Lazer, cultura e saúde

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Transcrição:

Mestrado Profissional em Saúde Mental e Atenção Psicossocial Lazer, cultura e saúde prof. Ricardo Ricci Uvinha Universidade de São Paulo USP

Barreiras de acesso ao Lazer CARACTERIZAÇÃO: Ciclo vital Gênero Fator econômico Raça e minorias étnicas Presos/ encarcerados.

Barreiras de acesso ao Lazer CARACTERIZAÇÃO: Segmento GLS Desempregados Portadores de deficiência Espaços/ equipamentos.

Barreiras de acesso ao Lazer Conceituação: Barriers Como a falta de equipamentos, por exemplo, pode afetar a participação no lazer? Constraints Quais fatores podem ser levados em consideração para a nãoparticipação em atividades de lazer? Fonte: Jackson & Scott (1999, t.n.); Edginton & Chen (2008, t.n.)

Barreiras de acesso ao Lazer CICLO VITAL (Lazer infantil) É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão FONTE: Constituição da República Federativa do Brasil (1988)

Barreiras de acesso ao Lazer CICLO VITAL (Lazer infantil) Criança vista como adulto em miniatura (preparação) Caráter evolucionista Preparação para um futuro próximo.

Barreiras de acesso ao Lazer CICLO VITAL (Lazer infantil) Classe alta: capacitação infantil (investimento) Classe baixa: trabalho infantil (necessidades) Estresse infantil: distúrbios de aprendizagem Bullying: reflexos na vivência do lúdico na escola e do lazer fora da mesma.

Barreiras de acesso ao Lazer CICLO VITAL (Lazer infantil) Brincar e sua dimensão lúdica: Produção cultural DA criança X Produção cultural PARA A criança.

Barreiras de acesso ao Lazer CICLO VITAL (Lazer do jovem) Sujeito ao lazer-mercadoria Deviant Leisure Cultura da violência (esportes) Papel dos grupos ( tribos ).

UVINHA, R.R. Juventude, lazer e esportes radicais. São Paulo: Manole, 2001.

Cultura e identidade de grupo Espaço físico Grupos/ Tribos/ Gênero Rixas Linguagem Vestimenta Música.

Algumas gírias utilizadas pelos skatistas no interior da tribo capote: tomar um tombo (aliás, ocorrência muito frequente no skate); colar: dar porrada, arrumar briga; dar pista / dar área: ir para outro lugar, ir embora para outra pista; gambé: geralmente ligado a um policial ou ainda a alguém estranho na pista (como eu era, em certa parte, considerado por alguns skatistas no início da minha pesquisa, como relatei na introdução deste trabalho); gralha, comédia ou paga-pau: quando fala mais do que faz, como por exemplo gralhar ter realizado alguma manobra muito difícil; pico: lugar de encontro, que designa geralmente alguma pista de skate.

Algumas gírias utilizadas pelos skatistas no interior da tribo prego: quando é iniciante e ainda não sabe os macetes do skate; pró: inversamente ao prego, o pró seria aquele que, por suas habilidades e experiência, se destaca perante aos demais na pista; sangue bom / brother: pessoa próxima, amigo, geralmente pertencente a tribo do skate; session: nome atribuído pelo skatista ao tempo de permanência de um praticante na pista, quando na execução das manobras; style ou nervoso / da hora: legal, como por exemplo este rap é da hora.

Pedaço: espaço onde [...] se desenvolve uma sociabilidade básica, mais ampla que a fundada nos laços familiares, porém mais densa, significativa e estável que as relações formais e individualizadas impostas pela sociedade (p.116).

Pedaço: dois componentes de ordem espacial (o telefone público, a padaria, o campo de futebol, o salão de beleza, o bar) de ordem simbólica (composto de uma ampla rede de relações sociais) termo que designaria um espaço intermediário entre o privado (casa) e o público (a rua).

Lazer do jovem Compreensão das múltiplas experiências do lazer vivenciadas pelo jovem no seu tempo livre Momentos de acentuada relevância em termos de valores e expressão de signos sociais Cultura juvenil multifacetada e em constante transformação.

Lazer do idoso alerta de impacto (supervalorização do trabalho/ desvalorização do lazer) lazer restrito ao ambiente doméstico (cocooning) dificuldades econômicas, dependência, isolamento familiar e comunitário Lazer: legitimar preconceitos X colaborar para transformação. FONTES: Dumazedier (1999); Trigo (1995); Clarke & Critcher (1999, t.n.); Freysinger (1999, t.n.)

Gênero: Lazer da mulher Diferenças no uso de tempo de lazer Padrões sociais: vetam participação efetiva menina : aprendizado diferenciado (brincar) Obrigações: tempo de lazer para mães que trabalham? FONTES: Marcellino (1996); Marcellino (2006); Shaw (1999, t.n.)

Lazer da mulher: estereótipos FONTE: Bruhns (1995) HOMEM sexo forte dominação esfera pública poder MULHER sexo frágil subordinação esfera privada submissão

Mestrado Profissional em Saúde Mental e Atenção Psicossocial Lazer, cultura e saúde prof. Ricardo Ricci Uvinha Universidade de São Paulo USP uvinha@usp.br