Avaliação da qualidade da assistência pré-natal nas USF do município de Porto Velho-RO. Porto Velho-RO 2007

Documentos relacionados
O QUE REPRESENTA O ACOMPANHAMENTO DAS CONDICIONALIDADES DE SAÚDE DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA PARA O SUS?

A assistência UBS Þ prontuário -149 Pcts. Os Dados Cadastrados Þ o Sisprenatal -139 pcts.

PALAVRAS-CHAVE Obstetrícia. Educação em saúde. Consulta de enfermagem.

Linha de Cuidado do Adulto: Atenção Integral à Saúde da Mulher

Caderneta da Gestante

CARATERIZAÇÃO DAS GESTANTES DE UMA UNIDADE DE SAÚDE DE PONTA GROSSA PR

Passo 5 O questionário foi criado com 27 questões sendo 35 lacunas para serem preenchidas, utilizando-se uma linha temporal desde o diagnóstico da

O PROCESSO DO ALEITAMENTO MATERNO EM RECÉM-NASCIDO DE BAIXO PESO

PNS Pesquisa Nacional de Saúde 2013 Ciclos de vida, Brasil e grandes regiões Volume 3

PRINCIPAIS TÓPICOS DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER

IDADE GESTACIONAL, ESTADO NUTRICIONAL E GANHO DE PESO DURANTE A GESTAÇÃO DE PARTURIENTES DO HOSPITAL SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PELOTAS RS

COORDENAÇÃO DO NÚCLEO CURRICULAR FLEXÍVEL PRÁTICAS EDUCATIVAS FICHA DE OBSERVAÇÃO

Detecção Precoce do HIV/Aids nos Programas da

REDE CEGONHA: PROMOÇÃO DA SÁUDE NO PRÉ-NATAL HUMANIZADO E DE QUALIDADE 1

(*)Portaria n.º 569/GM, de 1 de junho de 2000

ISSN ÁREA TEMÁTICA:

Atenção Básica: organização do trabalho na perspectiva da longitudinalidade e da coordenação do cuidado

SMS, que representasse os projetos e ações, unificando os serviços e construindo uma imagem positiva

Componente Curricular: ENFERMAGEM EM ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHER E DO HOMEM I

HISTÓRICO DA AMAMENTAÇÃO EM PUÉRPERAS MULTIPARAS

SISPRENATAL. Manual de Preenchimento dos Formulários de Cadastro e Consulta, Exames e Vacinas

COMITÊ MUNICIPAL DE ESTUDOS E PREVENÇÃO DAS MORTES MATERNAS DE PORTO ALEGRE (CMEPMM)

PALAVRAS-CHAVE Morte Fetal. Indicadores de Saúde. Assistência Perinatal. Epidemiologia.

16. pesquisa sobre o serviço de recepção do acompanhamento de pré-natal

Papel das Unidades Básicas Casa da Gestante. II Encontro das Casas da Gestante do Rio Grande do Sul SES/RS Dezembro 2009

PAM REVISADO/FECHADO PELO ESTADO

Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional SISVAN WEB Vilma Ramos de Cerqueira Gestão em Sistemas de Saúde

pnaish E PATERNIDADE E CUIDADO Brasília, JUlHO 2016 Michelle leite da silva

ISSN ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções)

Prefeitura de PIRAÍ/RJ -2017

EIXO 1 SAÚDE DE POPULAÇÕES ESPECÍFICAS E VULNERÁVEIS

OFERTAS E FERRAMENTAS DE APOIO AO CUIDADO DAB/SAS/MS

AS TEORIAS ADMINISTRATIVAS INSERIDAS NO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF)

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS PUÉRPERAS PARTICIPANTES EM UM PROJETO DE EXTENSÃO DE CONSULTA DE ENFERMAGEM PRÉ-NATAL E PÓS-PARTO.

QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DA VIGILÂNCIA ALIMENTAR E NUTRICIONAL NA ATENÇÃO BÁSICA PERFIL DA GESTÃO DA UNIDADE DE SAÚDE

AVALIAÇÃO DO PROGRAMA DE PUERICULTURA NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE CENTRO SOCIAL URBANO, PELOTAS, RS

Vigilância e prevenção das Doenças de transmissão vertical 2016/2017

Módulo Saúde da Mulher

Administração Central Unidade de Ensino Médio e Técnico - Cetec. Ensino Técnico. Qualificação: Auxiliar de Enfermagem

..UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA U.E.F.S DEPARTAMENTO DE SAÚDE PROGRAMA DE DISCIPLINA

Política de atenção integral à saúde da mulher - Rede Cegonha. Balanço da mortalidade materna 2011

Quadro I. Vantagens de UBS tipo PSF.

SICA: Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) Prof. Walfrido K. Svoboda

Políticas Públicas de Prevenção e Atenção para DST/HIV/AIDS na Saúde Mental no Brasil

A CAPACITAÇÃO EM ALEITAMENTO MATERNO PARA EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍLIA: O PSF AMIGO DO PEITO

4. NATALIDADE E MORTALIDADE INFANTIL

12º CONEX Resumo Expandido Comunicação oral

Resumo. Abstract. Médico, especialista em Saúde da Família pela UFMG, Programa de Saúde da Família, Corinto, Minas Gerais, Brasil.

25 ATIVIDADE LOCAL ÓRGÃO

A taxa ou coeficiente de mortalidade representa a intensidade com que os óbitos por uma determinada doença ocorrem em dada população.

Gestação na adolescência: qualidade do pré-natal e fatores sociais

NOTA TÉCNICA. Vigilância da Influenza ALERTA PARA A OCORRÊNCIA DA INFLUENZA E ORIENTAÇÃO PARA INTENSIFICAÇÃO DAS AÇÕES DE CONTROLE E PREVENÇÃO

O AMAMENTAR PARA MÃES COM NECESSIDADES ESPECIAIS

PERFIL GESTACIONAL DAS MULHERES ATENDIDAS NO PROJETO CEPP EM 2013

A saúde do tamanho do Brasil

CURSO DE ATUALIZAÇÃO

Da Saúde Materno Infantil ao PAISM

TERMO DE REFERÊNCIA PARA CONTRATAÇÃO CONSULTOR NACIONAL OPAS/OMS

Questão 01 Diagnóstico da gestação

MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE SECRETARIA ESPECIAL DE SAÚDE INDÍGENA

Implantação do Programa Saúde do Homem no município de. Fabio de Mello Secretário Municipal de Saúde. Santa Terezinha de Itaipu

Visita domiciliar ao recém nascido: uma prática Interdisciplinar.

O papel do setor saúde na promoção da equidade. Seminário CMDSS Rio, FIOCRUZ 05 de agosto de 2011

Módulo 1 / Semestre 1 Carga horária total: 390ch Unidade Curricular. Semestral

Como organizar a Atenção Básica para cumprir com os compromissos assumidos e atender as necessidades da população?

Portaria nº 570/GM Em 1 de junho de 2000.

2. FUNCIONÁRIOS - CONTRATADOS POR TEMPO DETERMINADO Médico Clínico 1 Médico Pediatra 1 Médico Ginecologista 1

Mudança da concepção da Vigilância Epidemiológica (VE) do HIV/Aids

ARTIGO ORIGINAL. Atenção pré-natal segundo indicadores de processo do SISPRENATAL através do. programa de humanização do pré-natal e Nascimento

REDE MUNICIPAL DE APOIO AO ALEITAMENTO MATERNO PREFEITURA MUNICIPAL DE PINHAIS SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DEPARTAMENTO DE ASSISTÊNCIA A SAÚDE

Administração Central Unidade de Ensino Médio e Técnico - Cetec. Ensino Técnico. Qualificação: TÉCNICO EM ENFERMAGEM

POLÍTICA NACIONAL DE INTERNAÇÃO DOMICILIAR

VI CONGRESSO DE HIPERTENSÃO DA. HiperDia, desafios futuros e o que esperar?

GESTANTE ADOLESCENTE E A ADESÃO AO PRÉ-NATAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ CURSO DE ENFERMAGEM

Caracterização da Região Alentejo

CLASSIFICAÇÃO DE RISCO GESTACIONAL NA ATENÇÃO BÁSICA

CARACTERISTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS E OBSTÉTRICAS DE GESTANTES ASSISTIDAS EM CONSULTA DE ENFERMAGEM 1

PREFEITURA MUNICIPAL DE GUIRATINGA

Autor: Leila Cristina Pilonetto Baggio Co autores: Marcos Fiorentin, Elizangela Greggio Vincensi, Joares Telles Junior, Ana Cristina G. Costella, ACS.

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE

Vigitel Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico

GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ Secretaria da Saúde

ANEXO IV INDICADORES ESTRATÉGICOS PARA A REDE CEGONHA

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME Secretaria Nacional de Renda de Cidadania. MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde

MEDIAÇÃO DA APRENDIZAGEM PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE RELATO DE EXPERIÊNCIA

BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO SÍFILIS

PALAVRAS-CHAVE Enfermagem. Educação em Saúde. Período Pós-Parto

PARECER COREN-SP 035/2013 CT PRCI n Tickets nº e

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

Perfil da Assistência Pré-Natal entre Usuárias do Sistema Único de Saúde em Caxias do Sul

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SANTA CATARINA

PALAVRAS-CHAVE: Cesárea, Parto normal, Período Pós Parto.

Prefeitura Municipal de Volta Redonda Secretaria Municipal de Saúde Coordenação de Programas e Projetos

DISTRITOS SANITÁRIOS

Currículo Disciplina Carga Horária. Aspectos Éticos e Bioéticos na Assistência de Enfermagem ao Paciente Grave ou de Risco

Avaliação de Impacto: Transformando Promessas em Evidência. Programa de Redução da Mortalidade Infantil Neonatal no Rio Grande do Sul

Reconhecida de Utilidade Pública pela Lei nº 4.555/93 - Estado do Piauí

PROJETO DE HUMANIZAÇÃO DO PARTO EM CAMPINA GRANDE - PB: RESULTADOS MATERNOS

Transcrição:

Avaliação da qualidade da assistência pré-natal nas USF do município de Porto Velho-RO. Porto Velho-RO 2007

Marcuce Antônio Miranda dos Santos Enfermeiro/Residente/PSF/UNIR/MS Orientadora: Prof.ª Dr.ª Kátia Fernanda Alves Moreira Trabalho de Pesquisa apresentado ao CNPq/PIBIC/UNIR/2007

Introdução No Brasil, a persistência de índices preocupantes de indicadores de saúde como os coeficientes de mortalidade materna e perinatal, tem motivado o surgimento de políticas públicas que focalizam o ciclo gravídico-puerperal em virtude das deficiências apresentadas tanto na extensão da cobertura como no padrão de qualidade (COUTINHO, 20003).

A gravidez pode ser o único contato que uma mulher em idade reprodutiva tem com os serviços de saúde. Trata-se, portanto, de valiosa oportunidade para intervenções direcionadas à promoção da saúde da mulher como um todo (Serruya, 2004).

No Brasil até a década de 70, o pré-natal era uma das assistências mais oferecidas às mulheres. A partir deste momento os grupos de mulheres e os de saúde reivindicavam a ampliação da assistência à mulher a partir de movimento articulado com a proposta de reforma sanitária e a criação de sistema único de saúde, público e universal.

Na ausência de cuidado pré-natal, a mortalidade perinatal eleva-se até cinco vezes. O impacto é tanto mais significativo quando se considera que decorre de uma intervenção que é, talvez, a de mais curta duração em saúde pública (menos de nove meses), com alta efetividade dos resultados.

Em 1984 o Ministério da Saúde lançou as bases programáticas do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM); O PAISM deveria prover ações relacionadas à gravidez, contracepção, esterilidade, prevenção de câncer ginecológico, diagnóstico e tratamento das doenças sexualmente transmissíveis, sexualidade, adolescência e climatério (BRASIL, 2005).

No ano de 2000 o Ministério da Saúde lançou o Programa Nacional de Humanização no Pré- Natal e Nascimento (PHPN), propondo assim critérios marcadores de desempenho e qualidade da assistência pré-natal, além de disponibilizar incentivos financeiros aos municípios que aderirem a este programa.

Objetivos Descrever o perfil das gestantes usuárias da rede básica do município de Porto Velho; Avaliar o grau de adequação da assistência prénatal prestada às gestantes usuárias da rede básica do SUS do município de Porto Velho; Conhecer o grau de satisfação das gestantes no atendimento pré-natal.

Metodologia Tipo de Estudo: Estudo descritivo de corte transversal; População: puérperas atendidas na rede básica do município de Porto Velho; Critérios de Inclusão: puérperas usuárias do SUS, que tenham sido atendidas pelo pré-natal de baixo risco da rede básica de Porto Velho, que estivessem com o cartão da gestante e que residissem na área urbana do município;

Critérios de Exclusão: mulheres com gravidez de alto-risco e mulheres que se recusassem a participar da pesquisa; Coleta de dados: Assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-TCLE e mediante liberação do Gestor Municipal de Saúde e diretor do HB; Foi utilizado um questionário previamente testado à uma a cada quatro mulheres; Amostra foi constituída de 102 mulheres;

Análise dos Dados: os dados da pesquisa foram tabulados e processados eletronicamente, utilizando o programa Epi-Info e o Microsoft Excel. Os dados foram apresentados em tabelas e discutidos à luz da literatura pertinente ao tema.

Resultados e Discussão A idade materna média foi 23,7 anos (DP=5,4), sendo a idade mínima de 13 anos e máxima de 36 anos. Em 28,7 % (n= 31), as grávidas eram adolescentes (menos de 19 anos). Cerca de 40,6% (n=41) eram primigestas, sendo que 50,9% destas (n=52) confirmou ter companheiro fixo.

62,7% (n=64) referiram ter o 1º grau incompleto. Com nível superior somaram 2 mulheres. Quanto à ocupação materna, verificou-se que 34,3% das puérperas (n=35) não se encontravam no mercado de trabalho;

48,0% relataram serem donas de casa. A renda média mensal das famílias das mulheres estudadas foi 2,1 salários mínimos, tendo-se constatado que 12,7% (n=13) das famílias recebiam menos de um salário mínimo; Quando perguntadas sobre a procedência da renda, 34,3% referiram receber benefícios do governo federal e ser este a única fonte de renda.

O número médio de consultas de pré-natal foi de 4,33; Apenas 29,4% (n=30) das mulheres pesquisadas, tinham em seus cartões o registro de 6 ou mais consultas de pré-natal durante a gravidez.

Tabela 1 - Indicadores de qualidade da assistência pré-natal entre a população estudada. Porto Velho-RO, 2007. Indicadores Sim Não n % n % Seis ou mais consultas com Enfermeiro 31 30,3 71 69,6 Duas ou mais consultas com Médico 29 28,4 73 71,5 Distribuição de medicamentos 32 31,3 70 68,6 Visitas Domiciliárias 42 41,1 60 68,8 Participação em atividades educativas 08 7,8 94 92,1 Orientações sobre aleitamento materno, parto e puerpério. 26 25,4 76 74,5

Número mínimo de consultas O total de consultas de pré-natal preconizado pela OMS não deve ser inferior a seis, e qualquer número abaixo desta cifra já é considerado como atendimento deficitário (BRASIL,2005). Neste estudo, 31 mulheres relataram terem tido 6 consultas, e uma parcela considerável (69,6%) o que equivale a 71 cartões analisados, não possuíam o número mínimo de consultas preconizado pelo Manual Técnico do Pré-Natal (BRASIL, 2005).

Entre as possíveis explicações estão o início tardio do acompanhamento pré-natal, que muitas vezes está associada ao número insuficiente de profissionais nas unidades de saúde para atuarem na captação precoce destas mulheres; Além de uma concentração de consultas próximo ao término da gravidez, além da pouca informação sobre as vantagens desse atendimento para o binômio mãe-filho.

Em Juiz de Fora, Minas Gerais, Coutinho et al. 2003, ao pesquisarem o processo da assistência pré-natal oferecido às usuárias do SUS, verificaram que somente 29,7% das gestantes iniciaram o pré-natal no primeiro trimestre de gestação.

Em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Trevisan et al. 2004, observaram que somente 34,7% das grávidas submeteramse à primeira consulta de pré-natal até a 14ª semana de gestação

Quanto a orientações sobre aleitamento materno, parto e puérpério, 74,5% (n= 76) referiram não ter recebido qualquer informação e destas; 18,6% (n= 19) disseram ter recebido do profissional enfermeiro, em casa ou na unidade, as referidas orientações durante a consulta.

Visita Domiciliária Oportunidade única de identificação precoce das gravidezes, e conseqüentemente uma atenção pré-natal de qualidade. Das 102 mulheres pesquisadas 60 delas (68,8%) não receberam este tipo de atenção por parte de profissionais como enfermeiros e médicos.

Neste estudo observou-se que 68,6% das mulheres iniciaram o pré-natal no primeiro trimestre. Tal achado é pode ser considerado positivo em comparação a outros estudos. Isso está intimamente ligado ao trabalho dos ACS na captação destas mulheres.

Atividades Educativas Sobre este item COUTINHO, 2003 afirma que o sucesso da assistência pré-natal está intimamente ligada as atividades educativas, principalmente quando se parte do pressuposto que uma linguagem clara e um ambiente descontraído durante as reuniões, facilitam o entendimento das orientações pelas gestantes.

Neste estudo observou-se que um percentual de 92,1% das mulheres, relataram não ter participado de nenhum tipo de atividade educativa durante o pré-natal.

Dados como estes denotam clara incompreensão da importância deste tipo de atividade para o sucesso da assistência prénatal por parte dos profissionais que a realizam.

Tabela 2 Distribuição dos registros de exames de rotina na 1º consulta. Porto Velho-RO, 2007. Indicadores Sim Não n % n % VDRL 95 93,1 07 6,8 Teste anti-hiv 99 97,1 03 2,9 Exame de sangue (Ht/Hb) 99 97,1 03 2,9 Exame de urina tipo I(EAS) 76 74,5 23 22,5 Glicemia 61 59,8 41 40,1 HbsAg 85 83,3 17 16,6 ABO-Rh 81 79,4 21 20,5 Sorologia para Toxoplasmose 81 79,4 21 20,5 Sorologia para Rubéola 82 80,3 20 19,6 Vacina antitetânica atualizada 82 80,3 20 19,6

Tal achado, nos remete a discussão acerca do acesso aos exames em laboratórios terceirizados que prestam serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS) em Porto Velho;

Tabela 3 -Distribuição das respostas das gestantes segundo avaliação do atendimento do pré-natal. Porto Velho-RO, 2007. Indicadores Conceito Geral do pré-natal: Conceito da última consulta: Tempo médio de espera para o atendimento: População Total N= 102 100% Regular 24,5 Bom 65,6 Ótimo 7,8 Regular 22,5 Bom 66,6 Ótimo 10,7 Até 30 minutos 26,4 Até 1 hora 35,2 Mais de 1 hora 25,4

Tabela 4 - Distribuição das respostas das gestantes segundo avaliação do atendimento do pré-natal. Porto Velho-RO, 2007. Indicadores Qualidade do atendimento Médico: Qualidade do atendimento do Enfermeiro: Acesso de acompanhantes às consultas: Facilidade na marcação de consultas: População Total N= 102 100% Não houve 74,5 Regular 17,6 Bom 62,7 Ótimo 18,6 Sim 28,4 Não 71,5 Sim 74,5 Não 25,4

74,5% das mulheres referiram não terem tido nenhuma consulta com profissional médico; 71,5% referiram não ser facilitado o acesso de acompanhante às consultas;

Conclusão Diante dos achados e com base nos critérios estabelecidos pelo Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento do Ministério da Saúde (2005), foi possível classificar a assistência pré-natal prestada no município de Porto Velho como inadequada.

Achados significantes de mulheres que não obtiveram acompanhamento domiciliar, demonstrando a manutenção do modelo biomédico, curativista, onde a questão da promoção à saúde passa ao largo da relação profissional de saúde-usuária. Além disso, o elevado percentual de mulheres que não obtiveram nem mesmo o número mínimo de consultas pré-natais;

Portanto fica clara a necessidade e indispensável realização de avaliações sistemáticas da qualidade dos serviços de prénatal, tendo como base o método de investigação epidemiológica, devido à extrema valia das informações que fornece e de seu reduzido custo, conforme evidenciado por meio deste estudo.

Recomendações São encorajadoras as experiências de outros locais (cidades, regiões ou países) que, com nível de desenvolvimento igual ou inferior ao nosso, conseguiram reduzir a mortalidade materno-infantil por meio de sistemas de saúde organizados e abrangentes e que, prioritariamente, utilizaram tecnologias simplificadas e viáveis sob o ponto de vista econômico.

Uma das propostas é a reorganização do sistema de saúde por meio de ações integrais dirigidas à saúde da mulher, com assistência pré-natal oportuna às necessidades da gestante e que tenha interação com os serviços de assistência ao parto.

Recomendações Aprimoramento da qualidade da assistência prénatal envolve: Capacitação técnica continuada das equipes de Capacitação técnica continuada das equipes de saúde na resolução dos problemas mais prevalentes nos níveis primários da saúde, além do seu comprometimento com as necessidades das parcelas mais vulneráveis da população.

Realização sistemática de avaliações de serviço, como forma de identificação das necessidades reais da comunidade; Realização de concursos públicos específicos para profissionais habilitados para o PSF, como forma de mudança do paradigma atual de assistência na atenção básica;

Dentro PSF, em especial aos profissionais das equipes inseridas neste cenário, o desafio é investir em seus recursos humanos, utilizando-se da Educação Continuada como ferramenta para promover o desenvolvimento das pessoas e assegurar a qualidade do atendimento aos clientes.

Porto Velho-RO marcuceunir@yahoo.com.br