ANALISE ERGONÔMICA DO TRABALHO: UM ESTUDO DE CASO NA SECRETARIA/SALA DOS PROFESSORES DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ, CAMPUS VIII, MARABÁ-PA.

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Transcrição:

João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016 ANALISE ERGONÔMICA DO TRABALHO: UM ESTUDO DE CASO NA SECRETARIA/SALA DOS PROFESSORES DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ, CAMPUS VIII, MARABÁ-PA ADRIANO VALMOSIR DOS SANTOS PIRES (UEPA ) adrianovalmosir@gmailcom Mateus Braga Bressan (UEPA ) mb-bressan@outlookcom Joao Antonio Soares Vieira (UEPA ) joaoantonioep@gmailcom Tassio Felipe Alves de Oliveira (UEPA ) tassio-felipe@hotmailcom Rudson Machado Peralte (UEPA ) rudsonperalte@hotmailcom Este artigo tem como objetivo avaliar, através da Análise Ergonômica do Trabalho, a secretária e a sala dos professores da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Campus VIII, localizado em Marabá-PA A ideia foi identificar os principais prroblemas que geram incômodos aos trabalhadores desses postos e posteriormente elaborar propostas de soluções e melhorias que minimizem esses incômodos, para um maior conforto, e consequentemente, rendimento do servidor Problemas relacionados a dores e desconforto em partes do corpo e ao ambiente foram os mais citados e observados nos postos de trabalho A elaboração de propostas de soluções e melhorias para posturas e modificação de ambiente foi pensada em conjunto com as limitações da instituição, sabendo da dificuldade na requisição de materiais e reformas Por meio dessa pesquisa foi possível observar como é improba a adaptação ergonômica em órgãos públicos Palavras-chave: Análise Ergonômica do Trabalho, postos de trabalho, posturas

João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016 1 Introdução As preocupações com questões ergonômicas nos postos de trabalho vêm crescendo significantemente durante o século XXI Atualmente as empresas estão percebendo a importância do bem-estar do trabalhador na melhoria de seu rendimento produtivo Os estudos relacionados ergonomia ajudam as empresas a elaborar um trabalho preventivo, tendo em vista que este é menos oneroso financeiramente do que um corretivo Para Hughes; Nelson (2009) é importante reconhecer que as empresas investem em ergonomia Várias são as razões, pois além do projeto de retorno sobre o investimento, inclui a obrigação ética de fornecer um ambiente de trabalho seguro, de conformidade regulamentar, mantendo-se competitiva no mercado para os funcionários mais talentosos e de acordo com a negociação coletiva Macleod (2003) destaca que o caminho a seguir com o desenvolvimento prático e aplicação de métodos ergonômicos é através de uma melhor antecipação e apreciação de alterações ao trabalho humano que serão efetuadas através da introdução de novas tecnologias para o trabalho O desenvolvimento de métodos adequados de ergonomia ou a cuidadosa adaptação dos métodos existentes devem utilizar métodos quantitativos e qualitativos, além de orientações Para Guérin; etal (2001) a análise da atividade tem um espectro mais amplo daquele que as meras ferramentas de ergonomia trazem Estas não conseguem trazer a descrição das atividades, tampouco sua compreensão Dessa forma não evidenciam as interações entre os diferentes componentes, colocando em um mesmo plano, problemas de dimensões físicas, de constrangimento de tempo, de iluminação, atividade cognitiva entre outros Este artigo tem como objetivo avaliar, através da Análise Ergonômica do Trabalho, a secretária e a sala dos professores da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Campus VIII, localizado em Marabá-PA A ideia foi identificar os principais problemas que geram incômodos aos trabalhadores desses postos e posteriormente elaborar propostas de soluções e melhorias que minimizem esses incômodos, para um maior conforto, e consequentemente, rendimento do servidor 2

João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016 2 Referencial teórico 21 Ergonomia A ergonomia é a ciência que busca o equilíbrio, bem-estar x produtividade, utiliza de ferramentas diversas que se prontificam a atuar desde a postura do seu operário como também no manuseio de cargas e ferramentas Iida (2005) define ergonomia como sendo a adaptação do trabalho ao homem, mantendo mínimos os riscos para os mesmos tornando automaticamente o trabalho menos cansativo e em consequência mais produtivo, o bem-estar do colaborador é mantido e suas atividades perfeitamente realizadas Segundo Zamboni e Barros (2012), é o resumo do trabalho que a organização planeja sobre a execução em termos de determinação para as atividades, sendo um conjunto de regras e normas a serem cumpridas Durante a execução do trabalho diversas interações são realizadas, como aplicações de forças e tensões em grupos musculares em uma determinada postura no desempenho da atividade Tais comportamentos podem ser fatores que desenvolvem sobrecargas e gasto energético, resultando em tensão muscular, ligamentar e nas articulações e como consequência resultar em desconfortos e dores (ANJOS, 2008) A ergonomia objetiva a adequação da carga de trabalho aos trabalhadores que a ela estão submetidos Todas as atividades estão sujeitas às sobrecargas, que são subdivididas nas dimensões físicas, psíquicas e cognitivas (WISNER, 1993) Essas cargas podem causar danos à saúde do colaborador podendo afastá-lo do posto de trabalho e prejudicando seriamente sua saúde Os trabalhos estáticos, que exigem do funcionário muita força ou que forçam a má postura para sua realização, tornam-se as causas de muitas lesões ao organismo Trabalhar em pé, apesar de proporcionar grande mobilidade corporal, é prejudicial por exigir muito esforço, exigindo elevado trabalho estático da musculatura (IIDA, 2005) Apesar do conceito de carga de trabalho ser muito utilizado, Abrahão (2009) considera ultrapassado por ser limitado, já que não faz menção a alguns pontos como a variabilidade 3

João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016 Cada organização goza de suas especificações e detalhes particulares tornando a ergonomia algo maleável, dinâmico e adaptável ao local de trabalho Essas determinações demonstram a abrangência desse estudo, postura, iluminação, ferramentas e layout, por exemplo, são fatores a serem considerados no momento do estudo, a proporção do efeito de uma adequação dessas é enorme tornando a ergonomia fator crucial em uma organização 22 NR17 Esta norma estabelece os parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas do homem Máquinas, ambiente, comunicações dos elementos do sistema, informações, processamento, tomada de decisões, organização, tudo isso gera consequências no trabalhador, e devem ser avaliados, e se necessário, reorganizado Observe-se que as LER Lesões por Esforços Repetitivos, e as denominadas DORT Doença Osteomuscular, relacionada ao trabalho constituem o principal grupo de problemas à saúde, reconhecidos pela sua relação laboral O termo DORT é muito mais abrangente que o termo LER, constante hoje das relações de doenças profissionais da Previdência 23 Postura Postura é o estudo do posicionamento relativo de partes do corpo, como cabeça, tronco e membros, no espaço (IIDA, 2005) Frequentemente é determinada pela atividade e pelo posto de trabalho, seja sentado ou em pé, e quando inadequada e prolongada resulta em tensões mecânicas nos músculos, ligamentos e articulações que resultam em dores no pescoço, costas, ombros e punhos No entanto, nenhuma postura é neutra, e nenhuma má postura é adotada por alguém livremente, mas é resultado de um conjunto de fatores, como: características da tarefa, condições de trabalho, formas fisiológicas e biomecânicas de manutenção do equilíbrio ou as características do meio de trabalho 4

João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016 24 Biomecânica Ocupacional A biomecânica ocupacional é uma parte da biomecânica geral, que se ocupa dos movimentos corporais e forças relacionadas ao trabalho Assim, preocupa-se com as interações físicas do trabalhador, com o seu posto de trabalho, máquinas, ferramentas e materiais, visando reduzir os riscos de distúrbios musculoesqueléticos Analisa basicamente a questão das posturas corporais no trabalho, a aplicação de forças, bem como as suas consequências (IIDA, 2005) 3 Metodologia Foi utilizado o método do estudo de caso que segundo Godoy (1995), se caracteriza como um tipo de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente Visa um exame detalhado de um ambiente, de um simples sujeito ou de uma situação em particular A análise dos postos de trabalho foi realizada através de observações e pela aplicação de questionários padrões (ANEXO) Os questionários possuíam perguntas sobre bem-estar, postura, ambiente e um espaço para sugestões Foram aplicados na secretaria e na sala dos professores da Universidade do Estado do Pará, Campus VIII, com o objetivo de coletar dados para uma posterior Análise Ergonômica do Trabalho Foram medidos os prédios da secretaria e a sala dos professores e posteriormente elaborado um Layout para melhor especificar os locais de trabalho De acordo com Venanzi (2013) layout corresponde ao arranjo dos diversos postos de trabalho nos espaços existentes na organização, envolvendo, além da preocupação com a melhor adaptação das pessoas ao ambiente de trabalho, segundo a natureza da atividade desempenhada, a arrumação dos móveis, maquinas, equipamentos e matérias-primas Em um sentido amplo, corresponde à distribuição física de elementos em determinado espaço, no intuito de atender satisfatoriamente às necessidades dos clientes, fornecedores e funcionários, fazendo-os interagir com o ambiente organizacional e, consequentemente, aumentando a produtividade e reduzindo custos 5

João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016 Destacou-se pela função, cada posto de trabalho da secretaria, e com isso, feita uma avaliação ergonômica das atividades Estabelecendo parâmetros para postura, temperatura, ruídos, umidade, visual, entre outros, foi possível elaborar sugestões de melhorias para esse local A mesma análise foi desempenhada na sala dos professores 4 Estudo de caso O trabalho foi realizado na secretaria e sala dos professores da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Campus VIII, Marabá-PA A secretaria conta com onze funcionários e cinco estagiários, sendo esses divididos por turnos (manha, tarde e noite) No turno da manhã trabalham quatro funcionários e dois estagiários com uma carga horaria de seis horas diárias, que se inicia às 8 horas e termina às 14 horas O turno da tarde conta com quatro funcionários e três estagiários com uma carga horaria de seis horas diárias, que se inicia às 14 horas e termina às 20 horas O turno da noite conta com cinco funcionários sendo dois fixos e três decididos por escala dos funcionários da parte da tarde O turno começa às 20 horas e termina às 22 horas O espaço físico da secretaria é divido em: Sala do coordenador: que contem uma mesa, cadeira conforto, computador, duas lâmpadas, sofá, um arquivo, uma central de ar e um banheiro Sala principal: contem três lâmpadas, três computadores, duas mesas, dois armários, duas cadeiras ajustáveis (uma padrão e uma conforto) uma central de ar e um banheiro Sala dos coordenadores adjuntos: conta com duas mesas, dois computadores, duas cadeiras ajustáveis, duas cadeiras padrão, três lâmpadas, dois armários, uma central de ar e um banheiro A sala das assistentes administrativas: conta com três mesas, três computadores, nove armários, quatro cadeiras ajustáveis, duas cadeiras padrão, uma impressora, um quadro branco, quatro lâmpadas e uma central de ar Sala do almoxarifado: é basicamente um espaço onde se guarda todos os utensílios usados na instituição desde documentos a brindes dados aos calouros 6

João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016 Segue abaixo o layout: Figura 1- Layout da secretaria da UEPA, Campus VII Fonte: Autores (2016) A UEPA Campus VIII possui um quadro de vinte e quatro professores em atividade A sala dos professores tem espaço para treze pessoas sentadas Concluiu-se que este espaço deve ser considerado como um posto de trabalho não funcional, por não possuir nenhum funcionário que exerça uma atividade fixa no local Por ser um espaço elaborado para o fluxo dos professores, antes, durante ou depois das aulas, precisa ser avaliado para verificar se atende os requisitos ergonômicos necessários para o bem-estar do servidor Abaixo temos o formato do local: Figura 2- Sala dos professores da UEPA, Campus VIII 7

João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016 Fonte: Autores (2016) A sala, que está localizada no bloco 2 (dois) conta com dois sofás, seis lâmpadas, sete cadeiras padrão, uma mesa (tamanho grande), uma TV, central de ar, um bebedouro e um armário para guardar pertences pessoais dos professores É sala dos professores é utilizada exclusivamente pelos professores com os mais variados intuitos dentre eles pode ser citado reuniões entre professores e equipe acadêmica do campus e correção de provas e trabalhos por partes dos professores 41 Postos de trabalho Secretaria A maioria dos postos de trabalho da secretaria se divide em duas opções; 1 sentando em frente ao computador; 2 em pé atrás dos balcões atendendo professores e alunos; na maioria do tempo os trabalhadores passam em apenas uma posição (em pé ou sentado) com pouca ou sem qualquer variação dessa posição Pode-se perceber também que o espaço de movimentação dos funcionários é limitado para a locomoção devido à quantidade de mobiliário, pessoas e equipamentos (computadores, impressoras, bebedouros, etc) Pode-se perceber também que o espaço de movimentação dos funcionários é limitado para a locomoção devido à quantidade de mobiliário, pessoas e equipamentos (computadores, impressoras, bebedouros, etc) Além das dificuldades observadas pelos pesquisadores, foi levantado um questionário para saber a opinião dos funcionários que atuam nos postos de trabalhos estudados O questionário objetivou avaliar se o funcionário sentia desconforto ou dor durante seu trabalho, se tinha problemas quanto à temperatura, umidade, ruído, iluminação, espaço físico e horário de trabalho A partir das respostas dos questionários foi possível elaborar um mapa através de gráficos que mostra quais as principais causas de insatisfação do funcionário, seja ela física ou mental Abaixo os devidos gráficos 411 Analise do Diagrama Desconforto/Dor 8

João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016 A partir do questionário foi possível avaliar os locais do corpo humano com maior incidência de dor ou desconforto em virtude do trabalho que é executado na secretaria/sala dos professores Os maiores índices mostraram que o Pescoço e a Costa superior são os membros que mais são afetados sendo esses responsáveis por 36% dos locais de dores sentidas pelos trabalhadores da universidade, contudo os desconfortos e dores também apareceram em outros membros do corpo Abaixo o gráfico ilustrativo: Figura 3 Análise do Diagrama Desconforto/Dor Fonte: Autores (2016) 412 Tipo de desconforto Além de localizar os membros afetados pela falta de planejamento ergonômico, também foi possível descobrir os tipos de desconfortos/dor que os funcionários sentiam Os indicadores mostram que os funcionários sentem principalmente cansaço, dor e formigamento, além de outros, sendo que cansaço e dor são responsáveis por 52% do tipo de desconforto sentido pelos funcionários Vale ressaltar que tais problemas são causados basicamente pela falta de circulação sanguínea, excesso de exercício do membro durante o 9

João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016 trabalho entre outras causas Abaixo gráfico ilustrativo com todos problemas encontrados: Figura 4 Tipo de Desconforto Fonte: Autores (2016) 413 Intensidade dos Sintomas Também se buscou saber a intensidade dos sintomas descritos pelos colaboradores, para saber a gravidade, se eram baixos, fortes ou moderados Ressaltando que os casos de alto e moderado indicam que os problemas estão em um nível elevado e exige preocupação por parte dos gestores A pesquisa mostrou que 50% dos pesquisados classificam o sintoma como moderado, 42% como baixo e 8% como alto Figura 5- Intensidade dos Sintomas 10

João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016 Fonte: Autores (2016) 414 Desconforto relacionado ao Ambiente Em um posto de trabalho encontramos, além dos problemas que causam dor/desconforto diretamente em músculos ou estruturas ósseas, os problemas relacionados ao ambiente desse posto No questionário foi perguntado se no ambiente de trabalho os funcionários tinham problemas quanto a ruídos, calor, iluminação, umidade e outros De acordo com a pesquisa 29% dos entrevistados ouvem algum tipo de ruído, neste caso, em virtude das obras de ampliação do campus e em virtude dos aparelhos como centrais de ar que, apesar de pouco, emitem algum tipo de ruído Outros 22% encontram desconforto quanto ao calor já que a região do estudo e demasiadamente quente e no local não tem uma fonte de resfriamento adequada, 14% com a umidade, 14% com a iluminação que apesar de conter um bom número de lâmpadas ainda é muito aquém do necessário e outros 21% não se incomodam com nenhum dos problemas citados 11

João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016 Figura 6- Desconforto Ambiente Fonte: Autores (2016) 415 Postura Adotada no trabalho A postura que o funcionário adota durante seu período de trabalho é de suma importância se tratando de ergonomia Através da postura é possível identificar as causas de determinados problemas relacionado ao trabalho do funcionário como também amenizar ou sanar problemas existentes Nos postos de trabalho estudados, encontrou-se que 64% dos funcionários trabalham sentados, 27% trabalham na posição em pé/sentado e 9 % trabalham em pé Abaixo o gráfico da pesquisa: Figura 7- Postura Adotada no Trabalho Fonte: Autores (2016) Através dos resultados podemos destacar que as dores ou incômodos podem estar 12

João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016 diretamente ligadas à má postura dos funcionários sentados, ou a acentos ergonomicamente deficientes Também pode-se destacar a pouca variância de postura, que é importante para um maior conforto dos trabalhadores 416 Desconforto com relação ao espaço Físico Para que o ambiente de trabalho seja adequado é necessário um planejamento de estruturação e posicionamento de mobília ou maquinário de modo que o funcionário faça o mínimo de esforço possível e não sinta desconforto durante o exercício de sua atividade A pesquisa mostrou que os funcionários sentem déficit na organização do espaço físico e em seu tamanho, no posicionamento dos objetos, nos tipos de assentos e outros O gráfico abaixo apresenta os dados da pesquisa: Figura 8- Desconforto em Relação ao Espaço Físico Fonte: Autores (2016) É possível observar através do gráfico que a maior parte dos funcionários reclamam dos objetos que são mal posicionados Isso faz com que o indivíduo tenha uma movimentação desnecessária, gerando um maior desgaste Outro fator que os funcionários reclamam e a falta de espaço físico do local de trabalho Os dois problemas encontrados pelos pesquisadores podem ser facilmente resolvidos apenas com um rearranjo do layout do local de trabalho, fazendo com que os objetos sejam realocados de maneira que facilite o uso destes pelos 13

João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016 servidores e dispensando aquilo que está em desuso, para que se tenha mais espaço para locomoção e afazeres dos funcionários 5 Propostas de Soluções e Melhorias Percebeu-se através da análise do trabalho que grande parte dos servidores observados sentem incômodos no pescoço e costas Isso pode ser resultado de cadeiras ergonomicamente não adequadas ou de má postura dos indivíduos Propõe-se então, um diagnóstico com o objetivo de estabelecer um padrão de cadeiras que gerem um mínimo de desconforto para todos os usuários Em relação à postura, a utilização de um método de avaliação postural se torna viável Dentre os tipos de avaliação postural existentes o que melhor se adequa ao ambiente estudado é o método OWAS Em seu desenvolvimento a atividade é subdividida para análise das posturas, quando então, é feita uma categorização das posturas de trabalho Outro problema que foi observado em relação à tipo de desconforto no trabalho foi o cansaço Isso ocorre devido a jornadas longas, destacando o coordenador do Campus, que através da entrevista, citou que trabalha nos 3 (três) turnos (manhã, tarde e noite) É destacável também o estresse no trabalho Esse fator pode influenciar diretamente no nível de fadiga do servidor Em relação ao ambiente, ruídos e a temperatura foram os fatores mais destacados pelos funcionários Existe uma obra de ampliação do Campus acontecendo próxima a secretaria Certamente grande parte dos ruídos destacados provem dessa obra de ampliação, então, por ser algo passageiro, não vale a pena modificar a estrutura da secretaria para amenizar esse barulho A proposta colocada aqui seria uma pausa de 10 (dez) a 15 (quinze) minutos a cada 2 (duas) horas de trabalho, estabelecendo uma atividade de relaxamento para aliviar os trabalhadores do estresse que é causado pelos ruídos No caso da temperatura (calor), estabelecer uma avaliação de cada posto de trabalho para verificar se as centrais de ar atendem realmente os requisitos de potência e rendimento necessários para proporcionar uma 14

João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016 temperatura que traga comodidade ao trabalhador Com relação a postura adotada pelos funcionários durante o seu período de trabalho, notase que existe uma postura quase que estática, ou se trabalha em pé ou sentado, poucos fazem mesclas de postura Visando melhor circulação sanguínea e redução de problemas como formigamento, dor, falta de força, propõe-se que o funcionário mescle a postura de tempo em tempo, ou caso seja inviável, que faça pausas e caminhe (para aqueles que trabalham sentados) e sentem ou busquem acomodações aqueles que desenvolvem seu trabalho em pé A pesquisa mostrou a existência de problemas quanto ao espaço físico, alcance dos objetos, posição dos objetos e tipos de assentos Para solução desse problema é necessário fazer um reajuste de layout, modificando a mobília para que o funcionário tenha menos desgaste nos movimentos feitos para exercer sua atividade Adaptar o ambiente físico ao colaborador é ponto chave para o desempenho do funcionário, que precisa estar acomodado e satisfeito no seu posto de trabalho 6 Conclusões Através da elaboração e realização desta pesquisa foi possível observar a importância da Análise Ergonômica do Trabalho (AET) como forma de avaliar, cuidadosamente, as condições dos indivíduos envolvidos em um sistema de trabalho Fica evidente a dificuldade de encontrar propostas de melhorias em relação a órgãos públicos, pela burocracia na compra de equipamentos ou melhorias de espaço Foram elaborados questionários e estes foram distribuídos na secretaria e sala dos professores da universidade Todos os funcionários dos turnos que foram disponibilizados para o estudo foram observados, e com eles, seus postos de trabalho Com isso, foram identificados alguns aspectos importantes e destacáveis para se fazer uma avaliação ergonômica e melhor adaptar o ambiente ao servidor Problemas relacionados a dores e desconforto em partes do corpo e ao ambiente foram os mais citados e observados nos postos de trabalho A elaboração de propostas de soluções e melhorias foi pensada em conjunto com as limitações da instituição, sabendo da dificuldade na requisição de materiais e reformas Por meio dessa pesquisa foi possível observar como é 15

João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016 improba a adaptação ergonômica em órgãos públicos Para trabalhos futuros, a elaboração de um estudo de rendimento dos trabalhadores aplicando um método de avaliação postural se torna viável, tendo em conta que este foi um problema destacado constantemente pelos colaboradores Referencial Bibliográfico ABRAHÃO, Júlia; SZNELWAR, Laerte Idal; SILVINO, Alexandre; SARMET, Maurício; PINHO, Diana Introdução à Ergonomia: da prática à teoria São Paulo: Blucher, 2009 ANJOS, Denise Cristina Santos dos Anjos Aspectos da biomecânica ocupacional na abordagem fisioterapêutica preventiva Universidade Federal de Sergipe, 2008 Acesso em: 04 out 2015 GUÉRIN, F et al Compreender o trabalho para transformá-lo: a prática da ergonomia São Paulo: Edgar Blucher, 2001 GODOY, Arilda Schmidt Introdução da pesquisa quantitativa e suas possibilidades RAE Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v 35, n2, p 57-63, 1995 HUGHES, Richard E; NELSON, Nancy A Estimating investment worthiness of an ergonomic intervention for preventing low back pain from a firm s perspective Applied Ergonomics 40 (2009) 457 463 IIDA Itiro Ergonomia Projeto e Produção 2a edição revisada e ampliada Editora Edgard Bl EDGARD BLÜCHER, 2005 LOPES, A Reforma é boa opção Revista Pnews São Paulo, fev 2005 MACLEOD, Iain S Real-world effectiveness of Ergonomic methods Applied Ergonomics 34 (2003) 465 477 RESUMO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS NRS Disponível em: http://segurancadotrabalhonwncom/resumo-das-normas-regulamentadoras-nrs/ Acesso em: 05 out 2015 ás 12:35 VENANZI, D; Silva, OR Gerenciamento da Produção e Operações 1ª Ed Rio de Janeiro: LTC, 2013 WISNER, Alain A Inteligência no trabalho São Paulo: Fundacentro-UNESP, 1993 ZAMBONI, Jésio & BARROS Maria Elizabeth Barros de Micropolítica da Atividade Universidade Federal do Espírito Santo, 2012 16

João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016 Anexos Anexo 1- Planta Baixa da Secretária da UEPA, Campus VIII Fonte: Alunos (2015) Anexo 2- Planta Baixa da Sala dos Professores UEPA, Campus VIII 17

João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016 Fonte: Alunos (2015) 18