Autora: Cíntia Cavalcante de Souza Costa (FAFIPA) * Autora: Letícia Queiroz de Souza Cunha (UEG) * Coautor: Juliano Ciebre dos Santos (FSA) *

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Transcrição:

Dificuldades de Acesso ao Ensino Superior Elencadas pelos Alunos da Terceira Série do Ensino Médio da Escola Estadual Jardim das Flores no Ano de 2010 Matupá/MT. Autora: Cíntia Cavalcante de Souza Costa (FAFIPA) * Autora: Letícia Queiroz de Souza Cunha (UEG) * Coautor: Juliano Ciebre dos Santos (FSA) * Resumo: O presente artigo tem o intuito de investigar as dificuldades de acesso ao Ensino Superior elencadas pelos alunos da terceira série do Ensino Médio, a pesquisa foi realizada na Escola Estadual Jardim das Flores, município de Matupá/MT no ano de 2010. A amostra foi composta por 117 alunos, de ambos os sexos (63,24% moças e 36,76% rapazes), distribuídos em todas as turmas que funcionam nos três períodos. No que se refere ao método de procedimento, esta pesquisa será desenvolvida dentro dos moldes de Estudo de Caso descritos por Lakatos & Marconi (2001). O procedimento metodológico utilizado foi o monográfico, o qual teve apoio teórico de Rezende (1990). Para a entrevista a estratégia utilizada foi o desenvolvimento de um questionário estruturado, com oito questões fechadas, aplicado de forma individual. Entre os autores, cujas obras e estudos elencam as dificuldades e expectativas dos jovens em relação à escolha do curso universitário, destacam se Neves (2007); Laje (2007). A leitura e interpretação dos dados revelaram que a maioria dos entrevistados pretende cursar ensino superior, porém a questão econômica e a inexistência de cursos diversificados próximos ao município foram elencados como fatores que os impediriam de continuar os estudos. Palavras-chave: Alunos; Dificuldades; Ensino Superior. 1. INTRODUÇÃO Apesar da variedade de possibilidades para a continuação dos estudos existentes no país verifica-se uma tendência do jovem que termina o ensino médio de fazer escolhas profissionais ligadas aos cursos mais tradicionais de graduação oferecidos pela educação superior. Essa * Cíntia Cavalcante de Souza Costa, Licenciada em História pela Faculdade Estadual de Educação, Ciências e Letras de Paranavaí (FAFIPA, Paranavaí-PR, 2002), Especialista em Educação Ambiental e a prática escolar pelo Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão (IBPEX, Curitiba, 2005). Atualmente docente do ensino superior na Faculdade de Ciências Sociais de Guarantã do Norte MT, Rua Jequitibá, nº 40, Jardim Aeroporto. Cep: 78520-000. E-mail: cintiacavalcantti@hotmail.com * Letícia Queiroz de Souza Cunha, Licenciada em Ciências Habilitação em Biologia pela Universidade Estadual de Goiás (UEG); Pós Graduada em Educação Ambiental pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) e em Metodologia e Didática no Ensino Superior pela Faculdade de Ciências Sociais de Guarantã do Norte (FCSGN); Professora da Educação Básica de Mato Grosso, e-mail: letqs@hotmail.com * Juliano Ciebre dos Santos, Licenciado em Informática pela Fundação Santo André (FSA, Santo André-SP, 2004), Especialista em Informática aplicada à Educação e Mestre em Educação Desenvolvimento e Tecnologias pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS, São Leopoldo-RS, 2008). Atualmente docente do ensino superior na Faculdade de Ciências Sociais de Guarantã do Norte-MT, Rua Jequitibá, nº 40, Jardim Aeroporto. Cep. 78520-000. E-mail: jciebres@gmail.com. 1

situação está diretamente ligada ao desenvolvimento histórico do ensino médio, da educação superior e da educação profissional em nosso país (CUNHA, 2003; SANTOS, 2003). Mediante as necessidades e dificuldades para ter acesso a uma condição social mais amena, a qual está vinculada ao grau de escolaridade, o presente estudo tem como objetivo investigar as dificuldades que os alunos da 3ª série do Ensino Médio, Escola Estadual Jardim das Flores/MT, encontram para cursar o Ensino Superior. A metodologia O procedimento metodológico utilizados foi o monográfico, o qual teve apoio teórico de Rezende (1990). Para a entrevista a estratégia utilizada foi o desenvolvimento de um questionário estruturado com oito questões fechadas, aplicado de forma individual. A coleta de dados ocorreu deu de forma coletiva em sala de aula durante o período de aula dos alunos entre 05 e 09 de julho 2010. 2. A EDUCAÇÃO NO BRASIL A História da Educação Brasileira não é uma História difícil de ser estudada e compreendida. Ela evolui em rupturas marcantes e fáceis de serem observadas. A primeira grande ruptura travou-se com a chegada mesmo dos portugueses ao território do Novo Mundo. Quando os jesuítas chegaram por aqui eles não trouxeram somente a moral, os costumes e a religiosidade europeia; trouxeram também os métodos pedagógicos. Este método funcionou absoluto durante 210 anos, de 1549 a 1759, quando uma nova ruptura marca a História da Educação no Brasil: a expulsão dos jesuítas por Marquês de Pombal. Se existia alguma coisa muito bem estruturada em termos de educação o que se viu a seguir foi o mais absoluto caos. Tentou-se as aulas régias, o subsídio literário, mas o caos continuou até que a Família Real, fugindo de Napoleão na Europa, resolve transferir o Reino para o Novo Mundo. (BELLO, 2001) Na verdade não se conseguiu implantar um sistema educacional nas terras brasileiras, mas a vinda da Família Real permitiu uma nova ruptura com a situação anterior. Para preparar terreno para sua estadia no Brasil D. João VI abriu Academias Militares, Escolas de Direito e Medicina, a Biblioteca Real, o Jardim Botânico e, sua iniciativa mais marcante em termos de mudança, a Imprensa Régia. Segundo alguns autores o Brasil foi finalmente "descoberto" e a nossa História passou a ter uma complexidade maior. (BELLO, 2001) A educação, no entanto, continuou a ter uma importância secundária. Basta ver que, enquanto nas colônias espanholas já existiam muitas universidades, sendo que em 1538 já existia a 2

Universidade de São Domingos e em 1551 a do México e a de Lima, a nossa primeira Universidade só surgiu em 1934, em São Paulo. Por todo o Império, incluindo D. João VI, D. Pedro I e D. Pedro II, pouco se fez pela educação brasileira e muitos reclamavam de sua qualidade ruim. Com a Proclamação da República tentou-se várias reformas que pudessem dar uma nova guinada, mas se observarmos bem, a educação brasileira não sofreu um processo de evolução que pudesse ser considerado marcante ou significativo em termos de modelo. (BELLO, 2001) Até os dias de hoje muito tem se mexido no planejamento educacional, mas a educação continua a ter as mesmas características impostas em todos os países do mundo, que é a de manter o "status quo" para aqueles que frequentam os bancos escolares. (BELLO, 2001) A segunda metade do século XX passou para a história da educação superior como o período marcado por uma extraordinária expansão, havendo uma demanda crescente por educação superior e um reconhecimento sobre sua importância estratégica para o desenvolvimento econômico e social. O desenvolvimento requer cada vez mais a ampliação dos níveis de escolaridade da população; e que as necessidades do desenvolvimento e consequentemente o novo perfil da demanda exigem flexibilidade, agilidade, alternativas de formação adequadas às expectativas de rápida inserção num sistema produtivo em constante mudança. (NEVES, 2007) O Brasil enfrenta, neste campo, graves problemas que precisam de soluções inteligentes e viáveis. O jovem brasileiro que chega ao fim do ensino médio é chamado a fazer escolhas profissionais e pode optar pela continuação dos estudos ou pelo ingresso imediato no mercado de trabalho. Uma das alternativas disponíveis para que o jovem continue seus estudos é a educação superior. (NEVES, 2007) O exame nacional do ensino médio (ENEM), as cotas para os negros, vagas para deficientes físicos ou o tradicional vestibular e o programa do governo: PROUNI são formas de acesso ao ensino superior. Mas, entende-se que as cotas são mais um meio para tentar amenizar a exclusão do negro à sociedade assim como as vagas para deficientes e pessoas carentes. Enquanto todos esses métodos são usados para que haja uma democratização justa do ensino brasileiro, deixa cada vez mais evidente as diferenças sociais existentes. (LAJE, 2007) De acordo com Lajes, 2007, nas universidades públicas o número de pessoas que cursaram o Ensino Médio em escolas da rede pública são baixíssimos comparados aos de quem cursou em escolas da rede privada; sendo assim, muito mais fácil encontrar nestas universidades pessoas com uma renda familiar privilegiada do que pessoas com uma renda mínima. 3

Cada vez mais, as pessoas mais carentes ingressam em universidades privadas, pois as ofertas destas atraem esse público pelas facilidades colocadas à disposição do futuro estudante, fazendo assim, com que a homogeneização do Ensino Superior brasileiro fique mais difícil. (LAJE, 2007) A sociedade atual, caracterizada pela informação e pelo conhecimento, torna a universidade uma necessidade social objetiva, uma vez que a exigência de qualificação superior generalizada da mão de obra da economia moderna propicia o enriquecimento das populações, a aquisição de meios econômicos para maior satisfação da ambição de valorização pessoal e melhores perspectivas de trabalho, mais qualificado e mais remunerador. (LAJE, 2007) 2.1 Metodologia No que se refere ao método de procedimento, esta pesquisa será desenvolvida dentro dos moldes de Estudo de Caso descritos por Lakatos & Marconi (2001), pois procede à observação de fatos e fenômenos exatamente como ocorrem no real, à coleta de dados referentes aos mesmos e, finalmente, à análise e interpretação desses dados, com base numa fundamentação teórica consistente, objetivando compreender e explicar o problema pesquisado. O procedimento metodológico utilizado foi o monográfico, o qual teve apoio teórico de Rezende (1990), que defende a linha fenomológica. Segundo o autor esta pesquisa contém três momentos importantes, sendo que o primeiro a Constatação observação da realidade para descrevê-la de forma significativa, a partir da coleta de dados. O segundo a Compreensão quando tenta-se entender a realidade constatada e o terceiro a Projeção prospectiva que referese a parte prática da pesquisa, ou seja, são as ações colocadas em prática para que se possa atingir o objetivo da pesquisa. A pesquisa realizou-se entre 05 e 09 de julho 2010, nas dependências da Escola Estadual Jardim das Flores, nos três períodos de funcionamento. 2.2 Análise e Interpretação dos Dados Ao analisar cada ponto apresentado nesta pesquisa chega-se à conclusão que a terceira série do Ensino Médio da Escola Estadual Jardim das Flores, município de Matupá/MT, é composta por mais moças que rapazes, os quais estão distribuídos de forma desigual nos três turnos, sendo que no período diurno prevalecem as meninas e no noturno os meninos. A maioria dos 4

entrevistados considera a educação como fator importante para a conquista de uma melhor condição social, relatando que irão cursar o ensino superior independente da instituição que for aprovado, como pode ser observado nas respostas obtidas no questionário e apresentados nos gráficos a seguir. 80 70 60 50 40 30 20 10 Homens Mulheres 0 Fig. 01 - percentual de moças e rapazes que estudam na terceira série do ensino médio na Escola Estadual Jardim das Flores, município de Matupá/MT em 2010. Fonte: Pesquisa de Campo. 70 60 50 40 30 20 10 Homens Mulheres 0 Diurno Noturno Fig. 02 percentual de moças e rapazes, por turno, que estudam na terceira série do ensino médio na Escola Estadual Jardim das Flores, município de Matupá/MT em 2010 2010. Fonte: Pesquisa de Campo. 5

40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% falta de recursos/interesse irá cursar de qualquer forma só irão cursar em faculdades públicas não irão continuar os estudos não responderam 0% Fig. 03 Motivos relacionados ao ingresso no ensino superior elencados pelos alunos que estudam na terceira série do ensino médio na Escola Estadual Jardim das Flores, município de Matupá/MT em 2010 2010. Fonte: Pesquisa de Campo. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Numa mudança determinada pela informação e pelo conhecimento, a universidade tem um lugar particular. O enorme aumento da frequência universitária é em parte consequência do enriquecimento das populações, da aquisição de meios econômicos para maior satisfação da ambição de valorização pessoal e de melhores perspectivas de trabalho, mais qualificado e mais remunerador. Mas é também uma necessidade social objetiva, por exigência de qualificação superior generalizada da mão de obra da economia moderna. A outra faceta da atual sociedade do conhecimento é a globalização, que ultrapassa o econômico e tecnológico, abrange o desenvolvimento humano, o ambiente, as condições de vida, as expectativas sociais e os valores individuais. Com os riscos de maior exclusão que traz, requer elites dispostas a criar condições de aprendizagem e domínio do conhecimento para toda a gente, mentes preparadas para este novo ordenamento das sociedades e do mundo. Diante de todas essas informações espera-se que esta pesquisa possa contribuir para identificação do perfil do aluno que frequenta a Escola Estadual Jardim das Flores em Matupá MT e assim, propiciar o estabelecimento de estratégias que garantam maior acesso dos mesmos ao ensino superior. 6

REFERÊNCIAS BELLO, José Luiz de Paiva. Educação no Brasil: a História das rupturas. Pedagogia em Foco, Rio de Janeiro, 2001. Disponível em: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb14.htm>. Acesso em: 05/03/2010. CUNHA, L. A. (2003). Ensino superior e universidade no Brasil. Em E. M. T. Lopes, L. M. Faria Filho & C. G. Veiga (Org.), 500 anos de educação no Brasil (3ª ed.) (pp. 151-204). Belo Horizonte: Autêntica. LAGE, Flávia Temporim de Oliveira. Democratização do Ensino Superior no Brasil; Campus Cabo Frio. Rio de Janeiro, mar. 2007. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. Fundamentos da Metodologia Científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2001. NEVES, Clarissa Eckert Baeta. Desafios da Educação Superior. Sociologias, Porto Alegre, n. 17, p. 14-21, jan./jun. 2007. NUNES, C. (2002). Diretrizes curriculares nacionais: Ensino médio. Rio de Janeiro: DP&A. REZENDE, Antonio M. Concepção fenomológica em educação. São Paulo: Cortez 1990. SANTOS, J. A. (2003). A trajetória da educação profissional. Em E. M. T. Lopes, L. M. Faria Filho & C. G. Veiga (Org.), 500 anos de educação no Brasil (3. ed.) (pp. 205-224). Belo Horizonte: Autêntica. 7