A INSERÇÃO DO PROFISSIONAL BIOMÉDICO NO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO CONTEXTO DO PET/SAÚDE MAIA, Indiara da 1 ; RUCKERT, Tatiane Konrad 2 ; BARBOSA, Elisa Gisélia dos Santos 3 ; KAEFER, Cristina T. 4 ; COSER, Janaina 4 ; GARCES, Solange Beatriz Billig 5 Palavras-Chave: Biomedicina. Saúde/Ensino. Comunidade. PET Introdução Atualmente destaca-se a crescente conscientização para que as diferentes áreas do conhecimento se integrem em prol do bem comum da sociedade, por meio de uma atuação multidisciplinar. A despeito das atribuições específicas de cada categoria profissional, na área da saúde, a equipe deve desenvolver, de maneira conjunta e integrada, ações preventivas e de promoção da qualidade de vida na comunidade, além de intervenções para recuperação e reabilitação da saúde, tanto na unidade de saúde quanto nos demais espaços comunitários - externos a esta, associando a atuação clínica e técnica às práticas de saúde na coletividade. (VALENTIM, KRUEL, 2007). Dentre os profissionais da saúde, encontra-se o biomédico, cuja regulamentação da profissão se deu pela Lei n.º 6.684, de 03 de setembro de 1979. Segundo o Art. 4º da referida lei, ao biomédico compete atuar em equipes de saúde, a nível tecnológico e nas atividades complementares de diagnósticos. (COSTA, TRINDADE, PEREIRA, 2010). Neste contexto, uma possível inserção e atuação do biomédico na saúde pública, embora ainda incipiente, é o Programa de Saúde da Família (PSF). Este programa foi uma estratégia tem como objetivo de reorientar o modelo assistencial de saúde, inserindo equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde, reorganizando a prática assistencial em novos critérios e bases, estabelecendo um modelo pautado na família e na comunidade, buscando a prevenção e promoção da saúde (LIMA, 2003). Nesta perspectiva, o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET/Saúde), coordenado pelo Ministério da Saúde por intermédio da Secretaria de Gestão do Trabalho e da 1 Acadêmica do Curso de Biomedicina, Bolsista do PET/Saúde Redes de Atenção, Universidade de Cruz Alta. 2 Acadêmica do Curso de Fisioterapia, Bolsista do PET/Saúde Redes de Atenção, Universidade de Cruz Alta. 3 Fisioterapeuta, Preceptora do PET/Saúde Redes de Atenção, Secretaria Municipal de Saúde de Cruz Alta. 4 Profª s Doutorandas do Centro de Ciências da Saúde, Tutoras Acadêmicas do PET/Saúde Redes de Atenção, Universidade de Cruz Alta. 5 Profª Drª do Centro de Ciências da Saúde, Coordenadora do PET/Saúde Redes de Atenção, Universidade de Cruz Alta.
Educação na Saúde e da Secretaria de Atenção à Saúde, tem o objetivo de contribuir para o atendimento destas demandas, uma vez que seus pressupostos envolvem a promoção da integração ensino-serviço-comunidade e a educação pelo trabalho (BRASIL, 2013b). A Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ) está inserida pela primeira vez no PET/Saúde, por meio da aprovação de um projeto no edital nº 14 de 8 de março de 2013, cujo período de vigência é de agosto de 2013 a agosto de 2015. O projeto está sendo desenvolvido em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Cruz Alta e com o apoio da 9ª Coordenadoria Regional de Saúde, atendendo as Redes de Atenção em Doenças Crônicas e em Urgência e Emergência. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo, realizar uma revisão bibliográfica sobre a atuação e inserção do profissional biomédico no Programa de Saúde da Família, que ainda é algo a ser fortalecido, tendo em vista as atividades que estão sedo desenvolvidas no PET pelos profissionais de saúde, acadêmicos e professores da UNICRUZ. Programa de Saúde da família e a inserção do Biomédico A Estratégia Saúde da Família (ESF) é hoje uma das principais respostas do Ministério da Saúde à crise vivida há alguns anos no setor, nascido no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Por ser um modelo assistencial com enfoque no usuário, propõe-se um processo de trabalho multiprofissional, determinado pela produção do cuidado a saúde, entendido enquanto ações de acolhimento, vínculo e resolução, e orientando-se pelos princípios de universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social (BRASIL, 2006; BRASIL 2011). As equipes da ESF são designadas para atuarem nas ações de promoção da saúde; na prevenção, recuperação, reabilitação e agravos mais frequentes de doenças, e na manutenção de saúde coletiva e individual. A reorganização da prática de atenção à saúde vem garantindo, às comunidades um acesso mais próximo à saúde e à qualidade de vida de uma forma que a prevenção e a promoção ocorram de forma integral e contínua. Estas ações devem ser fundamentadas no acompanhamento prestado em unidades básicas de saúde, de forma a facilitar o acesso ao controle de determinadas doenças, contribuindo para que os profissionais conheçam mais de perto as famílias e seus problemas, podendo assim direcionar melhor a prevenção e/ou a recuperação útil e favorável para preservação da saúde. (BRASIL, 2008).
Nesta perspectiva, é importante também a participação das comunidades para que este programa ganhe cada vez mais um numero significativo de atendimentos e mobilização dos profissionais. Obtendo assim rapidamente as informações sobre quais as doenças têm afetado determinada comunidade, como é possível fazer um controle para que menos pessoas sejam atingidas por certas patologias, além de se criar uma forma de acesso às informações de saúde para as comunidades, através de palestras para adultos, jovens e crianças. (BRASIL, 2009). A ESF, enquanto alternativa de reorganização da atenção à saúde, nasce do contexto histórico e conceitual da moderna promoção da saúde, e tem plena identidade com seus princípios definidores. (ROCHA, 2008). Além disso, é importante considerar que um dos critérios estabelecidos na Portaria n.º 648, de 28 de março de 2006, é o caráter integrador entre disciplinas do saber propostos nas ESF, com ênfase no trabalho interdisciplinar, contemplando áreas técnicas e profissionais de diferentes formações, e valorizando os diversos saberes e práticas para uma abordagem integral e resolutiva. (BRASIL, 2011). Neste sentido, a Resolução nº 78 de 29 de abril de 2002, define o Ato Profissional do Biomédico, como todo procedimento técnico- profissional praticado por Biomédico, na área em que esteja legalmente habilitado/capacitado, contemplando atividades que envolvam procedimentos de apoio diagnóstico; atividades de coordenação, direção, chefia, perícia, auditoria, supervisão e ensino e atividades de pesquisa e investigação. (CRBM, 2002). Assim, a contribuição funcional do biomédico inclui a prevenção e promoção da saúde por meio de educação sanitária, coleta e armazenamento de material biológico para análise laboratorial e pesquisa de possíveis agentes etiológicos de maior incidência a comunidade em que está inserido a ESF. Estas ações estão previstas para serem desenvolvidas em um ciclo de padrões estabelecidos seguindo-se uma visão articulada do estudo da saúde, da doença e da interação do homem com o meio ambiente. (COSTA, TRINDADE, PEREIRA, 2010). Estes aspectos podem esclarecer a comunidade médica e os responsáveis pela gestão da ESF quanto aos benefícios obtidos em relação à inserção de profissionais biomédicos para comporem a equipe multidisciplinar, podendo contribuir significativamente para o atendimento da sociedade, uma vez que detém a competência para atuar em equipes de saúde, com amplitude no nível tecnológico, realizando atividades complementares de diagnósticos. (COSTA, TRINDADE, PEREIRA, 2010). A saúde pública no Brasil conquistará maior êxito na medida em que houver uma real interação entre profissionais envolvidos. Esta proposta permeia a proposta do PET/Saúde, que prevê o envolvimento dos acadêmicos de graduação da área da saúde na vivência das
práticas profissionais, através de um aprendizado que integre ensino, pesquisa, extensão e comunidade de forma interdisciplinar e multiprofissional; além de propiciar o desenvolvimento de ações em saúde, produção de conhecimento e pesquisas, de acordo com as necessidades e prerrogativas do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2013b). Para tanto, as ações do PET/Saúde estão sendo desenvolvidas no sentido de identificar os problemas de saúde e as situações de riscos existentes na comunidade, elaborar estratégias para minimizar e eliminar estas situações, e realizar ações educativas relacionadas com os problemas de saúde identificados na comunidade. Considerações finais O presente trabalho pretendeu estimular uma reflexão acerca da inserção do profissional Biomédico na ESF, considerando a importância da equipe multiprofissional para a saúde pública, bem como, analisar a contribuição do PET/Saúde para fortalecer o vínculo e atuação integrada de diferentes profissionais da saúde na ESF, com o intuito de gerar novos dispositivos capazes de atender as necessidades do processo saúde-doença-cuidado, junto à população brasileira. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 648/GM. Política Nacional de Atenção às Urgências. 3ª ed. Brasília (DF): Editora do Ministério da Saúde; de 28 de março de 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 1.600; Política Nacional de Atenção às Urgências. 3ª ed. Brasília (DF): Editora do Ministério da Saúde; de 7 DE julho DE 2011. BRASIL. Secretaria de Vigilância e Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Saúde Brasil 2008: 20 anos de Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde 2009. Editora MS OS 2009 BRASIL. 2013b. Ministério da Saúde. Portal da Saúde. PET Saúde. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=35306> Acesso em 30 de setembro de 2013. COSTA, Flávia B. da; TRINDADE, Mara A.do N.; PEREIRA, Mauro Lúcio T. A inserção do biomédico no programa de saúde da família. Revista Eletrônica Novo Enfoque, ano 2010, v. 11, n. 11, p. 27 33. LIMA, Marin N. et al (org.). Assistência farmacêutica para gerentes municipais. Rio de Janeiro : OPAS/OMS, 20.ed. 615.1 2003. RESOLUÇÃO nº 78 de 29 de abril de 2002, Cap1. Do ato profissional do biomédico.
ROCHA, Aristides Almeida, CESAR, Chester Luiz Galvão. Saúde Pública Bases Conceituais. 1 ed. São Paulo: Atheneu, 2008. VALENTIM, V.L.; KRUEL, A.J. A importância da confiança interpessoal para a consolidação do Programa de Saúde da Família. Cienc. Saúde Colet., v.12, n.3, p.777-88, 2007.