A indústria canavieira do Brasil em clima otimista

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Transcrição:

A indústria canavieira do Brasil em clima otimista Mirian Rumenos Piedade Bacchi Professora ESALQ/USP Pesquisadora do Cepea/Esalq/USP mrpbacch@esalq.usp.br www.cepea.esalq.usp.br Artigo publicado na revista Futuros Agronegócios Edição de Julho/2006 págs. 22 a 25 Título na revista: O bom preço da cana A remuneração atrativa obtida pelos produtores brasileiros de açúcar e álcool comparativamente a de outras atividades da economia nacional tem motivado novos investimentos na indústria canavieira. Até o ano-safra 2010/11 deverão ser implantadas mais de 70 novas fábricas que absorverão um aumento da produção de cana-de-açúcar da ordem de 180 milhões de toneladas. A alta rentabilidade da atividade sucroalcooleira nos dias de hoje está associada a condições favoráveis de preço no cenário internacional de açúcar que, por sua vez, tem grande influência sobre o preço do mercado doméstico, também à maior demanda pelo álcool no mercado interno e internacional o que alavanca as cotações deste produto - e ainda aos baixos custos de produção tanto do açúcar quanto do álcool. É amplamente reconhecido que o Brasil possui condições edafoclimáticas bastante favoráveis à produção da cana e uma indústria sucroalcooleira que é referência no mundo tanto no aspecto tecnológico quanto no de gestão do negócio. Apesar do aumento da produção de açúcar e álcool observado nos últimos três anos, os preços reais desses produtos apresentam tendência crescente como pode ser observado nas Figuras 1 e 2, referentes às cotações de açúcar e de álcool anidro (o valor do hidratado segue a mesma tendência deste último), no estado de São Paulo - maior produtor nacional de açúcar e álcool. Isso sugere um aumento da demanda mais que proporcional ao da oferta em período recente. No caso do álcool, o aumento da demanda no mercado interno tem se dado pelo preço favorável deste combustível relativamente ao da gasolina, o que induz ao maior consumo de álcool nos carros bicombustíveis, que têm cada vez maior representatividade na frota nacional de veículos leves. Além do mais, a vantagem comparativa do álcool tem induzido o uso de uma mistura que leva álcool hidratado e gasolina C na frota de carros montada para utilizar apenas o combustível fóssil. De outro lado, as exportações brasileiras de álcool vêm crescendo de forma expressiva, o que se deve não somente às vendas externas de álcool industrial matériaprima para empresas inseridas no segmento de bebidas, de cosméticos, farmacêuticas e de tintas/solventes de outros países, como também às vendas de álcool carburante, produto que passa a ser inserido na matriz energética de países deficitários na produção desse combustível. Atualmente o produto brasileiro representa aproximadamente 50% no mercado internacional de álcool, sendo que o álcool combustível brasileiro já tem uma participação representativa nesse mercado, por volta de 25%.

É certo que o mercado internacional de álcool é ainda bastante pequeno, mas espera-se que ele cresça significativamente nos próximos anos não só por questões de ordem econômica (esgotamento das reservas de petróleo e preços elevados dos combustíveis derivados dessa matéria-prima), mas também por questões geopolíticas e ambientais. Hoje se reconhece que os biocombustíveis têm uma importante função a cumprir na mitigação de problemas associados à emissão de CO 2 que causam o efeito estufa e o aquecimento global. Assim, o cenário para o mercado de álcool é bastante promissor e acredita-se que enquanto os combustíveis não tiverem substitutos à altura, o álcool deva ser o produto com maior aptidão para suprir uma demanda crescente por combustíveis renováveis, de grande interesse na atualidade. Neste cenário otimista, porém, algumas reflexões se fazem necessárias. As questões ambientais e os preços crescentes de combustíveis fósseis têm feito com que haja um grande interesse por parte de muitos países pela utilização de fontes energéticas alternativas, como aquelas provenientes de biomassa, das quais o álcool tem sido considerado a estrela. Alguns desses países têm a possibilidade de produzir álcool e exportar parte da produção, o que é positivo sob o ponto de vista da consolidação do mercado internacional desse produto. No entanto, esses países serão nossos futuros concorrentes. Os Estados Unidos, por exemplo, estão investindo cifras altíssimas visando aumentar a produção de agroenergia utilizando o milho como matéria-prima, ocupando atualmente, junto com o Brasil, a primeira posição na relação dos maiores produtores. È importante considerar ainda que alguns substitutos para o etanol, que satisfaçam as exigências de cunho ambiental, podem aparecer e, também nesse contexto, é interessante assegurar a competitividade do álcool brasileiro. No Brasil, ganhos significativos em produtividade foram obtidos para o álcool e hoje o País tem os menores custos de produção do mundo. Mas, para que possamos continuar ocupando a posição de destaque entre os fornecedores mundiais de energia proveniente de biomassa, devemos manter e até ampliar a nossa competitividade. Assim, ganhos em produtividade através do uso de tecnologia moderna que possa acarretar redução de custo médio de produção devem ser obtidos de forma continuada. Isso deverá ser conseguido através de investimentos em pesquisas não só na área agrícola, mas também na industrial. A remoção de entraves associados ao setor de logística será também essencial. No que diz respeito ao mercado açúcar, reconhece-se que a taxa de crescimento do consumo no mercado interno é pequena, superando em pouco a taxa de crescimento vegetativo da população brasileira. Isso ocorre porque o consumo direto per capta de açúcar já é bastante elevado, não se podendo esperar incremento significativo dele mesmo que haja aumento de renda. Pelo contrário, em função de aspectos relacionados à saúde e à estética, tem-se verificado uma tendência de substituição desse produto por adoçantes diets na dieta da população inserida nas classes de renda mais altas. De outro lado, mesmo que ocorra crescimento de renda, o que pode afetar o consumo de produtos industrializados que utilizam açúcar na sua composição de forma significativa, esse segmento do mercado de açúcar não é grande, representando menos de 40% do total comercializado internamente, de modo que o efeito no consumo total não deve ser grande. Assim, não se espera mudanças importantes de consumo no mercado

interno nos próximos anos, não representando esse segmento de mercado certamente o fundamento paras as altas taxas de crescimento projetadas para a produção de cana. Em relação ao mercado externo de açúcar, as condições são bastante favoráveis. O crescimento do consumo mundial a taxas maiores do que a oferta tem motivado aumento de preço no mercado internacional desse produto. Além disso, a expansão projetada para o mercado de biocombustíveis tem criado expectativa de redirecionamento de matéria-prima utilizada na produção de açúcar para a produção de etanol, o que tem acentuado de forma significativa os movimentos de alta do preço do açúcar, fazendo com que ele se mantenha em patamares bastante elevados relativamente ao passado histórico. As exportações brasileiras de açúcar têm aumentado de forma considerável nos últimos anos e o Brasil têm condições de aumentar ainda mais a sua participação no mercado internacional, que hoje é de pouco menos de 40%, sem pressionar o preço nesse mercado. Isso deverá ocorrer devido à diminuição das exportações da União Européia motivada pela queda dos subsídios para o açúcar naquela comunidade por imposição da OMC Organização Mundial de Comercio. As variações de preços de açúcar no mercado internacional se transmitem para os preços do mercado brasileiro de forma rápida e em grande magnitude. Sabe-se que atualmente o preço do mercado doméstico de açúcar é bastante dependente do preço do mercado internacional, refletido nas cotações dos contratos das Bolsas de Futuros de referência. Isso ocorre porque a possibilidade de arbitragem é elevada o Brasil exporta atualmente mais de 60% da produção doméstica de açúcar, tendo suas negociações externas bastante consolidadas. As cotações dos contratos futuros de açúcar em vigência até 2008 nas Bolsas Internacionais apontam para situação bastante favorável para o mercado desse produto, o que deve beneficiar não só o segmento exportador brasileiro como também o segmento doméstico. Para terminar essa discussão, vale lembrar que os preços altos para o açúcar e álcool estão motivando a expansão da indústria canavieira brasileira, assegurando rentabilidade mesmo para aqueles agentes que tenham menores níveis de eficiência. Assim, num cenário de oferta crescente, a não ser que a demanda por esses produtos continue aumentando na mesma proporção, são esperados preços menores no longo prazo. A rentabilidade acima da considerada normal só será garantida, então, com a adoção de novas tecnologias. Esta é a lei que governa os setores produtivos nos quais prevalece a economia de mercado.

Figura 1. Preço real de açúcar cristal (valores de abril de 2006) e produção de açúcar no Estado de São Paulo. t 18.000.000 16.000.000 14.000.000 12.000.000 10.000.000 8.000.000 6.000.000 4.000.000 2.000.000 0 45,00 40,00 35,00 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 R$/sc 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 ano-safra produção de açúcar preço de açúcar cristal Fontes: Cepea e Unica Ano safra produção de açúcar preço de açúcar cristal 1998/99 11787753 34,65 1999/00 13091378 25,78 2000/01 9675481 39,73 2001/02 12350253 36,95 2002/03 14347908 41,96 2003/04 15171854 27,13 2004/05 16516346 29,93 2005/06 16762358 37,72

Figura 2. Preço real de álcool anidro (valores de abril de 2006) e produção total de álcool no Estado de São Paulo. 12.000.000 1,20 10.000.000 1,00 8.000.000 0,80 m3 6.000.000 4.000.000 0,60 0,40 R$/l 2.000.000 0,20 0 0,00 1988/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 ano-safra produção de álcool preço de álcool anidro Fontes: Cepea e Unica Ano safra produção de álcool anidro preço de álcool anidro 1988/99 9.038.651 0,66 1999/00 8.492.368 0,70 2000/01 6.439.113 1,06 2001/02 7.134.529 0,93 2002/03 7.690.689 0,94 2003/04 8.828.353 0,71 2004/05 9.103.940 0,82 2005/06 9.951.710 0,93