INFLAÇÃO E DESEMPREGO NO PLANO REAL UMA ABORDAGEM EMPÍRICA 1. PALAVRAS-CHAVE: Curva de Phillips, inflação, desemprego, teoria aceleracionista.



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Transcrição:

1 INFLAÇÃO E DESEMPREGO NO PLANO REAL UMA ABORDAGEM EMPÍRICA 1 Ricardo Dalla Costa* RESUMO O presente artigo vem colocar uma nota em relação ao plano que estabilizou a inflação no Brasil e que agora inicia o processo de estudo, principalmente a nível estatístico. Com a Teoria Macroeconômica, o presente estudo ilustra o comportamento da inflação com o desemprego no curto e longo prazo. PALAVRAS-CHAVE: Curva de Phillips, inflação, desemprego, teoria aceleracionista. * Economista, Pós graduado em Administração Financeira e professor de Economia (e-mail: tyar@onda.com.br). 1 IV Fórum das Faculdades Estaduais do Paraná 08/11/2001 C. Procópio PR. O presente artigo sofreu alterações, ou seja, ficou mais abrangente.

2 INFLAÇÃO E DESEMPREGO NO PLANO REAL UMA ABORDAGEM EMPÍRICA Ricardo Dalla Costa Muito tem se estudado sobre o comportamento da inflação com o desemprego. A relação é estudada na Macroeconomia com a denominação de Curva de Phillips 2, onde é ilustrado a relação inversa entre a inflação e o desemprego. CURTO PRAZO VASCONCELLOS (2000), refere-se que o nível de emprego, ou inversamente ao desemprego, e sabendo que a inflação corresponde a um aumento no nível geral de preços, a Curva de Phillips fornece-nos um guia sobre o que devemos buscar em termos de modelo de oferta agregada. Considere U 0 a taxa natural de desemprego. Para ilustrar a teoria, graficamente abaixo a figura 1: Taxa de inflação (π) U 0 Taxa de desemprego (U) FIGURA 1 Curva de Phillips Assim, para melhor compreender a Curva de Phillips, é necessário perceber que quanto mais tente a inflação a subir, menor será o desemprego, e vice-versa. Para uma abordagem empírica, os dados coletados no período de 1995 a 2000, (uma amostra pequena) está representada na tabela 1:

3 TABELA 1 Quadro de dados 1995-2000 Ano Taxa de desemprego 1 Taxa de Inflação 2 1995 4,6 % 21,98 % 1996 5,4 % 9,12 % 1997 5,7 % 4,34 % 1998 7,6 % 2,49 % 1999 7,6 % 8,43 % 2000 7,1 % 5,27 % Fonte: (1) Média anual de desemprego aberto (IBGE) (2) INPC / IBGE Lembrando que Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), orienta os reajustes dos salários e taxa média de desemprego, compõe as seis maiores regiões metropolitanas do Brasil, como Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Colocando as amostras da tabela 1 num modelo econométrico, afim de testar a Teoria Econômica (Curva de Phillips), o modelo proposto é o Método dos Mínimos Quadrado (MMQ), ou seja, através de uma Análise de Regressão Linear Simples, onde o modelo matemático sugerido é o seguinte: y = b 0 b 1. x Sendo y é a taxa de inflação, e x, a taxa de desemprego, a função de primeiro grau permite o diagnóstico de um gráfico semelhante a figura 1. Assim, a equação básica do modelo econométrico encontrado foi: y^ = 33,3058 3,9001. x (2,6495) (-1,998) 2 Segundo SANDRONI (1994), representação gráfica de uma regularidade estatística, encontrada em 1958 por A.W.H. Phillips, ao estudar a economia inglesa entre 1861 e 1957.

4 O coeficiente de determinação (R²) é igual a 0,4994 o que indica que 49,94% do mercado de trabalho é influenciado pela inflação no período considerado. A análise do gráfico original (figura 2) mostra uma tendência a Curva de Phillips, porém um formato anormal no final, visto que em 1999 a taxa de inflação foi de 8,43% e esperava-se uma redução da taxa de desemprego e o que aconteceu foi a repetição da taxa de 1998, ou seja, 7,6%. Já em 2000, a inflação apresentou 5,27%, que com sua queda em relação ao ano anterior, esperava-se aumentar a taxa de desemprego, e a mesma reduziu de 7,6% para 7,1%. O gráfico linealizado (figura 3) assemelha-se a figura 1. Taxa de inflação (%) 30,00 20,00 10,00 0,00 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 T axa de desem prego (% ) FIGURA 2 Gráfico original Taxa de inflação (%) 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 T axa de desem prego (% ) FIGURA 3 Gráfico linealizado

5 Afim de testar a significância dos parâmetros estimados, o desvio padrão b 0 é igual a 12,5704 e b 1 igual a 1,9523. Para a Distribuição t de Students, com graus de liberdade (gl) igual a 4 e o nível de significância (α) igual a 10%, para t 0 e t 1, para o valor crítico (t c ) = 2,13200, observamos que apenas t 0 é maior que t c, ou seja, somente t 0 é estatisticamente significante nesse nível (vede os valores entre parênteses na equação estimada). Considerando que a meta inflacionaria traçada pelo FMI de 6,0% em 2001, é de se esperar uma taxa de desemprego de 7,0%, segundo o modelo econométrico. Porém, o Intervalo de Previsão (IP) sugere um valor entre os extremos de 7,0674 < inflação < 19,0772. Concluímos que, embora o modelo aproxima-se da Teoria de Phillips, R² de 0,4994 deixa uma lacuna muito grande, uma vez que os juros (aqui não abordado), também tem grande influência. O termo erro, 50,06%, embora muito significativo, não será abordado, uma vez que a análise de autocorrelação e da heterocedasticidade (correlação de resíduos) exige um grande número de amostras, não sendo possível no governo abordado. LONGO PRAZO O estudo da Curva de Phillips, embora em análise de curto prazo 3, estabelece uma relação decrescente entre inflação 4 (π) e a taxa de desemprego (U), não fica estável, pois movimenta-se à medida que as expectativas de inflação são anunciadas. A longo prazo 5, torna-se vertical, como na figura 5. A relação inflação e desemprego tem como inclinação da curva de forma positiva. Contudo, SIMONSEN E CYSNE (1995), levando a taxa de desemprego para seu nível natural U 0 /.../ a teoria aceleracionista, eqüivale a hipótese de taxa natural de desemprego, ou de curva de Phillips vertical a longo prazo. 3 Neste estudo, foi usado o período de seis anos. Segundo SHAPIRO, (1981), a curva de Phillips, original, estimada por ele, com base em dados de quase um século, inclinava-se negativamente. Uma vez que um século pode, sem dúvida, ser considerado como longo prazo, aparentemente havia uma relação negativa de longo prazo. 4 Inflação de custo. Veja figura 1. 5 Do rodapé 4, id., e até mesmo uma década pode ser considerado como longo prazo.

6 Taxa de inflação (π) U 0 Taxa de desemprego (U) FIGURA 4 Curva de Phillips de Longo Prazo Da mesma forma, VASCONCELLOS (2000), a versão aceleracionista é uma nova versão da Curva de Phillips. Assim, se por ventura o governo quisesse manter a economia apresentando uma taxa de desemprego menor do que aquela que seria natural, haveria a necessidade de continuadamente acelerar as taxas de inflação e esperar que os trabalhadores levassem algum tempo para perceber essa aceleração. Em outras palavras, caso a taxa de inflação se elevasse, e com isso a economia apresentasse uma taxa de desemprego menor, a partir de certo momento os trabalhadores perceberiam que a taxa de inflação era maior do que a esperada. A partir dessa percepção, os trabalhadores passariam a negociar os salários com base nessa expectativa e, consequentemente, a taxa de desemprego voltaria ao seu nível original, pois salários reais que haviam diminuído, voltariam a seu nível original. A tabela 2 abaixo fornece dados para uma análise a longo prazo. TABELA 2 Economia Brasileira 1983-2000 Ano Taxa de Taxa de Governo desemprego 1 Inflação 2 1983 6,7 211,8 Figueiredo 1984 7,1 238,8 Figueiredo III PND 1985 5,3 235,1 Figueiredo / Sarney 1986 3,6 65 Sarney Plano Cruzado I e II

7 1987 3,7 415,8 Sarney Plano Bresser 1988 3,9 1037,6 Sarney Plano Bresser 1989 3,4 1782,9 Sarney Plano Verão 1990 4,3 1476,6 Collor Plano Collor I 1991 4,8 480,2 Collor Plano Collor II 1992 5,8 1158 Collor / Itamar Franco 1993 5,3 2489,11 Itamar Franco - Plano PAI 1994 5,1 929,32 FHC Plano Real 1995 4,6 21,98 FHC Plano Real 1996 5,4 9,12 FHC Plano Real 1997 5,7 4,34 FHC Plano Real 1998 7,6 2,49 FHC Plano Real 1999 7,6 8,43 Reeleição FHC Plano Real 2000 7,1 5,27 FHC Plano Real Fonte: (1) Média anual de desemprego aberto (IBGE). (2) De 1983 a 1994, Revista Conjuntura Econômica / FGV. De 1995 a 2000, INPC / IBGE A figura 5 ilustra o gráfico da tabela acima. 2500 2000 Inflação 1500 1000 500 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Desemprego FIGURA 5 Inflação e desemprego 1983-2000

8 Novamente é ressaltada a importância da pesquisa de Phillips, sobretudo no rodapé de página n.º 22, da obra de SHAPIRO (1981), onde Phillips comprovou que a mesma relação que se ajusta aos dados para 1861-1913, com exceções de menor importância, se ajusta também aos dados para 1913-48 e l948-57. Evidentemente, o mesmo não seria de se esperar que acontecesse em todas as economias ou todos os períodos de tempo; a curva poderia deslocar-se, no decorrer do tempo, tanto para a direita com para a esquerda. Para melhor analisar a citação acima, a figura 6 é uma cópia do gráfico ilustrado pelo autor. Aumento da percentagem dos salários A B W 2 W 1 H 0 U 2 U 3 U 1 U 4 Percentagem de Desemprego FIGURA 6 Curvas A e B (Fonte: Figura 23-6 Curvas de Phillips, SHAPIRO, 1981) Assim, de acordo com os dados analisados pela figura 6, o Reino Unido posiciona-se na curva A, onde a taxa de inflação estaria a níveis de 2 a 3% com desemprego de 2,5%. Já na economia americana, a curva posiciona-se em B, cujo projeto para taxa de desemprego é de 3% para uma inflação na faixa de 4 a 5%.

9 Porém, uma ressalva é feita por SIMONSEN E CYSNE (1995) 6, como: A lei de Okun levou à conclusão de que a relação de Phillips podia ser reformulada de modo a exprimir a taxa de crescimento dos salários nominais como função crescente do desvio do produto. Finalmente, em 1968, Friedman e Phelps identificaram importante omissão na relação original de Phillips: o que poderia ser função estável da taxa de desemprego não seria de crescimento dos salários nominais, mas a taxa esperada crescimento dos salários reais. Assim, era indispensável adicionar a taxa esperada da inflação à equação de terminação da taxa de variação nominal dos salários. Em outras palavras, cada ponto de percentagem de inflação esperada elevaria em um ponto de percentagem a curva de Phillips. Ou, equivalentemente, que a curva indicada na Figura 5.19 deveria marcar nas ordenadas w t - w t-1 - π e t, e não apenas w t - w t-1. Para uma análise matemática, considere W o salário nominal e Q o custo de vida. Assim, id. : w - q = F(h) (F (h) > 0; F(0) = 0) Onde w é Ln 7 de W e, q é Ln de Q. Contudo, a análise em período t leva conclusão que os reajustes são em intervalos fixos de tempo. Logo, w t é o salário nominal do período, e q t, o índice de custo de vida médio. O logaritmo do custo de vida médio esperado é q e t, ibid.: (w t - q e t ) (w t-1 - q t-1 ) = F(h t-1 ) E a taxa média da inflação esperada no tempo t : π e t = q e t - q t-1 Na nova formalização do salário tem-se: w t - w t-1 = π e t + F(h t-1 ) (F (h) > 0; F(0) = 0) 6 Os autores citam o argumento FRIEDMAN, Milton (ao receber o Prêmio Nobel) e PHELPS, Edmund.

10 Assim, segundo nota do autor, π e t é a taxa esperada da inflação, onde a teoria aceleracionista é marcada. Para ilustrar a passagem das duas últimas linhas da citação (figura 5.19 mencionada) é representada na figura 7: w t - w t-1 FIGURA 7 Curva de Phillips (Fonte: Figura 5.19 - SIMONSEN e CYSNE, 1995) U Contudo, para maior análise, convém o leitor a fazer uma pesquisa na obra de SIMONSEN e CYSNE (1995), onde a abordagem é bem rica e completa. SHAPIRO (1981) coloca a expressão e faz uma análise interessante. Assim, considere a equação: π = π* - ε(u u - ) Onde π é a taxa esperada da inflação ( ou π e t segundo SIMONSE e CYSNE), e u - a taxa natural. De acordo, id.: é A curva de Phillips de longo prazo gerou controvérsias na década de sessenta, parecendo sugerir que nada pode ser feito quanto ao desemprego de longo prazo, que se acomodará à sua taxa natural u - independente da política de demanda agregada adotada. Contudo, não importando se, no longo prazo, a curva de Phillips seja de fato vertical ou descendente, é possível reduzir a taxa natural u -, através de uma política que afete o mercado de trabalho, e que se destina a tornálo mais eficiente. 7 Logaritmo neperiano ou natural.

11 A citação acima ilustra a figura 8: π PvPv PnPn A B u - u FIGURA 8 Curva de Phillips com inclinação negativa no longo prazo (Fonte: Figura 15-1 Curvas de Phillips de Longo Prazo vertical e com inclinação negativa. SHAPIRO, 1981). Por outro lado, ibid., embora há, agora, concordância sobre a curva de Phillips vertical de longo prazo, não podemos dizer que seja unânime. Nem tão pouco podemos declarar com plena confiança que a curva de Phillips seja vertical, a todas as taxas de inflação. Portanto, não nos surpreenderia se a curva de Phillips assumisse o perfil mostrado no Gráfico 15-2. A citação acima ilustra na qual faz referência o Gráfico 15-2, é ilustrado pela figura 9:

12 P L P L Inflação 0 Desemprego u FIGURA 9 Curva de Phillips com salários nominais rígidos (Fonte: Figura 15-2 Curvas de Phillips de Longo Prazo e os salários nominais rígidos para baixo. SHAPIRO, 1981). Da importância da qual o estudo refere-se, concluí-se que a curva de Phillips no curto prazo, na sua abordagem inicial, tem inclinação negativa. Porém, ibid., de acordo com as expectativas e/ou salários e preços rígidos pode ser achatada. A longo prazo, a relação inflação versus desemprego não existe, e que a curva de Phillips é vertical. Porém, a taxas negativas de inflação, poderá se tornar praticamente horizontal.

13 REFERÊNCIAS BIBILOGRÁFICAS DORNBUSCH, Rudiger. FISCHER, Stanley. Macroeconomia. 2ª ed. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1982. IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: http://www. ibge.gov.br. Acesso em: dez. 2000 e set. 2001. SANDRONI, Paulo. Novo Dicionário de Economia. 5ª ed. São Paulo: Editora Best Seller, 1994. SHAPIRO. Edward. Análise Macroeconômica. 2 ª ed. São Paulo: Atlas, 1981. SIMONSEN. Mário Henrique. CYSNE. Rubéns Penha. Macroeconomia. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1995. VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de. Economia: Micro e Macro. São Paulo: Atlas, 2000. BIBILOGRAFIA COSTA. Ricardo Dalla. Econometria. Apostila. Cornélio Procópio, 2001.