TECNOLOGIA DE FIBRA DAS CULTIVARES DE ALGODÃO COLORIDO SUBMETIDO AO BENEFICIAMENTO EM DIFERENTES DESCAROÇADORES

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Transcrição:

TECNOLOGIA DE FIBRA DAS CULTIVARES DE ALGODÃO COLORIDO SUBMETIDO AO BENEFICIAMENTO EM DIFERENTES DESCAROÇADORES Jeane Ferreira Jerônimo (UFCG / janermi@gmail.com), Odilon Reny Ribeiro F. da Silva (Embrapa Algodão), Francisco de Assis Cardoso Almeida (UFCG), Vicente de Paulo Queiroga (Embrapa Algodão), Maria Elessandra Rodrigues de Araújo (UFCG), Ivanilda Cardoso da Silva (Embrapa Algodão). RESUMO - O trabalho teve por objetivo avaliar a qualidade da fibra das cultivares BRS Verde, do algodão herbáceo e BRS 200 Marrom, do algodão arbóreo, em função dos descaroçadores de 50 e 80 serras em comparação com o descaroçador de rolo-padrão. Foi adotado o delineamento inteiramente casualizado, com esquema fatorial de 2 x 3, com 4 repetições, sendo os fatores: duas cultivares de algodão de fibra naturalmente colorida (BRS Verde e BRS 200 Marrom) e três máquinas de descaroçamento (descaroçador de rolo; descaroçador Ariús de 50 serras e Continental Eagle de 80 serras). Após o beneficiamento, as amostras foram encaminhadas ao Laboratório de Tecnologia de Fibras e Fios da Embrapa Algodão, onde foram avaliadas as principais características tecnológicas de fibra ds referidas cultivares. Pelos resultados obtidos, as seguintes conclusões foram estabelecidas: a) O descaroçador de rolo não comprometeu as características tecnológicas de fibra das cultivares BRS 200 Marrom e BRS Verde; b) A cultivar BRS 200 Marrom apresentou médias superiores para as características resistência à ruptura e índice micronaire, independentemente do método de descaroçamento utilizado, no entanto, a cultivar BRS Verde destacou-se positivamente em termos de índice de fiabilidade (CSP). Palavras-chave: tecnologia de fibra, algodão colorido, descaroçamento FIBER TECHNOLOGY OF THE COTTON CULTIVARS PROCESSED USING DIFFERENT GINNING EQUIPMENT ABSTRACT - The objective of this study was to compare the fiber properties of the following naturally colored cotton cultivars: BRS Verde and BRS Marrom function of the ginning equiment used on 50 and 80 saws machineries and roller gin machine. The experimental design used in this study was the fully randomized replications in a 2 (varieties) x 3 (ginning machineries) factorial scheme. The factors consisted on two cultivars (BRS Verde and BRS 200 Marrom) and three different gin stands, onde of them based on rollers, and the others on saws (50 saws by Arius and 80 saws by Continental Eagle ). After ginning, the samples were sent to the Yarn and Fiber Technology Laboratory, at Embrapa Algodão, PB, in order to estimate their fiber characteristics. According to the results obtained it was concluded that: a) The roller gin machine did not affect fiber quality on BRS 200 Marrom and BRS Verde cultivars. b) The BRS 200 Marrom performed higher tensile strength and micronaire standards, nevertheless, BRS Verde returned a more desirable average on count strength product (CSP). Key words: fiber technology, colored cotton cultivars, ginning

INTRODUÇÃO O beneficiamento consiste de uma série de processos mecânicos e termopneumáticos, sendo composto de secagem, pré-limpeza, descaroçamento e limpeza da pluma, tendo como propósito produzir fibras com qualidades satisfatórias para o produtor e reduzir ao mínimo a qualidade de fiação da fibra. Comparando o desempenho do descaroçador Piratininga de 90 serras de alta rotação (715 rpm), com o do descaroçador de rolo-padrão Ariús, de baixa rotação (350 rpm), no que se refere à qualidade da fibra do algodão arbóreo, Freire et al (1984) observaram que o descaroçador de serras reduziu o comprimento médio e o índice de uniformidade de comprimento das fibras de algodão, independentemente da rotação usada na máquina, enquanto o descaroçador de rolo permitiu a obtenção de fibras pelo menos 1mm maior que o descaroçador de serras; por sua vez ambos os tipos de descaroçadores não afetaram a finura nem a resistência das fibras. Estudando as características fisiológicas da semente e tecnológicas da fibra de algodão herbáceo submetidas aos descaroçadores de serra com rotações de 400, 550 e 700rpm em relação ao de rolo, com rotação de 350rpm, Queiroga et al.(1994) constataram que os descaroçadores de serra com rotação de 700 rpm afetaram a germinação da semente, enquanto o descaroçador de rolo não causou qualquer tipo de dano às características tecnológicas da fibra. O algodão colorido tornou-se uma das melhores alternativas de renda para o semi-árido nordestino e nas demais áreas caracterizadas pela pequena propriedade. Dentre as cultivares de fibra de diferentes tonalidades, a BRS Verde e a BRS 200 Marrom têm baixo custo de produção e podem ser processadas em fiações de alta velocidade, gerando produtos de elevada qualidade têxtil a preços e custos competitivos, por dispensar o processo de tingimento, que representa, no algodão branco, de 25 a 30% do seu custo final (ANUÁRIO BRASILEIRO DO ALGODÃO 2004, 2004). Em seus primeiros anos, a produção do algodão colorido era integralmente absorvida pelo Governo da Paraíba e direcionada para o consórcio Natural Fashion, para a fabricação de roupas, tecidos e outros artigos. O mercado para o referido algodão ainda é restrito, mas a tendência é de expansão, com expressiva participação da iniciativa privada e altos níveis de demanda por parte da sociedade consumidora, sendo recomendado para pessoas alérgicas a corantes sintéticos. Além da Paraíba, os agricultores, organizados em cooperativas, da microrregião do Seridó do estado do Rio Grande do Norte poderão beneficiar o algodão colorido em mini-usinas instaladas nas comunidades rurais, através do Programa de Desenvolvimento do Algodão para Agricultura Familiar, liderado pela Secretária de Agricultura do Estado. Este trabalho teve por objetivo estudar as características tecnológicas da fibra de algodão herbáceo e arbóreo, cultivares BRS Verde e BRS 200 Marrom após os diferentes processos de beneficiamento: máquinas de descaroçamento de algodão em rama com 50 e 80 serras em comparação com o descaroçador de rolo-padrão.

MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas as cultivares de algodão herbáceo BRS Verde (Gossypium hirsutum r. Latifolium L.) e arbóreo, BRS 200 Marrom (Gossypium hirsutum r. marie galante Hutch), provenientes de campos plantados nos meses de março e abril de 2004, com espaçamento de 1,00 m entre fileiras e de 0,20m entre plantas, com duas plantas por cova após desbaste. Houve irrigação de salvamento nos períodos de estiagem. Foram colhidos 800 kg de algodão em rama (safra 2004), dos quais 400 kg originaram-se da cultivar BRS Verde, cultivada na Estação Experimental da EMEPA (Fazenda Veludo) e situada no município de Itaporanga, PB. Os 400kg restantes, foram obtidos da cultivar BRS 200 Marrom, colhidos nos campos da estação experimental da Embrapa Algodão, no município de Patos, PB. Em seguida, esse material foi acondicionado em sacos de algodão (capacidade de 60kg) e enviado às usinas, para serem beneficiados em três descaroçadores diferentes entre si quanto à quantidade de serras e ao método de descaroçamento. Adotou-se o delineamento inteiramente casualizado, com esquema fatorial de 2 x 3, com 4 repetições, sendo os fatores: duas cultivares de algodão colorido (BRS Verde e BRS 200 Marrom) e três máquinas de descaroçamento (descaroçador de rolo, descaroçadores Ariús de 50 serras e Continental Eagle de 80 serras). Em cada máquina de descaroçamento foram beneficiados 60 kg de algodão em rama por cultivar, fracionando-os em quatro repetições de 15kg. As variáveis foram submetidas à análise de variância, e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade (GOMES,1978). Foram enviadas ao Laboratório de Tecnologia de Fibras e Fios da Embrapa Algodão, 4 amostras-padrão de fibras por tratamento, cada amostra contendo 20g de pluma (em atmosferapadrão). Com o auxílio do instrumento HVI (High Volume Instruments), foram medidas as principais características físicas definidas pelo USDA (Departamento Norte-Americano de Agricultura), as quais são indicadas não só para o mercado do algodão mas, também, para o melhoramento genético. Dentre as medições realizadas por este equipamento, destacam-se: índice micronaire, comprimento médio, uniformidade de comprimento, índice de fibras curtas, índice de fiabilidade (CSP), resistência à ruptura, alongamento à ruptura e impurezas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores médios dos resultados de comprimento, uniformidade, resistência, alongamento, índice de fibras curtas, índice de fiabilidade e micronaire encontram-se relacionados na Tabela 1. Quanto à influência das cultivares de algodão colorido nas características tecnológicas da fibra, verifica-se na Tabela 1 que a fibra do algodão arbóreo e herbáceo não acusou diferença significativa em quase todas as variáveis estudadas; esses resultados eram esperados e estão de acordo com Santana et al. (1989; 2001). Quando as médias das características tecnológicas da fibra foram comparadas pelo teste de Tukey (Tab. 1), constatou-se que houve um melhor desempenho do descaroçador de rolo em relação aos descaroçadores de 50 e 80 serras para as variáveis comprimento médio, uniformidade de comprimento, resistência à ruptura, índice de fiabilidade (CSP). Quanto ao índice de fibras curtas, verifica-se um aumento significativo deste parâmetro em decorrência da utilização dos descaroçadores de 50 e 80 serras em relação ao descaroçador de rolo. Por sua vez, os descaroçadores de 50 e 80

serras não diferiram entre si em nenhuma variável analisada, principalmente nas comparações dos efeitos simples. Analisando-se os resultados do beneficiamento em descaroçadores de 50 e 80 serras, verificou-se efeito negativo sobre as características comprimento médio e uniformidade de comprimento de fibra. Percebe-se que estas observações concordam com as afirmações de Freire et al. (1984), quando enfatizam que o descaroçador de serra reduz o comprimento e a uniformidade das fibras de algodão. Por outro lado, o descaroçador de rolo com baixa rotação possibilitou a obtenção de fibra de maior comprimento médio que os descaroçadores de serra, independente do número de serras e marca da máquina utilizada. Estes resultados estão de acordo com os obtidos por Freire et al. (1984) e Queiroga et al. (1994). Tabela 1. Valores médios das características da fibra de algodão em função dos fatores máquinas de descaroçamento x raças de algodão. Campina Grande, PB, 2005. Variáveis Fatores Comp (mm) Unif (%) Resistência (g/tex) Along (%) Ind. de fibras curtas (%) Fiabilidade (CSP) Micronaire a. Maquinas Maquina de rolo 28,18 a 81,81 a 25,93 a 7,08 a 5,11 b 2083,63 a 3,04 a Maquina de 50 serras 26,80 b 79,14 b 21,63 b 6,53 a 7,89 a 1926,63 b 3,03 a Maquina de 80 serras 27,17 b 79,39 b 22,85 b 6,43 a 7,55 a 1961,13 b 3,11 a b. Variedades BRS 200 Marrom 27,43 a 79,72 a 26,64 a 6,77 a 7,00 a 1950,83 b 3,70 a BRS Verde 27,32 a 80,51 a 20,29 b 6,58 a 6,70 a 2030,08 a 2,42 b Média CV% 27,38 2,30 80,11 1,17 23,47 7,75 6,68 9,16 6,85 7,72 1990,46 2,83 3,06 4,46 Nas colunas, médias seguidas pela mesma letra dentro de cada fator, não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. CONCLUSÕES 1. O descaroçador de rolo preserva as características tecnológicas de fibra das variedades BRS 200 Marrom e BRS Verde; 2. Os descaroçadores de serras, quando utilizados no beneficiamento de variedades de fibra colorida, comprometem as seguintes características de fibra: comprimento médio, uniformidade de comprimento e fiabilidade, aumentando também o índice de fibras curtas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANUARIO BRASILEIRO DO ALGODÃO 2004. Anuário Brasileiro do Algodão 2004. Santa Cruz do Sul: Gazeta Santa Cruz, 2004, 144 p. FREIRE, E. C.; VIEIRA, R. de M.; GOMES, I. F.; SILVA. F. de A. Qualidade da fibra de algodão mocó obtida em descaroçadores de serra e rolo. In: EMBRAPA CENTRO NACIONAL DE PESQUISA DE ALGODÃO. Relatório Técnico Anual-1981/1982. Campina Grande: Embrapa CNPA, 1984.. 304-305. GOMES, F. P. Curso de estatística experimental, São Paulo: Nobel, 1978. 430 p

QUEIROGA, V de P.; BARROS, M. A. L.; VALE, L. V.; MATOS, V. P. Influência da colheita, armazenamento temporário e beneficiamento nos caracteres tecnológicos do algodão herbáceo. Revista Ceres, v. 41, n. 236, p. 337-357, 1994. SANTANA, J. C. F. de; FREIRE, E. C. ; CARVALHO, L. P. de; COSTA, I. N. de; GUSMÃO, J. L. de; SILVA, J. A. da. Características físicas da fibra e do fio dos algodoeiros arbóreo e herbáceo em melhoramento no Nordeste do Brasil. Campina Grande: EMBRAPA CNPA, 1989. 27 p. (Boletim de Pesquisa, 23). SANTANA, J. C.F. de; FREIRE, E. C. ; FONSECA, R. G. da; WANDERLEY, M. J. R.; VALENÇA, A. R. Avaliação das características tecnológicas da fibra da BRS 200 Marrom a nível de grandes campos de produção de sementes. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 4, 2001, Goiânia. Anais... Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 2001. 5 p.