UNIVERSIDADE SALVADOR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU MBA EM CONTROLADORIA PARA GESTÃO DE NEGOCIOS ANA PAULA B. DE SOUZA EMANUEL ANTUNES



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Transcrição:

UNIVERSIDADE SALVADOR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU MBA EM CONTROLADORIA PARA GESTÃO DE NEGOCIOS ANA PAULA B. DE SOUZA EMANUEL ANTUNES JEANE MOURA CARVALHO MILENA GAVAZZA P. DE ANDRADE CONTROLES INTERNOS OS EFEITOS DA IMPLEMENTAÇÃO DA SOX Salvador 2008

5 1 INTRODUÇÃO 1.1 Problemática, contexto e justificativa O mercado norte americano de capitais é reconhecido como o maior do mundo. Uma série de escândalos de natureza contábil, provocados pela descoberta de transações irregulares em uma de suas maiores empresas, resultou no enfraquecimento do grau de confiança dos investidores, abalando o equilíbrio não apenas do mercado daquele país, mas também dos demais mercados internacionais. Como resposta a estas fraudes a Lei Americana Sarbanes-Oxley, Public Company Accounting Reform And Investor Protection Act, também conhecida como SOX, foi promulgada pelo Congresso Americano em julho de 2002 para coibir práticas lesivas aos acionistas ou que possam submetê-los a elevados níveis de riscos. A SOX foi incentivada pelo democrata Paul Sarbanes e pelo republicano Michael Oxley, então Senadores, tendo como objetivo aperfeiçoar os controles financeiros das empresas e apresentar melhoria para a adoção de princípios de Governança corporativa, focada na qualidade das auditorias. Com a lei, os princípios de Governança Corporativa deixarão de ser decisões estratégicas apenas dos administradores e serão regulamentadas e fiscalizadas pela Securities and Exchange Commission (SEC), instituição equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil. A Sox foi criada para restaurar a confiança dos investidores e cidadãos na liderança empresarial norte-americana. Ela enfatiza os padrões éticos na preparação e divulgação de informações financeiras das organizações. A Lei torna os diretores e executivos diretamente responsáveis por estabelecer, avaliar e monitorar a eficácia dos

6 controles internos sobre relatórios financeiros e divulgações de informações relevantes, com a intenção de desencorajar declarações de executivos que, nas fraudes acontecidas na época, afirmaram não ter conhecimento das atividades duvidosas praticadas por suas Empresas. Ela procurou tornar tangível a necessidade de segurança das pessoas após os escândalos financeiros ocorridos nos Estados Unidos nos últimos anos. 1.2 Problema e objetivos O problema de pesquisa proposto para o presente estudo pode ser apresentado como: Quais os efeitos da implementação da SOX? O enfoque deste trabalho será o de mostrar os efeitos da implementação da SOX em uma Empresa Brasileira, com sede na Suíça, que opera nos Estados Unidos. 1.3 Estrutura e apresentação do trabalho O presente trabalho encontrasse estruturado em cinco capítulos Cumprindo os objetivos o capítulo 1 apresenta a Introdução, com a contextualização da problemática e a definição do problema e dos objetivos do estudo. O Capítulo 2 tratará da Fundamentação Teórica, apresentando os principais conceitos de controles internos e a Lei Sarbanes Oxley, com sua importância e determinações, sua aplicabilidade e as seções de maior conhecimento e o modelo de implementação. O Capítulo 3 discutirá os Procedimentos Metodológicos da pesquisa e sua operacionalização.

7 O Capítulo 4 aborda a Análise de Resultados, apresentando a empresa estudada, seu modelo de implementação de controles internos, o resultado do estudo proposto e sua impressão com relação ás mudanças. O Capítulo 5 sintetiza a Conclusão, apresentando uma resposta ao problema e aos objetivos propostos.

8 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Controles Internos Controles internos podem ser definidos como todas as políticas adotadas pela empresa com o intuito de minimizar riscos e melhorar processos. O Conselho Federal de Contabilidade, nas Normas Brasileiras de Contabilidade Técnica 11, item 11.2.5.1, define controle interno como um conjunto de variáveis e compreende: (...) o plano de organização e o conjunto integrado de método e procedimentos adotados pela entidade na proteção do seu patrimônio, promoção da confiabilidade e tempestividade dos seus registros e demonstrações contábeis, e da sua eficiência operacional. Segundo o Comitê de Procedimentos de Auditoria do American Institute of Certified Public Accountants AICPA, a definição de controles internos, vigente atualmente, de acordo com a SAS - 78 é: Um processo efetuado pela diretoria, gerência e outras pessoas da entidade projetado para proporcionar uma razoável garantia de alcançar os objetivos nas seguintes categorias: (a) confiabilidade nos relatórios financeiros; (b) conformidade com as leis e regulamentos aplicáveis e (c) eficácia e eficiência nas operações. Controle interno consiste de cinco componentes inter-relacionados: a) Ambiente de controle é o que estabelece o tom de uma organização, influenciando a consciência de controle de suas pessoas. b) Avaliação de risco é a identificação e análise dos riscos relevantes da entidade para atingir seus objetivos, formando uma base para determinar como os riscos poderiam ser gerenciados. c) Atividades de controle são as políticas e procedimentos que auxiliam a assegurar que as diretrizes gerenciais são alcançadas. d) Informação e comunicação é a identificação, captura e troca de informação, numa estrutura de tempo e forma que possibilite às pessoas cumprirem suas responsabilidades. e) Monitoramento é o processo que avalia a qualidade do desempenho do controle interno no tempo.

9 Também, para o AICPA (MORAES, 2003, p. 22): O controle interno, no sentido amplo, compreende controles que se podem caracterizar como contábeis ou como administrativos, como segue: a) Controles contábeis compreendem o plano da organização e todos os métodos e procedimentos referentes e diretamente relacionados com a salvaguarda do ativo e fidedignidade dos registros financeiros. Geralmente compreendem controles tais como: sistemas de autorização e aprovação, separação entre tarefas relativas à manutenção de registros, elaboração de relatórios e aquelas que dizem respeito à operação ou custódia do ativo, controles físicos sobre o ativo e auditoria interna; b) Controles administrativos são os que compreendem o plano da organização e todos os métodos e procedimentos referentes, principalmente à eficiência operacional e obediência às diretrizes administrativas e que normalmente se relacionam apenas indiretamente com os registros contábeis e financeiros. Em geral, incluem controles como análises estatísticas, estudos de tempo e movimento, relatórios de desempenho, programas de treinamento de empregados e controle de qualidade. Ainda segundo o AICPA, os principais objetivos dos controles internos são: proteger os ativos da empresa; obter informações adequadas; promover a eficiência e eficácia operacional da organização; estimular a obediência e o respeito às políticas da administração. Ou seja, os controles internos devem assegurar que as várias fases do processo decisório e do fluxo de informações reflitam a necessária confiabilidade. Para o Institut Français des Experts Comptables: O controle interno é formado pelo plano de organização e de todos os métodos e procedimentos adotados internamente pela empresa para proteger seus ativos, controlar a validade dos dados financeiros pela Contabilidade, ampliar a eficácia e assegurar a boa aplicação das instruções da direção. (SÁ, 1993, p. 110). Dessa forma presumisse ser a empresa capaz de refutar situações de riscos e turbulências nos mercados internos e externos. Utilizando controles eficazes capaz de proteger e assegurar a fidedignidade das informações contábil financeiras que são utilizadas para validação da gestão administrativa. Segundo Oliveira e D Ávila (2002, p.31):

10 Existe uma relação entre os objetivos e os componentes e está interligada ao que a empresa almeja alcançar, dependendo do julgamento desses itens efetivamente. Para se alcançar os objetivos se faz necessário que haja a salvaguarda dos ativos, alavancagem de lucratividade das operações e minimização do risco de descumprimento das normas que regulam a atividade, porém, para isso, é preciso que os componentes do controle interno sejam avaliados de forma freqüente, havendo sempre comunicação entre as pessoas e um monitoramento capaz de regular o sistema. Do contrário não será possivel manter-se num mercado cada vez mais intenso e exigente, onde investidores e clientes, buscam cada vez mais mecanismos de monitoramento que regulem o mercado de forma global. Para Chiavenato (2003, p. 654), os tipos de controles são três: a) Os estratégicos, que são chamados de controles organizacionais, incluindose de tal forma o sistema de decisões de cúpula que controla o desempenho de resultados da organização como um todo, através das decisões externas, como também das informações internas, como, por exemplo, previsão de vendas e previsão de despesas a serem incorridas, proporcionando o balanço projetado; b) Os táticos, que são feitos após os controles estratégicos e estão num nível intermediário, referindo-se a cada uma das unidades operacionais, onde começa na prática o que foi planejado, por isso estão mais voltados ao médio prazo, como por exemplo, o ponto de equilíbrio, que é um ponto de interseção entre a linha de vendas e a de custos totais; e c) Os operacionais, que são realizados no nível operacional da organização e são projetados em curto prazo, por exemplo, o controle de qualidade, envolvendo processos de verificação de materiais, produtos e serviços assegurando que eles alcancem elevados padrões. Os princípios de controle interno representam o conjunto de normas, diretrizes e sistemas, que visam ao atendimento de objetivos específicos, que para Peter e Machado (2003, p.25) são: a) Relação custo versus benefício: consiste na minimização da probabilidade de falhas/desvios quanto ao atendimento dos objetivos e metas. Este conceito reconhece que o custo de um controle não deve exceder aos benefícios que possa proporcionar; b) Qualificação adequada, treinamento e rodízio de funcionários: a eficácia dos controles internos está diretamente relacionada com a competência e integridade do pessoal. Assim, é imprescindível que haja uma política de pessoal que contemple: I) Delegação de poderes e determinação de responsabilidades: visam assegurar maior rapidez e objetividade às decisões, fazendo-se necessário um regimento/estatuto e organograma adequado, onde a

11 definição de autoridade e conseqüentes responsabilidades sejam claras e satisfaçam plenamente às necessidades da organização; e manuais de rotinas/procedimentos claramente determinados, que considerem as funções de todos os setores do órgão/entidade; II) Segregação de funções: a estrutura de um controle interno deve prever a separação entre as funções de autorização ou aprovação de operações e a execução, controle e contabilização das mesmas, de tal forma que nenhuma pessoa detenha competências e atribuições em desacordo com este princípio; III) Instruções devidamente formalizadas: para atingir um grau de segurança adequado é indispensável que as ações, procedimentos e instruções sejam disciplinados e formalizados através de instrumentos eficazes, ou seja, claros e objetivos e emitidos por autoridade competente; c) Controles sobre as transações: é imprescindível estabelecer o acompanhamento dos fatos contábeis, financeiros e operacionais, objetivando que sejam efetuados mediante atos legítimos, relacionados com a finalidade do órgão/entidade e autorizados por quem de direito; d) Aderência às diretrizes e normas legais: é necessária a existência, no órgão/entidade, de sistemas estabelecidos para determinar e assegurar a observância das diretrizes, planos, normas, leis, regulamentos e procedimentos administrativos internos. Do ponto de vista das fraudes, Vieira (2000) esclarece: A ocorrência de fraudes depende dos procedimentos indevidos aliados à fraqueza dos controles internos existentes. Por isso é indispensável que os controles internos tenham mecanismos que permitam a identificação de desvios ocorridos e que também ofereçam meios de análise e alternativas de solução. Quanto mais rápida for a identificação dos desvios, mais eficientes serão os controles internos na sua função preventiva de fraudes. É interessante também perceber que não basta ter controles internos, é importante que as organizações divulguem com intensidade a ética corporativa, que sua missão e visão estejam ao alcance de todos e que se faça desseminar a cultura organizacional, de modo que as pessoas internalizem e que não se permitam cometer ou aceitar procedimentos indevidos como recurso à sua gestão. 2.2 Lei Sarbanes Oxley Borgerth (2007, p. 19), esclarece que:

12 A SOX tem por objetivo estabelecer sanções que coíbam procedimentos não éticos e em desacordo com as boas práticas de governança corporativa por parte das empresas atuantes do mercado norte-americano. O objetivo final é o de restabelecer o nível de confiança nas informações geradas pelas empresas e, assim, consolidar a teoria dos mercados eficientes, que norteia o funcionamento do mercado de títulos e valores mobiliários. Inicialmente, acreditava-se que esta lei abrangeria apenas as empresas norteamericanas e empresas estrangeiras que tivessem títulos no mercado de ações dos Estados Unidos, entretanto houve interesse por parte dos principais mercados internacionais de adesão a esta nova lei como forma de alertar os gestores de corporações mundiais para a necessidade de assumir a responsabilidade sobre a informação por eles prestada, contribuindo para aumentar o grau de transparência das empresas. Costa (2007) argumenta que: A lei visa garantir a transparência na gestão financeira das organizações, credibilidade na contabilidade, auditoria e a segurança das informações para que sejam realmente confiáveis, evitando assim fraudes, fuga de investidores, etc. Esta lei pode ser deduzida como uma Lei de Responsabilidade Fiscal Sarbanes-Oxley. Em seu entendimento Borgerth (2007, p. 46-47) ainda argumenta que: A Lei se limita a exigir que os administradores certifiquem as informações fornecidas sobre as empresas por eles edministradas são confiáveis. A fim de que esses administradores, na eventualidade de problemas, não possam argumentar que desconheciam que uma ou outra base de dados para a geração dessas informações operava de forma precária, a Lei exige que eles certifiquem ter verificado o nível de qualidade e abragência de seus controles internos. Nehum desses administradores está inclinado a assinar certificados que os comprometam ser ter certeza de que tudo está funcionando corretamente [...]. Enfim, o que a Lei, na verdade, está exigindo, é que esses administradores assumam a responsabilidade pela transparência de suas empresas. Nenhum investidor que aplica sua poupança e esperança no mercado pode achar que essas certificações sejam exageradas[...]. O ato de 2002 da Sarbanes-Oxley foi legalizado em 30 de julho de 2002, como resposta aos escândalos financeiros de grandes empresas respeitadas nos Estados Unidos.

13 Esses escândalos resultaram numa grande perda de confiança pública nos balanços das corporações e em seus sistemas de informação 1. Borgerth (2007) relata alguns dos principais escândalos contábeis: a) O Caso Enron: a Enron era considerada a quinta maior empresa norte-americana, fundada em 1985 através da fusão de duas empresas distribuidora de gás natural. Em apenas dez anos atuando no mercado de commodities já detinha 25% deste segmento. Através de investigações da SEC (Securities and Exchange Commission) descobriu-se que a Enron havia forjado o seu resultado financeiro, aumentando seus lucros em aproximadamente US$ 600 milhões, com o intuito de obtenção de crédito. Esta fraude alcançou maiores proporções quando do descobrimento de constantes objetos de exceções e não conformidades no código de ética desta empresa. A empresa manipulou seus dados contábeis, com o intuito de apresentar uma boa saúde financeira, através de transações de transferência de ações e ativos que, apesar de não serem consideradas efetivamente ilegais, caracterizou total falta de ética da mesma, e ações fraudulentas de disfarce de empréstimos, para evitar a configuração do aumento do seu endividamento. Ela manteve US$ 3,9 bilhões em empresas de Wall Street, entre 1992 e 2001, classificando-os como proteções financeiras (hedge) em lugar de dívidas. Pelo menos US$ 2,5 bilhões desses recursos teriam sido aplicados nessas empresas nos três anos anteriores à falência da Enron, que à época já acumulava entre US$ 8 bilhões e US$ 10 bilhões em dívidas de curtos e longos prazos. Em menos de um ano após o escândalo, a Enron entrou com pedido de falência, além de marcar por posições antiéticas o comportamento dos advogados, analistas de mercado e auditores independentes da Empresa. b) O Caso WorldCom: a WorldCom era conhecida como a segunda maior empresa de telefonia de longa distância dos Estados Unidos. Nos cinco anos anteriores à sua 1 Disponível em:http://financialservices.house.gov/media/pdf/h3763cr_hse.pdf. Acesso em: 30 set. 2007.

14 falência, a Companhia havia expandido sensivelmente seu mercado, através de fusões e aquisições, usando recursos de suas próprias ações e empréstimos bancários para financiar este crescimento. Para apresentar solidez, a Empresa manipulou suas demonstrações contábeis no período de 1999 a 2002, dando origem ao maior caso de fraude contábil norte-americana. Uma das manipulações praticadas foi a contabilização de operações de arrendamento (leasing), contabilizando gastos operacionais como se fossem operações de investimento, não reduzindo, com isso, o resultado do período. Além disso, a WorldCom usava as aquisições como forma de eliminar a concorrência e disfarçar a real situação da empresa, ou seja, a cada aquisição ela se valia da quebra de uniformidade gerada pela necessidade de reportar a nova aquisição pra ocultar suas próprias deficiências, tornando impossível, à primeira vista, a comparação de resultados de um período para o outro. Com estes artifícios, a empresa lançou US$ 3 bilhões em registros contábeis irregulares para inflar seus lucros e o fluxo de caixa, no que pode ser classificado como um dos maiores casos de fraude corporativa da história. Apesar de tudo, a empresa conseguiu se reerguer, se valendo de prerrogativas da legislação norte-americana para casos de concordata e mudando sua razão social para MCI. Ademais estabeleceu um código de Governança Corporativa considerado austero até pelos mais conservadores. Já os seus antigos executivos, foram condenados a pagar indenizações a até penas de prisão. (BORGERTH. 2007, p. 7-8). c) O Caso Arthur Andersen: a Arthur Andersen era tida como uma das mais conceituadas empresas de auditoria independente do mercado, formando, com mais outras quatro, um mega grupo conhecido como Big Five, perdendo apenas para a PricewatherhouseCoopers. Com o escândalo da Enron, também veio a tona todas as implicações sobre o envolvimento da Arthur Andersen e seu efeito sobre a empresa foi catastrófico. Esta foi acusada formalmente por obstrução à Justiça, pelo fato de seus funcionários terem

15 procedido à destruição de documentos e provas de sua conivência com as irregularidades provocadas por sua cliente. Em questão de meses a empresa estava acabada. Os procedimentos de auditoria adotados em relação a Enron, contrariavam todas as melhores práticas de independência que deveriam nortear a relação entre uma empresa e seus auditores, participando ativamente da estruturação das operações antiéticas, com efeitos negativos para todo o segmento contábil e de auditoria. Com a quebra da Arthur Andersen, a Deloitte incorporou a maioria dos seus negócios no Brasil. (BORGERTH. 2007, p. 5-6). Existiram, ainda, outros casos de fraudes contábeis nos Estados Unidos, como Xerox, Bristol-Myers Squibb, Merck, Tyco, ImClone Systems e Parmalat, na Itália. (BORGERTH. 2007) 2.3 A Aplicabilidade e Determinações da Lei Conforme Fortuna (2002, p. 466): A SOX se aplica às companhias e suas subsidiárias que possuam American Depositary Receipts (ADRs) negociados nas bolsas de valores americanas ou que estejam registradas na Securities and Exchange Commission (SEC) a seus dirigentes, a seus auditores e a seus advogados com o objetivo de transmitir ao mercado informações mais precisas sobre a qualidade dos controles internos e das demonstrações financeiras das empresas. Ainda segundo Fortuna, a SOX tem as seguintes premissas: a) Conformidade Contínua: as informações financeiras e os controles internos relativos a elas devem ser mantidos sob efetivo controle dos executivos responsáveis. Os executivos devem prestar contas disto trimestralmente;

16 b) Avaliação Contínua: para atender a conformidade contínua, testes freqüentes e validações dos controles internos devem ser executados, conforme prevê a seção 302. A metade dos executivos vê a Sox como uma boa oportunidade de melhorar os processos internos e conseqüentemente os negócios, conforme constatado em pesquisa de 2004 da Mckinsey & Company; c) Conhecimento: As autoridades querem saber quem estava em qual sistema, fazendo o que, porque estavam fazendo, tinham autorização para isto e por quanto tempo ficam nele. A SOX é composta de títulos e seções que estabelecem regras específicas. As principais seções traduzidas da lei são as seguintes e foram traduzidas livremente por Fortuna,(2002): Título I: Empresas públicas e o Board Seção 101: Designa as regras sobre o Board, sua composição, domicílio, serviços, poderes e deveres do Board; Seção 102: Determina as regras de registro do Board; Seção 103: Determina sobre o estabelecimento de auditorias, controle de qualidade e regras sobre padrões de independência; Seção 104: São as regras de inspeção das empresas de auditorias contratadas; Seção 105: Refere-se sobre as regras de investigação, atas, procedimentos disciplinares, audiências públicas, sanções e emissão de relatórios; Seção 106: Expõe sobre as empresas de contabilidade estrangeiras; Seção 107: Refere-se às regras de inadvertência, às regras de censura e outras sanções do Board; Seção 108: Expõe sobre padrões contábeis. Título II: Empresas de auditoria Independentes

17 Seção 201: Regula os serviços fora do escopo dos auditores. Proibição de certos serviços pelas empresas de auditoria externa; Seção 202: Determina sobre o que necessita de aprovações prévias; Seção 203: Regula sobre a rotatividade das firmas prestadoras de serviço de auditoria; Seção 204: Refere-se sobre os relatórios e comitês de Auditoria; Seção 206: Expõe sobre como será resolvido o conflito de interesses; Seção 207: Refere-se ao estudo que será efetuado a fim de avaliar os efeitos da rotatividade mandatória das empresas de auditoria; Seção 208: Expõe sobre a autoridade da comissão; Seção 209: Regula sobre as declarações regulatórias das empresas de auditoria não registradas. Título III: Responsabilidade Corporativa Seção 301: Determina o papel do Comitê de Auditoria, suas responsabilidades e autoridade. O comitê de auditoria deve disponibilizar meios para denúncias anônimas por empregados do emissor; Seção 302: Determina as responsabilidades dos CEO (Chief Executive Officer) e do CFO (Chief Financial Officer) sobre as demonstrações financeiras, sendo que o CEO e o CFO tem a obrigação de emitir uma declaração de que são responsáveis pelos controles internos da empresa e que assegurou que os controles internos geraram informações corretas, além de apresentar suas conclusões sobre a eficácia dos controles internos até a data. Também será necessário declarar qualquer deficiência nos controles internos e qualquer fraude que envolva a administração ou funcionários com importante papel nos controles internos. Deverá ser declarado, toda e qualquer alteração nos controles internos ou fatores que afetam os controles internos; Seção 303: Expõe sobre a proibição de membros da direção influenciar, manipular ou enganar as empresas de auditoria contratadas para a emissão dos relatórios financeiros da empresa; Seção 304: Penalidades para diretores e conselheiros por violação do dever de conduta, quando eles modificarem e publicarem relatórios com alterações nas

18 informações financeiras. Determina sobre a devolução de bônus e participação nos resultados pelos CEO e CFO se houver a necessidade de re-emissão de relatório devido à má conduta ou não cumprimento das regras definidas; Seção 306: Limitação aos planos de benefícios para empregados da alta administração; Seção 307: Padrões de conduta profissional para Advogados. Título IV: Informações Financeiras Seção 401: Determina as regras de apresentação do relatório financeiro tais como regras contábeis. Prevê a divulgação, por relatórios periódicos, de informes financeiros sobre transações fora-de-balanço, obrigações, acordos e outras transações atípicas; de declaração que o relatório não contém inverdades ou omissões de fato material; de declaração que o relatório está conciliado com princípios contábeis geralmente aceitos (US GAAP); Seção 402: Declara sobre a proibição de empréstimos da empresa para seus conselheiros e diretores; Seção 403: Determina sobre a necessidade de informação das transações efetuadas pelos diretores e 10% dos acionistas no final do segundo dia após o dia de execução da transação; Seção 404: Refere-se às regras sobre a avaliação da administração e emissão de declaração sobre os controles internos da empresa, ou seja, a administração será responsável por estabelecer e manter uma adequada estrutura de controles internos e procedimentos para a emissão do relatório financeiro e deverá emitir uma avaliação ao final do ano fiscal sobre a eficácia dos controles internos. Requer uma afirmação da eficácia da estrutura e procedimentos dos Controles Internos para os relatórios financeiros e um relatório emitido pelos Auditores externos atestando a acuracidade da afirmação do gerenciamento; Seção 407: Exige que faça parte do Comitê de Auditoria um perito em finanças com formação e experiência como contador, auditor, principal administrador financeiro,

19 controlador ou função similar, incluindo experiência com controles internos contábeis e entendimento das funções do Comitê de Auditoria. Seção 409: Requer informações atualizadas e rápidas com respeito às condições ou operações financeiras, para informar investidores e interessados. A empresa de auditoria irá atestar o relatório da administração. Título V: Conflitos de interesse Seção 501: Refere-se às regras para solução de conflitos de interesses. Título VI: Recursos e autoridade da Comissão Título VII: Estudos e relatórios Expõe sobre os estudos e relatórios que serão feitos pelo Comptroller General of the United States. Título VIII: Fraudes Criminosas Corporativas e Contábeis Seção 802: Refere-se à fraude na contabilidade corporativa. Prevê penalidades criminais por alteração de documentos ao estabelecer multa e/ou prisão por alteração intencional, destruição, mutilação, ocultação, dissimulação, disfarce, falsificação ou falsa entrada de dados em qualquer relatório, documento ou objeto tangível de mesmo intento. Também prevê a guarda por cinco anos de relatórios de auditoria, papéis de trabalho, memorandos, correspondências, comunicados e outros, incluindo os eletrônicos, emitidos e recebidos em conexão com as atividades da auditoria; Seção 804: Prescrição das penalidades, tendo por objetivo questões relativas à fraude e à manipulação de informações envolvendo valores mobiliários, em cinco anos após a ocorrência do fato ou dois anos após o descobrimento da sua ocorrência, o que for maior;

20 Seção 806: Trata das penalidades civis e criminais pela adulteração de documentos. Título IX: Penalidades para crimes de colarinho branco. Seção 906: Trata da responsabilidade da corporação relativa aos relatórios financeiros. Se houver comprovação de fraude nos relatórios emitidos pela administração a pena máxima será multa de até cinco milhões de dólares e/ou prisão por até vinte anos. A SEC proibirá que as pessoas envolvidas em fraudes se tornem diretores ou membros de qualquer outra empresa. Portanto, as principais novidades trazidas pela lei são relativas a: a) Necessidade das demonstrações financeiras trimestrais e anuais conter certificações do CEO (Chief Executive Officer) e do CFO (Chief Financial Officer) quanto à eficácia e à confiança nos controles internos e procedimentos de preparação das demonstrações financeiras; b) Obrigatoriedade de emissão de atestado pelos auditores independentes confirmando e, ou opinando sobre o conteúdo do atestado da empresa que deve ser apresentado a Securities and Exchange Commission (SEC). c) Proibição das empresas de auditoria independente, responsáveis pela auditoria das demonstrações financeiras de empresas de também realizarem serviços de consultoria cujo objeto e resultado conflitem direta e indiretamente com o trabalho de auditoria contábil nestas empresas. d) Previsão na lei de sanções criminais severas caso os requisitos da lei não sejam cumpridos e se as demonstrações financeiras não tiverem sido preparadas e apresentadas adequadamente e não refletirem a situação financeira e os resultados reais das operações da empresa, sendo que a penalidade vai de um milhão a cinco milhões de dólares e a pena de dez a vinte anos de prisão para o CEO, CFO, diretores, auditores e advogados responsáveis pelas demonstrações financeiras fraudulentas. Conforme Leite (2004, P. 4), outras inovações trazidas pela lei são:

21 a) Proibição de empréstimos para Diretores e Conselheiros; b) Novos e rígidos padrões de conduta aplicáveis aos advogados internos e externos das empresas; c) Publicidade das informações prestadas a SEC. d) O Comitê de Auditoria será o órgão responsável pela escolha, remuneração e monitoramento das empresas de auditoria e contabilidade, que deverá ser composto por membros independentes pertencentes ao Conselho de Administração. e) Criação do Conselho de Auditores de Companhia Aberta que será responsável pelo registro de empresas de auditoria e determinações de padrões contábeis e disciplinares a serem seguidos. Conforme descrito por Vampel (2004, p.29) a empresa ainda precisa selecionar uma estrutura de controles internos. Existem três modelos: a) CoSo: a estrutura CoSo (Committee of Sponsoring Organizations Commission.) é Americana e foi conceituado em 1985 para apoiar o The National Commission on Fraudulent Financial Reporting que desenvolve recomendações para companhias, auditores independentes, SEC e órgãos reguladores. Essa comissão é patrocinada pelo AICPA (Contadores Certificados), The Institute of Internal Auditors e The Institute of Management Accountants.Em 1992 foi publicado nos EUA um manual sobre a estrutura de montagem dos controles internos para grandes empresas; b) CoCo: a estrutura CoCo (Criteria of Control (Canadá)) foi criada em 1995 e é um manual equivalente ao dos EUA denominado Guidance of Control, de autoria do The Canadian Institute of Chartered Accountants; c) CobiT: a estrutura CobiT (Control Objectives for Information and related Technology) foi desenvolvido para ser um padrão geralmente aceito para Tecnologia da Informação. O manual foi divulgado pelo IT Governance Institute. Dentre as três estruturas a mais indicada pelos especialistas é a do CoSo. A estrutura recomendada pelo CoSo conforme afirma Vampel (2004, p. 29) desmembra os controles internos em cinco componentes: a) O ambiente de controle que funciona como alicerce de todos os outros elementos dos controles internos, incluindo valores éticos e a competência dos funcionários da companhia;

22 b) A avaliação de riscos que identifica e analisa os riscos pertinentes que podem impedir o alcance dos objetivos do negócio; c) As atividades de controle que são as tarefas específicas para atenuar cada um dos riscos identificados anteriormente; d) A informação e comunicação que partem da administração para os funcionários e vice e versa; e) O monitoramento que é o processo que cuida da avaliação e apreciação dos controles internos. 2.4 A Implementação da Lei Dentre todas as seções, a seção 404 será a mais trabalhosa para implementar, pois trata da responsabilidade da administração em estabelecer e manter uma adequada estrutura e procedimentos de controles internos para o relatório financeiro. Tal estrutura de controle interno deverá seguir as regras do CoSo (Committee of Sponsoring Organizations Commission). Conforme definição da Ernest e Young (2004. p 01) as regras do CoSo inclui cinco fases: a) Entendimento da definição de controle interno; b) Organização de time de projeto para conduzir a avaliação; c) Avaliar os controles internos; d) Entender e avaliar os controles internos no nível de processo, transação ou aplicação; e) Avaliar a eficácia, identificar melhorias e estabelecer um sistema de monitoramento. Segundo Fortuna (2002), muitas empresas têm extensos manuais de procedimentos e controles internos, assim como regras de contabilização e descrição de tarefas [...].

23 Avaliar os controles internos é o primeiro passo para a implementação que inicia com a identificação das contas contábeis relevantes, ou seja, é preciso identificar a conta ou grupo de contas contábeis que no julgamento da administração deveriam ser avaliadas baseada em alguns fatores tais como tamanho e composição da conta, incluindo a isto a susceptibilidade da conta para fraude, o volume e complexidade das transações na conta, a subjetividade da conta, ou seja, o quanto à conta pode ser afetada por julgamentos e mudanças na característica da conta.fortuna (2002) Fortuna (2002), ainda afirma que: Para tal é preciso formar um time de projeto composto de conhecedores de diferentes pontos dos processos. Depois de identificadas as contas relevantes o time de projeto deverá fazer a avaliação das contas dentro do grupo de conta, ou seja, identificar aquelas que apresentam maior risco em relação às outras. Após este passo será necessário identificar as principais classes de transações, os processos relevantes e as atividades contábeis que afetam estas contas. Os diferentes tipos de transação apresentam diferentes níveis de riscos inerentes a eles e requerem diferentes níveis de administração e envolvimento. Para cada processo identificado é recomendado categorizar os processos usando três tipos de transações: rotineira, não rotineira e avaliada. A rotineira é o tipo de transação freqüente, como por exemplo: folha de pagamento e transações de compra e venda, as transações não rotineiras são as que ocorrem periodicamente, como por exemplo: inventário físico, cálculo de depreciação e ajuste de variação cambial, e as de avaliação envolvem o julgamento da administração, como por exemplo: estabelecimento de provisão para reservas em garantia ou avaliação de ativos como perdas. Outro importante atributo a considerar é a dependência da tecnologia da informação. Atualmente há um ambiente altamente automatizado em que fluxos de transações são administrados para assegurar a precisão da informação. O nível de entendimento e documentação das principais classes de transações e processos que o suportam devem ser suficientes para entender o fluxo de cada processo. O objetivo deste passo é identificar e documentar os processos e procedimentos em uso e identificar e documentar quais as pessoas e áreas executam as várias atividades do processo. Esta documentação servirá como base para a identificação de onde erros ou fraudes podem ocorrer.