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PARECER PGFN/CAT/Nº 786 /2014 Tributário. Previdenciário. CPSS. Exclusão dos juros de mora da base de cálculo da contribuição ao PSS sobre valores pagos em precatório. Efeitos do julgamento do Resp nº 1.239.203, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 21/03/2013, pelo Superior Tribunal de Justiça. Manutenção do Parecer PGFN/CAT/Nº 1891/2009. Parecer favorável à edição de Súmula pela AGU. A Procuradoria-Geral da União envia o Processo Administrativo nº 00475.001962/2013-22 para manifestação quanto ao tratamento processual que vem sendo dado por esta Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional quanto à exclusão dos juros de mora da base de cálculo da contribuição ao PSS sobre valores pagos por precatório, após o julgamento do Resp nº 1.239.203 na sistemática de recursos repetitivos. O entendimento do STJ foi em sentido diametralmente oposto ao previsto no Parecer PGFN/CAT/Nº 1.891/2009 e a PGU está avaliando pedido de edição de súmula para uniformização de procedimentos. I.

2. Veja-se a ementa do referido julgado: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO DO PLANO DE SEGURIDADE DO SERVIDOR PÚBLICO (PSS). RETENÇÃO. VALORES PAGOS EM CUMPRIMENTO DE DECISÃO JUDICIAL (DIFERENÇAS SALARIAIS). INEXIGIBILIDADE DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE A PARCELA REFERENTE AOS JUROS DE MORA. 1. O ordenamento jurídico atribui aos juros de mora a natureza indenizatória. Destinam-se, portanto, a reparar o prejuízo suportado pelo credor em razão da mora do devedor, o qual não efetuou o pagamento nas condições estabelecidas pela lei ou pelo contrato. Os juros de mora, portanto, não constituem verba destinada a remunerar o trabalho prestado ou capital investido. 2. A não incidência de contribuição para o PSS sobre juros de mora encontra amparo na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que autoriza a incidência de tal contribuição apenas em relação às parcelas incorporáveis ao vencimento do servidor público. Nesse sentido: REsp 1.241.569/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 13.9.2011. 3. A incidência de contribuição para o PSS sobre os valores pagos em cumprimento de decisão judicial, por si só, não justifica a incidência da contribuição sobre os juros de mora. Ainda que se admita a integração da legislação tributária pelo princípio do direito privado segundo o qual, salvo disposição em contrário, o bem acessório segue o principal (expresso no art. 59 do CC/1916 e implícito no CC/2002), tal integração não pode implicar na exigência de tributo não previsto em lei (como ocorre com a analogia), nem na dispensa do pagamento de tributo devido (como ocorre com a equidade). 4. Ainda que seja possível a incidência de contribuição social sobre quaisquer vantagens pagas ao servidor público federal (art. 4º, 1º, da Lei 10.887/2004), não é possível a sua incidência sobre as parcelas pagas a título de indenização (como é o caso dos juros de mora), pois, conforme expressa previsão legal (art. 49, I e 1º, da Lei 8.112/90), não se incorporam ao vencimento ou provento. Por tal razão, não merece acolhida a alegação no sentido de que apenas as verbas expressamente mencionadas pelos incisos do 1º do art. 4º da Lei 10.887/2004 não sofrem a incidência de contribuição social. 5. Recurso especial não provido. Acórdão sujeito ao regime previsto no art. 543- C do CPC, c/c a Resolução 8/2008 - Presidência/STJ. (RESP nº 1.239.203, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 21/03/2013). 3. O Parecer PGFN/CAT/Nº 1891/2009 fixou o entendimento de que a base de cálculo da contribuição é formada pelo vencimento do cargo efetivo e de quaisquer outras vantagens, genericamente consideradas, sendo o rol de exclusões taxativo. Se a intenção do legislador fosse excluir os juros de mora, a alteração deveria constar no rol de exclusões da base de cálculo da contribuição ao PSS, previsto no 1º, do art. 4º, 2

da Lei nº 10.887, de 18/06/2004. Assim, sendo os valores recebidos remuneratórios, os juros acompanham a natureza do principal e fazem parte da base de cálculo da contribuição social do servidor público. 4. A Coordenação-Geral de Representação Judicial manifestou-se previamente a pedido desta Coordenação-Geral de Assuntos Tributários, quanto ao alcance do julgamento do Resp nº 1239203 na atuação institucional da PGFN. 5. Salienta a CRJ/PGFN que a PGFN, baseada em critérios de política institucional, orienta suas unidades a não apresentar impugnação em juízo quando a tese sustentada pela parte contrária fundar-se em julgado proferido na forma dos arts. 543-B e 543-C, conforme determina o art. 19, inciso V, da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002. Acrescenta que embora permaneça em vigor o Parecer PGFN/CAT/Nº 1.891/2009 no sentido de que os juros de mora devam integrar a base de cálculo para o fim de incidência da contribuição do PSS, o que se verifica é que, em face da inclusão do tema na lista de dispensa de contestar e recorrer da PGFN em 13/12/2013, o Procurador da Fazenda Nacional deverá reconhecer a procedência do pedido ou manifestar seu desinteresse em recorrer: 6. Analisando a questão sob o prisma da decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça no Resp nº 1239203, verifica-se que o entendimento firmado pelo Tribunal Superior é no sentido de que não é possível a incidência do PSS sobre as parcelas pagas a título de indenização (como é o caso dos juros de mora), pois, conforme expressa previsão legal, não se incorporam ao vencimento ou provento. (...) 7. É pertinente mencionar que a CAT, no supracitado parecer, concluiu em sentido contrário ao entendimento posteriormente firmado pelo Superior Tribunal de Justiça no Resp nº 1239203. (...) 8. Sucede, no entanto, que embora permaneça em vigor o Parecer PGFN/CAT/Nº 1.891/2009 no sentido de que os juros de mora devam integrar a base de cálculo para o fim de incidência da contribuição do PSS, o que se verifica é que, em face da inclusão do tema na lista de dispensa de contestar e recorre da PGFN em 13/12/2013, o Procurador da Fazenda Nacional deverá reconhecer a procedência do pedido ou manifestar seu desinteresse em recorrer. 9. Com efeito, sabe-se que a PGFN, baseada em critérios de políticainstitucional orientou suas unidades a não apresentar impugnação em juízo quando a tese sustentada pela parte contrária fundar-se em julgado proferido na forma dos arts. 543-B e 543-C, conforme prevê o art. 1º, parágrafo único, da Portaria nº 294, de 2010. Destarte, devido às reduzidas chances de êxito, instituiu-se como regra de atuação a dispensa de contestação e recursos, bem 3

como a desistência dos já interpostos, quando a defesa da Fazenda Nacional fundar-se em tese rejeitada sob a referida sistemática de julgamento. 10. Nessa mesma linha defendida pela PGFN, é a inovação trazida no art. 19 da Lei nº 10.522/2002. Senão vejamos: Art. 19. Fica a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar, a não interpor recurso ou a desistir do que tenha sido interposto, desde que inexista outro fundamento relevante, na hipótese de a decisão versar sobre: I - matérias de que trata o art. 18; II - matérias que, em virtude de jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, do Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal Superior Eleitoral, sejam objeto de ato declaratório do Procurador-Geral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda; III - (VETADO). IV - matérias decididas de modo desfavorável à Fazenda Nacional pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543-B da Lei n o 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil; V - matérias decididas de modo desfavorável à Fazenda Nacional pelo Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos art. 543-C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, com exceção daquelas que ainda possam ser objeto de apreciação pelo Supremo Tribunal Federal. 1 o Nas matérias de que trata este artigo, o Procurador da Fazenda Nacional que atuar no feito deverá, expressamente: I - reconhecer a procedência do pedido, quando citado para apresentar resposta, inclusive em embargos à execução fiscal e exceções de pré-executividade, hipóteses em que não haverá condenação em honorários; ou II - manifestar o seu desinteresse em recorrer, quando intimado da decisão judicial. 2 o A sentença, ocorrendo a hipótese do 1 o, não se subordinará ao duplo grau de jurisdição obrigatório. 3 o Encontrando-se o processo no Tribunal, poderá o relator da remessa negar-lhe seguimento, desde que, intimado o Procurador da Fazenda Nacional, haja manifestação de desinteresse. (grifou-se). 6. Os argumentos de fundo levantados pelo Superior Tribunal de Justiça não são suficientes para alterar o entendimento tributário espelhado no Parecer PGFN/CAT/Nº 1.891/2009. Há outras manifestações que também fixam o 4

entendimento da inclusão dos juros de mora na própria base de cálculo do tributo. No entanto, percebe-se que não há mais possibilidade de revisão no âmbito judicial, pelo que se delineia um quadro favorável à edição de súmula pela AGU. À consideração superior. Coordenação-Geral de Assuntos Tributários, em 12 de maio de 2014. MARCIA HENRIQUES RIBEIRO DE OLIVEIRA PROCURADORA DA FAZENDA NACIONAL Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, em 12 de maio de 2014. Aprovo. Encaminhe-se à Procuradoria-Geral da União. RONALDO AFFONSO NUNES LOPES BAPTISTA PROCURADOR-GERAL ADJUNTO DE CONSULTORIA E CONTENCIOSO TRIBUTÁRIO - SUBSTITUTO 5