AVALIAÇÃO DE DIFERENTES FORMAS DE PLANTIO DA SEMENTE DE ALGODÃO LINTADA, DESLINTADA E DESLINTADA E TRATADA *
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- Raphaella Lemos Pacheco
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1 AVALIAÇÃO DE DIFERENTES FORMAS DE PLANTIO DA SEMENTE DE ALGODÃO LINTADA, DESLINTADA E DESLINTADA E TRATADA * Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva 1, Tarcísio Marcos de Souza Gondim 2, Ramon de Araújo Vasconcelos 3, José Rodrigues Pereira 4, Napoleão Esberard de Macedo Beltrão 5, (1) Embrapa Algodão, Rua Osvaldo Cruz, 1143, Centenário, Campina Grande, PB, odilon@cnpa.embrapa.br, (2) Embrapa Algodão, tarcisio@cnpa.embrapa.br, (3) Embrapa Algodão, ramon@cnpa.embrapa.br, (4) Embrapa Algodão, rodrigue@cnpa.embrapa.br, (5) Embrapa Algodão. nbeltrao@cnpa.embrapa.br RESUMO O presente trabalho objetivou avaliar o desempenho de diferentes formas de plantio da semente de algodão (Gossypium hirsutum L. r. latifolium Hutch cv. BRS 201) lintada, deslintada e deslintada e tratada, nas condições de nordeste. O experimento foi conduzido na Estação Experimental da Embrapa em Missão Velha, CE. A semeadura de algodão herbáceo cv. BRS 201 foi realizada em 08/02/2002, no espaçamento de 0,90m x 0,20m, deixando-se de 10 a 12 plantas por metro linear, após desbaste. O delineamento experimental foi em blocos casualizados com seis repetições, em esquema fatorial 4 x 3, sendo combinados quatro formas de plantio (P) [manual (P1), matraca (P2), semeadora à tração animal (P3) e semeadora tratorizada (P4)] e três tipos de sementes (S) [com línter (S1), sem línter (S2) e, sem línter e tratada com os produtos Moncerem e Gaucho Bayer (S3)], totalizando 12 tratamentos. Verificou-se que houve efeito significativo das interações P e S para estande inicial, número de capulhos e rendimento do algodão herbáceo BRS 201 em caroço. O rendimento de P2 (1035 kg/ha) foi o menor em relação às semeaduras P1 (1817 kg/ha), P3 (1596 kg/ha) e P4 (1905 kg/ha). Não houve influência do P e de S na porcentagem de fibras. INTRODUÇÃO A operação de semeadura é um dos pontos chaves para obter-se um bom rendimento da lavoura, ela poderá ser a manual que consiste no método mais simples e primitivo de implantação dos cultivos, a manual com a matraca que proporciona certa precisão e rapidez na distribuição das sementes e que é extremamente útil e versátil para a pequena propriedade, a semeadora a tração animal que proporciona ganhos significativos em capacidade de trabalho e na precisão do plantio, principalmente em solos planos e isento de pedras e a semeadora tratorizada que permite realizar a semeadura de grandes áreas, com rapidez, precisão e eficiência. Esses tipos de semeaduras a adotar dependem do tamanho e do tipo da propriedade, a cultura ser explorada e do perfil econômico e tecnológico do produtor (Márquez Delgado, 1990; Moulin et. al., 2001). As semeadoras são constituídas por vários mecanismos sendo o dosador das sementes, o componente mais importante, deve ser adequado aos diferentes tipos, formas e tamanho das sementes e seu funcionamento deve ser preciso, seguro e eficiente, de forma a possibilitar uma perfeita distribuição sem provocar o mínimo de dano às sementes, este bom desempenho resulta na uniformidade da população de plantas obtendo-se um estande adequado e, conseqüentemente, boa produtividade da cultura (Kurachi et al. 1989; Rocha et al., 1998). Por outro lado, a qualidade da semente é fundamental para o sucesso de qualquer cultivo, no caso específico do algodão, o linter presente na semente poderá comprometer a sua qualidade, por abrigar pragas, doenças e dificultar o bom desempenho das semeadoras por ocasião do plantio, por * Trabalho realizado em parceria com a Bayer CropScience
2 isso o deslintamento e o tratamento das sementes com fungicidas, poderá constituir-se em uma prática eficiente e adequada para a cotonicultura de qualquer porte (Goulart, 2001). O presente trabalho teve por objetivo avaliar o desempenho de diferentes formas de plantio da semente de algodão lintada, deslintada e deslintada e tratada, nas condições de nordeste. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Estação Experimental da Embrapa Algodão, em Missão Velha, CE. A pluviosidade ocorrida no período de condução do experimento totalizou 395,6 mm, sendo distribuídos 86,4 mm em fevereiro, 190,5 mm em março, 86,4 mm em abril, 31,3 mm em maio e 1,0 mm em junho. A temperatura e umidade médias foram de 25,24ºC e 71,16%, respectivamente. O solo é arenoso de topografia plana, apresentando as seguintes características químicas: ph (água) = 5,4; P = 3,81 mg dm -3 ; K = 3,3 mmol c dm -3 ; Ca + Mg = 33,0 mmol c dm -3 ; Al = 1,0 mmol c dm -3 e matéria orgânica = 8,46 g kg -1. O preparo do solo seguiu a escarificação em duas passagens e duas gradagens tratorizadas o utilizado na região, sendo igual para todos os tratamentos. As sementes de cada tratamento, na sua especificidade, apresentaram as mesmas características. A semeadura de algodão herbáceo (Gossypium hirsutum L. r. latifolium Hutch cv. BRS 201) foi realizada no dia 08 de 02 de 2002, utilizando sementes com línter, deslintadas e deslintadas e tratadas, em sulcos espaçados de 0,90m x 0,20m, deixando-se de dez a 12 plantas por metro linear, após desbaste feito aos 20 dias do plantio. As regulagens das semeadoras, conforme o tipo de semente (com ou sem línter) seguiram as recomendações agronômicas, no que se refere ao espaçamento entre linhas e distribuição das sementes. Os tratos culturais e adubações seguiram as recomendações de Beltrão (1999 a e b). A adubação de fundação seguiu a recomendação, baseada na análise de solo, com NPK de , e a de cobertura 40 kg/ha de N e 10 kg/ha de K 2 O. As pragas foram controladas via Manejo Integrado de Pragas (MIP). As avaliações dos fatores forma de plantio e tipo de semente foram realizadas a partir da emergência das plantas. Avaliaram-se os seguintes variáveis: estande inicial; número de capulhos; rendimento de algodão e porcentagem de fibra. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com seis repetições, em esquema fatorial 4 x 3, sendo combinados quatro formas de plantio (plantio manual (P1), plantio com matraca (P2), plantio com semeadora-adubadora à tração animal (P3) e plantio com semeadora-adubadora tratorizada (P4)) e três tipos de sementes [com línter (S1), sem línter (S2) e, semente sem línter e tratada com os produtos Moncerem e Gaúcho da Bayer (S 3 )], totalizando 12 tratamentos. As parcelas foram constituídas por quatro fileiras de plantas de cinco metros, espaçadas de 0,90 m, considerandose úteis as duas filas centrais, descartando-se as laterais, que compuseram a bordadura. Quando a interação Plantio x Semente foi significativa realizou-se o desdobramento. A comparação das médias foi feita pelo teste de Scott-Knott (1974) a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 são apresentados os resultados da análise de variância dos fatores agronômicos avaliados. Verifica-se que houve diferença significativa para as variáveis: estande inicial, número de capulhos e rendimento, quanto à forma de plantio (P). Para o tipo de semente (S) verificou-se diferença significativa apenas na variável estande inicial. Houve efeitos nas interações de todas as variáveis agronômicas analisadas, exceto para a variável porcentagem de fibras.
3 Na Tabela 2, observa-se o desdobramento da interação P x S para as variáveis: estande inicial, número de capulhos e rendimento de algodão herbáceo cv. BRS 201. As variáveis foram influenciadas pela forma de plantio e pelo tipo de semente. Dentro de cada S, o plantio manual foi o que garantiu maior estande inicial. Dentro de cada P, a semente com línter proporcionou melhor estande inicial nos plantios com matraca e tração animal, mas com maior valores de estande apresentados pelo plantio manual independentemente do tipo de semente. Quando realizada com semeadora manual, tipo matraca, problemas de profundidade de semeadura podem ter interferido na germinação das sementes e, conseqüentemente, no estande inicial. Verifica-se, na Tabela 2, que a semeadura com matraca apresentou maior número de capulhos, com superioridade das sementes deslintadas (tratadas ou não) em relação às sementes com línter. Não houve diferença entre a forma de plantio manual e as formas com tração animal e tratorizada para estes tipos de sementes. O rendimento do algodoeiro BRS 201 foi maior quando se fez semeadura de sementes com línter manual e com matraca em relação às formas de plantio com semeadora de tração animal ou tratorizada (Tabela 2). Para as sementes deslintadas (tratadas ou não), o rendimento da cultura semeada com matraca foi menor. Provavelmente essa resposta tenha sido influenciada pelo baixo número de plantas obtidos com este tipo de semeadura, ocorrido talvez devido a maior profundidade de operação da semeadora manual, tipo matraca. CONCLUSÕES Houve efeito significativo das interações forma de plantio e tipo de semente para o estande inicial, número de capulhos e rendimento do algodão herbáceo BRS 201. O rendimento de algodão em caroço das sementes deslintadas e tratadas plantadas por meio de semeadora, tipo matraca (1035 kg/ha) foi o menor em relação à semeadura dos outros tipos: manual e a tração animal ou tratorizada (média 1772,85 kg/ha). Não houve influência da forma de plantio e do tipo de semente na porcentagem de fibras.
4 Tabela 1. Resumo da análise de variância do estande inicial, número de capulhos (transformação em x 1/2 ), rendimento em caroço e porcentagem (%) de fibras em algodão herbáceo cv. BRS 201, em função da forma de plantio e do tipo de semente. Missão Velha, CE, Fonte de variação GL Quadrados Médios Estande inicial Nº de capulhos 1 Rendimento (kg/ha) % Fibras Blocos 5 617,81 0, ,40 4,17 Forma de Plantio (P) ,90** 5,07** ,96* 0,91 ns Erro a ,75 0, ,19 1,42 Tipo de semente (S) ,18** 0,01 ns ,07 ns 2,48 ns Erro b ,98 0, ,98 1,76 Interação P x S ,57** 0,21* ,87** 0,45 ns Resíduo ,68 0, ,80 1,32 CV a (%) 20,13 13,24 23,39 3,12 CV b (%) 18,97 9,78 36,15 3,49 CV (%) 21,32 8,18 20,18 3,02 *, ** - Significativo a 5% e a 1% de probabilidade, respectivamente, pelo teste F. ns - Não significativo. 1 Dados transformados em X 1/2. Tabela 2. Desdobramento da interação forma de plantio x tipo de semente, das variáveis estande inicial, número de capulhos (transformação em x 1/2 ) e rendimento de algodão herbáceo em caroço cv. BRS 201. Missão Velha, CE, Plantio Semente Com línter Deslintada Deslintada e tratada Estande inicial Manual 240,17 Aa 191,00 Ab 246,33 Aa Matraca 94,50 Ca 28,50 Cb 16,00 Cb Tração animal 182,00 Ba 133,67 Bb 153,50 Bb Tratorizada 82,00 Cb 109,00 Ba 131,50 Ba Número de capulhos Manual 2,85 Ca 2,69 Ba 2,83 Ba Matraca 3,67 Ab 3,93 Aa 4,16 Aa Tração animal 2,89 Ca 2,89 Ba 2,72 Ba Tratorizada 3,18 Ba 2,95 Ba 2,87 Ba Rendimento (kg/ha) Manual 1968,50 Aa 1778,71 Aa 1817,41 Aa Matraca 2048,87 Aa 1309,50 Bb 1035,27 Bb Tração animal 1714,08 Ba 2035,54 Aa 1595,95 Aa Tratorizada 1486,70 Bb 1971,84 Aa 1905,18 Aa Médias seguidas da mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha, para cada variável, não diferem estatisticamente a 5% de probabilidade, pelo teste de Scott-Knott (1974).
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GOULART, A. C. P. Tratamento de sementes do algodoeiro com fungicidas. In: Embrapa Agropecuária Oeste. Algodão: tecnologia de produção. Embrapa Agropecuária Oeste; Embrapa Algodão. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, KURACHI, S.A.H.; COSTA, J.A. de S.; BERNARDI, J.A.; COELHO, J.L.D.; SILVEIRA, G.M. da. Avaliação tecnológica de semeadoras e/ou adubadoras: tratamento de dados de ensaios e regularidade de distribuição longitudinal de sementes. Bragantia, Campinas, v.48, n.2, p , DELGADO, L.M. Tecnicas mecanicas para el laboreo del suelo e implantacion de los cultivos. Madrid: Ministerio de Agricultura, Pesca y Alimentacion, p. (Programa Nacional de Formacion). MOULIN, J.P.; MENEGATTI, L.A.A.; GIMENZ, L.M. Avaliação do desempenho de semeadoras manuais. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v.5, n.2, p , ROCHA, F. E. de C.; CUNHA, J. P. A. R. da; FRANZ, C. A. B.; FOLLE, S. M. Avaliação de três mecanismos de distribuição de sementes. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.33, n.3, p , SCOTT, A. J.; KNOTT, M. A. A cluster analysis method for grouping means in the analysis of variance. Biometrics, Raleigh, v. 30, n.3, p , Sept
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