/FGV



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Transcrição:

Coordenação Pedagógica OAB - Agosto de 2014 Prof. Darlan Barroso FUNDAMENTOS PARA RECURSOS - 1ª FASE DO XIV EXAME UNIFICADO OAB/FGV Orientações de interposição do recurso O prazo para a interposição dos recursos será das 12h00 do dia 14/08 às 12h00 do dia 17/08 (horário de Brasília) O recurso deverá ser interposto por meio eletrônico, no site da FGV, com uso da senha de acesso pessoal. O recurso será interposto por questão objetiva, limitado a até 5.000 caracteres cada um. Ao elaborar o recurso o candidato não poderá criar nenhum dado de identificação, sob pena de ser liminarmente indeferido. Ao redigir os argumentos, mesmo utilizando os fundamentos disponibilizados pela Coordenação, redija o texto com suas palavras, evitando padronização ou modelos. No texto, tenha clareza e objetividade, requerendo ao final de cada item a anulação da questão com o deferimento da pontuação respectiva. Importante: no caso de anulação de questão da prova objetiva, a pontuação correspondente será atribuída a todos os examinandos indistintamente, inclusive aos que não tenham interposto recurso. Caso o candidato tenha acertado a questão e, consequentemente, já tenha ocorrido o cômputo da nota, não haverá a atribuição de nova pontuação em caso de anulação. A equipe de professores OAB do Complexo Damásio de Jesus analisou todas as questões da prova, bem como aquelas comentadas nas redes sociais como passíveis de recursos e, deliberou pela fundamentação e pedido de anulação das questões seguintes (tipo branco - 1): Ética e Estatuto da OAB questões n.º 1 Direito do Consumidor questão n.º 46 Direito Processual do Trabalho questão n.º 80 FUNDAMENTOS Para os fundamentos, observe o número da questão e a respectiva prova (utilizada prova TIPO BRANCA 1) faça a correspondência com a sua prova para os demais tipos.

ÉTICA E ESTATUTO DA OAB Professor Alysson Rachid Questão 1 Matheus é estagiário vinculado ao escritório Renato e Associados. No exercício da sua atividade, por ordem do advogado supervisor, o estagiário acompanha o cliente diretor da sociedade Tamoaí S/A. Por motivos alheios à vontade do estagiário, que se disse inocente de qualquer deslize, o diretor veio a se desentender com Matheus, e, por força desse evento, o escritório resolve renunciar ao mandato conferido pela pessoa jurídica. Nos termos do Estatuto da Advocacia, sobre o caso descrito, assinale a afirmativa correta. A) O advogado pode afastar-se do processo em que atua sem comunicação ao cliente. B) A renúncia deve ser notificada ao cliente pelos advogados mandatários. C) A renúncia aos poderes conferidos no mandato dependerá do cliente do escritório. D) A renúncia ao mandato, sem respeitar o prazo legal, implica abandono da causa. Fundamentos recursais A referida questão pretende que se assinale a afirmativa correta, no entanto, ao se verificar as alternativas, nota-se a possibilidade de duas delas serem consideradas corretas. O gabarito oficial identificou a alternativa "B" como correta, o que de fato está nos termos do artigo 6º do RGEAOAB: Questão "(...) B) A renúncia deve ser notificada ao cliente pelos advogados mandatários." Art. 6º O advogado deve notificar o cliente da renúncia ao mandato (art. 5º, 3º, do Estatuto), preferencialmente mediante carta com aviso de recepção, comunicando, após, o Juízo. Porém a alternativa "D" também está correta, conforme determina o Código de Ética e Disciplina, o Estatuto da Advocacia (Lei nº 8.906/94) e decisões do TED/SP: Questão "(...) CED EAOAB D) A renúncia ao mandato, sem respeitar o prazo legal, implica abandono da causa." Art. 13. A renúncia ao patrocínio implica omissão do motivo e a continuidade da responsabilidade profissional do advogado ou escritório de advocacia, durante o prazo estabelecido em lei; não exclui, todavia, a responsabilidade pelos danos causados dolosa ou culposamente aos clientes ou a terceiros. Art. 5º O advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo prova do mandato. (...)

3º O advogado que renunciar ao mandato continuará, durante os dez dias seguintes à notificação da renúncia, a representar o mandante, salvo se for substituído antes do término desse prazo. Art. 34. Constitui infração disciplinar: (...) XI - abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos dez dias da comunicação da renúncia; Nota-se que o Código de Ética e Disciplina prevê a continuidade da responsabilidade profissional do advogado ou escritório de advocacia, durante o prazo estabelecido em lei (dez dias, nos termos do Estatuto da Advocacia - Lei nº 8.906/94). Sob esse aspecto o Estatuto da Advocacia é claro ao estabelecer que a inobservância do prazo legal constitui infração disciplinar, por abandono da causa, nos termos do inciso XI de seu artigo 34. Também nesse sentido o Tribunal de Ética e Disciplina da OAB, acertadamente, já se manifestou a respeito, considerando que a inobservância do prazo legal implica no abandono de causa, validando, assim, a alternativa "D" da questão discutida: Abandono da causa antes do prazo de 10 (dez) dias da comunicação da renúncia. Procedência. Infração ao artigo 34, incisos XI do Estatuto da OAB, combinado com o artigo 13, do Código de Ética e Disciplina, com imposição da pena de censura. Conversão em advertência nos moldes do artigo 36, parágrafo único do Estatuto da OAB. Vistos, relatados e examinados estes autos do processo disciplinar de n o 09.557/38, acordam os membros da Sétima Turma do Tribunal de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil, Secção de São Paulo, por unanimidade, nos termos do voto do Relator, julgar procedente a representação, por infração ao inciso XI do artigo 34, do EAOAB, combinado com artigo 13 do CED, aplicando ao representado a pena de censura convertida em advertência, nos termos do artigo 36, incisos I e II, único do EAOAB. Sala das Sessões, 07 de dezembro de 2012. Rel. Dra. Priscila Cristina Silva da Silveira - Presidente Dr. Luiz Paulo Turco. DESÍDIA PROFISSIONAL - CONDUTA INCOMPATÍVEL COM CED - não se pode admitir que o advogado ora contratado, sem nenhum justo motivo comprovado, ou antes de decorridos 10 dias de comunicação da renúncia ao cliente, abandone a demanda patrocinada. Aplicação do artigo 34, XI do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, para constar sanção disciplinar descrita. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Processo Disciplinar n o 05R0006772010, acordam os membros da Décima Oitava Turma Disciplinar, por unanimidade, nos termos do voto do Relator, em acolher a representação e aplicar ao Representado a pena de censura, convertida em advertência, em ofício reservado, sem registro nos assentamentos do inscrito, por caracterizada a infração prevista no inciso XI, do artigo 34, do Estatuto, nos termos do artigo 36, inciso I, parágrafo único da Lei nº 8.906/94. Sala das sessões, 27 de

abril de 2012. Rel. "ad hoc" Dr. Dino Ari Fernandes - Presidente Dr. João Carlos Pannocchia. REVOGAÇÃO DE PODERES OUTORGADOS - OBRIGAÇÃO DE COMUNICAR A RENÚNCIA AO CONSTITUINTE DE MANEIRA FORMAL. JUNTAR O COMUNICADO NOS AUTOS, RESPEITANDO PRAZO DE REPRESENTAÇÃO POR DEZ DIAS SUBSEQUENTES. O descumprimento da formalidade prevista no artigo 5 o, 3 o, do EAOAB, deverá ser interpretado como infração ética profissional, uma vez que, eventualmente, poderá acarretar prejuízo à parte contratada. Representação Procedente. Infração ao inciso XI, do artigo 34, do EAOAB e violação aos artigos 12 e 13, do Código de Ética e Disciplina. Pena de censura, convertida em advertência, em ofício reservado, sem registro nos assentamentos do inscrito, com fulcro no artigo 36, inciso II, parágrafo único, da Lei n o 8.906/94. A pena foi fixada no mínimo legal em razão da ausência de punição disciplinar anterior. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Processo Disciplinar n o 20R0004422011, acordam os membros da Vigésima Turma Disciplinar do TED, por unanimidade, nos termos do voto da Relatora, em julgar procedente a representação e aplicar ao Representado a pena de censura, convertida em advertência, em ofício reservado, sem registro nos assentamentos do inscrito, por violação aos artigos 12 e 13, do Código de Ética e Disciplina e configurada a infração prevista no inciso XI, do artigo 34, do Estatuto da Advocacia e a OAB, Lei n o 8.906/94, nos termos do artigo 36, incisos I e II, parágrafo único, do mesmo diploma legal. Sala das Sessões, 9 de agosto de 2013. Rel. Dra. Silvia Vilela Mancilha - Presidente Dr. Fabio Guedes Garcia da Silveira. Por fim, deve-se observar que apesar da questão descrever suposta discussão do cliente com o estagiário, tal fato, por si só, não permite o abandono da causa. No entanto, ainda assim, caso a banca examinadora entenda de forma diversa, é pacífico o entendimento de que mesmo o abandono justificado da causa deverá ser sempre precedido da renúncia ao mandato, sempre aguardando o prazo legal de dez dias, nos termos do Estatuto da Advocacia, após a comunicação ao cliente, ressalvando a substituição em menor prazo do advogado por outro colega. Por tais razões, demonstrada a duplicidade de alternativas corretas, a questão merece ser anulada. DIREITO DO CONSUMIDOR Professor Brunno Giancoli Questão 46 Um homem foi submetido a cirurgia para remoção de cálculos renais em hospital privado. A intervenção foi realizada por equipe médica não integrante dos quadros de funcionários do referido hospital, apesar de ter sido indicada por esse mesmo hospital. Durante o procedimento, houve perfuração do fígado do paciente, verificada somente três dias após a cirurgia, motivo pelo qual o homem teve que se submeter a novo procedimento cirúrgico, que lhe deixou uma grande cicatriz na região abdominal. O paciente ingressou com ação judicial em face do hospital, visando a indenização por danos morais e estéticos. Partindo dessa narrativa, assinale a opção correta.

A) O hospital responde objetivamente pelos danos morais e estéticos decorrentes do erro médico, tendo em vista que ele indicou a equipe médica. B) O hospital responderá pelos danos, mas de forma alternativa, não se acumulando os danos morais e estéticos, sob pena de enriquecimento ilícito do autor. C) O hospital não responderá pelos danos, uma vez que se trata de responsabilidade objetiva da equipe médica, sendo o hospital parte ilegítima na ação porque apenas prestou serviço de instalações e hospedagem do paciente. D) O hospital não responderá pelos danos, tendo em vista que não se aplica a norma consumerista à relação entre médico e paciente, mas, sim, o Código Civil, embora a responsabilidade civil dos profissionais liberais seja objetiva. Fundamentos recursais A questão de direito do consumidor cria duas interpretações possíveis, justamente porque o texto dá margem a duas interpretações distintas, a saber: a) O hospital deve ser responsabilizado nos termos do art. 14 do CDC (alternativa apresentada no gabarito). b) A isenção de responsabilidade do hospital por inexistência de nexo causal. Esta última hipótese é viável diante da lacuna do texto que não esclarece a conduta específica do hospital. Dado que era indispensável no enunciado para o candidato alcançar a resposta correta. No informativo 479 do STJ o Tribunal estabeleceu julgamento importante sobre o tema em caso paradigma (REsp 145728 / MG) cuja ementa esclarece que: 1. A responsabilidade das sociedades empresárias hospitalares por dano causado ao pacienteconsumidor pode ser assim sintetizada: (i) as obrigações assumidas diretamente pelo complexo hospitalar limitam-se ao fornecimento de recursos materiais e humanos auxiliares adequados à prestação dos serviços médicos e à supervisão do paciente, hipótese em que a responsabilidade objetiva da instituição (por ato próprio) exsurge somente em decorrência de defeito no serviço prestado (art. 14, caput, do CDC); (ii) os atos técnicos praticados pelos médicos sem vínculo de emprego ou subordinação com o hospital são imputados ao profissional pessoalmente, eximindo-se a entidade hospitalar de qualquer responsabilidade (art. 14, 4, do CDC), se não concorreu para a ocorrência do dano; (iii) quanto aos atos técnicos praticados de forma defeituosa pelos profissionais da saúde vinculados de alguma forma ao hospital, respondem solidariamente a instituição hospitalar e o profissional responsável, apurada a sua culpa profissional. Nesse caso, o hospital é responsabilizado indiretamente por ato de terceiro, cuja culpa deve ser comprovada pela vítima de modo a fazer emergir o dever de indenizar da instituição, de natureza absoluta (arts. 932 e 933 do CC), sendo cabível ao juiz, demonstrada a hipossuficiência do paciente, determinar a inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII, do CDC). (REsp 1145728/MG, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Rel. p/ Acórdão Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 28/06/2011, DJe 08/09/2011) Portanto, dada a ausência que informação indispensável no enunciado e o cabimento de duas alternativas, a questão merece ser anulada.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO Professor Leone Pereira Questão 80 Sandro Vieira ajuizou reclamação trabalhista contra a empresa Trianon Bebidas e Energé cos Ltda. pleiteando o pagamento de horas extras, pois alegou trabalhar de 2a feira a sábado, das 9h às 19h, com intervalo de uma hora para refeição. Em defesa, a ré negou a jornada descrita na pe ção inicial, mas não juntou os controles de ponto. Em audiência, ao ser interrogado, o preposto informou que a ré possuía 18 empregados no estabelecimento. Diante da situação retratada, e considerando o entendimento consolidado do TST, assinale a opção correta. A) Aplica-se a pena de confissão pela ausência de juntada dos controles, sendo então considerada verdadeira a jornada da pe ção inicial, na qual o juiz irá se basear na condenação de horas extras. B) Haverá inversão do ônus da prova, que passará a ser da empresa, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir com sucesso. C) Diante do impasse, e considerando que, com menos de 20 empregados, a empresa não é obrigada a manter controle escrito dos horários de entrada e saída dos empregados, o juiz decidirá a quem compe rá o ônus da prova. D) A falta de controle quando a empresa possui mais de 10 empregados é situação juridicamente imperdoável, o que autoriza o indeferimento da oitiva das testemunhas da empresa porventura presentes à audiência. Fundamentos recursais A questão merece ser anulada, tendo em vista que o enunciado destaca, na penúltima linha, que a empresa reclamada não juntou os controles de ponto. A súmula 338 do TST, abaixo transcrita, deixa certo, no item III, que a inversão do ônus de prova (alternativa B apontada como correta no gabarito) somente ocorre na hipótese de cartões com horários uniformes, ou seja, britânicos, situação que não se enquadra ao enunciado, já que, reitera-se, a empresa NÃO juntou o controle de horário. Veja-se, com efeito, a redação de aludida Súmula: Súmula 338 - Jornada de trabalho. Registro. Ônus da prova. I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de freqüência gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário. (ex-súmula nº 338 - Res 121/2003, DJ 19.11.2003) II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por prova em contrário. (ex-oj nº 234 - Inserida em 20.06.2001) III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir. (ex- OJ nº 306 - DJ 11.08.2003) A pergunta do enunciado expressamente determina que o candidato considere o o entendimento consolidado do TST, logo, não permite interpretação, mas sim pura e simples aplicação da

jurisprudência 338 do TST acima, que é clara ao falar em inversão apenas na hipótese de juntada de cartão de ponto britânico. Na situação hipotética em análise, aplica-se o item I da Súmula 338 que trata exatamente da ausência de cartão de ponto, fato que ocorreu no problema. Entretanto, não há nenhuma alternativa na pergunta que aborda o efeito da ausência de cartão de ponto quando se tem mais de dez empregados, que consiste na presunção relativa de veracidade da jornada da inicial. A alternativa A é a que mais se aproxima do texto da súmula 338 do TST e da situação hipotética do problema e não a alternativa B, tendo em vista que nao foi juntado cartão. Ainda assim, referida alternativa é falha, pois dois motivos: a) Ao referir-se à aplicação da pena de confissão, já que, como se sabe, não se pode atribuir o caráter de pena à confissão (como, aliás, restou consolidado pelo próprio TST quando da alteração da Súmula 74, que utilizava referida expressão); e b) Ao afirmar que o juiz irá se basear na jornada contida na petição inicial para condenação em horas extras, já que, segundo o entendimento consolidado do TST, a presunção de veracidade é apenas relativa, abrindo-se à empresa a possibilidade de realizar outras provas. De qualquer forma, reitere-se, por sua relevância: não há falar em inversão do ônus da prova, tendo em vista que esta só ocorre quando da juntada de cartões com horário britânico o que não ocorreu no caso em tela, tornando a alternativa B totalmente descabida. Portanto, a alternativa dada como correta está em desacordo com a jurisprudência pacificada pelo Tribunal Superior do Trabalho e, consequentemente, merece ser reformada.