FORMAÇÃO E FORMA DE ATUALIZAÇÃO DE TREINADORES DA 2ª DIVISÃO DO FUTEBOL GAÚCHO

Documentos relacionados
DESENVOLVIMENTO DE TREINADORES NO BRASIL: Possibilidades de Formação em Longo Prazo. Michel Milistetd Universidade Federal de Santa Catarina

APRENDIZAGEM PROFISSIONAL: histórias de vida de treinadores de futebol

A APRENDIZAGEM PROFISSIONAL DE TREINADORES DE FUTSAL

Rui Resende FORMAÇÃO DE TREINADORES: Desenvolvimento da aprendizagem e identidade do treinador de desporto

A formação profissional para treinadores de surf no Brasil

Heitor de Andrade Rodrigues 1 Gustavo De Conti Teixeira Costa 2 Eugênio Lopes dos Santos Junior 3 Michel Milistetd 4

Revista Brasileira de Futsal e Futebol ISSN versão eletrônica

William R. Falcão Av. Henri-Julien, ap. 4, Montreal, Quebec, Canada H2W 2K2.

FORMAR O TREINADOR E O JOGADOR NAS CATEGORIAS DE BASE DO FUTEBOL: ENGENDRANDO NA INTERAÇÃO E/OU NA ESPECIFICIDADE?

NÍVEL DE MOTIVAÇÃO PARA A PRÁTICA ESPORTIVA DE ESCOLARES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO

AS FONTES DE CONHECIMENTO DE TREINADORES DE GINÁSTI- CA ARTÍSTICA

FORMAÇÃO DE TREINADORES ESPORTIVOS: ORIENTAÇÕES PARA A ORGANIZAÇÃO DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NOS CURSOS DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Formação de treinadores dos jogos desportivos

ANÁLISE DOS PADRÕES DE RECUPERAÇÃO DA POSSE DE BOLA DA SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL NA COPA DO MUNDO FIFA 2014

MODELO PARA ELABORAÇAO DE RESUMO EXPANDIDO

Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc

Justiça do treinador e satisfação desportiva:

Palavras Chaves: Futebol, Comportamento Tático, Categorias de base

Movimento ISSN: X Escola de Educação Física Brasil

A TRAJETÓRIA DE VIDA DO TREINADOR ESPORTIVO: AS SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM EM CONTEXTO INFORMAL

O ANO DE NASCIMENTO DETERMINA A ESCOLHA DO ESTATUTO POSICIONAL EM JOGADORES DE FUTEBOL NAS CATEGORIAS DE BASE?

ESTUDOS NO FUTSAL. Prof. Dr. Felipe Rodrigues da Costa (UnB) Prof. Dr. Michel Saad (UFSC)

Conflito no Coaching. Desportivo: Estudo com treinadores de Ginástica Artística. Eduardo Queiroz 1 José Afonso 1 Isabel Mesquita 1

AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NO MUNICÍPIO DE BAGÉ-RS: forma de abordagem dos esportes coletivos

Quadro de Referência Internacional para a Formação de Treinadores

PROGRAMA DE GESTORES FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO ESPORTIVA FAE CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ESPORTIVA CAE

MAPAS CONCEITUAIS NA EDUCAÇÃO: PROPONDO UMA NOVA INTERFACE PARA AMBIENTES DE APRENDIZAGEM BASEADOS NA PLATAFORMA MOODLE

11º Congreso Argentino y 6º Latinoamericano de Educación Física y Ciencias CAPACIDADE DE SPRINTS DE FUTEBOLISTAS NA PRÉ-TEMPORADA

GUIA DE FUNCIONAMENTO DA UNIDADE CURRICULAR

XIII CONGRESSO Internacional. futebol. campus académico da maiêutica ISMAI. 22 a 24 Maio Anos a Formar Campeões. programa

O CONHECIMENTO DE MATEMÁTICA DO PROFESSOR BÁSICA PRODUZIDO NA FORMAÇÃO INICIAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA E DANÇA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA, FISIOTERAPIA E DANÇA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO

Valmor Ramos Universidade do Estado de Santa Catarina, Santa Catarina, Florianópolis, Brasil

Treinadores: Os grandes desafios da atualidade Ericeira José Curado

A MOTIVAÇÃO PARA A PRÁTICA DE TÊNIS: UM ESTUDO COM TENISTAS PARANAENSES DE CLASSES

Pressupostos pedagógicos para a iniciação esportiva no handebol

TOMADA DE DECISÃO NO FUTEBOL: A INFLUÊNCIA DAS ESTRATÉGIAS DE BUSCA VISUAL SOBRE O TEMPO DE DECISÃO

EFICIÊNCIA DO COMPORTAMENTO TÁTICO DOS JOGADORES DE FUTEBOL DE ACORDO COM O ESTATUTO POSICIONAL.

Seminários de Pesquisa em Educação e Pesquisa Contábil!

COMPARAÇÃO ENTRE O COMPORTAMENTO TÁTICO DE JOGADORES DE FUTEBOL DAS CATEGORIAS SUB-11 E SUB-13

O PAPEL DOS USUÁRIOS NO DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO. Eng Mauricio F. Castagna ACRUX SOLUTIA

ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

FLEXIBILIDADE COGNITIVA E DESEMPENHO TÁTICO DE JOGADORES DE FUTEBOL

APRENDER A SER TREINADOR NO CONTEXTO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA

DESENVOLVIMENTO DA CARREIRA DE TREINADORES DE VOLEIBOL PORTUGUESES

Desafios Profissionais do Treinador Desportivo: Como Aprender Para Melhor Treinar. Rui Resende & Júlia Castro. Para Citar

ESTRATÉGIAS DE ENSINO ADOTADAS EM PROGRAMAS DE FORMAÇÃO DE TREINADORES: ANÁLISE DAS PUBLICAÇÕES ENTRE 2009 E 2015

DOI: /reveducfis.v22i2.9622

FICHA TÉCNICA: Título Proceedings of the IX International Seminar of Physical, Leisure and Health Coordenadores de Edição:

GESTÃO DE PESSOAS. EMPRESA: UniAlgar. NOME DO CASE: Projeto Desafio Potencial Sucessor DESCRIÇÃO DO PROJETO: O QUE SE PRETENDE COM A AÇÃO PROPOSTA?

GABRIELA BREGGUE DA SILVA SAMPAIO. FORMAÇÃO DE TREINADORES DE GINÁSTICA RÍTMICA: perspectivas de aprendizagem ao longo da vida

PALAVRAS-CHAVE: Futebol; Pequenos Jogos; Comportamento Técnico

PROPOSTAS CONCEITUAIS A RESPEITO DO CONHECIMENTO PROFISSIONAL DO TREINADOR ESPORTIVO

Ensino-Aprendizagem-Treinamento dos esportes de raquete. Dr a. Layla M. C. Aburachid

AÇÕES DE FORMAÇÃO CREDITADAS PARA TREINADORES 2016 AGDC

BIBLÍOGRAFIA. Cox, R. (1994). Sport Psychology: Concepts and Applications

"Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana". Carl Jung

A INTERVENÇÃO DECISIONAL DO JOGADOR NA PARTICIPAÇÃO DE ELEVADOS DESEMPENHOS DEPORTIVOS: REALIDADE E... FUTURO?

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular PSICOLOGIA DO DESPORTO E DA ACTIVIDADE FÍSICA Ano Lectivo 2011/2012

A metodologia das maratonas de programação em um projeto de extensão: um relato de experiência

Os conhecimentos de base para intervenção pedagógica do treinador de surf

COACHING DESPORTIVO E TREINO MENTAL

MICHEL MILISTETD. A APRENDIZAGEM PROFISSIONAL DE TREINADORES ESPORTIVOS: Análise das Estratégias de Formação Inicial em Educação Física

PENSE EM ESTUDAR NO EXTERIOR

Treinamento Esportivo

Movimento ISSN: X Escola de Educação Física Brasil

A INSERÇÃO DE JOGADORES CURINGAS E A EFICIÊNCIA DO COMPORTAMENTO TÁTICO DURANTE OS JOGOS REDUZIDOS E CODICIONADOS

Master Executive Coach

IMPULSIVIDADE E DESEMPENHO: ANÁLISE DA IMPULSIVIDADE POR NÃO PLANEJAMENTO E DESEMPENHO TÁTICO DE JOGADORES DE FUTEBOL

English version at the end of this document

COACHING DESPORTIVO E TREINO MENTAL

PENSE EM ESTUDAR NO EXTERIOR?

A PEDAGOGIA DO ESPORTE NA ATUAÇÃO PROFISSIONAL DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA.

FICHA DE UNIDADE CURRICULAR. Orientação Tutorial Carla Rocha

A PROFISSIONALIDADE DO BACHAREL DOCENTE NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

O EFEITO DA IDADE RELATIVA EM JOGADORES DE RUGBY DE ELITE

FORMAÇÃO DO PEDAGOGO: VIVÊNCIAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES NO ESTÁGIO CURRICULAR DO CURSO DE PEDAGOGIA/EAD.

CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO TÁTICO DE JOGADORES DE FUTEBOL, FUTSAL E FUTEBOL DE 7.

A experiência esportiva e o desempenho de jovens atletas de voleibol

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social

PORTUGAL FOOTBALL SCHOOL. Capacitar e qualificar os agentes desportivos com vista à promoção e ao desenvolvimento do Futebol em Portugal

OS COMPORTAMENTOS AGRESSIVOS E AS REAÇÕES FRENTE À AGRESSÃO EM CRIANÇAS ESCOLARES NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO¹

English version at the end of this document

ANÁLISE DO CONHECIMENTO TÁTICO PROCESSUAL DE JOGADORES DE FUTEBOL SUB-13 E SUB-15. PALAVRAS CHAVE: Conhecimento Tático Processual; Avaliação; Futebol.

Curso COACHING DESPORTIVO

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular OPÇÃO II - PSICOLOGIA DO DESPORTO Ano Lectivo 2019/2020

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO E BIBLIOGRAFIA OBRIGATÓRIA E COMPLEMENTAR:

English version at the end of this document

O PERCURSO COMPETITIVO DE TENISTAS TOP50 DO RANKING

UMA ANÁLISE DA TRANSIÇÃO PROGRESSIVA DE UMA PROFESSORA DO ENSINO MÉDIO EM SEUS MODELOS DE ENSINO DE CINÉTICA QUÍMICA

Validação da mini-mac numa amostra portuguesa de mulheres com cancro da mama

APRENDIZAGEM BASEADA EM PROBLEMA

Produção e Uso de Pesquisa UMA VISÃO SOBRE O PAPEL DOS PESQUISADORES DA EDUCAÇÃO PAULA LOUZANO

PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO DA NATAÇÃO DE ALTO RENDIMENTO NO ESTADO DE SÃO PAULO

ESCOLA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: PROBLEMATIZAÇÃO E INVESTIGAÇÃO SOBRE O TRABALHO DOCENTE NO PIBID

Competências para E-learning Pádua, março 20-24,2017

TÍTULO: ANALISE DA INCIDÊNCIA DE ESPECIALIZAÇÃO PRECOCE EM JUDOCAS INFANTO-JUVENIL PARTICIPANTES DE CAMPEONATO REGIONAL DE JUDÔ CATEGORIA: CONCLUÍDO

Transcrição:

FORMAÇÃO E FORMA DE ATUALIZAÇÃO DE TREINADORES DA 2ª DIVISÃO DO FUTEBOL GAÚCHO RESUMO Antônio Evanhoé Pereira de Souza Sobrinho URCAMP/Bagé Fábio Bitencourt Leivas URCAMP/Bagé Luiz Fernando Framil Fernandes URCAMP/Bagé Marcelo Cozzensa UFPEL/Pelotas antoniosobrinho@urcamp.edu.br O objetivo do presente estudo foi investigar a formação e a forma de atualização de treinadores profissionais de futebol. A amostra foi formada pela totalidade dos treinadores atuantes na 2ª divisão do campeonato gaúcho de 2013 (n=13). A coleta de dados se deu através de um questionário e entrevista, analisados através de estatística descritiva e análise de conteúdo. Os resultados informam um perfil de formação de treinadores pouco baseado na formação acadêmica em Educação Física e ainda a utilização de situações não mediadas e informais enquanto forma de atualização. Palavras-chave: Treinador; Formação; Futebol. INTRODUÇÃO De acordo com a lei número 8.650 de 20 de abril de 1993, em seu artigo 3º, que trata sobre a profissão de treinador profissional de futebol, está assegurado, preferencialmente tal exercício, aos portadores de diploma em Educação Física, e aos profissionais que, até a data do início da vigência desta Lei, hajam, comprovadamente, exercido cargos ou funções de treinador de futebol por prazo não inferior a seis meses, como empregado ou autônomo, em clubes ou associações filiadas às Ligas ou Federações, em todo o território nacional (BRASIL, 1993), ou seja, neste caso, a formação acadêmica não é obrigatória. No entanto, a formação destes treinadores vem sendo questionada, primeiro pela abrangência dos cursos de bacharelado (MILISTETD et al., 2014), segundo e não menos importante, pela permissividade da lei. Neste momento surge um questionamento que parece de fato bastante importante: será que os treinadores de futebol profissional têm uma formação adequada para o exercício da profissão? Pois hoje, reconhece-se que no esporte de elite, a busca pelos melhores resultados exige excelência na preparação de atletas (MILISTETD et al., no prelo). A literatura tem mostrado que os cursos de formação de treinadores, oferecidos em curtos espaços de tempo, não tem sido suficientes para prepará-los adequadamente (TRUDEL, CULVER & WERTHNER, 2013), e, além disso, há uma tendência entre os

estudiosos das atividades dos treinadores (WERTHNER & TRUDEL, 2006; CALLARY, 2012; WERTHNER, CULVER & TRUDEL, 2012; TRUDEL, CULVER & WERTHNER, 2013; DEEK et al, 2013) em considerar a formação destes, a partir de um olhar de formação ao longo da vida (JARVIS, 2006). Entendendo que existem várias oportunidades de aprendizagem, como a vivência prática, a troca de informações com outros treinadores e a observação de colegas (MILISTETD et al, no prelo), que os treinadores devam se envolver na maior quantidade possível de oportunidades de aprendizagem, sejam elas formais, não formais ou informais (TRUDEL, CULVER & WERTHNER, 2013), e que a orientação de um treinador eficaz parece essencial para o alcance de sucesso por parte dos atletas (KOH, MALLET & WANG, 2013), o objetivo deste estudo foi investigar a formação e a forma de atualização dos treinadores profissionais de futebol da 2ª divisão gaúcha. MÉTODOS O estudo caracterizou-se por ser descritivo exploratório. Para a coleta de dados utilizou-se um questionário estruturado e entrevista. A amostra foi composta pela totalidade de Técnicos de Futebol dos 13 clubes que participaram da 2ª Divisão do futebol profissional do estado do Rio Grande do Sul no ano de 2013. A análise dos dados se deu através da estatística descritiva e análise de conteúdo (BARDIN, 1977). Vale ressaltar que o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pelotas sob número 475.742. RESULTADOS Segundo os resultados encontrados, verificou-se que os treinadores possuíam uma carreira, entendida aqui como o progresso linear através da vida em relação a um tema específico (CHRISTENSEN, 2014), de 11.3 anos em média (± 7.3 anos), variando de 1 a 22 anos, valores estes que colocam a maioria dos treinadores (10 de 13) na fase de estabilização proposta por Burden (1990), expressa pelo bom comando das atividades de ensino e do ambiente, ou ainda no terceiro estágio de desenvolvimento de Bloom (1985 apud MILISTETD et al, no prelo) marcado pelo total comprometimento com a atividade e pelo desenvolvimento da autonomia no seu próprio desenvolvimento. Com relação à formação acadêmica dos treinadores envolvidos no estudo, 3 possuíam formação em Educação Física, 6 estavam cursando Educação Física, 1 tinha formação em Direito e 3 treinadores tinham ensino médio completo. Quando analisados quanto à formação em cursos específicos para treinadores, 9 possuíam formação e 4 não

tinham frequentado estes cursos específicos. Destes 4 que não possuíam formação acadêmica em educação física, 1 possuía outra graduação, 1 apenas ensino médio e 2 eram alunos do curso de Educação Física. Diferentemente do relatado por Fernandes et al. (2013), que boa parte dos treinadores brasileiros de elite, na atualidade, acumularam horas de estudo, seja em cursos de graduação (Educação Física), ou cursos específicos (p.5), na amostra do estudo, a minoria dos treinadores estudados (3 de 10) possuía formação formal, e ainda, 4 treinadores não possuíam formação alguma. Entretanto, a prática enquanto treinador por si só, não configura qualidade de trabalho, pois as investigações sobre esta temática têm relatado que a experiência enquanto atleta, a assistência a treinadores mais experientes e a formação formal e informal, são fatores importantes na busca pela otimização na carreira (CÔTÉ, ERIKSSON & DUFFY, 2013). Neste sentido, será eficaz o treinador que consistente e integradamente aplicar os conhecimentos profissionais, inter e intrapessoais no sentido de melhorar nos atletas sua competência, confiança, conexão e o caráter em contextos específicos de treino (CÔTÉ & GILBERT, 2009). A Tabela 1, trás os resultados a respeito das formas de atualização dos treinadores. FORMAS DE ATUALIZAÇÃO DOS TREINADORES N = 13 Internet 9 Livros 6 Vídeos 7 Softwares 3 Cursos 3 Assistência a jogos 4 Análise de equipes adversárias 1 Debate ou troca de informações com outros treinadores 3 Observa-se nos achados, com relação às formas de atualização dos treinadores, a clara utilização de situações de aprendizagem não mediadas, onde os treinadores escolhem o que querem aprender e decidem como aprender, e não formais, aquelas

atividades educacionais conduzidas fora do ambiente de aprendizagem (ISCF, 2012), concordando com Gilbert, Côté & Mallet (2006) em seu estudo sobre as vias de desenvolvimento dos treinadores esportivos, os quais verificaram uma baixa procura pela educação formal, ou seja, clínicas, workshops, cursos de certificação. Esses resultados vão ao encontro dos encontrados por Nash & Sproule (2009), onde os métodos de desenvolvimento dos treinadores foram informais, a partir do debate com outros treinadores sendo reconhecidos como essencial para seu progresso. CONCLUSÃO Segundo os objetivos traçados para o estudo de investigar a formação e a forma de atualização dos treinadores profissionais de futebol da 2ª divisão gaúcha, conclui-se que, apesar de os treinadores apresentarem uma carreira estável e comprometida, sua formação acadêmica em Educação Física é reduzida. Além disso, utilizam enquanto estratégias de atualização situações não mediadas e não formais. Sendo assim, apesar de o Brasil legalmente permitir a não formação em Educação Física a partir da comprovação de experiência anterior, a literatura tem mostrado que será mais eficaz aquele treinador que combinar conhecimentos profissionais, interpessoais e intrapessoais e ainda que estes se desenvolvam a partir do aporte a situações de aprendizagens formais, informais e não-formais. REFERÊNCIAS BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 1977. BRASIL, Lei Nº 8.650, de 20 de Abril de 1993. Dispõe sobre as relações de trabalho do Treinador Profissional de Futebol e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1989_1994/l8650.htm Acesso em agosto de 2015. BURDEN, P. R. Teacher development. In: HOUSTON, W.R. (Ed.) Handbook of research on teacher education. New York: Macmillan, 311 327, 1990. CALLARY, B. Exploring the Process of Lifelong Learning: The Biographies of Five Canadian Women Coaches. Dissertation of Doctor of Philosophy in Human Kinetics. School of Human Kinetics Faculty of Health Sciences University of Ottawa. Ottawa, Canada, 2012. CHRISTENSEN, Mette. Outlining a typology of sports coaching careers: paradigmatic trajectories and ideal career types among high performance sports coaches. Sports Coaching Review, 2014. CÔTÉ, Jean, & GILBERT, Wade. (2009). An integrative definition of coaching effectiveness and expertise. International Journal of Sports Science & Coaching, 4(3), 307 323.

CÔTÉ, Jean, ERICKSON, Karl, & DUFFY, Patty. Developing the expert performance coach. In D. Farrow, J. Baker, C. MacMahon (Eds.). Developing elite sport performance: Lesson from theory and practice (pp. 17-28; 2nd edition). New York: Routledge, 2013. DEEK, Diana, WERTHNER, Penny, PAQUETTE, Kyle, CULVER, Diane. Impact of a Large-scale Coach Education Program from a Lifelong-Learning Perspective. Journal of Coach Education, Vol. 6, N. 1, 2013. FERNANDES, João; MOURA, Diego; ANTUNES, Marcelo; LIMA, Rafael. Uma análise do perfil dos treinadores ex-atletas do futebol profissional brasileiro. Esporte e Sociedade, n. 22, 2013 GILBERT, Wade, CÔTÉ, Jean; MALLETT, Clifford. The talented coach: developmental paths and activities of sport coaches. International Journal of Sports Science and Coaching, 1(1), 69-75, 2006. International Council for Coaching Excellence (ICCE), Association of Summer Olympic International Federations (ASOIF), Leeds Metropolitan University (LMU). (2012). International Sport Coaching Framework Version 1.1. Champaign: Human Kinetics. JARVIS, Peter. Towards a comprehensive theory of learning, London: Routledge, 2006. KOH,T.K; MALLETT, C.J & WANG, C. K.J. Developmental pathways of Singapore s highperformance basketball coaches. International Journal of Sport and Exercise Psychology, Vol. 9, No. 4, 2011. MILISTETD, Michel; TRUDEL, Pierre; MESQUITA, Isabel; NASCIMENTO, Juarez. Coaching and Coach Education in Brazil. International Sport Coaching Journal, Vol. 1, 2014. MILISTETD, Michel; SAAD, Michél; SALLES, William; NASCIMENTO, Juares. Formação do treinador para o esporte de elite. No prelo. NASH, Christine & SPROULE, John. Career Development of Expert Coaches. International Journal of Sports Science & Coaching, Vol. 4, N.1, 2009. TRUDEL, Pierre, CULVER, Diane; WERTHNER, Penny. Looking at coach development from the coach-learner s perspective: considerations for coach development administrators in POTRAC, P., GILBERT, W., & DENISON, J. Routledge Handbook of sports coaching, 2013. WERTHNER, P.; TRUDEL, P. A new theoretical perspective for understanding how coaches learn to coach. The Sport Psychologist, v. 20, p. 198-212, 2006. WERTHNER, Penny.; CULVER, Diane; TRUDEL, Pierre. An examination of a large scale coach education program from a constructivist perspective. In: SCHINKE, R. (Ed.) Sport Psychology Insights. London: Nova Science Publishers Inc., 2012, p.337-354.