RSE NUMA REGIÃO INSULAR. Jorge Rio Cardoso Novembro de 2011 Funchal

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Transcrição:

RSE NUMA REGIÃO INSULAR Jorge Rio Cardoso Novembro de 2011 Funchal

Síntese da Apresentação 1. Origem do Tema. O que é a RSE? 2. Importância da RSE. Porquê a RSE? 3. Dimensões da RSE (interna e externa) 4. Balanço Social, Código de Conduta 5. A RSE em Portugal. Norma ISO 26000. 6. Pacto Global das Nações Unidas 7. Conclusões

1-Origem do tema A primeira referência ao tema da RS aparece nos Estados Unidos (1953) num estudo de Howard Bower em que este definiu RS como sendo as obrigações dos homens de negócios de adoptar orientações, tomar decisões e seguir linhas de acção, que sejam compatíveis com os fins e valores da nossa Sociedade.

Origem do tema (2) Para Davis (1973), citado por Donnelly et al. (2000), uma empresa não está a ser socialmente responsável se cumprir apenas as exigências mínimas da Lei. A RS vai para além disso, consistindo na aceitação, por parte da empresa, de uma obrigação social que está para lá das exigências instituídas na Lei.

RS: o que é? Segundo a Comissão Europeia (2001) e (2002), a RS pode ser definida como a integração voluntária de preocupações sociais e ambientais nas operações quotidianas das Organizações e na interacção com todas as partes interessadas.. A RS baseia-se na Solidariedade. Não apenas com as gerações actuais, mas também com as futuras. Por isso mesmo, aposta em Estratégias de Longo Prazo. Onde o meio ambiente e social são elementos que valem tanto como o elemento económico (Laville, 2002).

2- Porquê a RS? Os consumidores tendem a incluir, no seu processo de decisão de compra, produtos afectos a empresas socialmente responsáveis. Segundo um estudo desenvolvido pelo Market and Opinion Research International, aplicado junto de 12000 consumidores de 12 países europeus, 70% afirmaram que o empenho empresarial no que respeita ao assunto é um factor a ter em consideração no processo de decisão de compra. Elemento diferenciador para as Organizações que com isso ganham uma Vantagem Competitiva.

3- RS: duas dimensões A RS de uma Organização envolve duas dimensões: A nível interno, consubstanciada, por exemplo, na adopção de políticas de recrutamento não discriminatórias, acesso à formação, equilíbrio família-trabalho dos seus colaboradores, higiene e segurança; A nível externo na cooperação com a Comunidade envolvente. Esta cooperação, por sua vez, pode estar associada ao apoio a práticas ambientavelmente responsáveis, ao mecenato ou mesmo à ajuda humanitária.

RS a nível externo Podemos apontar os seguintes elementos: Apoio a práticas ambientavelmente responsáveis; Cumprimento da legislação ambiental; Ajuda Humanitária; Disponibilização dos colaboradores para exercerem voluntariado; Evitar práticas monopolistas ou que desvirtuem a concorrência; Marketing Cultural, ajuda mecenática; Código de Conduta ou de Ética;

4- O Balanço Social O que é? Visão Indicadores de Desempenho Iniciativas junto da Comunidade

5- RS em Portugal Em 2005 a Associação Industrial Portuguesa (AIP), com o alto patrocínio da Presidência da República, promoveu o 1.º Fórum Português de Responsabilidade Social das Organizações. Deste encontro resultou um documento intitulado: Responsabilidade Social das Empresas 25 Casos de Referência. Os casos são os seguintes: Axa Portugal, BP Portugal, Caixa Geral de Depósitos, Cimpor, Delta Cafés, IBM, Modelo Continente, Portugal Telecom, Solvay Portugal, Unicer, Xerox, BPI, Montepio Geral, Millennium BCP, Philips Portuguesa, DHL Express Portugal. Associação Portuguesa para a Responsabilidade Social das Empresas e a Associação Portuguesa de Ética Empresarial.

Normas de RS: ISO 26000 Em 2004, ao fim de quase três anos de estudos efectuados, a International Organization for Standardization (ISO) organismo criado há cerca de 60 anos, com sede em Genebra e presente em mais de 150 países, que promove normas e actividades que favorecem a cooperação internacional ao nível intelectual, científico, tecnológico e económico aprovou a elaboração de uma norma internacional de Responsabilidade Social: a ISO 26000 (Magalhães, C., 2007). Esta norma só viria a ser aprovada em Novembro de 2010

Normas de RS: ISO 26000 (2) Esta norma, não terá como objectivo a certificação, mas tão-somente a orientação, no sentido de colaborar com as organizações para que elas incorporem práticas socialmente responsáveis nos seus modelos de gestão. Será, pois, uma norma que não se dirigirá apenas às empresas, mas também a qualquer tipo de Organização e actuará em harmonia com os restantes modelos existentes.

Legislação Portuguesa A legislação é dada pelos artigos 20.º e 21.º do Decreto Lei n.º 389/99, de 30 de Setembro. Informação institucional sobre este assunto pode ser vista em: http://www.voluntariado.pt/ (sítio do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado). Este Conselho é uma entidade presidida por uma individualidade nomeada pelo Ministro da Solidariedade e Segurança Social e composta por representantes dos Ministros dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades Portuguesas, de Estado, da Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar, da Administração Interna, da Segurança Social, da Família e da Criança, da Justiça, da Educação, da Saúde, do Ambiente e do Ordenamento do Território, da Cultura, do Secretário de Estado da Juventude, dos Governos Regionais dos Açores e da Madeira, da Associação Nacional de Municípios, da Associação Nacional de Freguesias, da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, da União das Misericórdias Portuguesas, da União das Mutualidades e da Cruz Vermelha Portuguesa.

6- Pacto Global das Nações Unidas (PGNU) O Pacto Global das Nações Unidas é o resultado de um convite efectuado ao sector privado pelo secretário geral da ONU, Kofi Annan para, juntamente com outros organismos e actores, contribuir para a prática da Responsabilidade Social Empresarial. Baseia-se em 10 princípios que têm a ver com os Direitos Humanos (2), Direitos do Trabalho (4), Protecção Ambiental (3) e combate à Corrupção.

PGNU: Princípios Princípio 1. A empresa deve apoiar e respeitar a protecção dos direitos humanos fundamentais, reconhecidos internacionalmente, dentro do seu âmbito de influência. Princípio 2. As empresas devem assegurar-se de que as suas empresas não são cúmplices de abusos no que respeita aos direitos humanos. Princípio 3. As empresas devem apoiar a liberdade de associação e o reconhecimento efectivo do direito de negociação colectiva. Princípio 4. As empresas devem apoiar a eliminação de qualquer tipo de trabalho forçado ou realizado sob coação. Princípio 5. As empresas devem apoiar a erradicação do trabalho infantil.

PGNU: Princípios (2) Princípio 6. As empresas devem apoiar a abolição das práticas de discriminação no emprego ou ocupação. Princípio 7. As empresas deverão manter uma abordagem preventiva que favoreça o meio ambiente Princípio 8. As empresas devem fomentar o desenvolvimento de iniciativas que promovam uma maior responsabilidade ambiental. Princípio 9. As empresas devem favorecer o desenvolvimento e a difusão de tecnologias respeitadoras do meio ambiente. Princípio 10. Luta contra a corrupção As empresas devem trabalhar contra todas as formas de corrupção, incluindo a extorsão e o suborno.

Empresas Portuguesas subscritoras Adecco, AESE, APEE, Apifarma, Atlas, Bial, Câmara Municipal de Loures (obs.), Capitólio ONGD, Delta, EAMB Esposende, EPAL, Fundação Benfica, Fundação Eugénio Almeida, Fundação Oriente, Fundação de Serralves, Gebalis, Loulé Concelho Global, Oeiras Viva, Parque Expo, Pedra Base, REN, SA Machado e Filhos, SA, Siemens Sonae, Universidade do Porto (obs.), Universidade dos Açores (obs.) e Xerox.

7- Conclusões Mais do que uma exigência a RSE deve fazer parte da Estratégia das Organizações no sentido de obterem Vantagem Competitiva; A nível internacional os Países e as Organizações devem pugnar pela eliminação de situações de dumping ambiental e social; Num contexto de crise, que poderá levar o Estado a afastar-se, ainda que momentaneamente, de algumas das suas funções de Estado Social, a RSE será ainda mais apreciada junto do público e colher vantagens no mercado.