EAE 5992 Teorias do Desenvolvimento Econômico 2o. semestre de 2017

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Transcrição:

EAE 5992 Teorias do Desenvolvimento Econômico 2o. semestre de 2017 Parte II: Os Pioneiros do Desenvolvimento Econômico Professor Fernando Rugitsky Tópico 3: Industrialização tardia 3.2. Crescimento desequilibrado (Hirschman) [1 aula] FEA/USP

MOTIVAÇÃO Assim como no caso de Lewis, é ligeiramente intrigante que o trabalho de Hirschman tenha tido impacto. O que ele parece ter oferecido, como se fosse uma análise própria, foram duas pistas sobre planejamento do desenvolvimento. Primeiro, o foco nos encadeamento envolvendo bens intermediários em vez da demanda final sugeria que os esforços de desenvolvimento poderiam se concentrar em poucos setores estratégicos ao invés de visar a um grande empurrão [Big Push] na economia como um todo. Daí a visão de Hirschman segundo a qual ele era um oponente de Rosenstein- Rodan e Nurkse, embora eles fossem muito mais próximos entre si em termos de visão de mundo do que qualquer um deles era das visões emergentes da teoria econômica mainstream. Em segundo lugar, a discussão de Hirschman parecia sugerir que setores críticos apropriados poderiam ser identificados ao se examinar tabelas de insumo-produto, um sugestão empolgante para o planejador orientado quantitativamente. (Krugman, 1993: 24)

PLANO 1. Hirschman e o crescimento desequilibrado 2. A centralidade da sequência e a indução do desenvolvimento 3. Encadeamentos 4. Outras características: importações e dualismo

1. HIRSCHMAN E O CRESCIMENTO DESEQUILIBRADO As tensões de Hirschman Mercado ou Estado Posição realista em relação às possibilidades ou acrítica em relação aos desequilíbrios? Crítica ao crescimento equilibrado Não é uma teoria do desenvolvimento, da mudança (51-52) Imposição de uma economia industrial moderna, inteiramente nova e independente sobre o setor tradicional (52) Desconsideração da penetração gradual dos produtos industriais, atratividade dos produtos modernos e a questão da demanda (53) Paradoxo da postura derrotista combinada com expectativas irrealistas sobre as habilidades criativas (52-54) Inspiração equivocada na política Keynesiana contra a recessão (54) Sobrevalorização da divergência teórica em face de pequenos desacordos práticos? (Alacevich, 2011)

1. HIRSCHMAN E O CRESCIMENTO DESEQUILIBRADO [A] teoria do crescimento equilibrado chega à conclusão que uma economia industrial moderna autônoma, inteiramente nova, deve ser superimposta ao setor tradicional estagnado e igualmente autônomo. A lei de Say é aqui considerava válida independetemente em ambas as economias. Isso não é crescimento, não é sequer introjetar algo novo em algo antigo. É um padrão de desenvolvimento perfeitamente dualístico. ( ) vem à mente as tão desacreditadas plantantions de tipo enclave e as operações mineradoras que foram estabelecidas em vários países subdesenvolvidos por empresas estrangeiras como unidades perfeitamente autônomas, longe do perigo de contaminação pela economia local. (1958: 54)

1. HIRSCHMAN E O CRESCIMENTO DESEQUILIBRADO Durante a ascensão cíclica, uma recuperação equilibrada da atividade econômica é, de fato, possível porque os setores, as máquinas, os gerentes e os trabalhandores, assim como os hábitos de consumo, estão todos lá, apenas aguardando para reiniciar suas funções e papéis temporariamente suspensos. Em um estado de subdesenvolvimento isso obviamente não é o caso e uma solução simultânea está, pois, fora de alcance, independentemente de o governo dar ou não uma mão. (1958: 54) Estado demiurgo (ou Hirschman contra a tecnocracia e a postura colonial e em defesa de uma visão mais complexa da relação entre economia e política e do desenvolvimento de baixo para cima [ver também Bianchi, 2011]): Uma tarefa que a iniciativa privada ou as forças de mercado são incapazes de assumir não se torna ipso facto idealmente adaptada para a realização pelas autoridades públicas. (54, ver também pp. 64-65)

1. HIRSCHMAN E O CRESCIMENTO DESEQUILIBRADO Externalidades e a versão sofisticada da doutrina do crescimento equilibrado A internalização das externalidades realmente estimula o crescimento? (55-56) Externalidades negativas (56) O paradoxo da doutrina da internalização (57) A assunção de responsablidade pelo Estado no campo econômico foi mais frequentemente incitada, não para fornecer um maior ímpeto ao desenvolvimento através da adição de todos os ganhos, mas para introduzir alguns dos custos sociais no cálculo econômico e, assim, atenuar o caráter impiedoso e destrutivo do desenvolvimento capitalista. (57)

1. HIRSCHMAN E O CRESCIMENTO DESEQUILIBRADO Internalização e crescimento Guildas versus capitalismo (57-59) Economias planejadas centralmente, crescimento e ausência de internalização (59-61) Síntese da crítica Pessimismo em relação à demanda Otimismo em relação à capacidade empreendedora A ambiguidade da internalização Nosso pressuposto principal ao longo desse ensaio é que a escassez real em países subdesenvolvidos não é de recursos mas da habilidade de colocá-los em utilização. (88)

1. HIRSCHMAN E O CRESCIMENTO DESEQUILIBRADO Crescimento desequilibrado A necessidade de mecanimos indutores para poupar o principal recurso escasso, decisões genuínas (63) Crescimento desequilibrado e investimento induzido (63) Resposta inadequada das forças de mercado às situações de desequilíbrio e automatismo das forças equilibradoras não relacionadas ao mercado (63-65) Alguns mecanismos tradicionais de equilíbrio foram incapazes de dispensar inteiramente a ajuda de agentes de fora do mercado. Assim, a restauração de equilíbrio no balanço de pagamentos e a atenuação do ciclo econômico dependeram, por um longo período, da manipulação correta pelo banco central da taxa de juros, em reação a desequilíbrios do desenvolvimento. Mas esse papel do banqueiro central tem sido usualmente racionalizado como um exceção em vez de regra. E, nas mentes de muitos economistas, o banqueiro central tornou-se um tipo de membro honorário das forças de mercado. (64, n. 1) [Myrdal e o mercado auto-regulável]

1. HIRSCHMAN E O CRESCIMENTO DESEQUILIBRADO Desequilíbrio, complementaridades e indução Reações aos desequilíbrios como ajudas valiosas ao processo de desenvolvimento (66), necessidade de cultivar os desequilíbrios (69), promoção das possibilidade de divergência (72) Complementaridades técnicas e complementariades mais frouxas (demanda arrastada [entrained want], complementaridade desenvolvimentista ) (67-69) Impossibilidade de antecipação (69) O problema da distinção entre investimento induzido e autônomo e uma definição alternativa para o primeiro ( beneficiário líquido de externalidades ) (70-71) Investimento e poupança (73)

2. A CENTRALIDADE DA SEQUÊNCIA E A INDUÇÃO DO DESENVOLVIMENTO Indução e sequências eficientes Relação entre capital fixo social e atividades diretamente produtivas (SOC e DPA) O significado dos encadeamentos Sequências eficientes e critérios de investimento Produtividade social marginal ou critério mais elaborado (empreendedorismo, poupança, hábitos de consumo etc.) (76-77) Escolhas entre substitutos e escolhas acerca da sequência de realização [substitution versus postponement choices] (77) Escolha entre substitutos e relevância do critério convencional (77-78) Escolha acerca da sequência e força indutora dos investimentos (78-79) Eficiência pontencial entre a ordem e a desordem máximas (79-81) Sequências permissivas e sequências compulsivas (81)

2. A CENTRALIDADE DA SEQUÊNCIA E A INDUÇÃO DO DESENVOLVIMENTO [U]ma solução sequencial ou em cadeia é de fato necessário. Em outras palavras, progresso isolado em uma área é possível, mas apenas por um período limitado. Para que não seja interrompido, ele deve ser seguido de progresso em outras partes. Assim, comparar os aumentos de produtividade que resultam de dois projetos em, por exemplo, educação e transportes é um problema insolúvel não apenas na prática, mas também conceitualmente. Tais comparações devem ser feitas seguindo o pressuposto ceteris paribus segundo o qual esse progresso está sendo alcançado em em apenas uma das áreas. E, sob esse pressuposto, a produtividade de longo prazo de ambos os empreendimentos é simplesmente zero uma vez que as instalações de transporte aperfeiçoados não terão muita serventia e deteriorarão rapidamente se a educação também não for aprimorada no devido tempo e vice-versa. Desse modo, a questão de prioridade deve ser resolvida com base em uma avaliação comparativa da força com que o progresso em uma dessas áreas vai induzir o progresso na outra. (78-79)

2. A CENTRALIDADE DA SEQUÊNCIA E A INDUÇÃO DO DESENVOLVIMENTO Capital social fixo (SOC) A definição de SOC: provimento facilita a execução de uma grande variedade de atividades econômicas, provimento em geral é público ou a cobrança é regulada, serviços relacionados não podem ser importados [núcleo duro: transporte e energia] (83-84) Falta de critério de avaliação e de sanções no caso de erros (84-85) Sobrevalorização (85-86) Desenvolvimento via excesso de capacidade de SOC e desenvolvimento via escassez de SOC (de volta à distinção entre sequencias permissivas e compulsivas) [equilíbrio entre SOC e DPA é uma política inatingível e indesejável, uma vez que o ideal é maximizar a indução ao investimento] (86-89) Preferência pelo desenvolvimento via escassez de SOC (89-96) Limites: inflação, controle de preços e negligência com serviços públicos (96-97)

2. A CENTRALIDADE DA SEQUÊNCIA E A INDUÇÃO DO DESENVOLVIMENTO Apostar em sequencias puramente permissivas e depender da habilidade das instalações de SOC de desencadear outras atividades econômicas pode, nessas circunstâncias, ser tão irracional quanto o chamado culto aos carregamentos que envolveu algumas das tribos da Nova Guiné após a partida lamentada das forças expedicionárias aliadas no fim da Segunda Guerra Mundial: Alqueles em vilas costeiras construiram cais no mar, prontos para os barcos atracarem, e aqueles nas vilas no interior construíram pistas de pouso nas florestas para os aviões aterrisarem. E eles esperaram com grande expectativa para o segundo advento dos carregamentos. Embora tocante, tal crença nos poderes propiciatórios do capital fixo social não deveria ser a base de políticas de desenvolvimento. (94) Em um país subdesenvolvido, é frequentemente a cidade com a mais grave escassez de água, energia e habitação que é mais privilegiada pelos investidores privados. (95)

3. ENCADEAMENTOS Definições de encadeamentos para frente e para trás Relação entre atividades diretamente produtivas em vez de entre DPA e SOC (e inversão dos pressupostos: coeficientes fixos e impossibilidade de escassez ou excesso, possibilidade de importação) (98) Distinção entre fontes externas e domésticas de insumos (importação requer habilidades especiais, importação está sujeita a incerteza relacionadas ao balanço de pagamentos [incerteza cambial], produção doméstica gera esforço do produtor para estimular uso doméstico do bem em questão) (99-100) Medida do encadeamento: produto líquido dos setores que podem ser estabelecidos em função da instalação de um setor particular (importância) vezes a probabilidade de cada um desses setores ser estabelecido (força) (100-101)

3. ENCADEAMENTOS Definições de encadeamentos para frente e para trás (continuação) Encadeamento para trás: escala econômica mínima para iniciar a produção doméstica dos insumos (101) Encadeamentos para frente: setores satélite e demais setores (102-104) Setores satélite: vantagem locacional forte, insumo predominante é o produto da indústria principal e não é submetido à transformação elaborada, escala econômica mínima é menor do que a da indústria principal (102-103) Encadeamento de um conjunto de setores é maior do que o encadeamento de cada um deles separadamente: caráter cumulativo do desenvolvimento (103-104)

3. ENCADEAMENTOS Encadeamentos para trás e matrizes insumo-produto Medida do encadeamento para trás: proporção do produto que é representada por compras de outros setores (105) Medida de encadeamento para frente: proporção do produto que não é destinada ao consumo final, mas é consumida por outros setores (105) A crítica de Krugman (1993: 23-25) e as economias de escala Experimento mental: distinção entre interdependência e encadeamentos, estimação a partir de uma média das matrizes insumo-produto dos países desenvolvidos (105-107) Ressalvas: máquinas e equipamento de transporte (investimento), produtos da moagem de grãos (setores satélites) Encadeamentos para trás em funcionamento Agricultura versus indústria Setores enclave Início da industrialização por setores que produzem bens de consumo a partir de produtos primários (produzidos domesticamente ou não) ou a partir de produtos semimanufaturados importados Setores importadores enclave

4. OUTRAS CARACTERÍSTICAS: IMPORTAÇÕES E DUALISMO A contribuição das importações ao desenvolvimento (120-125) Criação e mapeamento de demanda e redução da incerteza Consequências para a política comercial A persistência do dualismo Setor industrial: trabalho relativamente mais caro e capital relativamente mais barato do que no setor pré-industrial Capacidade de pequenos produtores artesanais de resistir à competição das técnicas modernas em vários setores

REFERÊNCIAS ALACEVICH, Michele (2011). Early development economics debates revisited. Journal of the History of Economic Thought, Vol. 33 (2), pp. 145-171. BIANCHI, Ana Maria (2011). Visiting-economists through Hirschman s eyes. European Journal of the History of Economic Thought, Vol. 18 (2), pp. 217-242. HIRSCHMAN, Albert O. (1958). The Strategy of Economic Development. New Haven: Yale University Press, 1958. KRUGMAN, Paul (1993). Toward a conter-counterrevolution in development theory. Proceedings of the World Bank Annual Conference on Development Economics 1992, pp. 15-38.