benchmark 59 LEADERSHIP AGENDA Políticas Públicas de Empreendedorismo no Sul da Europa O empreendedorismo constitui um dos temas do momento. O seu desenvolvimento permite a geração de riqueza e o crescimento económico, através de novos projectos empresariais e a criação de postos de trabalho. Por isso, é unanimemente considerado uma das alavancas para assegurar o desenvolvimento económico da Europa. Mas o que é necessário fazer para lançar mais empreendedores e ter uma maior taxa de sucesso? Um estudo realizado pela Leadership Business Consulting no âmbito da estratégia da Comissão Europeia para o fomento do empreendedorismo europeu recomenda que as regiões do Sul da Europa actuem essencialmente na vertente educacional, fomentando uma cultura empreendedora, e no suporte ao financiamento, permitindo o arranque de novos projectos com uma estrutura de acompanhamento adequada. O estudo aponta um conjunto de acções para melhor promover o empreeendedorismo. No âmbito dos esforços da Comissão Europeia pela promoção do empreendedorismo, a Leadership Business Consulting foi seleccionada pelo Emprende-Inova para elaborar um estudo sobre as políticas públicas de apoio ao O estudo foi concluído no final de 2006 e adjudicado pela entidade representativa do Empreende- Inova em Portugal, o INSCOOP - Instituto António Sérgio do Sector Cooperativo. O estudo identifica as melhores práticas no espaço SUDOE (Portugal, Espanha e Sul de França) e noutros países da União Europeia, e estabelece directrizes e linhas orientadoras para a concretização de políticas públicas que visem o desenvolvimento do Orientações Estratégicas Europeias O trabalho desenvolvido adoptou como enquadramento prévio as orientações estratégicas da Comissão Europeia para promover o empreendedorismo europeu, definidas no Livro Verde Espírito Empresarial na Europa. Figura 1 - Orientações para a Promoção do Empreendedorismo Europeu
Pretende-se que as propostas apresentadas pelo estudo constituam elementos de reflexão para a tomada de decisão das entidades e organismos que contribuem para a definição e execução de políticas públicas de fomento ao A abordagem adoptada foi inovadora na classificação e análise das iniciativas do empreendedorismo, definindo: I) fases de ciclo do empreendedorismo - pré-desenvolvimento da ideia, desenvolvimento da ideia, criação/ implementação da ideia e desenvolvimento do projecto); II) vertentes de apoio ao empreendedor - agilização processual, consultoria, divulgação, financiamento, formação, formalização, incentivos fiscais e sociais, infraestruturas e parcerias de negócio. Conclusões sobre as Políticas Públicas no Espaço SUDOE As causas que limitam o empreendedorismo europeu prendemse com as barreiras administrativas, o financiamento, o risco associado à iniciativa empresarial, o processo educacional, a formação e as políticas de apoio ao Ao nível das vertentes de apoio e das fases de ciclo, foram identificadas, as seguintes conclusões fundamentais: Conjunto restrito de iniciativas na Fase de Pré-Desenvolvimento da Ideia; Iniciativas com impacto considerável na Fase de Desenvolvimento da Ideia; Insuficiente coordenação global das iniciativas; Insuficiência de benefícios fiscais e sociais específicos para empreendedores; Insuficiência de linhas de financiamento; Existência de um limitado número de iniciativas que promovem as parcerias de negócio; Legislação inadequada às necessidades do empreendedor. Ao nível do impacto das medidas existentes verifica-se o seguinte: Promotores - o Estado disponibiliza um conjunto de ferramentas de financiamento, divulgação, consultoria, formação e parcerias de negócio, enquanto o sector privado disponibiliza iniciativas que abrangem todas as vertentes de apoio; Adesão - A adesão aos programas públicos não é total, embora a maioria das iniciativas Figura 2 - As Principais Causas que Limitam o Empreendedorismo Europeu 60
61 LEADERSHIP AGENDA demonstrem uma taxa de crescimento positiva; Resultados - Existem casos de sucesso de iniciativas, porém a taxa de criação de empresas no SUDOE é baixa e a taxa de sobrevivência pode ainda ser melhorada; Requisitos - Há um conjunto de iniciativas de fácil acesso com requisitos simples mas há também iniciativas no âmbito do financiamento e da formação financiada com requisitos complexos ou pouco flexíveis. No que respeita ao processo de gestão das iniciativas as principais conclusões são: Necessidade de definir objectivos concretos e quantificáveis para as iniciativas; Necessidade de definir indicadores de impacto e de acompanhamento para as medidas; Limitada aplicação de instrumentos de monitorização das iniciativas (medida do impacto); Insuficiente coordenação centralizada das iniciativas, principalmente as de divulgação; Inexistência de uma estratégia global de desenvolvimento do Através da identificação de melhores práticas no espaço SUDOE foram retiradas algumas conclusões importantes, das quais se destacam: O espaço SUDOE dispõe de um conjunto de boas práticas que cobrem genericamente as quatro fases do ciclo do empreendedorismo, existindo uma oferta maior nas fases de criação/ implementação da ideia e de desenvolvimento do projecto; Existe um conjunto de oportunidades de melhoria para os diversos países cobrindo gaps específicos existentes em cada um deles. Figura 3 Boas Práticas no espaço SUDOE e seu Posicionamento no Ciclo do Empreendedorismo
Melhores Práticas Europeias O Benchmarking Internacional realizado permitiu a identificação de um conjunto de boas práticas noutros países que podem ser implementadas para melhor fomentar o empreendedorismo no espaço SUDOE, entre os quais se destacam as seguintes: acompanhar projectos, nomeadamente a nível de suporte financeiro. Neste âmbito, é necessário que os agentes do mercado financeiro, como acontece a nível internacional, respondam de uma forma mais eficaz às necessidades dos empreendedores, lançando produtos mais adequados para alguns segmentos Estas melhores práticas internacionais incidem nos factores mais importantes para a promoção e desenvolvimento do empreendedorismo: o fomento de uma cultura empreendedora nas pessoas, tanto no momento escolar como universitário, e a capacidade de apoiar e (p.e. no micro-empreendedorismo) e apoiando a própria formação empresarial dos empreendedores, nos primeiros momentos de lançamento do negócio (p.e. na elaboração do plano de negócios e em acções de formação sobre temas de gestão). Figura 4 Iniciativas Internacionais no Ciclo do Empreendedorismo 62
63 LEADERSHIP AGENDA Estratégia de Actuação Recomendada para o Espaço SUDOE A estratégia para o desenvolvimento de iniciativas de apoio ao empreendedorismo no espaço SUDOE deve assentar num conjunto de quatro eixos de actuação. Cada eixo de actuação contempla um conjunto de prioridades, que deverão ser executadas através da implementação de acções específicas, identificadas em detalhe no estudo. Eixo 1 - Empreendedorismo para Todos - visa eliminar os obstáculos ao desenvolvimento e crescimento das empresas; Eixo 2 - Disseminação da Cultura Empreendedora - visa incutir uma cultura empreendedora na sociedade civil; Eixo 3 - Valorização do Empreendedorismo - visa valorizar as pessoas que assumem riscos no desenvolvimento de novos projectos; e Eixo 4 - Gestão Eficiente das Iniciativas de Empreendedorismo - visa a promoção de uma gestão orientada para os resultados das iniciativas desenvolvidas. Em suma, a estratégia de actuação baseia-se numa lógica de 3pg: pessoas, processos, práticas e gestão. Figura 5 Eixos Recomendados para a Estratégia de Apoio ao Empreendedorismo
O Eixo 1 - Empreendedorismo Para Todos, visa eliminar os obstáculos ao desenvolvimento e crescimento das empresas. EIXO 1 - Empreendedorismo para Todos Objectivos Resultados Prioridade 1.1 - Desenvolvimento do Modelo de Financiamento Prioridade 1.2 - Consolidação da Agilização Processual Prioridade 1.3 - Melhoria da Divulgação das iniciativas Disponibilização de mais instrumentos de financiamento na tentativa de reduzir consideravelmente as barreiras à entrada, no âmbito de empreendedorismo Capitalização das iniciativas de sucesso existentes na área de agilização Aumento da eficiência e eficácia das iniciativas de divulgação, permitindo ao empreendedor o acesso a informação estruturada, completa e sistematizada Aumentar micro-créditos; Promover a utilização de ventura capital; Aumentar financiamento bancário para empreendedores. Maior numero de serviços de apoio ao empreendedor com maior nível de eficiência. Maior abrangência na divulgação (novos tipos de informação); Acesso mais fácil à informação de apoio. Prioridade 1.4 - Reforço e Alargamento das Iniciativas Existentes Aumento e capacidade de apoio à actividade empreendedora Aumento da abrangência das iniciativas existentes (p.e. extensão sectorial, cobertura territorial, reforço financeiro, etc...) O Eixo 2 - Disseminação da Cultura Empreendedora, visa incutir uma cultura empreendedora na sociedade civil. Designação Objectivos EIXO 2 - Disseminação da Cultura Empreendedora Resultados Prioridade 2.1 - Promoção do Empreendedorismo Disseminação dos resultados da actividade de empreendedorismo junto da sociedade civil, como forma de tentar minimizar a natural aversão ao risco Aumento do grau de conhecimento das iniciativas de empreendedorismo junto da sociedade. Prioridade 2.2 - Empreendedorismo no Sistema Educativo Prioridade 2.3 - Formação em Empreendedorismo Criação de uma cultura empreendedora nas camadas mais jovens da sociedade garantindo que a mesma se enraíze para gerações vindouras Promoção de formação de qualidade e adequada às necessidades do empreendedorísmo. Aumento do nível de competências necessárias ao desenvolvimento do empreendedorismo; Redução de aversão ao risco Disseminação de acções de apoio ao empreendedorismo com qualidade O Eixo 3 - Valorização da Cultura Empreendedora, visa valorizar as pessoas que assumem riscos no desenvolvimento de novos projectos. Designação Objectivos EIXO 3 - Valorização da Cultura Empreendedora Resultados Prioridade 3.1 - Balanceamento do risco com o retorno do investimento mais favorável Reduzir o impacto do risco na actividade empreendedora e aumentar o retorno do investimento. Redução do custo do Prioridade 3.2 - Encorajamento dos empreendedores para desenvolverem negócios existentes Prioridade 3.3 - Aumento da atractividade dos Spin-off s Aproveitar negócios existentes com potencial de crescimento capitalizando o seu conhecimento de mercado Aproveitamento de sinergias existentes, redução do cousto de empreendedorismo e aproveitamento de ideias desenvolvidas. Rejuvenescimento do tecido empresarial actual. Aumento da utilização do know-how detido nos meios universitários e no meio empresarial. 64
65 LEADERSHIP AGENDA O Eixo 4 - Gestão Eficiente das Iniciativas de Empreendedorismo, visa a promoção de uma gestão orientada para os resultados das iniciativas desenvolvidas. Designação Objectivos Resultados EIXO 4 - Gestão Eficiente das Iniciativas de Empreendedorismo Prioridade 3.1 - Melhoria na Implementação das Medidas Aumento da eficácia das medidas existentes, melhorando o nével de apoio ao empreendedor e o impacto no desenvolvimento económico. Iniciativas com impacto maior no desenvolvimento do Prioridade 3.2 - Implementação de Modelos de Monitorização Criação de mecanismos que permitam controlar a implementação das medidas para posterior correcção, caso seja aplicável. Aumento da capacidade de avaliação do desempenho das iniciativas Prioridade 3.3 - (Re) Adequação das Iniciativas Adequação das iniciativas à evoluçaõ das necessidades das actividades de Maior alinhamento das iniciativas coma as necessidades reais de Prioridade 3.3 - Coordenação Eficaz das Iniciativas Aumento da eficácia e abrangência das iniciativas de divulgação. Maior facilidade no acesso às iniciativas. Lições Aprendidas e Aplicação Imediata em Portugal Por último, este projecto traduziu-se na elaboração de um Plano de Transferência, isto é, um plano de implementação que fomenta a partilha de experiências entre os países do espaço SUDOE. As oportunidades de transferência são constituídas pelas melhores práticas de apoio ao empreendedorismo que são disponibilizadas em pelo menos uma das regiões do espaço SUDOE e que são consideradas aplicáveis em outras regiões do Espaço SUDOE. Para Portugal foram identificadas algumas oportunidades de transferência imediatas, encontradas em Espanha e França, que actuam nas áreas de maior premência para a promoção do empreendedorismo no nosso país: criação de uma cultura empreendedora nas pessoas e desenvolvimento de um modelo de suporte financeiro mais adequado aos empreendedores. Para consultar mais informação sobre o projecto aceda a www.emprendeinnova. org Figura 6 Oportunidades de Transferência para Portugal
O Projecto Emprende + Innova O projecto Emprende+Innova pretende ser um contributo para o desenvolvimento económico e, ao mesmo tempo, o fomento do emprego no espaço SUDOE (Sudoeste da Europa) através da criação de uma rede estável de apoio ao O seu modo principal de intervenção é a partilha de conhecimentos, recursos e informações, e a apresentação de um conjunto de propostas que visem ultrapassar o limitado índice de êxito das políticas públicas de apoio ao empreendedorismo que têm sido desenvolvidas, a nível europeu, nacional, regional e local. As entidades que constituem esta rede de conhecimento são originárias de Portugal, Espanha e França: a Fundación Red Andalucía Emprende, o Instituto António Sérgio do Sector Cooperativo, o Réseau Universitaire Toulouse Midi-Pyrénées, a Fundació Privada per a la Promoció de l Autoocupació de Catalunya CP AC, o DOCUMENTA Instituto Europeu de Estúdios para la Formación y el Desarrollo, e a Confederación de Entidades para la Economia Social de Andalucía (CEPES - Andalucía). Os objectivos prosseguidos pelo Emprende+Innova, são os seguintes: Criação de uma rede transnacional no espaço SUDOE para a identificação, valorização e definição do perfil de empreendedor; Análise dos factores da cultura empreendedora a potenciar pela Administração Pública no trabalho de fomento da criação de empresas; Detecção de boas práticas de apoio ao empreendedor/a; Intercâmbio de experiências inovadoras no empreendimento; Difusão de resultados, boas práticas, estratégias e metodologias de fomento da cultura empreendedora no espaço SUDOE e UE; Transferência de resultados das políticas nacionais, regionais e locais para a sua aplicação; Elaboração comum dos indicadores para monitorização dos resultados. Para a concretização destes objectivos foi definido um plano de actuação estruturado em sete etapas: Criação de uma rede virtual de apoio ao empreendedor que contenha informação e ferramentas de apoio; Desenvolvimento de ferramentas informáticas de apoio ao empreendedor; Realização do projecto-piloto sobre análises de políticas públicas, propostas de estratégia e plano de transferência de resultados; Realização de estudos sobre todos os aspectos que rodeiam a figura do empreendedor; Criação de um observatório que contenha as informações periódicas assim como informação actualizada sobre os indicadores do projecto; Realização de jornadas de difusão nacional (Espanha, Portugal e França) e transnacional (Bruxelas) dos resultados do projecto entre os agentes económicos, sociais e políticos; Desenvolvimento dos procedimentos de gestão técnica, administrativa e financeira para a correcta execução do mesmo. 66