p.28-36, 2008 Degradabilidade Ruminal In Situ de Silagens de Capim-Elefante com Adição de Subproduto da Manga 1 Aníbal Coutinho do Rêgo 2, Magno José Duarte Cândido 3, Elzânia Sales Pereira 4, Maria de Andréa Borges Cavalcante 5, José Valmir Feitosa 6, Fernando Henrique Teixeira Gomes 7, José Neuman Miranda Neiva 8, Margareth Maria Teles Rêgo 9 RESUMO Avaliou-se a degradação in situ da MS, PB e FDN de silagens de capim-elefante contendo cinco níveis de inclusão do subproduto da manga-sm (0; 4; 8; 12 e 16%, com base na matéria natural da massa ensilada). O delineamento adotado foi o inteiramente casualizado em parcelas subdivididas, sendo os níveis de adição as parcelas e os tempos de incubação as subparcelas, com quatro repetições. Para confecção das silagens, foi utilizado capim-elefante cortado aos 70 dias e adicionado ao subproduto, armazenado em 20 tambores plásticos (silos experimentais) com capacidade para 210 litros. As amostras de cada silo foram pré-secas, moídas em moinho com peneira de 5,0 mm, sendo usados 3,0 g de amostra em cada saco de náilon, para incubação no rúmen por 6, 48 e 96 h em dois ovinos machos castrados, sem padrão racial definido (SPRD). Os sacos correspondentes ao tempo 0 hora foram lavados em água corrente. Nos tempos de incubação 48 e 96 h, verificou-se aumento no desaparecimento da MS e da PB quando da adição de até 12% de SM à silagem de capim-elefante. Para a FDN o desaparecimento não diferiu com a inclusão de SM nos tempos 0, 6 e 48 h. Para o conjunto de parâmetros de degradação avaliados, observou-se que o nível de inclusão 12% do SM apresentou maiores valores para a degradabilidade potencial e efetiva da MS, PB e FDN. A adição do subproduto da manga à silagem de capim-elefante aumenta a degradabilidade das silagens, sendo recomendado incluir 12% ou mais deste subproduto. Palavras-chaves: degradabilidade, ensilagem, Mangifera indica, ovinos, Pennisetum purpureum In Situ Degradability of Elephant Grass Silages with Addition of Mango By-product 1 ABSTRACT - To evaluate the dry matter, crude protein and neutral detergent fiber 1 Parte da monografia de conclusão de curso do primeiro autor. 2 Engenheiro Agrônomo, Mestre em Zootecnia pela UFLA. anibalcr@gmail.com 3 Professor Adjunto do Departamento de Zootecnia da UFC. Pesquisador do CNPq. mjdcandido@gmail. com 4 Professor Adjunto do Departamento de Zootecnia da UFC. elzaniasp@yahoo.com.br 5 Agente de Defesa Agropecuária ADAGRI/CE. mariaandrea_borges@yahoo.com.br 6 Professor Adjunto da Universidade Federal do Ceará/Campus do Cariri. valfeit@ig.com.br 7 Mestrando em Zootecnia da Universidade Federal do Ceará. fernandohtg@gmail.com 8 Professor Adjunto do Departamento de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFT. Pesquisador do CNPq. araguaia2007@gmail.com 9 Bolsista Recém-Doutor; Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte, EMPARN. 28
in situ degradation of elephant grass silages with five levels (0; 4; 8; 12 and 16%, on a fresh matter basis) of mango by-product, (MBP) this work was carried out. A randomized completely design in split-plot, consisting the addition levels the plots and the incubation times the sub-plots, with four replicates, was adopted. For the silages making, the elephant grass was cut 70 days-old and mixed to the by-product, in 20 plastic drums. The samples were dried, grid in a bolter of 5.0 mm mesh, being used 3.0 g of samples in each nylon bag, for incubation in the rumen for 0, 6, 48 e 96 h. The samples were dried, grid in a bolter of 5.0 mm mesh, being used 3.0 g of samples in each nylon bag, for incubation in the rumen for 6, 48 e 96 h. two ram without defined breed were used. The bags corresponding to the time 0 h. were washed in running water. For the DM and CP the disappearance increased until the level 12% of addition of MBP to the elephant grass silages for the incubation times 48 and 96 h. For the NDF the disappearance not increased with the addition for the incubation times 0, 6 e 48 h. For the whole of parameters of degradation, was observed that the level of addition of 12% of MBP presented the most values for the potential and effective degradability of variables in question. The addiction of the mango by-product to the grass increased the silages degradability, so it should be recommended level up to 12% of this by-product. Key Words: degradability, ensiling, Mangifera indica, Pennisetum purpureum, sheep Introdução A estacionalidade da produção de forragem no Nordeste brasileiro é um dos fatores limitantes à produção de ruminantes. Isso se deve aos baixos índices pluviométricos e à irregularidade na distribuição de chuvas. A baixa qualidade e quantidade de forragem no período seco demandam o uso de práticas de conservação de alimentos produzidos no período chuvoso. Uma das alternativas é a utilização do capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.) na forma de silagem, já que essa gramínea é bastante difundida no Nordeste por apresentar fácil implantação, apresentar elevada produção de forragem e ser bem adaptada à região. No entanto, na idade em que possui elevado valor nutritivo, apresenta também elevada umidade e reduzidos teores de carboidratos solúveis associados ao elevado poder tampão (Lavezzo, 1992), características essas limitantes à produção de uma silagem de qualidade. Uma das formas para a redução do teor de umidade é a inclusão de aditivos com teores elevados de MS e carboidratos solúveis. Nos últimos anos é visível o crescimento da fruticultura irrigada no Nordeste, com isso o número de agroindústrias instaladas na região tem aumentado consideravelmente. Os indicadores da agricultura irrigada e da fruticultura no Ceará evoluíram de aproximadamente 18 mil hectares cultivados em 1999 para 27,8 mil hectares em 2004, projetando-se uma área de 51 mil hectares até 2010, correspondendo a um aumento de 182% nesse período. Da mesma forma, o valor bruto da produção da fruticultura aumentou de R$ 92,5 milhões em 1999 para cerca de R$ 250,3 milhões em 2004, projetando-se um valor de R$ 890,7 milhões em 2010 (SEAGRI, 2008). A partir do processamento de frutas, resíduos agroindustriais não utilizados na alimentação humana são gerados, os quais podem ser aproveitados na dieta animal, tornando-se um importante fator de redução de custos. 29
A manga pode ser consumida in natura ou industrializada para fabricação de polpas e sucos, sendo que os subprodutos (casca, caroço e frutos refugos) apresentam potencial de uso na alimentação animal. Após a extração da polpa de manga, 69,4% são resíduos. Segundo Teles (2006), o subproduto da manga após desidratado apresenta MS 94,60%, e com base na MS, MO 94,34%; PB 6,09%; FDN 61,20%; FDA 35,15%; EE 5,76%; CHOT 82,49%; CNF 21,29%; NIDN 55,87% do N total e NIDA 20,66% do N total. Para a avaliação do valor nutritivo de um alimento, como de uma silagem, por exemplo, realiza-se inicialmente a análise proximal, objetivando conhecer a composição química, quantificandose os teores dos principais constituintes nutricionais (Silva e Queiroz, 2002). A fim de se caracterizar melhor o valor nutritivo, pode-se avaliar também o grau de aproveitamento do alimento através de técnicas de digestibilidade in vivo, in vitro e in situ. As técnicas de avaliação dos parâmetros cinéticos da degradação ruminal dos alimentos compreendem estudos sobre o desaparecimento da amostra incubada no ecossistema ruminal (Van Soest, 1994), permitindo conhecer a adequação nitrogenada no rúmen. Dentre as técnicas para a avaliação de digestibilidade dos alimentos, a técnica in situ destaca-se, por permitir o contato do alimento teste com o ambiente ruminal, embora o alimento não esteja sujeito a todos os eventos digestivos, como mastigação, ruminação e passagem (Nocek, 1988). No entanto, a determinação do valor in situ permite obter valores mais próximos aos obtidos in vivo (Mertens, 1993). Este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar a degradação in situ da MS, PB e FDN de silagens de capimelefante com a adição do subproduto da manga. Material e Métodos Este experimento foi conduzido no Núcleo de Ensino e Estudos em Forragicultura do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará - NEEF/DZ/CCA/UFC (http:// www.neef.ufc.br), em Fortaleza-CE. As análises bromatológicas foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia da UFC. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado em parcelas subdivididas, considerando-se os níveis de adição as parcelas e os tempos de incubação as subparcelas. Foram utilizados 20 tambores plásticos de 210 L como silos experimentais, distribuídos nos cinco níveis de adição do subproduto da manga à silagem de capim-elefante (0; 4; 8; 12 e 16%, com base na matéria natural da massa ensilada), cada tratamento com quatro repetições. As diferenças entre médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância. O capim-elefante utilizado para confecção das silagens foi cultivado na Fazenda Experimental Vale do Curu FEVC/CCA/UFC, situada no município de Pentecoste, CE, localizado na latitude 3º51 18 Sul e longitude 39º10 19 Oeste, com clima do tipo BSwh, semiárido quente, segundo a classificação de Köeppen, com precipitação média anual 806,5 mm. Para confecção das silagens, foi utilizado o capim-elefante cortado aos 70 dias de crescimento, processado em máquina picadora. O subproduto do processamento da manga (SM), adquirido na agroindústria MAISA, localizada no município de Mossoró, RN, foi desidratado ao sol até aproximadamente 85% de MS, 30
sendo posteriormente triturado em moinho tipo martelo, com peneira com crivos de 1 cm de diâmetro para ser adicionado ao capim-elefante, com base na matéria natural da massa ensilada. Em cada silo foram colocados 126 kg de matéria fresca, correspondendo a uma densidade de 600 kg/m 3. Passados 30 dias da ensilagem, os silos foram abertos e colhidas amostras que foram submetidas à pré-secagem em estufa de ventilação forçada a 60ºC por 72 h, moídas em moinho com peneira de malha com crivos de 1 mm de diâmetro, para análises bromatológicas, e 5 mm, para a incubação in situ. No momento da ensilagem, o capim-elefante e o subproduto da manga apresentavam 19,4% e 94,6% de MS; e com base na MS, 87,8% e 94,3% de MO; 5,4% e 6,1% de PB; 77,4% e 61,2% de FDN; 48,0% e 35,1% de FDA; 3,8% e 5,8% de EE; 78,6% e 82,5% de CHOT; 1,2% e 21,3% de CNF; 45,4% e 55,9% de NIDN (% do N total) e 14,9% e 20,7% de NIDA (% do N total), respectivamente. Para o ensaio in situ, foram utilizados dois ovinos machos castrados, sem padrão racial definido (SPRD), fistulados no rúmen e com peso médio 45 kg. Os animais foram mantidos em baias individuais, com comedouro, bebedouro e cocho para fornecimento de mistura mineral. Foi fornecido diariamente ad libitum, em duas refeições, manhã (8:00) e tarde (16:00), feno de capim-elefante e concentrado à base de milho e farelo de soja. Foram utilizados sacos de náilon de 13 x 5 cm, com porosidade 50 μm, acondicionando-se em cada saco 3 g de amostra, sendo então incubados no rúmen antes do fornecimento da refeição da manhã. Os sacos correspondentes ao tempo 0 h não foram incubados no rúmen, sendo apenas lavados em água corrente. Decorridos os tempos de incubação 6, 48 e 96 h, os sacos foram retirados do rúmen, lavados manualmente em água corrente até desaparecimento da coloração turva, sendo levados à estufa de ventilação forçada a 60ºC durante 72 h. Foram realizadas análises de MS, PB e FDN do resíduo da incubação, segundo metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002). Para interpretação dos perfis de degradação da MS e PB, utilizou-se o modelo assintótico exponencial de primeira ordem, conforme Ørskov e McDonald (1979), adaptado por Sampaio (1988), Deg=A-B*e-ct, em que: A = degradação potencial do material incubado quando o tempo não é um fator limitante; B = parâmetro sem valor biológico, ou seja, se não houvesse tempo de colonização corresponderia ao total a ser degradado pela ação microbiana; c = taxa de degradação por ação fermentativa de B; t = tempo de incubação no rúmen, em horas. Uma vez calculados os coeficientes A, B e c, esses foram aplicados à equação proposta por Ørskov e McDonald (1979) para o cálculo da degradabilidade efetiva, P=a+[(bc)/(c+k)], em que: P = degradação ruminal efetiva do componente nutritivo analisado; a = fração solúvel em água do componente nutritivo; b = potencial de degradação da fração insolúvel em água; c = taxa de degradação de b; k = taxa de passagem do alimento, assumiu-se taxas de passagem 2, 5 e 8%/h. Para interpretação dos perfis de degradação da FDN, utilizou-se o modelo assintótico exponencial decrescente de primeira ordem proposto por Mertens (1993), em que: Y=b*exp(-c*t)+I, em que: Y = resíduo no tempo t; b = fração potencialmente degradável; c = taxa de degradação; t = tempos de incubação; I = a fração não degradável. 31
Resultados e Discussão Os dados de desaparecimento e cinética de degradação ruminal da MS, PB e FDN estão apresentados nas Tabelas 1, 2 e 3, respectivamente. Para todos os níveis de inclusão do SM ocorreu aumento (P<0,05) no desaparecimento da MS com o decorrer do tempo de incubação no rúmen. O desaparecimento da MS aumentou com a inclusão de SM à silagem de capimelefante para os tempos de incubação 0 e 6 h, até o nível 8%, enquanto que, para os tempos de incubação 48 e 96 h houve aumento (P<0,05) no desaparecimento até o nível de inclusão de 12% de SM. A degradabilidade potencial (A) da MS aumentou com o nível de inclusão de SM à silagem de capim-elefante, atingindo o maior valor (66,09%) na silagem contendo 12% de SM. Rezende et al. (2007), ao avaliarem a degradação ruminal da silagem de capim-elefante cv. Napier com adição de farelo de batata diversa obtiveram degradação potencial da MS 65,95% no maior nível de inclusão do farelo de batata (20%), próximo ao obtido no maior nível de inclusão de SM neste trabalho. Tabela 1 - Desaparecimento da matéria seca, degradabilidade potencial (A), fração insolúvel potencialmente degradável (B), taxa de degradação (c), fração solúvel (a), degradabilidade efetiva (P) e coeficiente de determinação das equações (R 2 ) das silagens de capim-elefante contendo cinco níveis de inclusão do subproduto da manga (SM) *Letras maiúsculas e minúsculas iguais na mesma coluna e linha, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05). Quanto à taxa de degradação do alimento (c), o nível de adição 8% apresentou maior valor (3,6%), sendo que para todos os níveis de inclusão de SM os valores permaneceram dentro do recomendado para alimentos de boa 32
qualidade, segundo Sampaio (1988), ao determinar que alimentos vegetais de boa qualidade geralmente apresentam taxa de degradação da MS 2 a 6%/h. Com relação à fração solúvel (a), houve aumento com o nível de adição de até 16% de SM. A degradabilidade efetiva (P) aumentou à medida que se elevou o nível de adição de SM à silagem do capim-elefante. Os dados de degradabilidade efetiva da MS podem ser considerados altos quando comparados a resultados obtidos a partir de incubações de silagem de capim-elefante exclusivo, conforme relatado por Valadares Filho (1994) e Vilela et al. (1994). Isto pode ser explicado em virtude do material ensilado neste trabalho ser menos fibroso e mais protéico que o avaliado pelos referidos autores. Com o aumento da taxa de passagem, a degradabilidade efetiva diminuiu para todos os níveis de inclusão avaliados, ou seja, quanto maior a taxa de passagem do alimento menor seria a permanência do alimento no trato digestivo (8%/h, maior taxa de passagem avaliada), conseqüentemente, menor tempo para a ação da microbiota ruminal sobre o alimento, o mesmo comportamento foi observado por Vilela et al. (1994), para silagem exclusiva de capim-elefante. Gonçalves et al. (2004), avaliando a degradabilidade ruminal da MS do subproduto da manga, obtiveram valores altos para degradabilidade efetiva (61,1% a uma taxa de passagem de 5%/h), o que justifica o aumento de P com elevação do nível de SM neste trabalho, uma vez, a partir de trabalho de Silva et al. (2005) ser evidenciada menor degradabilidade do capim-elefante. Tabela 2 - Desaparecimento da proteína bruta, degradabilidade potencial (A), fração insolúvel potencialmente degradável (B), taxa de degradação (c), fração solúvel (a), degradabilidade efetiva (P) e coeficiente de determinação das equações (R 2 ) das silagens de capim-elefante contendo cinco níveis de inclusão do subproduto da manga (SM) *Letras maiúsculas e minúsculas iguais na mesma coluna e linha, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05). 33
O desaparecimento da PB aumentou (P<0,05) para todos os níveis de SM com o decorrer do tempo de incubação, no entanto, houve comportamento distinto entre os níveis de adição do subproduto. Para o nível de adição 0% de SM não houve diferença (P>0,05) entre os tempos de incubação 0, 6 e 48 h, não sendo possível estimar a curva de degradação para esse nível. No nível de adição 4% de SM, não houve diferença (P>0,05) entre os tempos 0 e 6 h, aumentando a partir daí o desaparecimento com o decorrer do tempo de incubação. Para o nível de incubação 8% não foi observada diferença (P>0,05) entre os tempos 0 e 6 h e entre 48 e 96 h. Não foi observada diferença (P>0,05) entre os tempos de incubação 48 e 96 h para os níveis 12 e 16% de adição de SM, superiores aos demais níveis de inclusão. A degradabilidade potencial (A) da PB apresentou maior valor (71,27%) quando da adição de 4% do SM à silagem de capim-elefante, no entanto, não aumentou com a adição de SM. A taxa de degradação do alimento (c) aumentou com o incremento de SM na silagem, com maior valor (7,52) quando da adição de 16%. A degradabilidade efetiva (P) aumentou para a taxa de passagem 2%/h com a elevação nos níveis de adição a até 12% de SM. Para a taxa de passagem 5%/h não houve diferença entre os níveis de adição de SM. O desaparecimento da FDN aumentou (P<0,05) para todos os níveis de SM com o aumento no tempo de incubação, no entanto, não houve diferença (P>0,05) entre os tempos 0 e 6 h. Para os tempos de incubação 0, 6 e 48 h, não houve diferença (P>0,05) do desaparecimento entre os níveis de adição de SM. Observou-se aumento no desaparecimento da FDN para o tempo de incubação 96 h, atingindo o valor máximo no nível de adição 16%, sendo que a partir de 12% não houve diferença (P>0,05). Tabela 3 - Desaparecimento da fibra em detergente neutro, fração insolúvel potencialmente degradável (b), fração não-degradável ou resíduo indigerido (I), taxa de degradação da fração potencialmente degradável (c), degradabilidade efetiva (P) e coeficiente de determinação das equações (R 2 ) das silagens de capim-elefante contendo cinco níveis de inclusão do subproduto da manga (SM) *Letras maiúsculas e minúsculas iguais na mesma coluna e linha, respectivamente, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05). 34
A fração potencialmente degradável (b) da FDN tendeu a aumentar com a inclusão de SM à silagem de capimelefante, chegando ao maior valor (66,10%) no nível de inclusão 16%. A fração I tendeu à diminuição com a inclusão de SM, atingindo 31,57% no nível de inclusão 16%. Com relação à taxa de degradação (c) observou-se aumento até o nível de adição 8% de SM, havendo a partir desse nível redução da mesma. A fração solúvel (a) tendeu ao aumento com a adição de até 16% de SM. A degradabilidade efetiva (P) da FDN a uma taxa de passagem 2%/h não variou entre os níveis de adição do SM à silagem de capim-elefante. Para as taxas de passagem 5 e 8%/h, houve aumento até o nível de adição 8% de SM. Comparando os desaparecimentos às 48 h de incubação entre os níveis de adição de SM, observou-se para o conjunto dos parâmetros (MS, FDN e PB) e dos parâmetros de degradação estudados que não houve grandes diferenças a partir do nível de adição 12% de SM. Sá et al. (2007) recomendam a adição de 20% de SM à silagem do capim-elefante com base na melhoria da qualidade e no valor nutritivo da silagem. A recomendação de 12% de adição de SM neste trabalho é justificada pelo máximo desaparecimento obtido nesse nível e pelo conjunto dos parâmetros estudados. Teles (2006) avaliando a inclusão do SM à silagem de capim-elefante, afirma que o SM pode ser ensilado com capim-elefante, já que ocorre aumento nos teores de MO, PB, EE e CNF e redução nos teores de FDN e FDA das silagens. Conclusões recomendado incluir 12% ou mais deste subproduto. Referências Bibliográficas GONÇALVES, J.S.; FEITOSA, J.V.; NEIVA, J.N.M. et al. Degradabilidade ruminal dos subprodutos agroindustriais do caju (Anacardium occidentale L.), graviola (Anona muricata L.), manga (Mangifera indica L.) e urucum (Bixa orellana L.) em ovinos. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41., 2004, Campo Grande. Anais... Campo Grande: SBZ, 2004. 1 CD- ROM. LAVEZZO, W. Ensilagem de capimelefante. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DE PASTAGENS, 10., 1992, Piracicaba. Anais... Piracicaba: ESALQ, 1992. p.169-275. MERTENS, D.R. Rate and extent of digestion. Chap. II. In: FORBES, J.M., FRANCE, J. (Eds.) Quantitative Aspects of Ruminant Digestion and Metabolism. Cambridge: Commonwealth Agricultural Bureaux, Cambridge University Press, 1993. p.13-51. NOCEK, J.E. In situ and other methods to estimate ruminal protein and energy digestibility: A review. Journal of Dairy Science, v.71, n.8, p.2051-2069, 1988. ØRSKOV, E.R.; McDONALD, I. The estimation of protein degradability in the rumen from incubation measurements weighed according to rate of passage. Journal of Agricultural Science, v.92, p.499 503, 1979. A adição do subproduto da manga à silagem de capim-elefante aumenta a degradabilidade das silagens, sendo 35
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