Desemprego e regulação do mercado de trabalho António Dornelas ISCTE-IUL e CIES-IUL 28 de Outubro de 2011
Proposições fundamentais 1. O trabalho não pode ser tratado como uma mercadoria sem sérias consequências sociais 2. É impossível atingir e manter a eficiência económica sem manter um mínimo de segurança económica individual 3. Os mercados de trabalho são intrinsecamente imperfeitos e incapazes de auto-regulação 4. O desemprego é o principal defeito do capitalismo e o mais sério problema laboral 5. O bem estar social destina-se a assegurar aos consumidores bens e serviços de baixo custo e aos trabalhadores salários dignos e bons empregos Fonte: adaptado de Kaufman, 2005 Outubro 2011 António Dornelas 2
Transformações dos mercados de trabalho Flexibilização na margem (Regini) Crescimento do emprego atípico Segmentação dos mercados de trabalho entre insiders e outsiders Emprego típico permanece maioritário nas sociedades de capitalismo avançado Alargamento da zona cinzenta e descoincidência crescente da subordinação jurídica e da dependência económica (Supiot) Redução da parte dos salários na riqueza criada Aumento das desigualdades Outubro 2011 António Dornelas 3
Comparação das alternativas estratégicas Flexibilidade Adaptabilidade Transição nos mercados de trabalho Outubro 2011 António Dornelas 4
Mesmo após o Código do Trabalho de 2003: elevada rigidez formal da legislação Outubro 2011 António Dornelas 5
Mas já não após o Código de 2009 Source: Venn, 2009 2011 António Dornelas 6
que provocou a maior redução da década na OCDE Source: Venn, 2009 2011 António Dornelas 7
Estimativa de evolução do indicador LPE da OECD de acordo com as previsões de mudança da legislação laboral (2011) Escala de 0 (menos estricto) a 6 (mais estricto) 2011 António Dornelas 8
O desemprego já não é o que era Fonte: Eurostat Outubro 2011 António Dornelas 9
e o desemprego de longa duração, também não! Fonte: Eurostat Outubro 2011 António Dornelas 10
Problemas conceptuais (1): paradoxo da percepção de segurança no emprego Fonte: Dornelas, 2007, com base OECD, 2004 e ESV, 2004 Outubro 2011 António Dornelas 11
Productivity Tenure-Productivity relationship Problemas conceptuais (2): paradoxo da produtividade 34 33 32 31 30 29 28 27 8 9 10 11 12 13 14 15 16 tenure (years) Fonte: Auer, 2006 António Dornelas Outubro 2011 12
Problemas conceptuais (5): alternativas estratégicas Matriz de Schmid (2) Segurança - Segurança + Flexibilidade + Flexibilidade negociada Mobilidade protegida Flexibilidade - Padrões mínimos Segurança negociada Fonte: adaptado de Schmid, 2007 Outubro 2011 António Dornelas 13
FI UK DK SE IE NL DE LU CZ EU27 ES BE LV AT LT PL RO FR SI SK HU IT PT EE MT CY TR BG EL HR MK Adaptabilidade do tempo de trabalho 100% Companies with flextime for at least a part of the workforce (2009) 80% 60% 40% 20% A adaptabilidade interna é elevada em todos os países europeus 0% Yes No Not applicable Fonte: Voss e Dornelas, 2011 Outubro 2011 António Dornelas 14
LU DK SE FI NL FR ES DE AT EU-15 IE BE UK IT EL PT Inovação social (2) Proteger a mobilidade profissional de todos os tipos de emprego 120,0 Cobertura dos trabalhadores flexíveis pelo subsídio de desemprego 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0-20,0-40,0 2003 2007 Variação Fonte: OCDE, 2009 Fonte: Alphametrics, 2009 Outubro 2011 António Dornelas 15
ÍNDICES Competição salarial na UE27 Custos unitários reais do trabalho (2000 = 100) 110 1999 a 2008 105 100 95 90 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Portugal Irlanda Espanha Itália Alemanha França Zona Euro UE-27 Fonte: Dornelas et al., 2010 Fonte: Marzinotto;Pisany-Ferry;Sapir, 2010 Outubro 2011 António Dornelas 16
Desafios Renovação da agenda? Combinar a proteção dos postos de trabalho viáveis com a proteção da mobilidade profissional dos trabalhadores? Reduzir as desvantagens cumulativas (segurança de emprego; rendimentos proteção social) dos outsiders em relação aos insiders? Coordenar a política de rendimentos com a política de prestações sociais? Coordenação entre níveis de decisão? Relação entre a concertação social e os níveis setorial e de empresa? Outubro 2011 António Dornelas 17
Muito obrigado pela vossa atenção! António Dornelas